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História Stripper - Scisaac - Torta de chocolate


Escrita por: MaxPosey

Notas do Autor


Olá galera!
Quem é vivo e cara de pau sempre aparece e cá estou eu...
Agradeçam a diva das fics e parceira AndyLluccky que ao ler alguns capitulos da fic dela, me deu uma vontade louca de voltar a escrever mesmo sem tempo para isso.
Então lá vai um capítulo novo para vocês.
Boa leitura...

Capítulo 10 - Torta de chocolate


Fanfic / Fanfiction Stripper - Scisaac - Torta de chocolate

Issac passou pela cortina do palco depois de sua última apresentação, suado e exausto.

Pegando uma toalha, ele enxugou a testa e apoiou um ombro na parede, ainda tentando descobrir como cancelar o encontro com Scott.

– Ei, cara. Você está bem? – Justin, um de seus melhores amigos, lhe deu um tapinha no ombro. – Você passou a noite toda fora do ar.

Isaac olhou para o dinheiro enfiado em sua sunguinha.

– Achei que tivesse me saído bem.

– Você sempre se sai bem com a multidão. Eu quis dizer aqui, na vida real. Precisa de ajuda para resolver alguma coisa?

Balançando a cabeça, Isaac se afastou da parede.

– Talvez mais tarde. Eu preciso tomar banho e cair fora daqui.

Justin semicerrou os olhos.

– Se você tem algum outro lugar a ir num sábado à noite, com a casa tão cheia, então tem mulher ou um cara já jogada na jogada.

– E daí?

– E daí que você tem sido praticamente um celibatário nos últimos quatro anos. – Foi a vez de Justin se encostar na parede e bloquear a saída de Isaac. – Eu quero detalhes.

– Não tenho muitos para dar. Eu saí com um cara que me contratou para a festa particular. – Lembranças da noite deles, da manhã seguinte e da experiência na pia da cozinha encheram a mente de Isaac com imagens vívidas da pele macia e moreninha, do cabelo exuberante, das pernas longas…

– Cara, você está sorrindo. – Justin riu. – Ele deve ser especial já que você vai encontrá-lo de novo.

Isaac deu de ombros, estranhamente desconfortável.

– Ele é muito legal.

Levi, outro melhor amigo de Isaac e supervisor do clube, parou no corredor.

– Sobre o quê as mocinhas estão conversando?

Isaac bufou.

– Cabelo, maquiagem, cólicas…

– Sexo. – Justin meneou a cabeça para Isaac. – Nosso menino aqui finalmente está exercendo seu charme questionável e começando a ficar um pouco recreativo, uma coisa…!

– Ei. – Ele bateu no ombro de Justin. – E é… – O quê? Mais do que isso? Pigarreando, ele virou a cabeça, alongando os músculos do pescoço.

Quando Isaac não disse nada, Levi ergueu as sobrancelhas em surpresa.

– É para valer, não é?

– Não faço ideia do que você está falando – respondeu Isaac, forçando a barra e passando pelos dois.

A mão de Levi agarrou o braço dele, impedindo-o de sair.

– Ei.

– Solte, Levi.

O outro apertou o braço de Isaac.

– Eu só queria dizer que estou feliz por você estar se divertindo um pouco. Só isso.

Se divertindo um pouco. Ele não fazia ideia de como explicar que era mais do que diversão, sendo que não era. Não podia ser. E, mesmo assim, Isaac não fora capaz de parar de pensar em Scott durante a noite inteirinha. Sempre que uma mulher o tocava, ele sentia-se mal. Isaac não queria as mãos de qualquer uma em cima dele, mas sim as de Scott, e aquilo o apavorava. Menos de 24 horas juntos e ele já estava viciado nele, e não tinha certeza se era forte o suficiente para quebrar o hábito.

Pigarreando outra vez, ele ergueu os olhos, os lábios se contraindo.

– Obrigado. Agora tirem as patinhas antes que eu comece a me perguntar se vocês estão dando em cima de mim.

– Você não faz meu tipo nem um pouco. – Levi piscou para ele e saiu, deixando Isaac rindo.

Ainda encostado na parede, Justin ficou observando Isaac atentamente.

Flagrar o olhar do outro homem fixado em si fez sua pele pinicar de constrangimento.

– O que foi?

– O que mais está rolando?

– O fato de você ser psicólogo me irrita muito. Você sabe disso, não sabe?

Justin deu de ombros preguiçosamente.

– Mais alguns meses e eu vou ter meu registro para provar isso. Considere esta uma consulta gratuita. O que está acontecendo?

Isaac finalmente balançou a cabeça e respirou fundo.

