1. Spirit Fanfics >
  2. Madness >
  3. Capítulo 10

História Madness - Capítulo 10


Escrita por: YsBelieber

Notas do Autor


Boa leitura meus amores <3

Capítulo 11 - Capítulo 10


Fanfic / Fanfiction Madness - Capítulo 10


"O diabo pode ser bonito." 

Balancei a cabeça assentindo para a fala da moça e agradeci pegando o cartão que ela tinha me entregado, saindo do departamento e andando até algum táxi, olhando quanto de dinheiro eu havia trazido dentro do envelope. Quarenta dólares.

Olhei o céu estrelado ajudando os postes a iluminar a cidade, podendo sentir o vento fresco que fazia naquela noite. Era o mar, mudando a temperatura. Mudando os ecossistemas. Mudando a vida. 

— Para onde vai? 

— Hall's Point.

O motorista do táxi assentiu me levando em silêncio até o local. Eu observei um pouco da cidade pela janela e paguei ao chegar, agradecendo e indo para dentro do porto que estava aberto para visitas. Aparentemente estava em exposição a alguma coisa lucrativa, e isso facilitou para que eu passasse pelas pessoas que entravam, evitando perguntas.

Meus olhos passaram pelo local, dando-me a chance de analisar a pequena casa onde - supunha eu - funcionava toda a administração do porto. As pessoas observavam alguns quadros pendurados nas paredes de madeira, e as pontes de descarga dos cais estavam iluminadas com pequenas lamparinas de vela dando um contraste bonito com a lua cheia presente naquela noite. 

Depois de andar um pouco, encontrei a porta de entrada passando por ela e respirei fundo observando o lado de dentro, onde havia algumas mesas cobertas de computadores e papéis que eu não entendia bem do que se tratava. Uma mulher estava sentada concentrada no trabalho, e eu me aproximei ganhando atenção por ter meus passos ecoando.

— Boa noite. Justin Hall está aqui?

— Ele saiu faz alguns minutos. — Respondeu, me olhando. — É importante?

— Sim, sou Grace Walker. Trabalho para o Edgar. — Ela assentiu com a cabeça. — Você sabe me dizer se vai demorar?

— Posso ligar para ele se preferir.

— Por favor.

Enquanto a secretária atendia meu pedido, eu aproveitei sua distração para reparar melhor nos papéis em sua mesa. Alguns retratavam o mapeamento de locais ocos no oceano, assim como o caminho para se chegar até o ponto destacado. Pude perceber que havia alguns papéis empilhados ao canto, e depois de olhar a mulher que conversava no telefone, eu percebi que era o contrato de alguma coisa referente aos oceanos.

— Ele vai chegar em alguns minutos. Se quiser esperar.

— Obrigada.

Me sentei em uma das cadeiras dispostas ali dentro, e usei meu celular para passar o tempo, mandando mensagem para Clare e explicando tudo o que eu me lembrava de ter visto acerca dos papéis. Ela me deu alguns conselhos, que eu assenti guardando o telefone ao ter passos pesados ressoando ao redor e logo aproximando-se mais dando-me a chance de ver um homem adentrar o lugar.

Ele usava terno preto, com uma camisa social polo branca combinando com o casaco e a gravata em perfeito estado e nó. Seu rosto tinha um formato quadricular, distribuindo bem os órgãos faciais de modo que não pareça defeituoso. Os olhos carregavam na íris o marrom castanho claro, e os lábios embora masculinos, tinham um traço fino e rosado. Quando ele me olhou, tratei de me levantar e apertar sua mão.

— Grace.

— Senhor Hall. — Respondi.

— Por favor, me acompanhe.

Ele se dirigiu para o corredor escuro da pequena casa e sem falar nada eu o segui observando-o ligar a luz e continuar andando. 

— Veio a respeito do Survival Project, não foi? 

Franzi o cenho, não entendendo bem do que ele se referia. Umedeci os lábios respondendo quase que involuntariamente.

— Sim, senhor.

Eu precisava descobrir alguma coisa.

Justin caminhou até uma sala acendendo a luz e deu-me a oportunidade de enxergar o que tinha dentro. Eu parei de andar, segurando-me no batente da porta ao me deparar com uma mesa cheia de ossos completamente limpos, espalhados por toda a tábua de metal. Ao redor, havia fotos variadas do fundo do oceano, desde corais e peixes distraídos em suas atividades rotineiras, tanto de animais maiores como baleias e tubarões, mas todos eles com algo em comum.

