1. Spirit Fanfics >
  2. Strawberry (Jungkook Imagine) >
  3. Morango

História Strawberry (Jungkook Imagine) - Morango


Escrita por: strawtears

Notas do Autor


Só avisar que o capitulo é no ponto de vista do Jungkook e nele poderemos entender um pouco melhor porque ele trata algumas garotas assim.

Capítulo 9 - Morango


Fanfic / Fanfiction Strawberry (Jungkook Imagine) - Morango

JEONGGUK

— Tia, me desculpe.

Ela me encarou, o cabelo loiro tingido igual ao do Taehyung e aquela cara de que era totalmente indiferente a qualquer coisa que eu lhe dissesse. Na verdade, eu mesmo não estava me importando se o Taehyung fugiu ou não, o que estava me preocupando era o fato de eu estar morando neste apartamento — que a mãe dele me deixou ficar para evitar que ele entrasse em confusão — quando ele já havia entrado em confusão.

Isso significava que eu não podia mais ficar lá, e eu realmente não queria ficar em casa sozinho.

— Escute, essa menina... — ela apoiou o cotovelo no braço do sofá, e colocou o queixo sobre a mão em punho. — Ela precisa receber o dinheiro dela de volta, mas eu não tenho essa quantia. Por que aquele menino não pode ser uma criança normal? Ah, Jeongguk, querido... se meu filho fosse como você, todos os meus problemas estariam resolvidos.

Eu sabia muito bem que minha tia não sente isso em relação a mim, mas no momento eu não estava em condições de contradizê-la, então eu só peguei a xícara de cima da mesa e coloquei mais chá dentro dela.

— Não se preocupe, eu vou dar um jeito de pagar o dinheiro dela.

Ela me encarou de escanteio.

— Você é igualzinho ao seu pai. — Pegou a xícara e bebericou o chá. — Sempre querendo carregar o mundo nas costas, foi por isso que aquilo acabou acontecendo com ele, que Deus o tenha.

Falar sobre a morte do meu pai naquela família era uma espécie de tabu, um tabu que eu não entendia muito bem, pois eu não tinha a mesma “reverência” que eles em relação ao assunto. Ok, uma morte tão terrível para um bom homem como o meu pai não foi uma coisa justa, mas já passou.

Se apegar ao passado só nos trás problemas e lembranças incômodas, do que adianta se apegar a algo que já aconteceu para trazer mais sofrimento? É ilógico.

— Então... eu vou te pedir que me deixe ficar aqui mais um dia. — peguei as xícaras de cima da mesa. — Preciso ligar para minha mãe e falar para ela dar um jeito de me mandar as chaves de casa.

— O quê? Por quê? — Ela se levantou. — Não quero que saia daqui, você pode ficar, eu já comprei esse apartamento e tenho certeza de que quando o Taehyung voltar, o único lugar que ele vai é o internato.

Admito que fiquei surpreso, o comportamento em geral da minha tia estava deveras estranho. Sempre que minha mãe estava por perto ela costumava nos tratar com frieza, mas agora, simplesmente estava agindo como se eu tivesse alguma importância para ela. Eu não deveria ser o odiado já que eu mesmo deixei que o filho dela desse mais um golpe?

— O que você está tentando fazer?

Ela me olhou aparentemente incrédula.

— Estou ajudando, acredito.

— Por quê? — Maneei a cabeça. — Nunca quis ajudar quando eu e minha mãe estávamos sozinhos naquela casa.

Ela suspirou, como se o assunto a cansasse. Claro que cansava.

— Querido, eu sinto muito pelo seu pai, sinto por ele todos os dias... mas não posso fazer nada, além disso, eu estou de luto pelo meu irmão assim como você está de luto pelo seu pai. Eu notei, enfim, que você não é a sua mãe, não merece ser julgado porque também está sofrendo com o que ela está fazendo.

Embora eu não houvesse acreditado em nenhuma palavra do que ela havia dito, apenas assenti para não prolongar a conversa.

— Não preciso de ajuda, vou ficar aqui apenas por alguns dias até eu conseguir um lugar para ficar.  — Olhei em direção a porta. — A Senhora quer mais alguma coisa?