– Bem. Eu conversei com Blake hoje. A universidade não vai permitir que ele se matricule até eu pagar as taxas atrasadas. Ele está insistindo em conseguir um emprego para ajudar.

– Parece-me um bom plano.

Isaac se eriçou.

– Ah, é? Para quem?

– Blake é seu irmãozinho, mas cara, ele não é criança mais. Ele tem 22 anos. Você precisa deixá-lo tomar algumas decisões, lidar com as consequências.

O estômago de Isaac deu uma cambalhota, feito um artista do Cirque du Soleil.

– Eu não quero que ele cometa os mesmos erros que eu cometi. – Ele olhou em volta e, abaixando a cabeça, passou as mãos pelo cabelo. – Eu não quero que ele acabe aqui, mas Levi vai entrevistá-lo amanhã. Eu quero o melhor para ele – disse, as palavras tão baixinhas que quase foram engolidas pela música de fundo, pelo espaço aberto e pelos gritos femininos de aprovação. – Não é problema eu fazer, mas essa vida não é para ele.

Ele é… – Isaac não conseguiu concluir a frase.

Justin o fez:

– Ele é melhor do que isso, certo?

Isaac empinou o queixo.

– Você gostaria de ver suas irmãs fazendo striptease?

– Não sou muito fã de pensar nelas sem roupa, cara. Na minha cabeça, elas usam camadas e camadas de roupas. Apenas… Não pise nesse terreno – Ele se contorceu num calafrio.

– Não é diferente em relação a mim e Blake. Ele acha que essa vida é glamourosa, que só tem bebidas, festas e mulheres gatas.

Justin bufou.

– Pode ser.

– Mas ele está para concluir um curso numa universidade de primeira. Isso não é algo do qual ele precise no currículo.

– Talvez não, mas olha só… Isto não tem a ver com ele. Tem a ver com você. Você está com medo de o mundo descobrir que o dançarino de fino trato, Bad Angel, na verdade, é Isaac Lahey, magnata em  formação do ramo imobiliário. Você está obcecado em manter suas identidades separadas porque morre de vergonha de fazer striptease para sobreviver. Está tudo na sua cabeça, Isaac. E provavelmente é parte do motivo pelo qual você está tão conflituoso em relação a esse cara.

Isaac não teria ficado mais incapacitado nem se Justin tivesse lhe dado um soco na garganta. Ele ficou totalmente sem ar.

– Isso não é verdade.

– Mesmo? Então você contou a ele sobre a Soberana? Revelou seu nome verdadeiro? Convidou-o para vir à boate?

– Não… Eu não posso arriscar.

– Arriscar o quê? Que alguém goste verdadeiramente de todas as coisas que você faz? – Batendo no ombro de Isaac, Justin se virou para o palco onde o mestre de cerimônias começava a concentração para seu número. – Se você não sabe qual é a desse cara, leve-o ao The Countertop. Minha mãe será capaz de avaliá-lo. Agora, se vocês me dão licença, preciso rebolar minha máquina de dinheiro e garantir meu salário. – Olhando para trás, ele sorriu. – E você precisa tomar uma decisão.

Isaac ficou olhando para Justin enquanto este desaparecia, com vergonha de admitir que o amigo estava certo. Ele estivera prestes a afastar Scott antes que ele se aproximasse demais. Mas daí, novamente, ele também não tinha se mostrado exatamente ávido para convidá-lo a adentrar em sua vida. Mas será que ele dera tal chance ao moreno? Tentara conhecê-lo?

Seu irmão lhe pedira um voto de confiança; talvez ele devesse dar a mesma chance a Scott. E iria começar indo até o Bathtub Gin para encontrá-lo.

A confraternização estava sendo um sucesso total e os funcionários de Scott estavam se divertindo à beça no bar. Algumas das mulheres presentes também haviam comparecido à festa de despedida de solteira na noite anterior. Scott sorriu com benevolência e as evitou.

No fundinho de sua mente, estava a noção persistente de que alguém o havia traído dando informações ao seu pai. Analisando a multidão com a maior naturalidade possível, ele avaliou cada um. Confiava em todo mundo ali. A ideia de que qualquer um deles pudesse ser um traidor em potencial o deixava nauseado. Em vez disso, acabou por transformar uma suposta noite de festa em algo estressante.

E ele não precisava de estresse extra. A coisa toda com Bad Angel, que deveria ter sido pura diversão, repentinamente havia se tornado complicada.

