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História Strip - Cry.


Escrita por: Sapphire-

Notas do Autor


Strip demorou, mas chegou! As férias foram agitadas e por isso precisei abandonar um pouquinho vocês, desculpem. :c Todos estão bem? Wa, que saudade!

Capítulo 16 - Cry.


Japão, Tokyo. 18:30.

 

 

 

 

Eu sou realmente um otário. Mais burro do que eu só eu de novo.

Eu deveria ter reagido de qualquer outra forma. Deveria ter permanecido ali e conversado com ele. Deveria ter largado a porcaria do anel na caixa e fingido que não havia visto nada. Deveria estar de boa, uma vez que eu, tecnicamente, já havia resolvido tudo em relação à Naomi após a nossa  breve conversa na noite anterior. Mas não; eu resolvi correr. Eu simplesmente levantei-me e parti dali sem mais nem menos, e quando percebi já estava na porta de minha casa, imóvel, revirando a maçaneta e correndo direto para a sala, onde me encontrei, como sempre, com meus amigos. 

Eu não estava chorando, por incrível que pareça. Mas meu coração batia tão rápido em resposta á descoberta que sentia a minha respiração falhar de segundo em segundo. Fora quando parei na sala de estar que parte de mim resolvera manifestar-se, como um baque, enquanto repreendimentos surgiam em minha mente. "Por que CARALHOS o senhor correu?", a voz perguntara. "Você está claramente querendo pagar de idiota ou o que?"

A verdade é que eu não sabia o que estava sentindo. Era uma confusão de sensações pairando em meu peito, e desde o momento em que me retirei da casa de Akio Fudou eu simplesmente não consegui definir, em certeza, o que eu sentia no momento. De todas as confusões em que já me ví, aquela pertubando-me a mente no momento era, com toda a certeza, a pior. Eu não estava chorando, mas sem sombra de dúvidas a minha cara não era das melhores. Quando deixei de lado os variados pensamentos e indagações sobre e finalmente voltei a mim, lá estavam eles; Hiroto Kiyama, Haruna Otonashi, Sakuma Jirou, Goenji Shuuya e Endou Mamoru me encarando em completo silêncio, curiosos. 

- Minha nossa senhora... - Deixei escapar, comprimindo os lábios em nervosismo.

- Que diabo é isso, macho? - Hiroto, vulgo "Tomatão", pronunciou-se. - Alguém morreu? Tá tendo assalto na esquina?

- D-do que está falando? - Gaguejei sem motivo aparente.

- Cê tá com uma cara de assustado indescritível. - Shuuya explicou, levantando-se e se aproximando em seguida. - Meu amigo, você está bem?

- Chega tá arrepiado o cabelo dele. 

- Ele tá vermelho ou é minha impressão? - Endou indagou, me encarando atencioso. 

- Vermelho?... 

- Onii-chan, pode contar para a gente o que você estava fazendo? Está estranho.

- Só tem uma explicação, putaiada.

- Lá vem... - Haruna massageou as têmporas após o comentário do ruivo, logo sendo amparada por Sakuma, que riu do jeito dela.

- Esse cabelo arrepiado... - Hiroto começou, me fitando da cabeça aos pés. - Essa cara de desconfiado... Essa bochecha mais vermelha que meu cabelo... 

De repente ele parou, abrindo lentamente um sorriso malicioso. Sakuma arqueou uma sobrancelha, esperando que o mesmo finalizasse a fala, assim como os demais. 

- ... Safado, tu tava era se agarrando com teu macho, nera?

- O-o que!?

- Tá na cara! - Endou bateu as mãos, como se rudo estivesse fazendo sentido. - Devem ter feito amor em um lugar bem inadequado.

- Fou na garagem, não foi? Ou foi no carro? Pode falar, tá com cara de que foi na garagem. - Hiroto comentou, arrancando uma risada gostosa de Sakuma. 

- Ou em algum beco escuro.

- Misericórdia, que imaginação fértil... - Haruna comentou, em tom negativo.

- Porra, Kidou. Foi por aqui? Cês estavam nos fundos da casa?

- HMMMMMMMMMMMMMMMM!

A provocação escapara em uníssono, seguida de risadas vindas dos demais ali presentes. Minha cabeça latejava em resposta á confusão de pensamentos em minha mente e meu fluxo respiratório não normalizava-se, deixando-me ofegante, como se houvesse acabado de correr duas quadras e não tivesse tido tempo para descansar em nenhum momento. Eu estava tonto, desnorteado, desamparado. Sentia-me em uma corda bamba, prestes a cair á qualquer momento, sem nada para proteger-me da longa queda. Estava assustado? Triste? Decepcionado? Eu não fazia idéia. E não havia nada mais frustrante do que não saber o que se passava comigo. 

