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História Stripper - Scisaac - Morango com Nutella


Escrita por: MaxPosey

Notas do Autor


Olá pessoal!
Eu voltei com mais um capítulo. Estou me esforçando realmente para não parar por tanto tempo novamente.
Espero que curtam esse capítulo que esta cheio de arco iris e corações.
Boa leitura...

Capítulo 13 - Morango com Nutella


Fanfic / Fanfiction Stripper - Scisaac - Morango com Nutella

Scott era sempre pontual. Gostava de planejamento. Ele lidava bem com pautas, planos e estrutura. Hoje, porém, houve tantas pausas e começos, geralmente envolvendo beijos carinhosos e toques nada inocentes, que ele levou uma eternidade para sair da casa. Mas não poderia ter se importado menos. Todos os toques tornaram válidas as horas que eles levaram para pegar o carro do moreno e seguir para a orla. Ele estava tão distante de seu mundinho que Scott sequer pensou na Preservações, ou no espião, ou na reunião importante dali a poucos dias.

Quando Scott ofereceu a Bad Angel para levá-lo ao Bathtub Gin para que ele pudesse buscar o próprio carro que havia ficado lá, ele respondeu com um ríspido “Não, obrigado”. Pressioná-lo parecera algo bobo, mas parte dela de repente estava curiosa sobre o tipo de carro que ele dirigia. Para Scott, não fazia diferença, mas, obviamente, fazia para Isaac. Aquilo o fez querer forçar um pouco a barra para descobrir o que o incomodava a respeito do carro. Era óbvio ele era cauteloso com dinheiro. Será que era porque ele precisava sê-lo? Será que o loiro tinha a impressão de que dinheiro importava para Scott? Será que ele achava que Mccall vivia no luxo? Era o endereço do moreno? Será que era por isso que Isaac tinha vergonha de alguns aspectos de sua vida ou de seu trabalho?

Mais ou menos assim como você está lutando com seu emprego, talvez?, sussurrou a consciência de Scott. Franzindo a testa, Scott a esfregou. Não era isso. Não era.

Dedos quentes acariciaram a bochecha e Scott recuperou sua atenção.

– Por que esta carranca? – perguntou Isaac do lado do carona.

Scott deu de ombros, olhando para ele antes de voltar sua atenção para a estrada.

– Nada. Está tudo bem.

Pousando a mão no lado oposto do apoio de cabeça de Scott, o cacheado se inclinou para o moreno.

Mccall sobressaltou-se com tal ímpeto que de fato deu um tranco no volante.

– Certo. É óbvio que você não está incomodado com alguma coisa.

A provocação na voz dele o fez relaxar um pouco.

– Tenho que me concentrar. Eu não cresci correndo pelas ruas de Seattle como uma criança selvagem.

– Fico ressentido com a insinuação de que eu era uma criança selvagem.

– E por que isso? – perguntou ele distraidamente, olhando para trás enquanto adentrada no tráfego da I-5.

– Eu não sou tão velho ainda, posso ser um pouco selvagem – respondeu ele, passando a mão no interior da coxa do moreno

– Está certo.

– Reconheça a realidade, garoto.

– O que eu “reconheço” é que você vai me fazer bater o carro se não tirar as mãos de mim.

– Sou um decrépito, mas ainda tenho meu charme.

A resposta dele, e as pontas dos dedos, arrancaram de Mccall uma risada surpresa.

– E modesto também.

– Por que fingir modéstia quando está claro que esta é senão a mais pura verdade? – Ele fez o pior sotaque shakespeariano que moreno já tinha ouvido.

Trocando de pista, Scott arqueou uma sobrancelha.

– Você pode ter seu charme, mas seu sotaque é horroroso.

– Ai. Isto pode me ferir.

Scott olhou para ele e tomou a saída Olive Way.

– Querido, se eu fizer o esforço para feri-lo intencionalmente, vá em frente e prepare-se para sangrar.

– Anotado.

Os arranha-céus se assomavam em torno deles enquanto seguiam em direção ao Mercado Pike’s Place. As ruas se estreitavam e, de repente, os motoristas estavam competindo com ciclistas, pedestres, motos e até mesmo com outros transportes. O vidro abaixado para receber o sol surpreendentemente quente do meio-dia, Scott ouvia enquanto as gaivotas circulavam e grasnavam contra um céu incrivelmente azul.

Esquadrões de pelicanos seguiam paralelamente ao horizonte da costa, com seu gracitar transcendendo os ruídos da humanidade. O Mount Rainier aparecia numa distância próxima, a queda de neve recente deixando a face norte brilhante acima da linha das nuvens. Em suma, estava um dia perfeito em Seattle. Isso significava que seus habitantes tinham saído em massa para aproveitar a rara dose natural de vitamina D.

Scott entrou num parque de estacionamento público e pegou um tíquete, antes de contornar pelos andares, até encontrar um local decente no terceiro piso.