Seu desentendimento com ele naquela manhã fora secundário, mas o deixara abalada. Ele foi embora logo depois, mas não do jeito com o qual ele estava acostumada a ver os homens saírem. Ele se revelara frustrado, porém feliz; irritado, porém sorrindo. Como Scott seria capaz de categorizar tais emoções opostas em uma pessoa quando não era capaz de fazê-lo nem em relação a si mesmo? Ele deu um suspiro profundo, que veio carregado de frustração e de uma boa quantidade de gin.

Ele ia precisar chamar um táxi esta noite. Não tinha planejado beber, mas todos acabaram fazendo brindes e discursos que variaram de hilários a sinceros. O grupo tinha trabalhado tão duro, sendo assim, Scott terminou virando um copo de bebida sempre que alguém fazia a mesma coisa, afinal ele fora o centro das atenções durante os discursos dos colegas, todos em busca da validação de que a Preservações, de que eles, iam prosperar.

Ambos iam ficar bem. Mas tais discursos e brindes também significavam que seriam necessários mais táxis além do dele. Scott ia falar com Allison para certificar-se de que ela ia ajudar a coordenar isso com os atendentes do bar.

Vasculhando o ambiente em busca de sua sócia, Scott não ficou surpreso ao encontrá-la num abraço fumegante com o noivo. Um segundo suspiro lhe escapou, dessa vez muito mais profundo, enquanto Scott se pôs a observá-los apenas por tempo suficiente para sentir-se um pouco voyeur. O calor lhe subiu pelo pescoço, escaldando suas bochechas e o deixando mais calorento do que o ambiente prometia.

Mas não foi a visão dos dois que causou aquilo. O que o fez corar, ofegar, foi a visão do homem que tinha acabado de entrar pelas portas duplas.

Bad Angel.

Scott permaneceu sentado e imóvel enquanto ele adentrava. Quando seus olhares se encontraram e ele começou a seguir em direção a ele, as palmas de Scott começaram a suar. Seu coração bateu de forma ainda mais violenta, mais errática. Os ruídos ao fundo desapareceram até ele ficar superciente dele. Só dele.

Bad Angel parou à mesa em meia-lua, em frente à baia dele.

– Lembrei que você comentou que estaria aqui.

Uma de suas funcionárias, a qual também tinha estado na boate na noite anterior, depois da festa de despedida de solteira, fez um sinal de joinha e piscou.

Scott lutava para não estremecer. Ele não devia explicações a ninguém sobre as coisas – e pessoas – que faziam parte de sua vida. Mas a mulher tinha tanto potencial quanto qualquer outra pessoa ali para ser o espião de seu pai. O fato de aquela funcionária, sua funcionária, poder informar algo muito íntimo e potencialmente prejudicial à sua carreira ao implacável Rafael Mccall o afligiu. Olhando entre Bad Angel e a mulher, Scott articulou alguma coisa, mas as palavras que desejava dizer, bem como aquelas que ele precisava dizer, ficaram presas na garganta.

Bad Angel respirou fundo e enfiou os polegares nos bolsos da calça de brim.

– Você não parece exatamente satisfeito por eu ter vindo.

O olhar de Scott se voltou para Bad Angel a tempo de registrar a contração dos cantos dos olhos e da boca dele, um incômodo aparente devido à rejeição. Ele sentiu a culpa revirar seu estômago. Ou talvez fosse decepção – consigo mesmo.

Ele balançou a cabeça, o único jeito com que conseguiu se comunicar no momento.

Agarrando seu gin com suco, ele bebeu um gole enorme. O álcool lhe pinicou o nariz e fez seus olhos lacrimejarem, mas ele não se importou. Aquilo também serviu para desbloquear sua garganta.

– Eu só… Estou surpreso por ver você. Pensei que você tivesse que trabalhar até tarde – arquejou ele, soando como um velho que fumava três maços de cigarro por dia.

Contraindo o corpo, Isaac o observou atentamente, claramente escolhendo as palavras com cuidado.

– Resolvi sair mais cedo.

A hora era essa. Ou Scott dava um rumo para o que haviam iniciado ou estragava tudo tentando esconder o envolvimento entre eles. Sua visão se suavizou. Pensamentos com Theo preencheram a mente de Scott, juntamente às exigências e revelações de seu pai, ambos se enredando pelas lembranças da noite até formarem um emaranhado de tristeza e autodepreciação. O moreno sentiu o franzir da própria testa e dos lábios.

– Eu vou embora, Scott. Não tem problema. – Ele se virou para a porta, os movimentos robóticos, o rosto uma máscara de indiferença.

– Fique! – Scott quase gritou, tropeçando baia afora. Várias pessoas olharam para eles.

Scott ignorou. Aquilo não tinha a ver com eles. Agarrando e puxando o braço de Bad Angel, ele o obrigou a parar e encará-lo.