O barulho da conversa animada dos amigos, de repente, tornara-se algo absurdamente irritante e desconfortável. Parecia que tudo aquilo atingia diretamente o meu cérebro, rasgando meus tímpanos sem dó nem piedade, fazendo-me sentir-se absurdamente mal. Engoli em seco, tentando focar a minha atenção em uma única fala, mas sem sucesso. Tudo parecia servir apenas para piorar a minha situação completamente estranha. 

De repente, senti o celular vibrar e meu bolso, e no mesmo instante lembrei-me de meu namorado. Sabia que era ele ligando-me, provavelmente procurando saber o motivo no qual eu havia deixado a sua casa sem mais nem menos; tal pensamento desesperou-se ainda mais. Levei a mão trêmula ao bolso, ainda sentindo a cabeça latejar em uma dor anormal, algo no qual eu não sentira nem mesmo quando fui dispensado um dia antes de meu casamento. Toquei o celular, tirando-o do bolso e o fitando fixamente, observando o nome de Akio Fudou na tela. À cada minuto que se passava, o barulho na sala de estar, junto ao toque do celular e seu vibrador tornavam-se mais insuportáveis. Em um momento, senti a necessidade extrema de livrar-me daquilo tudo de uma vez por todas. 

Em um ato rápido, eu joguei o celular no chão com toda a força bruta que me restava.

Ele espalhou-se em pedaços pela sala logo após o ato inconsciente, completamente destruído. 

As vozes pararam. De repente, só me restara a forte dor de cabeça e a irritação sem motivo aparente. Os demais observaram em silêncio o aparelho celular estraçalhado no chão, em seguida voltando os olhares assustados e surpresos para mim. No momento, ouvia-se somente a minha respiração ofegante, que não normalizava-se de jeito nenhum. Eu observei o que havia feito, colocando a mão na testa em um ato levemente surpreso, com parte de mim condenando-me por ter agido de maneira tão... Idiota. 

- Kidou?...

Goenji sussurrou e eu o fitei, encarando em seu olhar a preocupação nítida em ter me visto tão fora de mim. Eu engoli em seco, voltando o meu olhar para os demais amigos, que além de preocupados encontravam-se absolutamente assustados. Eu voltei-me para Shuuya, sentindo os olhos encherem-se de lágrimas segundos depois. Não queria chorar por tudo o que havia acontecido em relação á Naomi ou Fudou, mas pelo que eu havia feito na frente daqueles que eu amava. Eles não mereciam presenciar tudo aquilo. Não mereciam ter de lidar com aquela crise idiota. 

- Ela me traiu com ele, Goenji. - Desabafei, a voz embargada por conta do choro. - Naomi me traiu com Fudou, quando estava na Alemanha. 

Ele permaneceu calado, porém seu olhar denunciara a surpresa do momento. Haruna levou a mão até a boca, aparentemente inacreditando naquilo tudo. Eu mantive o meu olhar em Shuuya, que em nenhum momento ousou desviar seus olgos dos meus. 

- Eu estou desesperado. - Admiti, tentando conter os soluços. - Eu quero ficar com raiva, mas ao mesmo tempo não quero. Quero dizer que está tudo bem, mas por algum motivo eu sinto que o meu coração está partido. Eu o amo tanto, mas ao mesmo tempo eu não quero olhar para ele. Eu não sei o que eu sinto, eu não sei o que devo fazer.

- Kidou...

- Puta que pariu, eu sou tão idiota!

Exclamei, desabando em seguida, deixando o choro vir à tona enquanto Goenji me abraçava firmemente. Assim como eu ele chorava, mas se maneira silenciosa e contida, enquanto eu lidava com os soluços e a respiração falha. De repente, percebi os demais aproximarem-se, envolvendo-me em um abraço coletivo enquanto lágrimas rolavam por seus rostos. Lembrei-me, naquele momento, o motivo pelo qual eu os amava tanto. Estávamos ligados emocionalmente, e eles eram os únicos capazes de confortar-me assim. Tudo em mim, no momento, era confuso; exceto por eu ter a absoluta certeza de que aqueles eram os melhores amigos do mundo e eram eles o motivo concreto de minha felicidade absoluta. 

