Era segunda-feira e daqui a dez dias Nancy iria voltar para a universidade, por isso ela aproveitava o tempo com Jonathan, por hoje eles caminhavam na floresta tranquilamente.
- O que você faz na Blackwell? - Perguntou Nancy.
- Bem eu... Estudo métodos, tipos de lente, estudo história, tudo relacionado a fotografias, e você, o que você faz?
- Além de ter um monte de matérias chatas, eu aprendo sobre a história do jornalismo, entendo coisas relacionadas a essa área, você quer se especializar em alguma área?
- Eu gostaria de viajar o mundo, fotografar o mundo, mostrar como ele realmente é, sabe... O mundo é muito além de uma tela de televisão.
- Interessante. - Disse Nancy.
- E lá tem pessoas estranhas?
- Sim, mas não tanto quanto você. - Nancy parou e sorriu para Jonathan.
- Eu sou tão estranho assim?
- Hum. - Nancy passou os braços no ombro de Jonathan ficando de frente para ela. - Deixou de ser um pouco, mas continua sendo muito estranho.
- Valeu pelo elogio.
E eles se beijaram no meio da floresta.
Mas as aulas que não voltavam para uns, voltavam para outros, já era a segunda semana de aulas em Hawkins e claro que Dustin, Mike, Will e Lucas não estavam nem um pouco satisfeitos com isso, já que a primeira aula era de matemática e a professora era muito rigorosa.
- Ei Will. - Chamou Dustin mas Will não ouviu. - Will. - Dustin chamou novamente.
A senhora Finninham se virou com seus óculos estranhos e pontudos, Dustin abaixou a cabeça para disfarçar e esperou que ela se virasse novamente para chamar Will.
- Will, seu aparvalhado. - Sussurrou Dustin agora um pouco mais alto.
Finalmente Will ouviu.
- O que foi cara? - Sussurrou Will.
- O remédio funcionou? - Sussurrou Dustin.
- Eu não sei.
- Dustin, Cala a boca, a senhora Finninham vai pegar a gente. - Sussurrou Lucas.
- Creio que algum dos três rapazes queiram vir ao quadro para resolver a equação. - Disse a senhora Finninham.
- Merda. - Falou Lucas em voz baixa.
Will abaixou a cabeça e Dustin ficou encarando a professora com olhar assustado.
- Dustin, você quer vir aqui? - Perguntou a professora num tom ameaçador e gentil ao mesmo tempo.
Sobre os olhares da classe e os risos escondidos de Will, Lucas e Mike, Dustin se levantou e seguiu pé após pé até a o quadro, ele pegou um giz e olhou para o quadro onde haviam números e letras que mais pareciam uma sopa estranha de não significava nada para Dustin, ele olhou para o quadro e depois olhou para a professora que o encarava de olhos arregalados e por cima do óculos pontudo.
- Sabe resolver, Dustin? - Perguntou a professora.
-É... Eu...
Foi então que o alarme soou e Dustin sentiu enorme alegria e disse:
- HORA DE COMER.
Ele largou o giz e saiu da sala, os alunos não entenderam aquilo e a professora os encarou e disse:
- Vocês ouviram ele, hora de comer.
E os alunos se levantaram e saíram.
- Cara, eu fui salvo pelo gongo. - Disse Dustin enquanto caminhavam na fila da comida.
- Você foi muito corajoso. - Disse Lucas.
- Cadê meu pudim? - Perguntou Dustin assim que a cozinheira não pôs o pudim.- o pudim acabou, só temos gelatina. - Disse a sem graça merendeira.
Dustin olhou semicerrado para ela se lembrou do estoque de pudins, mas para evitar qualquer confusão ele aceitou o pudim.
- Droga de gelatina, não chega aos pés do pudim. - Resmungou Dustin.
- Agradeça por não ser creme de milho. - Disse Will.
Assim que se sentaram, os quatro começaram a comer, cada um de um jeito. Dustin sempre era o mais voraz e o Will o mais requintado.
- Falando nisso, Will você melhorou? - Perguntou Dustin de boca cheia.
- Bem, eu me sinto melhor, mas acho que só um médico vai me dizer se estou bem ou não.
- Imagina só, o Will como um demogorgon. - Disse Dustin segurando um pedaço de carne.
- Caramba Dustin para de ser nojento. - Resmungou Lucas.
- O que foi, imagina só isso, o Will virando um daqueles bichos gosmentos. - Disse Dustin fazendo sons estranhos.
- A cala essa boca. - Riu Lucas.
- Gente, eu tô tentando comer. - Disse Lucas apontando para o prato.
+++
No centro de tratamento de esgoto, os funcionários mais novos já se perguntavam onde estava Antônio, por isso, foi de imediato que mandassem alguém para ir procura-lo.
