História Strangers - Parte I (Gray)

Alguns raios solares atravessavam pela janela naquela manhã, iluminando o quarto com luz natural. Gray, que estava adormecido em sua cama, sentiu suas costas esquentarem um pouco e resmungou em seu sono pelo incômodo calor. Ele tentou afastar para longe o lençol que o cobria na altura da cintura, mas de nada adiantou.

Preguiçosamente seus olhos se abriram e o moreno se sentou na cama. Antes que pudesse pensar duas vezes, suas mãos foram rapidamente à procura de seu celular e ele soltou um suspiro derrotado quando viu que não havia nenhuma nova mensagem em sua caixa de entrada. Depois de bagunçar os cabelos ainda mais do que já estavam, Gray se levantou para cuidar de sua higiene matinal, tomou um café da manhã rápido e saiu para sua corrida diária pelo quarteirão.

Perto da hora do almoço, o celular vibrou no bolso de sua bermuda e o moreno sentiu seu coração se acelerando com antecipação e o nervosismo começando a crescer dentro de si. Mas para a sua decepção - ou alívio - , a mensagem não era de uma azulada em particular.

"Você vai almoçar com o pessoal ou não?" - Natsu.

"Eu esqueci completamente. Fica para a próxima, eu prometo." - Gray.

"A Juvia vai estar lá." - Natsu.

"Mais um motivo para eu não aparecer." - Gray.

"Você que sabe." - Natsu.

"Eu pensaria melhor, se fosse você." - Natsu.

E ele pensou.

Por vinte minutos, Gray permaneceu sentado em frente ao seu computador olhando para as várias fotos que ele e Juvia haviam tirado juntos passando na tela. O moreno se lembrava de cada uma delas e podia ver em seu rosto - mesmo nas fotos em que ele fazia uma careta ou estava com uma carranca - que estava genuinamente feliz naqueles dias. Na verdade, durante todo o tempo que eles estavam namorando, Gray não conseguia pensar em uma única vez que ele estivesse infeliz.

Mas agora tudo havia desmoronado.

Gray respirou fundo antes de tomar a decisão de enviar outra mensagem a Natsu. 

"Tudo bem. Eu vou um pouco." - Gray.  

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O restaurante não estava lotado, mas pelo volume do barulho que seus amigos estavam fazendo, Gray estava começando a suspeitar que eles seriam expulsos a qualquer momento. Mas ele com certeza sentira falta de seus amigos barulhentos. Há mais de duas semanas que o moreno não conseguia se divertir e praticamente não saía mais de casa.

- Então você finalmente resolveu sair da toca, Gray! - Cana falou um pouco "alegre" demais para estar completamente sóbria. - Agora só falta a Juvia aparecer. Onde ela está? 

Todos olharam para Lucy.

- Ela disse que teve alguns problemas com o carro, mas o Gajeel já foi buscá-la. -  A loira contou tentando parecer tranquila, mas o olhar que ela lançou para Gray o fez ficar apreensivo sobre se ele tomara a decisão certa de estar ali.

Não muito tempo depois, quando seu amigo metaleiro chegou acompanhado da azulada ao seu lado, Gray sentiu uma forte dor em seu peito por vê-la novamente e quando os grandes olhos azuis da mulher recaíram sobre o moreno, ele pôde ver a mesma dor neles. 

Foi quando Juvia deu meia volta e correu para fora do restaurante, fazendo Lucy, Gajeel e Levy irem atrás dela. 

Ainda era muito cedo para eles...

- Eu.. Já vou embora. - Gray falou se levantando. - Vamos marcar de jogar lá em casa um dia desses. - Olhou para Natsu e Loke.

- Gray... Nós não pensamos que- Erza começou a falar com um olhar triste.

- Tudo bem. É só uma questão de tempo, eu acho. - O moreno deu de ombros, tentando ao máximo disfarçar o quanto estava sofrendo por dentro. - Desculpe ter arruinado o almoço. Nos vemos depois. - Saiu com pressa.

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De volta ao seu apartamento, Gray se concentrou a tarde inteira em seu videogame. Ele havia recebido várias mensagens de seus amigos após o incidente no restaurante, mas não se importou em responder nenhuma delas. Ele nem ao menos queria lê-las, para evitar ficar olhando por muito tempo para o papel de parede - que era uma foto de Juvia o beijando amorosamente na bochecha.

Pelo canto de seus olhos, o moreno conseguia ver um boneco teru teru bozu próximo a janela da cozinha. Chovendo ou não, o amuleto estava sempre em algum lugar da casa, porque ele não conseguia simplesmente se livrar de algo que a azulada tenha lhe dado. O mesmo também acontecia com o cachecol que ela havia tricotado e inúmeros outros presentes que estavam guardados.

Deus era testemunha de que ele tentara jogar tudo fora. Mas não aconteceu Ele não conseguia se despedir de todos os quatro anos juntos ainda. 

Gray não conseguia acreditar que estava tudo acabado entre eles.