História Stranger Love - Capítulo XVII

Pov's Zayn Malik

Desde que saímos do hospital Maya está calada no banco de trás, ela insistiu para que sua mãe viesse no banco de passageiro na frente e decidiu ir atrás, estranhei, Maya sempre gostou do banco da frente.

Ela não disse uma palavra o caminho todo até sua casa e só olhava para o lado de fora, eu já estava preocupado com isso. Ela com certeza estava preocupada com algo, não me surpreende, já que tenho que levar em conta tudo o que lhe aconteceu, tudo o que ela passou por pura e simplesmente minha causa. Por mais que Maya insistisse em dizer que não era minha culpa, nós dois sabíamos que era, foi por ela me conhecer e andar comigo que tentaram pegá-la, foi por ela ser uma pessoa importante para o filho do líder dos Bloonds que lhe deram uma surra. Foi tudo minha culpa, eu nunca me perdoaria por isso, muito menos por Suzy. Duas pessoas inocentes que sofreram por minha causa.

Esse é um dos vários motivos pelos quais me arrependo de ser quem sou na maioria das vezes, talvez eu nunca tenha tido a vontade de entrar​ para a gangue, mas de que adiantaria dizer não quando seu pai é o líder e você simplesmente não tem escolha se não a morte​?

 Me lembrava de Yaser como um bom pai até meus oito anos de idade, mas então tudo mudou, desde ele passar a ser duro comigo e me bater, mas isso apenas comigo, Ana e minha mãe não passaram por isso, e no fim eu era grato a isso, elas não merecem ter que fazer parte desse mundo, mesmo já tendo envolvimento graças ao crápula que chamam de pai e marido. Quando fiz onze anos entendi o porquê de toda a violência dirigida a mim por Yaser, ele estava me testando, me deixando, de acordo com ele, mais forte e preparado para o mundo do crime e das gangues. Preparado para assumir seu lugar. Mas eu nunca quis isso e ao completar dezoito decidi que faria o possível para devolver toda a decepção que Yaser tinha me passado, sujando não só a sua imagem, mas a imagem da gangue, seria o filho sem limites do chefe. E eu estava obtendo sucesso.

Saí dos pensamentos ao chegar na frente da simples casa onde a morena morava. Sua mãe abriu a porta do carona.

- Já vou entrar, deixarei vocês se despedirem. Muito obrigada pela carona rapaz. - Ela saiu após dizer isso me lançando um sorriso com tranquilidade, nem se parecia com a mulher que apanhava do marido por medo, fazendo minha garota sofrer.

Quando ela saiu Maya se soltou do cinto de segurança e olhou para mim pelo retrovisor interno. Esperei que ela dissesse algo, mas ela ficou calada.

- Bela... - Eu realmente não sabia o que dizer, não pediria desculpas, por mais que ela merecesse, ela me calaria e diria que eu não tinha culpa. Ela piscou algumas vezes e olhou para a entrada da casa.

- O que acontece agora? - Ela perguntou ainda olhando para a entrada da casa. Respirei fundo, o certo seria me afastar. Mas não daria certo por muito tempo, mas ainda sim seria melhor.

- Eu coloquei homens para vigiar e proteger sua casa. E quando você voltar para o colégio terão alguns te vigiando de longe, e talvez um dos meninos.

Ela se virou para frente de novo, mesmo pelo retrovisor ela olhava para o meu rosto refletido no espelho.

- E quanto a você Zayn? 

- Eu tenho que resolver tudo isso, o quanto antes. Não posso te colocar em perigo de novo. - Não consegui olhar para o reflexo dela no espelho, me virei para a janela e vi uma senhora molhar as plantas murchas na beira da cerca. Esperei uma reação de Maya, talvez protestos, mas ao contrário disso, ela soltou uma risada. 

- Você vai se afastar. - Não foi uma pergunta, ela afirmou já certa disso, pelo que a conheço. - É claro que vai. - Tornei a olhar para o retrovisor apenas para conseguir vê-la limpar uma lágrima. - Talvez dê certo, ou não, Zaz. Talvez não seja uma decisão só sua.

Dessa vez me virei no espaço pequeno que tinha no banco do passageiro para olhá-la diretamente, ela abriu a porta pronta para sair.