- Como alguém faz a vistoria do esgoto no domingo e desaparece? - Perguntou um dos rapazes com a lanterna em mãos.
- É o Antônio, ele é um dos funcionários mais antigos da companhia.
- Quer saber, Hawkins anda muito estranha nestes anos, coisas absurdamente estranhas ocorrem, carros capotam, prédios caem, pessoas estranhas com super poderes aparecem do nada, e velhinhos desaparecem.
- Olhe só. - O rapaz apontou para uma luz no final do corredor.
- Deve ser a lanterna dele.
Os dois rapazes apressaram o passo e ao chegarem no local, encontraram uma lanterna amarela caída no chão.
- Ele deve ter largado aqui, mas do que estaria fugindo? - Disse um dos rapazes abaixado perto da lanterna.
- Olha para cima.
- O que?
A luz apontava para um corpo no teto, preso por milhares de pequenos seres que pareciam lesmas.
- Caramba. - Disse um dos rapazes sentindo nojo ao ver aquela cena.
- Ele está... Morto?
Para a surpresa dele, Antônio abriu os olhos, eram como de vidro, estavam mortos e frios.
O corpo começou a se desprender do teto e caiu em pé diante dos rapazes que apontavam suas lanternas para ele.
As lesmas saíram de seu corpo deixando-o com uma lama gosmenta sobre ele.
- Antônio, você está bem? - Perguntou um dos rapazes aterrorizado.
Antônio lançou um grito estridente que fez os rapazes estremecerem.
+++
- Um garoto, Will Byers, ele esteve no mundo invertido e...
- Teve contato com a criatura? - Lerman interrompeu Jim como se já soubesse. - Ele está contaminado, a quanto tempo?
- Dois anos.
- Então ele imune ou temporariamente imune, não há como parar uma infecção por vermes, digamos, alienígenas, eles vão achar uma forma de chegar no sistema neurológico central dele.
- Ele tem alucinações.
- Os vermes são microscópicos, porém eles se desenvolvem e se tornam maiores, enquanto pequenos, eles liberam uma substância que causa alucinações de forma que a pessoa veja o habitat natural das criaturas, ou seja, o mundo invertido, não é uma simples alucinação, de alguma forma a pessoa vê o mundo invertido em tempo real.
- Há alguma chance de curar ele?
- Acho que não, Will Byers vai morrer aos poucos, vocês só atrasaram a morte dele, isso se ele já não estiver morto.
Jim permaneceu em silêncio enquanto mais nuvens de chuva chegavam.
- Mas você disse que...
- Eu estava errado, por um tempo as imunoglobulinas conseguem matar o verme em sua grande quantidade na fase microscópica e impedem que ele vá para regiões vitais ou que alimente do seu corpo, mas como todo ser vivo, ele se adapta.
- Will me disse que havia vomitado algo parecido com uma lesma na pia do banheiro.
- Ora, então toda a Hawkins está condenada. - Lerman dizia com tranquilidade. - A criatura passa para estágio de larva dois e se multiplica, faz cópias dela mesma, elas vão se multiplicar até que toda Hawkins seja tomada.
Jim não podia acreditar no que estava ouvindo.
- Em tese, vocês não deveriam ter salvo o Will Byers...
- Como não deveria ter salvo? - Jim estranhou. - Não era uma questão de salvar ou não, nós sabíamos que ele estava vivo. - Jim foi se exaltando. - E nós precisávamos buscar ele.
- E fazendo isso você condenou uma cidade inteira e diversas vidas inocentes. - Disse Lerman ainda tranquilo.
- E você condenou Jane Ives à permanecer nas mãos de Martin Brenner como se fosse um animal.
- O que eu podia fazer? Iriam me matar.
- VOCÊ DEVERIA SER MAIS CORAJOSO. - Jim ficou nervoso. - DEVERIA TER TIDO ALGUMA ATITUDE CORAJOSA QUE MUDASSE O DESTINO, NÃO DEVERIA SER UM COVARDE QUE APENAS OLHA O SOFRIMENTO ALHEIO. - Jim estava bufando de raiva na cara Lerman que o observava sem reação alguma.
Lerman abaixou a cabeça e disse:
- Não podemos mudar o passado, só aprender com ele.
Jim se afastou ao ver que Lerman era um homem frio, ele fitou o céu, o gramado e olhou para Lerman e disse:
- Se você houvesse feito as escolhas certas, não estaríamos em todo esse problema... Eu também cometi erros, mas agora é hora de pensar.
Lerman suspirou como um homem que sabia de toda a verdade.
- Não há muito o que pensar, se a essa altura uma infecção não se iniciou, ainda há tempo de evacuar e isolar a cidade.
+++
Mas era tarde, três pessoas estranhas saíram das tubulações do esgoto, ela pareciam preparadas para começar um intenso caos.
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