A expressão dele ainda era neutra, os olhos, vazios.

– Ficar? Que tal se eu me sentar e talvez rolar para você?

As palavras ditas sem emoção foram navalhas afiadas e o cortaram.

– Isso não é justo – Scott conseguiu dizer. – Você me pegou desprevenido.

– Achei que a visita de seu amante seria uma surpresa bem-vinda. – Ele contraiu os lábios e empalideceu visivelmente. – Mas talvez não. – Afastando-se da mão dele, seguiu para a porta com mais propósito.

– Você é uma surpresa bem-vinda. – As palavras suaves o fizeram parar de repente, e Scott ficou tão grato por isso. O grupo da Preservações tinha se silenciado, a única intromissão vinha da música abafada dos alto-falantes e do tilintar de copos atrás do balcão. Scott sabia que os olhares de todos de sua equipe estavam em cima deles. Não importava. Nada importava naquele momento, além do homem que ele desejava e da dor que causara nele. Engolindo em seco, Scott fez a única coisa na qual conseguira pensar para se redimir. – Desculpe. Uma visita surpresa do… – Ela hesitou apenas brevemente – Do meu amante me pegou desprevenido, mas quer saber? Estou feliz em te ver, Bad Angel.

Várias vozes murmuraram ao fundo. Scott ignorou todas. Proclamar o que ele era para ele, chamá-lo pelo nome, era o melhor que podia lhe oferecer.

Ele virou a cabeça para o lado, oferecendo-lhe o perfil.

– Quer sair daqui, Scott?

– Sim.

– Encontre-me no estacionamento.

– Dê-me cinco minutos.

– Contando a partir de agora. – Ele caminhou até a porta e saiu, sem parar, sem olhar para os lados.

Scott foi até sua baia, pegou seus pertences e seguiu para o balcão para acertar os detalhes para que vários táxis fossem chamados. Eles asseguraram que fechariam a conta dentro de uma hora e, com a ajuda de Allison, começariam a mandar o pessoal para casa.

Isso o deixou livre para fazer o que precisava, para descobrir exatamente onde Bad Angel se encaixava em sua vida.

Com uma respiração revigorante e a mente um pouco enevoada pelo gin, Scott saiu do bar.

O ar estranhamente seco lhe roubou o ar dos pulmões quando ele saiu. Mas, em seguida, braços fortes a tomaram num abraço apertado e lábios firmes pousaram nos dele com uma insistência sensual. Era evidente que a paixão entre eles não tinha atingido seu valor máximo. As línguas duelavam e os dentes colidiam enquanto as bocas guerreavam rumo a uma supremacia que ninguém poderia vencer. Ao desejá-lo tão ferozmente como o moreno desejava, significava que Scott não iria se render, recuar ou receber o desejo dele discretamente. Não, ele tanto ofereceria quanto receberia naquela arena. Se a noite anterior não havia ensinado isto a ele, então Bad Angel não era tão brilhante quanto Scott lhe creditava.

O cacheado apertou o abraço, aniquilando qualquer distância entre os corpos. Mãos exigentes se enfiavam no cabelo do mais novo ombros. Ele puxou a cabeça de Scott para trás e seus olhos azuis perfuraram os castanhos dele, sensuais e famintos.

– Senti saudade – murmurou o loiro, a respiração condensando no ar frio.

– E eu estava achando que este era seu jeito de dizer adeus.

O sorriso dele expôs covinhas profundas.

– Um adeus seria contraproducente para o que eu planejei para esta noite.

Scott arqueou as sobrancelhas.

– Planejou?

– A menos que você esteja enrolado. – Ele hesitou. – Não literalmente, perceba. O que eu quis dizer é, se você não tiver planos, eu gostaria de levá-lo para sair.

– Já passou da meia-noite, Bad Angel.

– Eu sei. Eu só… – Ele o soltou e deu um passo para trás, passando as mãos no cabelo. – Eu estava tentando pensar num jeito de tornar a noite um pouco mais… Especial. Talvez eu queira te conhecer melhor.

– Conhecer melhor?

Ele olhou para cima, olhos semicerrados.

– Sim.

– Não entendo.

Ele enfiou as mãos nos bolsos, os ombros se projetando.

– Não há muito a se “conhecer”, não é?

– Depende. – Scott cruzou os braços, arrepiado de repente.

Ele tirou a jaqueta de couro e cobriu os ombros do moreno antes que Scott pudesse protestar.

– Por que é tão difícil de acreditar que estou interessado em você fora do quarto?

– Eu nunca tive um casinho de uma noite que não foi embora logo depois, Bad Angel. – A confissão foi incômoda e Scott se virou.