Nos recolhermos logo após nos acalmarmos. Goenji recebera ligações de Fudou aparentemente preocupado comigo e, por pedido meu, disse-lhe que era melhor comparecer à nossa casa no dia seguinte, pela manhã. 

 

×××××××

Japão, Tokyo. 09:15.

 

 

 

A noite não fora tão ruim quanto pensei que seria. 

Na verdade, o que não me deixara dormir direito fora a ansiedade em ver Akio no dia seguinte. E por incrível que pareça, eu despertei sem resquício de raiva alguma; já não me encontrava irritado com ele ou Naomi. Eu estava decepcionado comigo e com o modo como agi, mesmo as coisas estando consideravelmente certas entre mim, minha ex e meu atual namorado. Eu já tinha em mente tudo o que iria contar-lhe, e não demorou muito para Akio Fudou comparecer á minha casa.

Ele abriu a porta do quarto, encontrando-me sentado na cama, esperando-o. Sorri fraco, encarando seus olhos que emanavam preocupação, logo vendo-o fechar a porta e correr até mim, colocando uma das mãos em meu rosto em um ato carinhoso. 

- O que aconteceu, meu amor? Por que desapareceu daquela maneira? O seu celular, o que aconteceu? Quebrou? 

Indagava apressado, havendo preocupação até mesmo em suas palavras. Eu o fitava em silêncio, sabendo que, até o momento, ele não fazia idéia do que havia acontecido. Em um ato lento e cuidadoso, retirei sua mão de meu rosto, segurando-a sem muita firmeza. Suspirei fundo, levemente nervoso, encarando fixamente a face daquele que eu tanto amava e gritava para o mundo saber que Akio Fudou era meu.

- Meu bem - ele tomara a palavra. - o que aconteceu com vo...

- Vamos terminar.

De repente, o quarto ficara tão frio. 

Observei Akio Fudou mudar de expressão lentamente. Estampava-se agora em seu olhar a surpresa, porém algo no qual ele consequentemente não havia digerido por completo. Não ousei deviar meus olhos dos seus, por mais que eu já estivesse prestes à chorar, com parte de mim quase arrependendo-se daquela decisão consideravelmente radical, esta que eu havia tomado na noite anterior após horas refletindo sobre mim. Ele piscou os olhos, desviando o olhar para nossas mãos juntas e, em seguida, para minha face novamente. Definitivamente estava tão confuso quanto eu na noite anterior. 

- O... Que...?

Indagou em um sussurro, ainda surpreso, talvez tentando confirmar se eu realmente havia dito aquilo. Eu suspirei fundo, com os olhos marejados, lambendo levemente meus lábios secos. 

- Quando eu estava em sua casa, encontrei um anel em meio às coisas que estávamos organizando. - Esclareci, lentamente. - O anel era de minha ex. Comprova que os dois relacionaram-se no passado. 

- Sua ex?... - Indagou, extremamente confuso. - Quem era...

- Naomi. Naomi Tanaka. 

- Naomi.. - Comentou, como se estivesse a recordar-se dela, logo me fitando assustado e confuso, levanto uma das mãos até a boca. - Nós tivemos um caso... Ela estava noiva? Era a sua noiva!?

Eu sabia que a culpa não era dele. Akio podia ser um patife no passado, mas não à esse ponto. Eu o conhecia como a palma de minha mão e tinha a certeza absoluta de que ele realmente não tinha noção de que ela estava noiva, e que o seu futuro marido era eu. 

- Kidou, eu não sabia.

- Akio... - Sussurrei, observando o mesmo agoniar-se em razão de tudo aquilo.

- Eu juro, eu não sabia.

- Eu sei, meu bem...

- Não me deixa, por favor! Eu não sabia!

Lágrimas escorriam do rosto de Akio enquanto o mesmo encarava-me devastado, suplicando com o olhar para que eu permanecesse com ele. Tal cena abalou-me completamente e cortou-me o coração em pedaços; nunca pensei que um dia faria Akio Fudou desmanchar-se em lágrimas dessa maneira. Eu suspirei fundo, tentando conter o choro sem sucesso. Encontrava-me tão destruído quanto ele, mas ainda assim eu não voltaria atrás de minha decisão.

- Kidou, por favor. - Sussurrou, choroso.

- Meu bem, escute-me. - Pedí-lhe, ainda segurando as suas mãos. - A culpa não é sua e muito menos de Naomi. Resolvi-me com ela e sou muito feliz com você. O problema sou eu, Akio. O modo como reagi, como se mesmo tendo seguido em frente o passado tenha vindo completamente à tona. 