- O que você quiz dizer com isso Maya? - Perguntei impaciente por causa da resposta que ela tinha me dado antes.

- Você vai descobrir. Até mais Zaz e obrigada pela carona. 

Ela saiu e fechou a porta, não com força como imaginei, mas com uma batida suave. Fiquei até que ela entrasse e saí em direção ao galpão com sua frase ecoando na minha mente. Ela estava escondendo algo, e eu tinha um provável receio do que quer que fosse.

Pov's Maya Ehlers

Após minha conversa com Zayn no carro entrei em casa já pronta para qualquer discussão ou afronta que meu pai ou Erick fariam contra mim. Dito e feito, já que assim que fechei a porta meu pai apareceu na entrada da cozinha com uma garrafa de cerveja mão.

- Ora, ora, se não é a princesa que se rebelou. Olhe só para você, o que houve? Ele cansou de te comer e bateu em você? - Fechei os olhos com força respirando fundo, não vou me irritar com isso, era tudo que gritava meu subconsciente. 

- Foi um assalto, apenas isso pai. - Passei por ele indo em direção às escadas, já pronta e necessitada para deitar em minha cama e dormir.

- Ah, sim, como se eu acreditasse nisso. - Ele falou zombando. Me virei apenas para ver Erick entrando pela porta com uma garota loira agarrada a ele, quando me viu ele começou a rir.

- Olha só para você maninha, tá ainda mais feia. 

Ignorei eles e comecei a subir os degraus da escada, chegando ao topo conseguindo ainda ouvir o último comentário de meu pai:

- E dessa vez nem fui eu a fazer isso. 

Entrei no quarto ouvindo a risada dos dois e da loira que devia ter entrado no meio do coreto junto com eles. Sem me preocupar com a roupa apenas tirei as sapatilhas e entrei debaixo do edredom, dessa vez eu não iria chorar, estava na hora de deixar a Maya bobinha para trás, eles não podiam mais brincar assim comigo no intuito de me ver em cacos. Eu estava realmente disposta a entrar para os Bloods, e talvez não fosse apenas por Zayn à partir de agora. Apaguei não muito tempo depois e a última coisa que ouvi foi a porta do quarto do meu irmão batendo.

Os dias passaram rápidos e tediosos, estava sem celular e sem poder sair, não só pelo medo, mas por ainda estar meio dolorida. Alguns dos garotos vieram me visitar, no caso o Harry e Niall, e as garotas vieram algumas vezes também, mas Kate era aquela que mais vinha me ver e fazer piadas sobre o quanto eu devia estar no tédio. Era engraçado, mas ao mesmo tempo bom e as vezes irritava. Emily e Alan também vieram, falaram por minutos longos sobre eu ter me arriscado e disseram até que se eu não estivesse com Zayn não teria acontecido, o drama foi grande e terminou com Emily chorando ao constatar que eu estava em um estado ruim e que podia ter sido pior. Era ruim ver que os deixei preocupados comigo, mas ao mesmo tempo foi bom saber que mais alguém além do pessoal da gangue e minha mãe se preocupava comigo. De todas as visitas em nenhuma eu vi Zayn, das vezes que perguntava sobre ele para as garotas me diziam apenas que ele estava ocupado e que era melhor para mim ele se manter afastado.

Depois de uma semana eu já estava parcialmente bem, minha cabeça doía as vezes e os hematomas tinham sumido, principalmente os da barriga. Mas ainda não podia me esforçar muito, qualquer esforço demais fazia com que a região doesse um pouco, como por exemplo correr e rir demais.

Eu estava jogada na minha cama com os cadernos que Emily havia trazido, eu tinha realmente muito coisa para atualizar e já estava ali tinha quase três horas, parecia não acabar, mas eu tinha que fazer isso, quando eu voltasse teriam três provas para ser feitas e logo chegaria o período das provas finais, já que faltavam apenas dois meses para acabar o período letivo e consequentemente, para eu terminar o ensino médio, se tudo desse certo. E se depender de mim com toda certeza eu me esforçarei para terminar.