– Você teve tantos assim?

– Bem, não, mas…

– Que bom. – Braços fortes a apertaram e Scott se aconchegou. Bad Angel respirou fundo e lhe beijou no topo da cabeça. – Você já esteve no The Countertop?

– Eu não sei exatamente o que é.

– É um restaurante. Você escolheu um lugar para o café da manhã. Achei que seria legal eu escolher um para um lanchinho da meia-noite. Eles fazem uma torta de matar. Aí, depois, a gente pode ir para o meu apartamento e assistir a um filme.

– Um… Filme.

– Não fique tão surpreso Mccall. Pode ser uma comédia romântica com final deturpado ou um filme deturpado com um final deturpado. Você escolhe.

Scott gargalhou, efervescente e leve, e inclinou o rosto para o dele.

– Obviamente você tem sexo no cérebro, sr. Angel. – Alguma coisa sombria passou nos olhos dele, tão rapidamente que Scott não teve certeza se foi apenas fruto de sua imaginação na penumbra do estacionamento. Scott pôs a mão no rosto dele. – Você está bem?

Bad Angel segurou o pulso do moreno e lhe beijou na palma da mão.

– Eu tenho você no meu cérebro, sr. Mccall. Como eu disse, quero passar um tempo com você. Eu gostaria de começar lhe comprando uma fatia de torta antes de fingir que a ideia mais inocente na minha cabeça tem a ver com nos aconchegarmos no sofá.

Então? Eu quero acordar com você de novo. Este não é um casinho de uma noite mais.

O coração dele pareceu ceder ainda mais, ficando perigosamente perto de cruzar os limites que separavam a luxúria do gostar e o gostar do… Do que quer que houvesse do outro lado.

O nível de barulho no restaurante estava baixo à 1h. Talheres tilintavam nas bandejas.

Vozes dos funcionários do turno retumbavam baixinho junto à música country que saía da jukebox. O chiar do bacon fritando deixou Isaac com água na boca – quase tanto quanto o garoto ao seu lado deixava. Quase, mas não tanto.

Isaac guiou Scott até uma baia e sentou-se de frente para ele. Por uma fração de segundo, ele cogitara ficar ao lado dele para que pudesse continuar a tocá-lo, mas resistiu. Ele não queria sufocá-lo.

Scott olhou ao redor, curioso.

– Como você encontrou este lugar?

– A mãe de um bom amigo trabalha aqui. Venho desde que eu era adolescente e filava boia na casa dele sempre que dava. – Ele balançou a cabeça e sorriu. – Ela nunca me expulsou.

– Por que ela o faria?

Lembranças de épocas difíceis e de vacas magras surgiram. Ele ficou tão perdido depois que seus pais morreram, vagando por aí, imprudente e mais do que um pouco descontrolado. A mãe de Justin, Darcy, o convidava para jantar e acabara por lhe dar um lar, interrompendo sua espiral descendente com a graça e a compaixão intercaladas com um grande amor. Ela acompanhara a vida dele desde então. Isaac sempre passava na casa dela, tanto para visitá-la quanto para ver Justin, que ainda morava lá. Não importava o quanto as coisas estivessem apertadas, ela sempre o acolhia, mesmo quando precisava racionar o pouco que tinha em favor da própria família.

– Bad Angel?

A emoção o deixou com um nó na garganta, tornando difícil respirar e mais ainda engolir. Ele tossiu e balançou a cabeça.

– Só um segundo. – Tentando não sair aos tropeços, ele se levantou e foi até o balcão.

Seus olhos quase saltaram quando Darcy apareceu.

O rosto se iluminou com felicidade genuína.

– Isa…

– Bad Angel – disse ele em tom baixo e urgente. – Só esta noite, Darcy. Por favor.

Semicerrando os olhos, ela fitou o rapaz que ele tinha deixado na baia.

– Existe um bom motivo para você não revelar seu nome verdadeiro à seu acompanhante? Seu primeiro nome?

Ele puxou o colarinho.

– Ele me conheceu como Bad Angel e eu não quero… – Ele precisava desta noite para descobrir se poderia confiar plenamente em Scott, se poderia compartilhar sua outra vida, todos os aspectos de sua vida com ele. A conversa na qual ele contaria sua identidade a ele teria de ser abordada com cuidado. Deixar Darcy soltar seu primeiro nome para Scott não era bem o que ele estava esperando.

O olhar perspicaz de Darcy o fez sentir-se completamente decifrado, e a sensação não era nada boa.

– Você vai contar a verdade a ele? – A pergunta de Darcy pairou perto demais de uma exigência. – Ninguém merece ouvir mentiras… – Ela ergueu as sobrancelhas. – Bad Angel.