Ela negou com a cabeça e se levantou.

— Desculpe, você tem aula amanhã, certo? — Assenti. — Bem, qualquer dia eu venho novamente.

— Ligue antes, provavelmente eu não vou estar mais aqui.

Ela caminhou até a porta e eu não a acompanhei até lá.

Ouvi a porta se fechar sinalizando que ela havia saído, eu recolhi as xícaras e as coloquei na louça, a luz da lua entrou pela janela da sala.

Apaguei as luzes e abri a janela, deitei-me no sofá.

Quando acordei, o sol substituiu a luz da lua, acordei antes do despertador e o desliguei antes que ele pudesse fazer qualquer barulho irritante. Enquanto eu me arrumava, pensei no que fazer para pagar a dívida daquela garota, ela sugeriu as aulas de coreano, mas eu não poderia fazê-lo. Meu histórico social não era dos melhores e passar algumas horas sozinho com uma garota me parecia impossível demais.

Tentei não pensar nisso por enquanto, eu não conhecia ninguém que pudesse me substituir nessa tarefa, então teria que fazer de outra maneira. Organizei-me e coloquei meu material antes da mochila, peguei as partituras em cima da bancada da cozinha americana e sai em direção ao elevador. Algumas pessoas no ponto de ônibus, como de costume, eram da minha escola, logo a garota estrangeira também estava junto a eles e sua presença me lembrou da dívida de Taehyung que agora também era minha dívida.

Ela me olhou pelo canto de olho, eu vi isso porque eu também a olhei de canto de olho. Nós desviamos o olhar ao mesmo tempo, mas percebi que ela ainda me olhava.

Ela sabe como intimidar alguém...

Quando o ônibus chegou houve uma aglomeração de pessoas na porta dele, eu esperei que todos entrassem e a garota ainda continuava me olhando, eu sentia isso apesar de não estar olhando para ela. Ela enfim passou em minha frente e subiu para o ônibus azul, eu fui logo atrás dela. A garota não passou na catraca, apalpou os bolsos da mochila e deu ao homem que cobrava a passagem um olhar desesperado.

Compreendi que ela havia esquecido o dinheiro da passagem.

— E-Eu... Eu d-descer aqui... — ela murmurou num coreano quase incompreensível e eu me perguntei se aquilo era algum tipo de chantagem emocional para me fazer dar aulas a ela, mas depois de ver as bochechas vermelhas dela eu pude notar que ela estava envergonhada e seus dedos tremiam.

Ela estava nervosa.

— Cobre por nós dois, por favor. — Eu dei algumas notas ao homem e ele assentiu, liberando a catraca. Ela me encarou e passou pelo bloqueio hesitante, eu passei logo atrás dele e sentei-me, ela sentou-se ao meu lado. — Isso paga 2% da minha dívida.

Ela me encarou.

— Não é sua dívida, e 2%? Acho que paga pelo menos 0,5% — sorriu. — Mas, obrigada.

— Que seja.

 O caminho até a escola foi no mínimo constrangedor, a garota ao meu lado olhava para mim sem nenhuma discrição. Não era como se eu não gostasse dela, o problema é que quase sempre ela estava me encarando com aquela expressão estranha, me avaliando e desviando o olhar sempre que eu o retribuía, minhas tentativas de manter ela longe de mim eram todas frustradas porque, ao que parece, ela sempre vai estar onde eu estou.

Isso talvez fosse só uma coincidência, então eu simplesmente não iria mais me importar se ela estivesse por perto ou não, se ela quiser ficar, contanto que esteja a alguns metros longe de mim, eu acho que estarei bem com isso.

Quando chegamos na escola e descemos do ônibus, a garota estrangeira foi em direção a amiga dela e me deu um último olhar que eu não fiz questão de retribuir, apenas caminhei até a minha sala deixando-a para trás.

Minha sala estava como sempre: pessoas bagunceiras fazendo bagunça, garotas gritando e sendo incômodas, garotos fazendo brincadeira de crianças do fundamental. Eu me sentei e tirei meu caderno e as partituras de dentro da mochila, foi então que uma mão feminina foi ao encontro de uma delas em cima da minha carteira e por puro reflexo, eu bati nela.

