[ Laito, seu loko]
Qual a boa, bitch?
[ Bitch nº 1]
Esse apelido é igual a você:
Sem noção
[ Laito, seu loko]
É em sentido carinhoso, amiga
Calma
[ Bitch nº 1]
Tô super tranquila
Quase brisando
[ Laito, seu loko]
Já mandei parar de usar drogas
[ Bitch nº 1]
Por que me levou pra esse caminho, Laito?
[ Laito, seu loko]
O único caminho que quis te levar foi o da realidade.
Pra ver se a bitch acordava e parava de se iludir por celebridades
Mas até hoje você fica no mundo da ilusão.
[ Bitch nº 1]
Ilusão é você achar que fica bem de chapéu
[ Laito, seu loko]
Eu fico mesmo
[ Bitch nº 1]
O pior é que é verdade
Eu não sei te ofender, que merda
[ Laito, seu loko]
Sou perfeito
[ Bitch nº 1]
Há controvérsias
[ Laito, seu loko]
Já se olhou no espelho, Katsumi?
[ Bitch nº 1]
Vai começar com as agressividades...
[ Laito, seu loko]
Brincadeira
Você sabe que é bonita
Só não arruma um ficante porque não quer
[ Bitch nº 1]
Porque eu gostaria de ficar com alguém?
[ Laito, seu loko]
Faz quanto tempo que a bitch não pega alguém?
Um século?
[ Bitch nº 1]
Eu estou muito bem solteira, tá Laito?
[ Laito, seu loko]
Você pode até estar
Mas já perguntou pra sua amiguinha?
[ Bitch nº 1]
Amigui...
CALA ESSES DEDOS LAITO
[ Laito, seu loko]
Pô Kat, virada do ano
Toma uma atitude!
[ Bitch nº 1]
Mesmo se eu quisesse, não dá
Eu vou passar o ano novo em casa
Terá somente parentes e familiares
[ Laito, seu loko]
Incesto tá aí pra isso né
[ Bitch nº 1]
NÃO VOU PRATICAR INCESTO SEU DOIDO
[ Laito, seu loko]
TENHO UMA IDEIA
ESPERA
FICA ONLINE
[ Bitch nº 1]
Tudo bem
Não vou nem sair da nossa conversa
Katsumi, assim que respondeu a mensagem de seu amigo, saiu do aplicativo e colocou o celular na cabeceira ao lado da cama. Por que ele não conseguia entender que ela estava bem sozinha? Claro que de vez em quando batia uma depressão misturada com uma carência por não ter ninguém ali para abraçar e beijar – ao contrário de suas amigas –, mas, no dia seguinte tudo voltava ao normal. A ruiva, ao invés de “caçar” garotos, preferia fazer coisas mais banais, como: navegar na internet, dormir, sair com o pessoal e até mesmo estudar. Faltava somente um ano para faculdade! Mesmo sendo distraída e meio relaxada em relação aos seus estudos, Kat dedicava-se muito, porque os pais sempre investiram muito na educação da menina. Seria ingratidão de sua parte não honrar os esforços deles. Além do mais, se não for aprovada, provavelmente será expulsa de casa por trazer vergonha a família.
Como já esperava, ouviu o barulho de mensagens sendo enviadas uma atrás da outra e revirou os olhos. É sábado, o dia está lindo e o que Katsumi está fazendo? Conversando com Laito Sakamaki, o menino mais insuportável que ela ama.
[ Laito, seu loko ]
SUA FALSA
MANDEI FICAR ONLINE
Não faz nem um favor para o amigo que está tentando TE AJUDAR
Credo
Que tipo de pessoa você é?
Ninguém quer ficar com falsiane não, sabia
Então trate de mudar
[ Bitch nº 1]
Desculpa amiguinho
Não queria te magoar
[ Laito, seu loko ]
Para de piorar a situação sua mentirosa
Fez de propósito que eu sei
[ Bitch nº 1]
Meu pavio é curto, Laito
[ Laito, seu loko ]
Menina, você vai ter que ser mais paciente se quiser conquistar alguém
Porque do jeito que tá...
Vai morrer virgem
[ Bitch nº 1]
Ai
Não é pra tanto
[ Laito, seu loko ]
Não tinha demorado nem dez minutos
[ Bitch nº 1]
Tá
O que você tinha ido fazer?
[ Laito, seu loko ]
Ah é
Fui chamar o Ayato
[ Bitch nº 1]
Para...?