Haviam sereias ali registradas, escondidas abaixo de tubarões nadando junto e em corais caçando peixes para saciar a fome. Não pude deixar de olhar a foto que registrava os pais de Clare flutuando no oceano, e isso me fez sentir as lágrimas aparecerem por segundos que eu pisquei rápido para que desaparecessem. Havia um computador no canto que rodava um vídeo feito em um lugar fundo do oceano com pouca luz que registrava o aparecimento de duas sereias. Ou melhor, dois da minha espécie.

— Papai. — sussurrei, vendo Justin me olhar depois.

— O que disse?

O olhei, ainda tentando assimilar as informações. Eu deveria ter pensado nisso antes, desde o começo. Desde o dia que papai desapareceu na minha formatura do ensino médio e nunca mais apareceu, trazendo Becca para mostrar que pelo menos estavam vivos. Ou talvez só ela.

E se eles tivessem pegado o papai também? Estávamos sendo vigiados esse tempo inteiro. Será que eles captaram alguma imagem minha? Não era capaz de dizer baseado nas poucas imagens ali dentro, que expunham apenas o importante, mas caso tenham o feito, foram espertos demais para até agora não terem me procurado. 

Quando me aproximei, negando com a cabeça para a pergunta de Justin, eu pude observar melhor os ossos perfeitamente limpos e bem cuidados. Passei o dedo devagar por alguns deles, vendo a espinha óssea delinear-se sobre a mesa até formar toda a estrutura da cauda. Eu nunca tinha a visto dessa maneira, uma vez que sempre que alguém de nossa espécie morria, levávamos para o lugar mais fundo do oceano despedindo-nos com um curto ritual de lealdade e gratidão.

— Podemos continuar?

Olhei Hall. Tirei a mão do osso tentando disfarçar a minha surpresa e respirei fundo rindo fraco.

— Claro. Vamos.

Me aproximei do canto da mesa onde o computador estava ligado e olhei Justin entregar-me um papel sobre o relatório de projetos realizados esta semana. Analisei com atenção as escrituras acerca dos lugares explorados, limpos e usados para pesquisa científica. Havia algumas coisas sobre o petróleo e os dejetos soltos pelo funcionário de Edgar que havia sido preso e feito Dylan e eu limparmos a área que jamais poderá ser usada, a menos que a melhor tecnologia filtre toda a água tornando-a pura novamente.

O vídeo na tela mostrava o rosto do papai passando com rapidez, e logo depois uma segunda criatura da espécie atravessava a câmera dessa vez mais rápido, impedindo-me de reconhecer quem era. Justin explicou-me sobre o que ele e Edgar conversaram, dizendo que o projeto estava se ampliando indiretamente levando-os a ter as melhores empresas de tecnologia a favor e em parceria das pesquisas que eles tinham feito até agora. Muitos materiais marinhos foram coletados para análise e em breve teriam resultados acerca do possível uso em humanos e outros animais terrestres. Ele falava com naturalidade, e eu me perguntava como a consciência dele não pesava ao falar sobre explorar habitats marinhos e destruir espécies para benefício próprio.

Não se tratava só da minha família, se tratava de todo um ecossistema marinho que precisava funcionar para o equilíbrio do planeta, e isso só daria certo sem a total interferência humana nos oceanos. Eu entendo que muitas das coisas que sabemos hoje, e evoluções que levaram os seres humanos a uma vida melhor atualmente se deram a anos de estudo, mas para isso não é preciso sacrificar nenhum animal e muito menos exterminar toda uma espécie para chegar aos resultados que se deseja, ainda mais que nos dias atuais já temos informações suficientes sobre o planeta, todas as pesquisas que ainda são feitas são apenas para complementar dados já existentes. Não é nada que irá revolucionar toda uma história.

— Eu preciso voltar para o cais, você cuida daqui?

— Sim. Depois eu peço para sua secretária avisar que eu estou indo atrás de você.

— Tudo bem. — Ele sorriu de lado, e eu pude reparar que em sua mão não havia aliança.

Deixei que ele piscasse para mim e sorri sem mostrar os dentes esperando que ele saísse. Olhei as horas, oito e quarenta e dois da noite. Puxei a cadeira me sentando e comecei a digitar no computador, procurando por mais informações a respeito daquele projeto exterminador. 