- Yuuto...

- Eu lembrei de Naomi dispensando-me um dia antes de nosso casamento na sua cafeteria favorita. Lembrei-me de toda a dor e de todo o sofrimento, algo que não deveria ter acontecido, pois eu o amo Akio. Mas aconteceu. E é a prova concreta de que mesmo estando completamente apaixonado por você, eu não estou pronto para isso. E muito menos quero envolver você e Naomi em minhas recaídas. 

Ele não ousara interromper-me. Ouviu-me atencioso, mesmo que as lágrimas rolassem livremente por seu rosto. Ao calar-me, ele levou as mãos à minha face, ainda encarando-me sem chão. 

- Eu posso te ajudar. - Ele comentou em meio aos fracos soluços. - Eu posso. Eu não preciso te deixar ir pra ajudá-lo. 

- Meu bem, ouça-me..

- E se você apaixonar-se por outro, Yuuto? E se você me esquecer? Eu não quero perder você, eu não posso...

Suspirei, levando uma de minhas mãos até seu rosto, calmamente, acariciando o local. Por um instante eu pensei em desistir, mas sabia que eu ainda precisava analisar-me um pouco mais. Já havia ajeitado-me com Naomi, já havia ajeitado-me com Fudou, e agora eu precisava organizar o meu psicológico antes de, finalmente, poder entregar-me à Akio completamente, daqui para a eternidade. 

- Eu o amo, Fudou. E é impossível que eu o esqueça assim, tão facilmente. - Disse-lhe, tentando sorrir entre as lágrimas pesadas. - Mas nós ainda não podemos ficar juntos.

- Yuuto...

Levantei-me, puxando-o levemente pelas mãos, fazendo com que o mesmo ficasse de pé à minha frente. Suspirei fundo, logo voltando à encarar seus olhos marejados e vermelhos. 

- Existe uma história de amor um tanto trágica. Orpheu descera literalmente até o inferno para trazer a sua amada de volta à vida. Porém, com uma condição: enquanto estivessem voltando, ele teria que ir na frente dela, e...

- Ele não podia olhar para trás.

Akio completara baixinho, me fazendo assentir levemente com a cabeça. 

- Quando passar por essa porta, não olhe para trás. - Pedi, fraco. 

- Kidou, não...

- E quando nos vermos novamente, nós seremos apenas grandes amigos. Prometo manter contato com você diariamente. 

Antes que ele pudesse contestar, beijei-lhes os lábios ternamente, enquanto chorava em resposta às sensações que faziam meu peito apertar no momento. Nunca havíamos nos beijado daquela forma durante todo o namoro; era como se estivesse ali, naquele selar, todos os nossos sentimentos mais íntimos que nutríamos um pelo outro, além do simples desejo. Doeu-me o peito saber que aquela era a última vez no qual eu iria sentir os lábios quentes e úmidos de Akio Fudou movendo-se carinhosamente sobre os meus; sua mão tocando minha nuca e a outra segurando-me firmemente pela cintura, como se estivesse a certificar-se de que eu não sairia dali nem tão cedo. 

Quando interrompemos o selar após um bom tempo, eu o empurrei levemente em direção à porta. 

- Não olhe para trás. 

Pedi novamente em um sussurro, enquanto o observava permanecer imóvel em minha frente, de costas para mim, talve tomando coragem o suficiente para sair dali e tornar-se apenas um grande amigo de Yuuto Kidou por tempo indeterminado. Eu estava certo de meu amor por Akio Fudou e ele pelo seu. Seria um período complicado, mas era preciso até que eu me reajustasse. Admitia, sem rodeios, que parte de mim temia que eu fosse trocado por outro alguém. Que Akio simplesmente decidisse tocar a vida sem mim e me deixasse para trás. Mas a outra parte pedia-me calma; estava certa de que tudo, no final das contas, daria certo após eu dar um trato em meu psicológico ainda abalado por conta das proezas que o amor lhe submete. 

E antes que pudesse desaparecer de minha vista e eu deitar em minha cama dando início ao choro incessante, Akio pronunciou-se em voz baixa, porém de certa forma firme, o que fizera meu coração ferido encher-se de esperanças de maneira indescritível. 

- Eu vou esperá-lo, Yuuto Kidou. Não me importa quanto tempo irá passar, você ainda será meu; e eu serei eternamente seu. 


Notas Finais


Esse capítulo foi pesadinho... Escrever drama não é comigo, desculpem se ficou ruim. ><


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