[ Laito, seu loko ]
BITCH
É HOJE QUE VOCÊ SAI DA SECA
Vamos passar a virada na praia
Onde vai ter aquela festa que sempre tem
E que sempre é inesquecível
[ Bitch nº 1]
Nunca fui nessa festa
[ Laito, seu loko ]
Você não se ajuda, né Kat
[ Bitch nº 1]
A vida é minha
[ Laito, seu loko ]
Tá
Foda-se
O importante é que HOJE nós vamos pra festa
[ Bitch nº 1]
Ayato quis ir?
[ Laito, seu loko ]
Lógico
Só você que é anti social mesmo
[ Bitch nº 1]
Ah, sou só eu?
Por acaso já perguntou pro seu outro irmão a opinião dele?
[ Laito, seu loko ]
Não chamo mais o Kanato
Já desisti dele
E toma cuidado pra mim não desistir de você também
[ Bitch nº 1]
Seria um alívio
[ Laito, seu loko ]
Um alívio que a bitch não terá
Ainda tenho fé em você
[ Bitch nº 1]
Que lindo...
Mas e aí?
Só vai nós três?
[ Laito, seu loko ]
Nossas namoradas também vão
Obviamente
[ Bitch nº 1]
Pô
Os dois com suas namoradas
Passo de vela pra fogueira
[ Laito, seu loko ]
NÃO DESSA VEZ
PORQUE CUSTE O QUE CUSTAR
VOCÊ VAI BEIJAR NA BOCA
[ Bitch nº 1]
Ok, ok
Tenho que ver com os meus pais
[ Laito, seu loko ]
Se eles não deixarem
Eu vou te sequestrar
[ Bitch nº 1]
Como?
[ Laito, seu loko ]
Eu entro discretamente pela janela do seu quarto
E te sequestro
[ Bitch nº 1]
Discretamente?
Laito
QUANDO VOCÊ É DISCRETO?
[ Laito, seu loko ]
Verdade
Eu já chego nos lugares causando
Mas tá.
Vai lá falar com seus pais
[ Bitch nº 1]
Tchauu
[ Laito, seu loko ]
VÊ SE VOLTA COM A RESPOSTA
SENÃO EU VOU MANDAR O AYATO IR TE SEQUESTRAR
Rindo, Kat calçou seus chinelos para ir até a cozinha, deixando seu celular para trás. Em passos preguiçosos, se dirigiu até o cômodo. Havia acordado a pouco tempo de um cochilo e ainda estava bêbada de sono. Dormiu tarde na noite passada e precisou acordar cedo para ajudar sua mãe nos preparativos de véspera de ano novo, como arrumar a casa, fazer o banquete tradicional e receber seus familiares, que vinham passar a virada com seus pais e ela.
Quando finalmente chegou, levou um susto ao perceber que o relógio marcava dezenove horas. Faltava pouco para meia noite.
– Kat! Já ia te acordar! – disse a senhora Miyake ao ver sua filha.
– Não foi uma boa ideia tirar essa soneca, Katsumi. Foi uma falta de respeito não ficar conosco neste momento familiar tão importante. – o pai dela parecia com raiva, por causa de suas bochechas vermelhas e tom de voz. Ou talvez estivesse com calor por estar tanto tempo perto do fogão, cozinhando.
– Desculpe papai, mas, se não o fizesse, não conseguiria ficar acordada para a chegada do próximo ano.
– Tudo bem... – falou Yoshiro, suspirando alto – Agora, vá conversar com seus avós, eles estão com saudades.
– Antes... Nós precisamos conversar – Katsumi falou, mordendo os lábios.
– Precisamos?
– Querido, vamos ouvir o que nossa filha tem a dizer – Arisu apoiou-se na bancada da pia. Seu olhar meigo era direcionado a Kat.
– Eu gostaria que vocês concedessem a permissão para mim ir a festa na praia com uns amigos. – ela olhou para o chão logo que o pai levantou uma sobrancelha.
– Hoje é véspera de ano novo, Katsumi.
– Sei disso, mas...
– Não tem “mas”, ficará em casa, com a sua família. – Yoshiro disse, autoritário, voltando sua atenção para a comida que preparava.
– Nunca passei a virada fora de casa, seria uma experiência. Além do mais, verei meus parentes amanhã também, no nosso almoço especial para comemorar o primeiro dia do ano. – insistiu a filha.
– Você não irá à praia.
