Cap 2: Control
Acordei mais exausta do que de quando havia ido dormir. Quando olhei no relógio eram oito horas. Levantei e fiz minhas higienes matinais. Coloquei apenas um short com uma blusa bege.
Cumprimentei meu padrasto que se encontrava em seu habitat natural: O sofá. Minha mãe estava no trabalho então não tinha muito o que comentar.
- Vivian, – Meu padrasto chamou quando estava na cozinha. – Vá lá em cima falar com aquele vizinho, ele não para de fazer barulho, esse moleque tá quase quebrando a casa.
Milhões de respostas ofensivas vagaram pela minha cabeça. – Ta, vou lá depois que terminar do café – Disse, seca. Eu poderia confronta-lo, mas não seria justo com a minha mãe. Virei a xícara de café que havia preparado. E mordi um pedaço do pão com queijo.
Subi no elevador até o apartamento do Moreno e bati na porta.
- Já vai – O mesmo gritou de dentro de casa. – Quem é? – Disse já abrindo a porta.
O garoto abriu um olho grande em minha direção quando me viu parada em frente a seu apartamento.
- Oi... Lucas, não é? – Perguntei.
- Sim, sim – Ele afirmou com o mesmo sorriso besta no rosto.
- Meu padrasto está tendo um ataque por causa do barulho que supostamente está vindo daqui de cima. Ele me pediu pra vir aqui com todo o carinho e amor do mundo para pedir pra você fazer menos barulho.
Ele soltou uma risada.
- Desculpa, é por que eu estou gravando um vídeo com meu amigo aqui – Ele disse afastando-se um pouco para que eu pudesse ver a figura de LubaTV na minha frente.
- Aí teddy, eu mandei você parar de gritar com esse megafone – Luba disse levando a mãos ao rosto.
Enquanto toda essa cena rolava eu estava lá, parada, nem conseguia me mexer direito. Ambos perceberam minha cara de espanto.
- Moça tu ta bem? – Luba me preguntou.
- Eu tô ótima – Disse olhando diretamente para Luba.
Luba era meu youtuber favorito, eu não era daquelas fãs enlouquecidas, mas estava parecendo uma.
- Então e isso turma, eu vou ficando por aqui com o vídeo, um beijo pra quem quiser... falowww – Luba disse encerrando o vídeo.
Quando voltei meu olhar para o moreno percebi que o mesmo já me encarava.
- Desculpa se eu atrapalhei o seu vídeo – Me desculpei.
- Não, não se preocupa não, - Ele disse soltando um sorriso sínico, coisa ele era muito bom – qualquer coisa é só chamar.
- Você tem um canal certo? – Perguntei, não escondendo minha curiosidade.
- Certo, mas acho que vou queimar mais meu filme com você, – Ele falou, levando uma das mãos a nuca. – O que é visto não pode ser desvisto, – Soltou uma risada. – Vou pegar meu celular. – Ele exclamou, indo em direção a seu celular cujo se encontrava na mão de Luba. Cheguei a pensar que eles tinham algo, seriam um casal lindo. Luba apenas entregou o celular do moreno, que veio em minha direção.
- Bom, me de seu número que eu te mando um link do meu canal – Ele falou.
- Eu nem te conheço, por que daria meu número pra você?
– Por que nós provavelmente vamos nos ver todos os dias – Ele olhou para o teto – moramos no mesmo apartamento. – Então me encarou.
– Tá, – Soltei um sorriso sínico – me convenceu. Deixa só eu pegar meu número na minha agenda. – Puxei o celular lingando o mesmo.
- Espera aí, você não sabe seu número? – Ele perguntou.
- Não, – Soltei uma risada. – Eu sou lerda pra lembrar de números.
Ele soltou uma risada. Incrível como, para ele, qualquer coisa é motivo pra rir. Na verdade, nem sabia por que dava o número para aquele garoto, que no momento, era quase como um estranho, curiosidade com certeza. Falava comigo mesma enquanto passava meu número para um cara estranho.
[...]
Passei o dia todo na cama, não tinha sequer vontade de ir comer, o que me deixou bem surpresa. Talvez isso se devesse a estar sozinha com meu padrasto.
Estava revirando minhas redes sociais quando recebo um link no WhatsApp. Era Lucas. Sua foto de perfil era bem retardada, o que não me surpreendeu muito, mas me fez dar boas risadas.
Mandei a seguinte mensagem:
“Você tem problemas, sério kkkkkkkk, Que tipo de foto é essa?”
Ele me respondeu com:
“Isso por que você não viu os vídeos.”
Resolvi assistir a seus vídeos. Era um mais engraçado e estranho que o outro, eu não conseguia parar de assistir um segundo se quer, via um e já partia pra ver outro. Mas eu sou a Vivian, e a felicidade de Vivian sempre dura pouco.
Meu padrasto gritou meu nome da sala.
- VIVIAN, – Sua voz grosseira surgiu cortando meus ouvidos. – VENHA AQUI JÁ.
Senti uma pontada de medo, sua voz dizia que ele estava irritado. Caminhei em passos singelos até a sala. Quando cheguei lá percebi que ele estava estiraçado no sofá como sempre.
- Aquele garoto lá de cima está batendo na porta feito um desesperado, vai ver o que ele quer.
Senti um alivio. Sabia que ele ainda era quase um estranho, mas nada é pior do que ficar sozinha com um velho gordo parecendo uma foca encalhada no seu sofá.
Abri a porta, sai do apartamento e fechei a mesma, fiz isso tão rápido que nem me dei conta de que já estava do lado de fora.
- Oi – Anunciei.
- Olá – Ele disse em seguida, me entregando uma cesta com algumas coisas dentro – Bem-vinda a vizinhança.
- Ahh, - disse surpresa – muito obrigada, nossa, eu nem sei como agradecer.
- De nada. – Ele disse soltando um sorriso.
Por um segundo imaginei que iria me desfazer com o sorriso dele.
- O que você tem a dizer sobre meus vídeos? – Ele perguntou arqueando as sobrancelhas.
- Você tem problemas cara – Conclui.
Rimos em coro.
- Ganhei uma inscrita? – Ele perguntou esperando uma resposta.
- ehh... – Não tive a chance de responder, pois, fui interrompida pelo Sr. foca encalhada.
- VIVIAN, VENHA LOGO – Seus gritos me enjoavam.
- Me desculpe eu tenho que ir – Disse ajeitando a cesta em meus braços curtos. – Mas muito obrigada.
- De nada, se tiver qualquer problema e só me chamar – Ele disse se referindo a meu padrasto.
- Não se preocupe. – Disse por fim.
Lancei um último olhar, antes de entrar e fechar a porta.
- O que foi dessa vez? – Disse irritada.
- Olha como você fala comigo viu garota. – Ele disse em tom ameaçador. – O que aquele menino queria com você? – Perguntou. Estava com raiva.
- Ele só veio me dar as boas-vindas – Expliquei.
- É, sei muito bem que tipo de boas-vindas ele gostaria de dar pra você – Ele falou.
- O QUE? PELO AMOR DE DEUS QUEM VOCÊ PENSA QUE EU SOU? – Disse, estava completamente indignada.
- Você é igual sua mãe, uma tremenda vadia.
Quando suas palavras atingiram meus ouvidos estava pronta para soca-lo no meio da cara. Mas eu era covarde o suficiente para não o fazer.
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