Ele encolheu os ombros.

– Eu não estou me passando por outra pessoa.

– Se isso fosse verdade, querido, você não precisaria mentir sobre quem realmente é. – Ela acariciou o rosto dele e sacou o bloco de pedidos. – Você quer pedir agora ou devo ir até a mesa?

– Venha conhecê-lo.

Darcy inclinou a cabeça, avaliando-o.

– Ele deve ser especial.

– Ele é.

– Tudo bem então.

Ele foi inundado de afeto. Inclinou-se sobre o balcão e deu um beijo no rosto de Darcy, o que lhe valeu um riso surpreso e uma palmadinha com o bloco de pedidos.

– Você está muito atrevido hoje.

– Só estou… – Ele arregalou os olhos. Ia dizer “feliz”. Estivera bem ali, na pontinha da língua, e ele quase dissera.

Darcy exibiu um olhar caloroso. Ela sabia. De algum modo, ela sabia.

– Estou feliz por você, querido. E vou estar mais ainda quando você contar a verdade a ele.

– Em breve – prometeu ele, recuando em direção à baia.

Sentando-se outra vez, ele estendeu o braço e tocou as mãos entrelaçadas de Scott.

– Esta é a mãe do meu amigo. Eu gostaria que você a conhecesse.

O olhar de Scott se voltou ao dele.

– Tudo bem.

Darcy colocou dois copos de água diante deles e sorriu, aguardando claramente para ser apresentada.

A boca de Isaac estava tão árida que ele poderia muito bem ter recorrido a um programa social de combate à seca. Ele bebeu um gole de água e pigarreou.

– Darcy Maxwell, apresento-lhe Scott Mccall. Scott, Darcy é mãe de um dos meus amigos mais próximos e a melhor cozinheira do mundo.

Darcy acariciou a cabeça de Isaac e, em seguida, apertou-lhe o pescoço.

Afeto ou aviso? Ele não tinha certeza.

– Prazer em conhecer, Scott.

– O prazer é meu, sra. Maxwell.

– Ah, não, querido. Apenas Darcy. Já deixei de ser a esposa de alguém há mais de uma década.

Isaac captou as lembranças sombrias que flutuaram pelos olhos de Darcy. O desejo de abraçá-la e protegê-la foi tão excessivo quanto a impossibilidade de fazê-lo. Darcy não permitiria que ninguém fosse salvá-la.

O sorriso de Scott foi suave, compassivo.

– Desculpe se toquei num ponto doloroso. Por favor, me perdoe.

Com as mãos apertadas no colo, Isaac só podia olhar. Scott viu a dor de Darcy também.

Que garoto observador. E mesmo sendo um completo desconhecido, Scott tinha encontrado as palavras certas, curtas e simples para oferecer suas condolências.

A mulher mais velha tocou no ombro de Scott.

– Obrigada, Scott. O preço do amor às vezes é alto, mas prefiro ter amado meu marido por todos esses anos a nunca ter amado ninguém.

Aquilo foi o máximo que Isaac já tinha ouvido Darcy mencionar sobre o marido, e a saudade na voz dela fez o coração dele doer.

– É um sentimento bonito, Darcy. Invejo você por ter lembranças tão preciosas que nem mesmo o tempo e o luto podem apagar.

Darcy apertou o ombro de Scott e fungou, pegando um guardanapo do porta guardanapos para enxugar os olhos úmidos.

– Olhem só para mim. Dezesseis anos e ainda fico chorosa. É só que… Esta é a coisa mais linda e perspicaz que alguém já me disse.

– Por favor, não chore. – Scott pegou mais um guardanapo e o entregou à mulher, com um sorriso genuíno. – Tenho canais lacrimais muito solidários, bem como uma reputação profissional de ser um bruxo de coração gelado. Os dois não podem coexistir, então, por favor, sem lágrimas.

Darcy revezou olhares entre Isaac e Scott.

– Ninguém que chora por uma desconhecida poderia ter um coração frio, Scott. Que a verdade sobre quem você é te beneficie.

Isaac captou a indireta e a recebeu com a maior graciosidade possível. A qual, infelizmente, não era muita. Mas ele havia levado Scott ao restaurante para saber a opinião de Darcy a respeito dele, opinião esta que estava bem clara. Isso o fazia sentir-se melhor, até mesmo validado em seu desejo de confiar a verdade a ele. Mas esta conversa ficaria para mais tarde. Agora? Agora era hora de um pouco de diversão.

– Está com fome, Scott? Tudo que está na torre da confeitaria foi criado por Darcy, e cada iguaria é capaz de fazer você cometer crimes por mais um bocado. – Ele riu e Isaac ficou sem fôlego.