Havia muitas pesquisas feitas durante pelo menos um ano, e eu não sabia acerca de nada. Quando abri algumas janelas de aplicativos, eu me deparei com dados sobre a minha espécie, havia coisas que nem mesmo eu sabia, e todas estavam arquivadas dentro de um computador há mais de um ano, totalmente fora do meu conhecimento.

Peguei meu celular tirando fotos de arquivos que eu não podia imprimir, salvando todos com alguns vídeos enquanto abria as janelas. Ao terminar, percebi que já tinha se passado quase uma hora e me levantei fechando as janelas, fechei a porta da sala podendo assim filmar todo o ambiente onde eu estava, assim como aproveitei para tirar algumas fotos de diversos ângulos da mesa coberta de ossos de alguma criatura da nossa espécie. Peguei o crânio, sentindo as lágrimas rapidamente encharcarem meu rosto enquanto repetia mentalmente um pedido de desculpas, fechando os olhos ao colar nossas testas em demonstração de lealdade. 

— Eu preciso sair daqui. — Sussurrei, enxugando minhas bochechas e guardando o celular para sair.

Assustei-me ao abrir a porta, encontrando a secretária de Justin com a mão na maçaneta. Ela se assustou também, e eu apenas sorri tentando disfarçar.

— Já estou de saída. — Falei. — Pode me passar o endereço do cais?

— Acho melhor você se retirar agora. 

Continuei a olhando, sentindo minha respiração se acelerar por alguns segundos. Quando vacilei o olhar para sua mesa percebi que o telefone fixo estava fora do gancho, indicando que alguém esperava na linha. A olhei novamente, consertando a postura.

— O endereç…

— Por favor, saia, senão terei que chamar a polícia. 

Balancei a cabeça assentindo, e ao receber espaço eu saí da sala ouvindo a mulher fechar a porta atrás de mim. Caminhei para fora da casa, olhando as pessoas ainda admirarem os objetos expostos para entretenimento. Suspirei saindo daquele lugar em passos ligeiros e me distanciei indo para o centro da cidade misturando-me com os diversos carros no trânsito e adolescentes caminhando pelas praças que separavam as duas estradas de carro. 

Peguei o celular, abrindo as fotos que eu havia tirado e procurando por alguma que mostrasse o endereço que tirei foto no computador. Peguei o dinheiro chamando outro táxi e entrei, mostrando o endereço do celular e esperando que ele me levasse até lá. Era um caminho longo, precisando atravessar uma ponte estruturada com fios triangulares, em formato parecido ao da Golden Gate. O porto ficava um pouco isolado, preenchido apenas por alguns estabelecimentos ao redor e um pequeno hotel de três andares. Entreguei o dinheiro pegando as moedas de troco e desci olhando o porto alguns segundos antes de criar coragem e passar pelas grades que ligavam uma madeira à outra tentando impedir que pessoas atravessassem.

O porto estava iluminado, e havia pessoas trabalhando ali no turno noturno. Balancei a cabeça em cumprimento de alguns homens que me olharam e respirei fundo tentando não levantar nenhuma suspeita. O medo da secretária ter avisado Justin e todos ali dentro souberem sobre mim colocaria todo o meu plano em risco, e eu não podia deixar isso passar em branco. Eu precisava terminar.

— Posso ajudar?

Olhei para o lado me assustando com um homem que apareceu, ele usava uniforme preto, que eu deduzi ser um dos seguranças. Sua mão segurava uma lanterna, apesar da iluminação suficiente.

— Onde eu encontro o Justin?

— Quem é você?

— Funcionária. Trabalho com um sócio dele. 

— Nome, por favor. 

Ele levantou a prancheta que até então eu não tinha percebido que segurava, e eu mordi o lábio pensando no que eu falaria. Não tinha encontrado nenhuma funcionária que trabalhasse aqui em Maine. Parabéns, Grace. Ótimo jeito de trabalhar.

— Grace Walker. — Disse, enfim. — Estou aqui para ajudar no projeto dele. Dylan pediu que eu viesse.

— Dylan Sprouse?

— Sim, senhor.

Ele leu todas as duas folhas em sua mão, iluminadas com a lanterna. O silêncio dele me deixava nervosa, e eu tentava me distrair olhando os homens trabalharem no cais, cuidando da manutenção dos barcos e dispondo a embarcação de tais.

— Não encontrei seu nome.

— Pode ligar para o departamento de Edgar para confirmar se precisar.

