História Strange Way Of Love - Hangover

Aquela noite tinha tudo para dar certo. Sim, tudo para dar certo – não significava que teria um final feliz, já que o objetivo ali era uma despedida. Mas não significava que precisava – necessariamente – terminar em um grande desastre.

Lucy lembrava-se perfeitamente do toque dos lábios cálidos do rosado contra os seus, principalmente por estar tão ansiosa em senti-los novamente – mesmo negando por tanto tempo. Porém, depois do beijo, o que havia acontecido?

Recebia uma sucessão de borrões.

Eles haviam bebido, ou melhor, ela havia bebido – não havia?

Estava deitada em uma cama, tão aconchegante quanto a sua – mas calma – aquele não era seu quarto – sou no momento em que inalou um cheiro diferente do normal e naquele instante já sentia um calafrio percorrendo sua espinha.

Sua cabeça estava doendo, mesmo antes de abrir seus olhos – nunca havia passado por uma ressaca na vida – queria ela que aquele fosse o maior de seus problemas.

Afundou seu rosto no travesseiro, resmungando alto – procurando abafar sua frustração, conforme tinha breves lembranças daquela noite.

Com pouquíssima coragem abriu os olhos, sentando-se na cama, mantendo suas pernas cruzadas. Olhou a sua volta, percebendo o toque feminino e nerd daquele local. Demorou um pouco para perceber aonde estava, ate finalmente ver pilhas de livros organizados em ordem alfabética. “Levy” – imediatamente pensou, ficando aliviada, não entendendo exatamente o porquê, afinal, o que ela esperava?

Resmungou mais uma vez, quando levantou da cama, batendo o pé contra um balde – que graças a Deus, estava sem nada dentro. – Lu-chan? – ouviu, olhando para a porta e vendo a amiga.

- O que eu fiz Levy-chan? – choramingou.

- Vem – chamou abrindo a porta – Podemos conversar sobre isso depois do café.

Lucy sentia seu estomago revirando, então decidiu que o melhor seria apenas observar a amiga. – Tem certeza? – perguntou uma ultima vez enquanto mordia seu pão. A loira acenou positivamente – sabia que se colocasse algo em sua boca, provavelmente não teria um final muito bonito.

- Bom, por onde você quer começar? – McGarden iniciou animada – Podemos focar na parte em que você quase fez Natsu ter um colapso nervoso no meio da festa quando dançou no poli dance, ou talvez quando fez amizade com o barman que te deu alguns xotes de tequila. – tomou um pouco de ar, procurando lembrar-se de mais alguma coisa interessante – Ah! Também podemos falar sobre você gorfando nas botas dele. – deu risada – Aquilo foi épico.

- Não pode ser... – sussurrou a ponto de fazer a baixinha se inclinar para conseguir ouvi-la. Para Lucy aquilo era o cumulo, o que a fez bater a mão contra a própria testa, sentindo mais dor em sua cabeça.

– Eu nunca mais vou sair de casa.

“- Você tem certeza disso? – o rosado indagou pela quinta vez enquanto a loira fitava o copinho com conteúdo alcoólico. Ele já havia bebido, mas Lucy... bom, segundo ela – nunca havia colocado nada com álcool na boca!

- Bom – queria fugir, mas eles estavam ali para se distrair, não? Além disso, quando na vida iria se ver em uma balada, acompanhada com aquelas pessoas, sentido o toque de Natsu Dragneel em sua cintura, como se estivesse deixando claro a todos que aquela ali já tinha companhia. – Por que não, né?

- Isso ai Lucy! – Juvia a incentivou, já um pouco alta após alguns drinks. Todos estavam ali, surpresos com a ideia repentina de Heartphilia.”

- Você ficou tão animada com a ideia que Natsu teve que praticamente te arrastar para longe do galpão após a terceira tequila – disse rindo – Não sei exatamente o que aconteceu com vocês, afinal chegou um momento que não conseguimos nos encontrar, se não fosse você em cima do poli dance, acredito que não iriamos nos encontrar mais aquela noite.