A risada de Scott desapareceu, até que ele estava olhando para o loiro com uma reserva serena.

Ele segurou a mão do moreno, levando-o aos lábios para um beijo delicado.

– O que acha de torta de creme de chocolate? É uma experiência divina.

– De repente me deu vontade de rezar.

Ele sorriu.

– Torta de creme de chocolate para o príncipe, então. – A mão de Scott estremeceu na dele e Isaac o fitou cuidadosamente. – Tudo bem?

– É só empolgação por causa da torta.

Ele tinha perdido alguma coisa, mas não fazia a menor ideia do que era.

Darcy arqueou uma sobrancelha.

– Fatia ou torta inteira?

– A torta inteira, para viagem – disse ele em voz baixa. Esta noite seria pura sedução e, caramba, ele nunca seria capaz de exibir seus talentos na frente da mulher que considerava uma segunda mãe.

A fome, do tipo que Isaac queria incitar, queimava nos olhos de Scott.

O celular dele tocou. Dentre todos os momentos no mundo…

Largando a mão de Scott, pegou o aparelho e verificou o número, reconhecendo-o imediatamente.

– Desculpe. É do meu emprego diurno. Só um segundo. – Desbloqueando a tela, ele atendeu. – Ei, Boyd. Por que você está ligando no meio da noite, camarada?

A voz de seu diretor financeiro vibrava com energia.

– Achei que você ia gostar de saber que a Agência de Proteção Ambiental aprovou a proposta dos engenheiros ambientais para o Chok Resort.

O estômago de Isaac entrou em queda livre.

– Você está de sacanagem. Como diabos você descobriu?

– Sabe o Jason da contabilidade?

– Sim?

– A irmã dele está namorando um cara que trabalha no departamento de topografia deles.

– E você confia na informação?

– Pedi ao Jason para ligar para a irmã dele e confirmar. Mas a notícia é ruim, Isaac.

A queda livre atingiu a velocidade terminal.

– Não doure a pílula.

– Não vou dourar, não posso. – Boyd respirou fundo. – Está aprovado, mas o projeto está acima do orçamento.

– Quanto acima? – disse Isaac, engasgado.

– Não tenho números concretos, apenas estimativas. Mas é coisa de um milhão a mais.

Ele sentiu vontade de vomitar. Engolindo a bile, obrigou-se a relaxar o aperto no telefone.

– E você está me contando isso no meio da noite porque…

– Porque eu acabei de descobrir e queria que você soubesse. – Boyd bufou. – Ah, não é nada disso. Eu só queria dividir a tristeza. Não faço ideia de onde vamos tirar o dinheiro, Isaac. Estamos devendo uma grana para os investidores e a banca não vai desembolsar mais dinheiro. Estaremos ferrados se não resolvermos isso.

– Mantenha isso entre a gente – advertiu Isaac, a voz baixa, firme e controlada. – Não repita isto a ninguém. Rafael vai estar nos rondando como o chacal desgraçado que é, à espera de uma chance de roubar este projeto. Eu preciso desse negócio, Boyd. Precisamos desse negócio. Se não conseguirmos o financiamento, estaremos…

– Bad Angel? – Darcy pousou a mão no braço dele. – Você está bem, querido?

Ele olhou para ela.

– Estou bem.

– Por acaso ela acabou de te chamar de Bad Angel? – perguntou Boyd.

O pânico o atingiu, obrigando-o a cavar mais uma mentira.

– É uma velha amiga da família. Ela me chama pelo meu nome do meio quando estou em apuros. Vamos discutir isso na segunda-feira de manhã, cedinho. Obrigado por me manter a par.

Desligando, ele se voltou para a mesa e flagrou Scott observando-o, testa franzida.

Sentou-se em frente a ele e, com as mãos tremendo um pouco, bebeu um gole d’água.

– Desculpe por isso.

– Está tudo bem?

– Houve um problemão no emprego diurno. Mas tudo vai se resolver.

– Deve ser importante para você ter atendido uma ligação no meio da noite. O que você faz durante o dia?

Isaac fez uma pausa antes de colocar seu copo na mesa com cuidado. Era hora de praticar o que ele pregava.

– Sou empresário. Estou tentando erguer um negócio. Tem um projeto no qual estou apostando. Parece que ganhei a licitação e o direito de seguir em frente com ele, mas existem complicações que esperávamos evitar. Boyd, o cara que me ligou, é meu diretor financeiro. Ele achou melhor me avisar logo que nossa reunião esta semana vai ser uma desgraça.