— Eu não tenho o número. — Ele vacilou, e eu sorri internamente.

— Eu tenho.

Ele ligou para Clare, e eu esperei que ela fingisse ser a recepcionista do departamento falando que Edgar tinha me enviado a Maine para auxiliar os funcionários de Justin na limpeza das águas marinhas, ressaltando a parceria entre os dois. Dylan ajudaria na papelada e eu precisava me certificar de que todo o funcionamento da empresa estava nos eixos. Eles conversaram por cerca de dez minutos, e depois de pedir desculpas pelo mal entendido, o segurança desligou guardando o seu celular.

— Pode passar, senhorita. 

— Obrigada. — Sorri de lado, me afastando dele e indo para a passarela que levava ao cais onde os barcos estavam.

Perguntei pelo barco onde Justin trabalhava, ouvindo um dos funcionários me falar que chegaria em alguns minutos. Aguardei conversando com ele sobre coisas aleatórias, ajudando a limpar alguns utensílios que ele usaria no seu trabalho. Quando Justin chegou eu me afastei limpando as mãos e observei o piloto náutico encostar o barco e abrir passagem para que o empresário descesse, mas em vez dele, quem desceu foi Dylan.

Franzi o cenho espreitando as sobrancelhas e trinquei logo depois o maxilar, encarando o moreno descer as escadas com uma sacola na mão. Ele parou ao me ver, e em passos lentos voltou a andar vindo em minha direção.

— Grace? O que está fazendo aqui? — Perguntou, largando a sacola no chão ao nosso lado.

— Eu que te pergunto, Dylan, o que você está fazendo aqui?

O moreno olhou para os lados, e com delicadeza pegou meu braço levando-me para um lugar mais reservado. Puxei meu braço ao chegarmos, encarando-o de braços cruzados.

— Estou a trabalho, você sabe disso.

— Ah, a trabalho? — Ironizei. — Destruindo espécies marinhas?

— Do que está falando? 

— Por favor. — Eu ri, olhando para o lado antes de encontrar novamente o azul celeste dos seus olhos. — Não minta para mim.

— Grace… O que está fazendo aqui? 

— Eu vim descobrir o que Edgar e Justin fazem juntos. — Respondi. — É meu trabalho cuidar da vida marinha, e estou aqui exatamente para isso.

— Edgar sabe que veio?

— Não. — Pensei na secretária, e na pessoa que podia estar aguardando ao telefone, imaginando que fosse Edgar. — E nem precisa.

— Por favor, vá embora.

Encarei-o, arqueando uma das sobrancelhas para demonstrar minha indignação. 

— Eu esperava mais de você. — Assumi. — Vinte e sete anos nas costas, formado em biologia marinha e professor de aquicultura em uma das melhores faculdades particulares de Boston. Você se superou, Dylan. Sua carreira está em uma das melhores fases que poderia existir, com todas as oportunidades de expansão do conhecimento marinho na empresa de Edgar e você prefere jogar tudo fora por causa do que estão fazendo?

— Não estamos prejudicando ninguém, são apenas pesquisas científicas.

— Pesquisas científicas? — Alterei minha voz. — Pesquisas científicas, Dylan? Como é capaz de dizer isso depois de tudo o que fizeram?

— Grace...

— Você está errado, e sabe muito bem disso. No começo, quando não quis me dizer quem era Justin Hall, eu tentei aceitar que era apenas um assunto confidencial e que não deveria ser nada importante. Mas depois, quando eu pesquisei mais sobre ele, sobre os projetos que estavam expandindo os negócios de Edgar, a corrupção dos funcionários que fizeram a gente limpar aquela área marinha que jamais será habitada novamente, eu entendi que havia muito mais além do que eu era capaz de imaginar. Eu só não consigo acreditar que você está incluso nisso.

— Edgar confiou em mim. — Tentou se explicar, e eu já tinha lágrimas preenchendo os meus olhos. — Ele precisava de pessoas confiáveis para o cargo, precisava ter certeza que nenhum de nós fosse denunciá-lo. 

— Que altruísta da sua parte. — Ri fraco, secando o rosto mais uma vez. — Eu acreditava que você defendia as mesmas teses que eu, sempre discutimos acerca e você sempre demonstrou estar preocupado com as questões ambientais, mas ver que você faz parte da exploração marinha e suposta exterminação de uma espécie jamais vista mostrou que você é tão podre quanto os outros funcionários que favorecem esse projeto. 