— Ah! Eu só queria ver! — A garota me encarou massageando os dedos. Era a amiga de SoJin, Hyuna, elas andavam muito juntas então eu a conhecia de vista.

Mas eu não havia batido nela por querer, pois o problema não era se Hyuna era amiga ou não de SoJin, ou se ela gostava ou não do fato de eu ter batido em seus dedos, e sim o namorado de Hyuna.

— Você viu? O Jeongguk bateu na Hyuna...— ouvi alguém cochichar.

— Isso não vai dar certo... — Ouvi outro alguém.

Meu pânico era que eles estavam realmente certos, por tanto tempo eu evitei me envolver em qualquer tipo de encrenca, qualquer tipo de boatos na escola, tudo para me manter o mais longe possível das malditas fofocas que essas pessoas sem o que fazer gostam de ouvir. Hyuna ainda me olhava ofendida, mas eu não estava com intenções de pedir desculpas a ela por ser intrometida e pegar nas minhas coisas sem permissão.

O namorado dela entrou pela porta da sala como um fantasma grande e com cara de mau, minha reação foi levantar da cadeira e me preparar para sair da sala, mas isso não deu certo já que ele estava perto o suficiente para me dar um soco.

— O que está acontecendo?

— O Jeongguk bateu na Hyuna. — Alguém disse do fundo, e eu engoli seco.

O garoto mal-encarado arregalou os olhos e olhou para mim, depois para Hyuna.

— Bateu?

Ela negou.

— Não foi nada, Oppa.

— Como assim não foi nada? Esse cara te bateu? — Ele pegou a mão que eu havia dado um pequeno tapa, que obviamente não havia nem mesmo doido, e me encarou com olhos assassinos. — Você bateu nela?

— Não. — Respondi simplesmente. — Ninguém a mandou mexer no que não era dela.

Algumas pessoas guincharam pela sala, aquele típico barulho que eles fazem quando alguém provoca outro alguém, embora eu não estivesse com intenção de provocar ele.

— Como é que é?!

Ele se aproximou e eu me desviei, ficando em frente a carteira de outra pessoa, mais uma aproximação e eu dei um passo para trás, me apoiando com as mãos na mesa e senti algo laminoso cortá-la, o estilete em acima da mesa alheia fez um corte parcialmente profundo. O sangue não me surpreendeu.

— Ai meu Deus! — Ouvi alguém gritar, uma voz feminina... em inglês. — Estou morrendo!

Todos da minha sala desviaram o olhar da violação gratuita que estava prestes a acontecer e foram em direção a porta para saber o que estava acontecendo. A garota estrangeira estava na porta, segurando a barriga enquanto Namjoon a segurava pela cintura.

— O que aconteceu? — Hyuna perguntou saindo dos braços do namorado.

— Ela está passando mal. — Disse Namjoon entrando com a garota pendurada em seu ombro. — Jeongguk é parente dela, será que pode levar ela para a enfermaria?

Arregalei os olhos diante da mentira.

— Mas eu... — Não consegui protestar.

— Toma aqui — Namjoon passou para mim, e com o ato eu tive que segurá-la. O sangue em meus dedos manchou a blusa da garota — Leva ela para a enfermaria.

— Ei! Eu não terminei de falar com esse cara!

— Oppa! A parente dele está doente! — Hyuna deu uma tapa de leve no ombro do namorado assassino. — Deixe eles!

Sem escolha, e confuso pela confusão que estava acontecendo, eu sai com a garota em direção a enfermaria, ela era um pouco pesada, mas consegui colocar ela sentada na maca. A enfermeira não estava lá, então quando eu ia sair para chamar ela, a garota estranha me puxou pela camisa.

E ela parecia bem até demais.

— Estamos quites agora. — Ela sorriu. — Está me devendo meus 0,5% de novo.

Pisquei.

— Você... não está doente?

Ela se levantou.

— Pareço doente? — Passou as mãos pela blusa.  — O Namjoon foi te chamar para o ensaio do clube de música, ele me chamou para ir com ele e como não tinha professores na minha sala eu topei. Só que quando chegamos lá você parecia estar encrencado, e eu pedi ao Namjoon para salvarmos sua cabeça.