– Você tem funcionários dedicados, afinal estão trabalhando no meio da noite.

– Sim. Eu tenho sorte. – Ou não. Não, se ele pensasse no dinheiro que precisava garantir para manter o negócio à tona. Ele engoliu em seco.

– Você vai precisar resolver isso agora?

Ele levantou a cabeça.

– Não. Não há nada que eu possa fazer até segunda-feira. Esta noite é nossa.

– Nossa, hein? E o que nós somos então, Bad Angel?

– Somos uma possibilidade com uma variável desconhecida feita para dar emoção.

– Eu amo variáveis desconhecidas.

– Que conveniente. Eu também. – Ele entrelaçou os dedos aos de Scott, o gesto tão natural que Isaac não teve certeza do que fazer a partir dele. A pele de Scott era macia feito uma pétala. O jeito como o cabelo dele solto e volumoso o fazia querer enterrar as mãos neles e beijá-lo novamente. Isaac conhecia o gosto daquela pele sob as roupas que ele apresentava ao mundo, e queria senti-lo em sua língua outra vez, todo entregue e macio.

– Deixe-me colocar esta torta numa caixa – murmurou Darcy, afastando-se da mesa.

O calor queimou as bochechas de Scott.

– Por que eu tenho a impressão de que você está me despindo na sua cabeça?

Ele beliscou os nozinhos dos dedos do moreno.

– Porque estou mesmo.

A mão de Mccall se contraiu, então relaxou.

– É justo.

– Justo como? – O sorriso de Isaac foi imediato quando as peças se encaixaram. – A menos que você esteja fazendo o mesmo.

– Dê ao homem o que importa… Ou uma torta – sussurrou ele, a voz tão sensual quanto o pecado movido a sexo.

A luxúria fez um buraco do tamanho de uma bola de demolição na fina camada de autocontrole de Isaac. Ele se inclinou para tomar a boca de Scott.

Darcy deslizou a caixa de torta entre eles.

– Por conta da casa.

Isaac entrou em colapso em sua cadeira e sacou a carteira.

– Isso significa de graça, querido – insistiu Darcy.

– Eu entendo o conceito, mas você ainda precisa receber sua gorjeta. – Ele deixou uma nota de vinte na mesa. – Obrigado, Mama D.

– Você não vai deixar uma nota de vinte por dois copos de água e alguns dedinhos de prosa – disse ela, empertigada. – Pegue seu dinheiro.

– Você pode aceitá-lo ou não, mas eu vou deixá-lo mesmo assim. – Quando ela abriu a boca para discutir, Isaac se impôs. – Darcy.

– Oh, você é uma criança teimosa. – Ela pegou a nota de vinte e enfiou no bolso do avental. – Você vai jantar aqui um dia?

– Em breve – prometeu ele, pegando a caixa de torta e oferecendo a mão a Scott.

– Nesta semana. – Darcy o puxou para um abraço feroz que desafiava sua pequena estatura.

– Nesta semana, então.

Ela piscou.

– Aproveitem a torta. – Dando meia-volta, ela pegou o bule de café fora do balcão e o levou para uma mesa próxima, papeando com os comensais enquanto os servia.

– Ela é uma mulher notável.

Isaac olhou para Scott.

– Ela é. Eu costumo atrair esse tipo de pessoa.

– Estes elogios vão levar você muito longe.

– Só tem um lugar onde quero estar.

Scott olhou para ele através de seus cílios espessos.

– E onde é?

– Com você, entre quatro paredes.

– Aparentemente, sou seu gênio da garrafa, porque posso conceder este desejo.

Se Isaac tivesse qualquer ilusão de que seu sorriso estava demonstrando outra coisa senão malícia, a avidez em seu rosto o teria dissipado.

Scott vestiu seu casaco e pegou a torta enquanto Isaac fazia o mesmo.

Ele se aproximou e emoldurou o rosto do menor com as mãos. Aproximando-se, ele o beijou, um beijo lento e demorado.

Scott reagiu com um suspiro, abrindo-se para ele e tentando se aproximar, apesar da caixa de torta.

Ele interrompeu o beijo e, passando o polegar sobre os lábios dele, inchados devido ao beijo, buscou controlar a respiração. Ele podia até não ter revelado seu nome verdadeiro, mas tinha feito um esforço para unir seus dois mundos, e Scott se encaixava em ambos. Talvez houvesse alguma confiança.

– Que sorte a minha.

– Por quê?

– Ainda tenho mais dois desejos.


Notas Finais


A cada encontro fica mais difícil manter as mentiras...Isaac se aproxima do momento de contar a verdade, mas será que o Scott irá aceitar?
Até o próximo...


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