– Calma, Yoshiro. – impôs-se a senhora Miyake, sem mudar sua expressão – Veja, Kat de tanto lazer este ano, ela foi uma ótima aluna e filha, dedicou-se para valer na escola e nos ajudou nas tarefas domésticas. – a mulher foi até o marido, passando as mãos carinhosamente por suas costas – Diria que Katsumi fora exemplar. Não vejo mal algum em deixá-la ir a festa, é um bom jeito de recompensá-la pelos seus esforços.
Nenhuma palavra. O senhor Miyake pensava enquanto Kat torcia para uma mudança de planos.
– Eu converso com meus avós amanhã, papai... – a ruiva sussurrou.
– Não sei, querida. É a tradição.
– Nossa filha estará aqui em nossos corações e nós no dela. Katsumi já é madura o suficiente para arcar com suas responsabilidades. Vamos confiar nela.
– Prometa minha filha... – ele ainda parecia reflexivo – que será uma garota excelente em dois mil e dezessete...
– Eu prometo.
– [...]E que voltará para casa antes do amanhecer.
– Também prometo! –falou sorrindo, indo até seus pais e os abraçando – Obrigada!
– De nada, meu amor. – disse Arisu.
– Bom... – Kat afastou-se devagar – Vou para o meu quarto me arrumar.
– Vai lá.
Alegre, Katsumi subiu as escadas e correu para o seu “cantinho”, se atirando na cama com um sorriso estampado no rosto. Não estava mais sonolenta. Queria muito curtir com seus amigos, porém, ao imaginar-se tendo que pegar alguém, ficou deprimida. Ela não tinha a mínima vontade de fazer isso. Quem sabe Laito esquecia essa história? É, talvez ele fique bêbado, não lembre de mais nada e a deixe livre desse “tormento”.
Afastando esses pensamentos e voltando a sorrir, Kat envia a resposta ao ruivo.
[ Bitch nº 1]
Boas notícias: eu vou!
[ Laito, seu loko ]
Esta noite promete.
Hoje tem
[ Bitch nº 1]
Vamos meter o loko
[ Laito, seu loko ]
Passo aí pra te buscar daqui à uma hora
[ Bitch nº 1]
Ok
[ Laito, seu loko ]
Arrasa no look
[ Bitch nº 1]
Sempre
A ruiva ia deixar o celular de lado, mas outra mensagem lhe chamou atenção.
[ O playboy vulgo Ayato ]
Fala, plebeia
É verdade que vai sair com nóis hoje?
[ Kat, a cat ]
Para sua informação
Eu sou a rainha, seu lesado
E o correto é a gente ou conosco
Não "nóis"
[ O playboy vulgo Ayato ]
Você não é professora de português pra ficar me corrigindo
[ Kat, a cat ]
Eu tenho mais moral que você
Então eu posso te corrigir SIM
[ O playboy vulgo Ayato ]
Vou nem falar de moral com você não, Kat
Só responde a pergunta
[ Kat, a cat ]
Vou sair com vocês
Não precisa se desesperar
Tia Kat vai alegrar sua noite
[ O playboy vulgo Ayato ]
Ah, vai alegrar minha noite, dona Kat?
[ Kat, a cat ]
Pervertido
Você tem namorada
[ O playboy vulgo Ayato ]
Quem começou não fui eu
[ Kat, a cat ]
Quem viu malícia não fui eu
[ O playboy vulgo Ayato ]
Era óbvio que tinha duplo sentido
[ Kat, a cat ]
Tinha nada!
[ O playboy vulgo Ayato ]
Pô, Katsumi
Agora eu já tenho namorada.
Segue em frente
[ Kat, a cat ]
Só para, Ayato
[ O playboy vulgo Ayato ]
Tô sabendo que vai pegar geral na festa...
[ Kat, a cat ]
SÓ PARA AYATO, SÓ PARA
[ O playboy vulgo Ayato ]
Me conta aí essa história
[ Kat, a cat ]
Pede pro seu irmão, foi ele quem inventou essa ideia
[ O playboy vulgo Ayato ]
Por que minha amiguinha não pode me contar?
[ Kat, a cat ]
Porque ela vai ficar offline agora.
Katsumi, antes de sair do aplicativo, encarou o nome que havia salvado o contado de Ayato. Riu ao lembrar o porquê de ter colocado “O playboy vulgo Ayato”.
Ela havia saído com ele e alguns amigos para uma boate, só por diversão. Estava tudo indo muito bem até começarem a exagerar na bebida alcoólica, principalmente o ruivo. O garoto ficou completamente fora de si, o álcool o fez perder o pouco juízo que tinha.