Maneei a cabeça.

— Por que você é assim? — Perguntei a encarando desconfiado.

— Não sei — ela deu de ombros. — Está no sangue, eu acho... por falar em sangue... você está sangrando?

— O quê?

— Ai meu Deus, você está sangrando! — Ela passou a andar de um lado para o outro. — O que eu faço? O que eu faço?

Cada vez que ela andava de um lado para o outro eu começava a suspeitar que talvez ela tivesse com algum problema mental.

— É só um corte.

Olhei para minha mão e vi que não foi um cortezinho como eu pensei, a garota também viu isso e correu em direção aos armários, eu estava ocupado demais tentando saber um jeito de como cuidar daquela ferida para ver o que ela estava fazendo. Ela então me empurrou para sentar na cama.

— Senta aí.

— O que pensa que está fazendo?

— Cala a boca.

O tom de voz dela foi bruto, e me fez ficar quieto mesmo contra minha vontade. Ninguém nunca havia me mandado calar a boca.

Ela jogou água oxigenada em minha mão e doeu, mas eu apenas observei enquanto ela cuidava desajeitadamente do ferimento. Ela limpou a ferida com algumas gazes e depois envolveu minha mão com uma atadura.

Eu não tive tempo de perceber que ela estava perto demais de mim para eu afastá-la, então eu encarei seus olhos castanhos olhando diretamente para os meus, a garota passou a língua pelos lábios...

E eu corei.

— V-Você já terminou? — Perguntei nervoso. — Eu tenho que ir.

Eu ia me levantar, mas a garota que lembrei que se chamava _______ impediu.

— Espera! — Me encarou novamente, e sorriu um pouco. — Você está corando?

— O-O quê? C-Claro que não! — Meu pronunciamento foi tão falso que só deixou minhas bochechas mais quentes. — N-Não ria! Eu não estou corando!

_______ levou uma das mãos até a minha bochecha.

— Está sim! — Riu. — Está vermelho como um... como um morango.

Estapeei sua mão.

— Você é sempre intrometida desse jeito?

Ela piscou lentamente, como se estivesse compreendendo alguma coisa.

— Ah! É por isso!

Tentei entender o que ela estava pensando.

— Por isso o quê?

— Por isso que trata as garotas mal! — Ela deu pulinhos esquisitos de alegria. — Está com vergonha delas! Não é pessoal...

Era um ótimo argumento, e era o verdadeiro também.

Com uma mãe ausente, eu cresci em uma família de homens, com exceção de algumas tias que me visitavam. Eu passei a maior parte do tempo com o meu pai. Depois que ele morreu, minha mãe só vivia viajando e eu tinha a presença de alguns primos.

Eu nunca fui tão próximo de mulheres, logo eu não fazia a mínima ideia de como tratá-las, o melhor era me manter mais longe possível.

— Não é vergonha — murmurei. — Só não... levo muito jeito com pessoas como você.

— Ei... não trate as mulheres como seres de outro mundo. — Ela cruzou os braços. — Então você tem vergonha, não é?

A olhei de escanteio.

— Não é vergonha! E não conte para ninguém!

Isso já estava me incomodando, por outro lado, _______ sorriu.

— Sério? Claro, eu não conto. — Eu sabia que ela iria fazer alguma exigência em troca. — Mas eu quero um favor.

— Favor?

— É, que tal você me dar aulas de coreano em troca do meu silêncio?

Franzi o cenho.

— Desista.

— Ok. Acho que o Namjoon e o Minhyuk vão querer saber das novidades...

— Espera! — A segurei pelo braço. — Por que faz tanta questão que eu te ensine?

— N-Não estou fazendo questão, apenas quero que pague o que me deve.

— Não tem outro jeito?

Ela negou.

— Não.

— Então tá. — Cruzei os braços. — Passe na minha sala mais tarde e deixe o endereço da sua casa.

Ela fez um sinal positivo com os polegares.

— Tudo bem!

Seu sorriso alegre e satisfeito não pareceu para mim nenhum pouco animador.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...