História Stranger? - Dealing With This

Nayeon acordou uma hora antes do despertador, suando frio e com o peito descendo e subindo num ritmo rápido e descompassado. Doía respirar e sua garganta arranhava.

Era mais um ataque de ansiedade depois de um pesadelo.

Se havia uma coisa com que Nayeon não se acostumaria nunca em sua vida, essa coisa era a ansiedade. Seu corpo tremia, as mãos pálidas e doentes quando ela as olhava, o suor escorrendo por suas costas. Os lábios, com metade da cor original, tremiam e ela possuía uma vontade incontrolável de os morder até que sangrassem, ou até que a ansiedade passasse. Se fechasse os olhos por muito tempo, o medo a engoliria e quentes lágrimas desceriam por seu rosto, o coração palpitando loucamente com a expectativa de que algo no escuro sairia de sua reclusão e a pegaria, para fazer qualquer coisa com ela.

Não dava muito certo pensar que nada daquilo era real.

Levantou-se da cama, esticando os músculos para voltar a senti-los (sempre perdia o movimento das pernas nos ataques de pânico) e tateando de modo a encontrar seu celular. Suspirou ao ver que não fazia mais sentido tentar voltar a dormir, já estava perto demais do seu horário de aula e hoje também era o mesmo dia em que ela teria uma audição. Audições sempre lhe deixavam nervosa, porque sua carreira dependia delas, de certa forma.

Seu coração se acalmou substancialmente quando abriu a conversa com Mina. Não que fosse mandar uma mensagem para ela àquela hora (não fazia sentido, de qualquer forma), mas gostava de reler as que já haviam trocado, pelo fato de se sentir mais próxima dela a cada palavra dita (ou digitada).

Decidiu apenas se conformar com o fato de que não dormiria mais e foi se arrumar para mais um dia precedido do medo.

[...]

“Im Nayeon?” A moça da recepção chamou, fazendo com que Nayeon finalmente levantasse os olhos do roteiro que antes lia com voracidade.

“Hã? Eu!”

“Pode entrar na sala, eles estão te esperando.” Ela sorriu acenando com a cabeça, e Nayeon assentiu, recolhendo seus papéis e partindo para a pequena sala.

Entrou, sendo imediatamente recebida pelos responsáveis pelo casting e pelo diretor.

“Im Nayeon, correto?” O homem de aparência jovial perguntou retoricamente, analisando a maneira como ela se portava. “Pode começar a repassar as linhas.”

[...]

Chegou em seu apartamento cansada da cabeça aos pés, jogando sua pasta e bolsa de qualquer jeito em cima da cama. Sua vontade era de apenas apagar todo o estresse e ansiedade de sua memória com um bom banho, mas quando a tela de seu telefone brilhou com o nome “Mina” estampado nele, a ligação tirando-a de órbita, ela não pôde fazer nada além de atender a chamada em extrema antecipação.

Não esperava que Mina fosse algum dia lhe ligar.

“Alô?”

Atendeu, sorrindo.

“Nayeon? Eu preciso de você.”

Mas a voz chorosa de Mina a fez desejar nunca ter sorrido em primeiro lugar.