Kat, preocupada com o estado do amigo, foi ajudá-lo e chamou-o para ir embora.
– Já deu pra você, Ayato. Vem, vou chamar um táxi pra gente.
– Não, pô. Tô tranquilo, ainda tô sóbrio.
– Sóbrio? – a ruiva gargalhou – Só que não, né.
– Me deixa viver em paz.
– Eu bem que queria, mas não quero prestar nenhum depoimento.
– Katsumi – falou o rapaz, puxando o “i” – Não vou embora, desiste gata.
– Você vai querendo ou não, porque só eu que tenho paciência pra te levar para casa.
– Kat, relaxa. Tá muito nervosinha. Que tal darmos uns pegas, só pra relaxar?
– Cara, bebida é foda.
– Vai gata, vai ser bom, eu prometo.
– Acho que você não se lembra, mas tá ficando com uma garota e gosta muito dela.
– Que nada. – disse abraçando a ruiva só de um lado – Essa menina precisa entender que eu, Ayato sou um playboy e não posso me prender a só uma ‘mina.
Katsumi gargalhava cada vez mais alto.
– O que é que você é?
– Um playboy, não, eu sou O playboy. Sou a pessoa mais playboy do mundo. Melhor que eu não existe – o ruivo falou, quase tropeçando enquanto Kat ia com o mesmo para a saída em um abraço unilateral – EU SOU O MAIOR PLAYBOY QUE TODO MUNDO RESPEITA.
Ayato ainda gritou várias vezes isso até saírem do estabelecimento e pegarem o táxi. Infelizmente, até mesmo dentro do veículo, ele ficou falando isso, deixando Kat com uma dor de cabeça horrível, causada pela gritaria do amigo e pelo álcool em excesso.
– Rindo sozinha, filha? – sua mãe entrou no quarto de repente, fazendo-a se assustar de leve.
– É, eu lembrei de uma coisa engraçada...
– Achei que ia começar a se arrumar. – Arisu sentou-se na beirada na cama de Katsumi.
– Pois é... eu também achei.
– Está esperando o quê?
– Não faço ideia do que vestir.
A ruiva usava um vocabulário completamente diferente com seus pais, bem mais formal. Se falar com eles do jeito que fala com seus amigos, é capaz de seu pai mandá-la ajoelhar no milho e lavar a boca da menina com sabão.
– Oras, sei uma roupa perfeita para ocasião.
Senhora Miyake é a mulher em que Katsumi mais admira neste mundo. Sempre atenciosa, dedicada e dando todo amor e cuidado à família. Ela consegue ajudar a filha em todas as situações, além de conseguir a permissão para Kat ir em festas e livrá-la de castigos.
– Lembra que te dei um conjunto lindíssimo no seu aniversário? Deve estar em algum lugar do seu armário. – a mãe abriu as portas do guarda-roupa da filha e começou a procurar a peça.
– Ah sim, havia me esquecido. – Katsumi se levantou preguiçosamente.
– Encontrei!
– Deixa eu... Uau! – a ruiva ficou surpresa ao ver a roupa, não lembrava que é tão bonita assim.
– Vá provar!
Foi isso que Kat fez. Vestiu o cropped branco em renda e a saia rendada da mesma cor, longa e transparente na parte perto à borda. É realmente linda e se ajustou bem no corpo da garota.
– Sua mãe tem bom gosto, minha filha!
– Eu realmente não sei o que faria sem você, mamãe.
– Agora, vamos ver os acessórios e a maquiagem!
Arisu ajudou Katsumi em tudo, sendo cuidadosa a cada traço feito pelo delineador ao o quê combinava com o conjunto. Kat adorou esse momento com a mãe.
– Vai arrasar!
– Graças a você! – ela segurou na mão da senhora Miyake, que retribuiu.
– Com licença... – Yoshiro abriu uma presta da porta do quarto – Posso entrar?
– Sim, acabamos de acabar. – a mãe soltou uma risadinha.
– Seu amigo, Laito, está na porta. – falou entrando no cômodo.
– Bom, hora de ir.
– Você vai... Com essa roupa?
– Pai, só está aparecendo um pequeno pedaço da minha barriga.
– Ah querido, ela é jovem.
– Tá certo, tá certo... – senhor Miyake suspirou – Juízo, viu?
– Pode deixar. – Kat deu um beijo na bochecha de seus pais e seguiu para o andar de baixo.
Aquela seria uma noite agitada.
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