Lucy estava completamente boquiaberta com tudo que ouvia... Isso porque eram breves fragmentos.

A cada palavra, só queria se enfiar em um buraco e nunca mais sair.

- Falando nisso – Levy terminou de comer seu pão e indagou – Aonde você aprendeu? Digo... Você se agarrou naquela barra e não queria mais largar. – ria descontroladamente.

- Levy-chan!! – desespero era a palavra ideal para tudo aquilo que ouvia, a baixinha apenas colocou as mãos para cima, dando a entender que iria parar de brincar e continuar a contar.

“- Vocês viram aqueles dois? – Erza indagou, já estava cansada da balada e visivelmente queria ficar um tempo a sós com Jellal.

- Devem ter ido para o “quarto escuro”. – Juvia falou, referindo-se ao ambiente em que aquela balada tinha, imediatamente olhando suspeita para Gray que arregalou os olhos – Estou b r i n c a n d o. – suspirou – Aquele lugar é nojento.

- Então você já foi, para saber? – pronto, era o que faltava. Já não dava nem mesmo para ouvir o que cada um falava e Gray decidira ter uma crise de ciúmes no meio da festa, sem nem ao menos ter motivo. Juvia bufou, virando os olhos, decidindo o ignorar.

- Lucy se animou com as tequilas, não é? – Gajeel começou lembrando-se de como ela havia virado os copos seguidos, chorando logo na sequência.

- Isso não é muito a cara dela. – a rata dos livros comentou olhando para todos os lados, o que não era de muita utilidade, já que não conseguia ver nada. Não tinha altura o suficiente para procurar alguém meio a multidão. Mesmo assim tentava.

– O que diabos é aquilo? – questionou ao notar um círculo se formando próximo a barra de poli dance.

- Deve ser alguma briga.

- Não acho que é o caso, Erza. – Jellal disse, também curioso, ficando atendo no fato das pessoas estarem animadas e batendo palmas no ritmo da música – o que não aconteceria se estivessem em alguma briga.

A turma, curiosa, decidiu seguir o caminho até aquele local. O choque foi geral, e cada um teve uma reação. Juvia, por exemplo, estava tão animada com tudo aquilo que fez o favor de gritar batendo palmas, já Erza – por sua vez, sentiu a famosa “vergonha alheia”.

 - Cadê o Natsu?

Gray foi o único que falou o que todos estavam pensando. Seja lá aonde o rosado havia se enfiado, o maior erro fora deixar a garota sozinha. Lucy dançava sem pudor algum, movimentando o quadril de um lado para o outro, levantando seus braços que tocavam a barra metálica, erguendo alguns fios dourados bagunçados enquanto descia até o chão.

O vestido pregado, agora já não estava tão bem arrumado, posicionado bem acima de onde a principio estava.

- Que merda é essa?

Natsu surgiu do nada, atrás de todos. Ele não sabia se matava qualquer um que a olhava com segundas intenções ou se seguia a ideia de todos e aproveitava aquele momento único em que Heartphilia parecia livre.

A garrafa d’água que segura, por um instante desapareceu de sua mão, caindo no chão sujo – e ele definitivamente não deu a mínima. Seus olhos estavam pregados apenas em uma única pessoa, o que parecia ser o mesmo de muitos ali.”

- Aqui Lu-chan... olhe esse vídeo – a baixinha falava animada, mostrando o celular. Lucy que estava quase tendo um filho, simplesmente ficou perplexa observando a forma que dançava em frente a todos.

Quando as pessoas lhe falavam que a bebida dava coragem para fazer qualquer tipo de estupidez, ela nunca pensou que deveria levar tão ao pé da letra – bom, nunca mais iria se esquecer daquilo. 

- Calma, o que aconteceu depois que você parou de gravar? – indagou ao perceber que Natsu estava se aproximando dela no vídeo.

- Bom, um cara passou a mão... bom, você sabe né? No seu bumbum. – a baixinha comentou constrangida pela amiga que pousou a mão em sua boca, incrédula – Nunca achei que Natsu fosse ficar tão irritado.