— Estamos a um passo de descobrir células marinhas que poderão evoluir a medicina na cura de doenças, Grace. Essas amostras precisam ser coletadas.

— Colete-as de peixes existentes em vários lugares do mundo, Dylan.

— Não são as mesmas células, já testamos. Estamos há um ano nisso, tentamos de tudo para chegar onde estamos. 

— Isso vai contra os preceitos e valores da biologia.

— É para um bem maior. — Ele sorriu, tentando se aproximar. — Eu entendo que você zela pelo bem estar da natureza, mas os nossos ancestrais se sacrificaram para termos acesso a todo o conhecimento de hoje, precisamos seguir a tradição.

— Para benefício próprio? 

— Para benefício de toda a população mundial. — Eu pude sentir suas mãos envolverem minha cintura, e eu o afastei pondo a mão em seu peito. — Grace…

— Não posso deixar que continue.

— Não vai conseguir destruir esse projeto, Grace.

— É o que você acha. 

— Não é o que eu acho. Eu acredito em você, acredito muito. — Ele disse, e eu deixei que sua mão mais uma vez envolvesse minha cintura dessa vez acariciando-a. — Mas estamos falando de um projeto que atua há mais de um ano.

— Pode ser mais específico?

— Eu não sei ao certo do que você está falando, ou o que seja tudo isso, se é sua forma de discutir. Mas, vou te dar um conselho, se quiser vencer essa guerra, existem argumentos perfeitos e bem melhores do que isso. 

— Não são apenas crenças, Dylan. — Rebati. — Estamos falando dos impactos ambientais que podem ser gerados a partir dessa exploração absurda.

— Você sabe que não é só isso. — Ele riu, negando com a cabeça. — Você viu muito mais do que deveria. Sabe mais do que qualquer outra pessoa de fora. E sendo sincero, ninguém vai acreditar quando você defender sua tese argumentando sobre sereias. 

— Eu arrumo um jeito de provar.

— Mesmo se conseguisse, não teria um grande escândalo. — Ele deu de ombros, e eu me impressionei mais por sua indiferença sobre o assunto. — A mídia tem um papel fundamental na vida social como um grande estraga prazeres, mas neste caso, ela iria favorecer o nosso lado. Existem pessoas poderosas por trás de tudo isso, e a captura dessas criaturas levaria à abertura de um museu aquático onde milhares de pessoas pagariam para entrar e observar como essas sereias são de verdade, desmentindo todos os contos de fadas e expondo a realidade de um ser vivo evolutivo do ser humano em prova viva. 

Fiquei o encarando, pensando no que tinha dito e notando como era verdade. A mídia iria favorecê-los assim como se, mesmo estando contra, eles fariam de tudo para a mídia não expor o que eles faziam e publicar apenas os benefícios daquelas pesquisas ridículas. 

Quando percebi, as lágrimas já escorriam por meus olhos novamente, exibindo meu lado fraco que não sabia lidar com a situação, e o que mais doía era por se tratar da minha família. Da minha casa. E se eles tiverem capturado o papai? Aquele vídeo não podia ser apenas um vídeo.

— Eu admiro você por acreditar no que acredita e defender com todas as suas forças, mas não é assim que as coisas funcionam, Grace. — Dylan disse, e envolveu os dois braços em meu pescoço aninhando-me a seu peito. — Infelizmente, tudo se move através do dinheiro. 

— Por isso mesmo que você deveria estar do meu lado. — Choraminguei, afundando o rosto em sua camiseta a encharcando com minhas lágrimas. Seus braços me apertaram fracamente, e eu pude sentir os dedos de sua mão acariciarem meu cabelo. — Eu esperava isso de todos, Dylan, menos de você. 

Ele suspirou, e continuou me abraçando até que eu cessasse parte do meu choro. Funguei o nariz algumas vezes, e ao nos afastar me encontrei de novo com aquele par de olhos que na luz lunar se encontrava mais saturado destacando o azul das íris. Fechei os olhos depois, selando nossos lábios em um beijo profundo que Dylan fez questão de iniciar levando uma das mãos para a lateral do meu rosto o segurando, enquanto minha mão deslizava até sua nuca o trazendo para mais perto.

Eu precisava dele. Mas não daquela forma.

— Grace?

Abri os olhos quando nos afastei, respirando fundo e apertando fraco os envelopes que eu ainda segurava.

— Desculpa, Dylan. 

 


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...