Depois de mais meia hora provavelmente eu consegui terminar todas as tarefas e soltei um longo suspiro. Levantei da cama e saí do quarto em direção a cozinha, já no último degrau ouvi as batidas na porta, meu pai estava dormindo e minha mãe estava no trabalho, Erick tinha saído, então é como se eu estivesse sozinha. Juntando toda a coragem que tinha fui até a porta, estava em um conflito sobre abrir ou não quando ouvi a voz de Harry.

- Maya. - Ele estava gritando já. Sorri de alívio e abri a porta para ele. Ele estava com a calça jeans preta e uma camisa social preta também, com os três primeiros botões abertos, em uma pose totalmente badboy o que me fez rir. Os cabelos cacheados estavam bagunçados é isso o deixava mais lindo na minha opinião. - Achei que não ia abrir. - Terminou com um sorriso que por Deus, estava apaixonada naquelas covinhas.

- Talvez eu não abrisse mesmo. - Disse rindo do seu comentário. Ele me abraçou apertando meu corpo que ficava pequeno perto do seu. Dei passagem para ele entrar e assine ele fez. Fui para a cozinha com ele logo atrás e peguei um copo para beber água. - Quer beber alguma coisa? Tem cerveja caso queira.

- Não Bela,- ele sorriu. - obrigado, mas eu queria apenas saber se está bem.

- Ah, sim, melhorei bastante na última semana. - Sorri para ele. Ele continuou me encarando com os olhos verdes. - Okay, você não veio só saber se estou bem. O que aconteceu?

- Zayn sabe que vai entrar para a gangue? - Arregalei os olhos, ninguém além de Yaser sabia da minha decisão. - Yaser falou comigo. Na verdade ele me mandou para vir buscá-la e quando ameacei falar com Zayn primeiro ele me contou, depois de me xingar, é claro. - Ri da última parte respirando fundo em seguida.

- Não, o Zayn não sabe, não tive coragem de contar ainda, até por que não tive contato com ele desde de que saí do hospital, e tenho certeza de que ele vai surtar. - Dei um mínimo sorriso de lado.

- Com toda certeza. Vai fazer isso por causa dele, não é? - Ele perguntou e permaneceu com um olhar neutro. Pensei antes de respondê-lo, olhando para um ponto que não fosse ele.

- No começo achei que fosse, mas não é só por ele, tem mais motivos. Meus motivos além de Zayn.- Ele concordou.

- Okay então. Não vou tentar te convencer a desistir dessa ideia, o Malik já vai encher muito seu saco. Yaser me mandou levá-la para o galpão, quer falar com você.

- Hum... Pode esperar eu me trocar? - Perguntei rindo abertamente para ele no intuito de convencê-lo.

- Espero sim Bela. Na verdade, posso te ajudar se quiser. - Tenho certeza que fiquei roxa de vergonha quando ele fez a graça de dizer isso. 

- Não sonha Styles. 

O deixei na sala me esperando e subi para o quarto, substituindo a calça moletom folgada e a blusa do pijama por uma calça jeans preta meio rasgada nos joelhos e uma regata vermelha. Estava meio frio, então vesti também uma jaqueta de couro preta que tinha ali e acabei percebendo que era de Zayn, na verdade, uma das muitas que tinha ali, já que eu sempre pegava suas jaquetas, com ou sem permissão do mesmo. Calcei os All Star velhos e me olhei no espelho conferindo e graças a Deus meu cabelo estava bonito, os cachos caindo pelos ombros e baixos, não estava dando a mínima para maquiagem então passei só um gloss vermelho claro e desci, já que estava sem celular não me preocupei em levar nada além das chaves.

- Uau! - Harry exclamou assim que desci. - Desse jeito eu vou te levar para um encontro e não para ver a fera.

- Encontro, você Styles? - Sorri boba, já que nosso primeiro encontro não foi bem um "encontro" em si. - Dúvido que saiba o que é isso.

- Ah é, pois sei sim, na verdade, qualquer dia te chamo pra um, mas agora é melhor irmos, já demoramos demais.

Apenas concordei e saí de casa deixando um recado para minha mãe, dizendo que tinha ido ver Zayn. Harry abriu a porta do carona e eu entrei enquanto ele dava a volta e entrava no lugar do motorista, colocando a Buggati Veyron 16.4  em movimento. E internamente eu já estava me preparando para o que estivesse por vim.