“O rosado não pensou duas vezes em empurrar o infeliz que havia tocado na loira que se assustou imediatamente. Estava bêbada sim, mas pode perceber quando o clima havia ficado mais tenso do que o normal.

- Natsu, pare com isso. – falou, tentando acalmar os nervos dele.

Grande erro.

- Com você eu já lido.

- Como é?  - não aceitava aquele tom. Eles já haviam passado daquela fase, quem Dragneel pensava ser para trata-la daquela forma?

No mesmo instante ele olhou para trás, demonstrava raiva em seus olhos, mas também tinha um arrependimento. Lucy teve um momento de lucidez quando percebeu que o mesmo que o rosado havia empurrado – revoltado – o empurrou de volta.

Novamente – Grande erro.

Natsu virou furioso, encarando aquele infeliz que já havia o tirado do sério – Lucy tentou o segurar, o que não adiantou muito já que ambos começaram uma sequencia de socos e pontapés que seria impossível para ela – ainda mais bêbada – interferir.

O rosado estava mais sóbrio ali naquela briga, isso era obvio. Além de ser treinado – o que não parecia ser o caso do coitado que havia se metido com Dragneel, tornando a luta completamente injusta.

Os murros proferidos por Natsu eram fortes e impiedosos. Tardou até alguém tomar iniciativa de faze-lo parar, mas quando Gray e Gajeel decidiram tomar uma postura quanto ao ocorrido, todos só conseguiam ver o sangue na face do menino, enquanto o rosado parecia apenas estar se aquecendo.

- Aonde estava com a cabeça? – a ruiva proferia cada palavra com tensão. Odiava brigas, principalmente quando não havia necessidade alguma.

- Esse desgraçado que começou – respondeu como uma criança, fazendo Scarlet virar seus olhos.

- Gente, acho melhor sairmos daqui. – Gajeel que estava atento a tudo, sibilou assim que percebera a movimentação de vários seguranças vindo de todos os lados.”

- Nos acabamos nos dividindo.

- E depois Levy-chan? Se eu estava com Natsu e nos separamos, como parei aqui?

- Bom... Quando eu já estava pronta para me deitar, você me ligou. Aparentemente irritadíssima com Natsu... – riu – Acho que ele quem ficou irritado já que em menos de 10 minutos ele te deixou aqui com as botas sujas com seu vomito.

- Como assim?

- Lu-chan, a única coisa que eu sei é que você ficava repetindo que ele estava flertando com uma vaca – tentou conter um sorriso de canto – C i u m e s.

- Impossível.

– Ele já está vindo pra cá, vocês podem conversar sobre o que aconteceu. – a baixinha comentou – Acho que ele pode esclarecer tudo, melhor do que eu.

– Quem esta vindo? – perguntou desentendida.

- Natsu, ué. – Obvio - Ele me pediu para avisa-lo assim que você já estivesse a par de tudo – levantou o celular mostrando a mensagem que havia enviado para Dragneel ha pouco minutos.

Sua respiração falhou.

Queria ir embora, mas àquela altura era bem provável encontra-lo no caminho para sua casa - o que seria ainda pior.

Lucy ficou parada naquela mesma posição por longos minutos, não pensando em nada. Sua cabeça nem doía tanto, mas ela tinha certeza de que iria voltar a doer em breve.

Tentou manter sua respiração normal – falhando com sucesso – assim que a campainha tocou e ela ouviu a voz do rosado vindo da sala.

Tinha poucos segundos até encontrar uma saída.

Olhou para todos os lados, como um gato analisando todas as possibilidades de fuga, desesperada – mas já era tarde. Ouviu um tossir forçado vindo da porta atrás de si – arrependeu-se imediatamente quando virou o corpo, já que o garoto a fitava persistentemente, mantendo seus braços cruzados, apoiando o corpo na porta, apenas esperando o próximo movimento da loira.

“Muito bem Lucy, você voltou com estilo dessa vez” – praguejou instantaneamente, não conseguindo tirar seus olhos dos dele.

- Vamos conversar aqui ou na minha casa?