Bad Angel saiu, encontrou-o junto à traseira do carro e pegou a mão dele, entrelaçando os dedos enquanto seguiam para os elevadores, de onde seguiram para o térreo. Quando as portas do elevador se abriram para o saguão, ele puxou-o para a luz do sol feito um garoto ansioso.

Mesmo que Scott não soubesse que dias como o de hoje eram raros, a quantidade esmagadora de pessoas teria revelado alguma coisa. Moradores da região quase precisavam fazer um juramento de sangue afirmando que sairiam nos dias de sol se quisessem manter os serviços de utilidade pública funcionando. As calçadas estavam tão cheias que não dava para se caminhar confortavelmente ao lado de Bad Angel. Sendo assim, Scott deixou que ele fosse à frente, liberando o caminho, e seguiu seu rastro. Aquilo tornou uma conversa impossível, mas deu a Scott tempo para pensar, e ele precisava desesperadamente de tempo.

Eles tinham caído na cama sem perceber que estavam caindo de amores um pelo outro, e Scott tinha certeza de que isso estava acontecendo com ambos. Não era algo unilateral.

Não, ele tinha deixado claro que queria que essa coisa entre eles crescesse, que estava disposto a alimentar o – que Deus o ajudasse – relacionamento rumo à exclusividade. Que inferno, de algum modo, ele conseguira ir para a parte da “exclusividade” sem pausas, convencê-lo de que eles estavam no mesmo ritmo. Ainda nem tinha certeza de como tinha acontecido. Só sabia que, de acordo com Bad Angel e com a própria admissão, eles agora estavam em um relacionamento exclusivo.

Scott sentia o estômago agitado, repleto de borboletas voando despreocupadamente enquanto ele continuava a seguir Bad Angel, a cabeça abaixada. Talvez aquele sentimento não fosse despreocupação, e sim pânico. Isto lhe parecia mais plausível, juntamente ao sabor levemente metálico na língua e a respiração ofegante e ineficaz. Sim, definitivamente pânico.

De cabeça abaixada, Scott não percebera que Bad Angel tinha parado até se chocar contra ele, obrigando-o a dar um passo à frente enquanto recuperava o equilíbrio.

Isaac se virou, ainda apertando a mão do moreno com força.

– Você está bem?

– Desculpe. Eu não estava olhando. – Scott tentou desvencilhar a mão, mas o cacheado não soltava.

– Está tudo bem, mas se andar assim, você pode ser recrutado para um teste no time de futebol amIsaacano caso eles a vejam em ação. – Isaac inclinou a cabeça perto da dele. – Cá entre nós, você ganhou um apelido poderoso – disse ele em um tom conspiratório.

– Eu realmente sinto muito. – Scott olhou ao seu redor, vendo uma escada estreita adiante enquanto tentava desvencilhar a mão. – Espere. O quê? O apelido?

– lobinho.

Com o pé no primeiro degrau, Scott parou e olhou para trás, confuso.

– lobinho não tem nada de poderoso.

– É por causa dos seus uivos de prazer.

O contexto ridículo da conversa quase fazia sentido. Ainda assim…

– uivos.

Encaixando-se habilmente no abraço, Scott se flagrou um degrau acima dele, fitando em

cheio os olhos azuis alegres. Seu coração deu um tranco tão forte que ele de fato cambaleou um pouco.

Os olhos dele cintilaram.

– O quê?

– Nada.

Pegando a mão do moreno de novo, Isaac lhe acariciou a almofada do polegar.

– Então, essa coisa de você tropeçar e ofegar normal?

– Não é nem perto de ser uma “coisa”. Não é nem remotamente uma coisa – insistiu Scott, um tanto consciente de que estava mentindo para ele porque o moreno não tropeçava com frequência diante da visão de um lindo par de olhos. Não, definitivamente não tropeçava.

Aquela, na verdade, era uma apavorante primeira vez. – Acabei de perceber que não faço ideia do por quê você está me levando por um lance de escadas…

– Dois lances de escadas – corrigiu ele.

– Bem. Dois lances. Você está me levando por dois lances de escadas. Por quê?

– Para a recompensa.

Scott fechou os olhos e respirou fundo antes de retornar a concentração lentamente ao rosto de Bad Angel.

– Eu passei a manhã toda com você, fiz seu café, então tenho certeza de que você não bebeu. Faça-me um agradinho e explique por que estamos aqui.

– Estamos aqui porque meu objetivo hoje é estragar você para todos os outros homens. Observando a escadaria antiga e as lojinhas escondidas nos cantos e recantos, Mccall não conseguiu evitar sorrir.

– Talvez a gente precise conversar sobre expectativas. Sabe, as suas contra as minhas.

Scott gritou quando Isaac lhe deu um tapinha no bumbum.

Colocando as mãos nos quadris dele, Isaac o virou e pediu que voltasse a subir pelas escadas.

– Você vai se arrepender do dia em que zombou de mim, garoto.

– Zombei? Eu não zombo de ninguém.

A indignação fingida de Scott foi tão mal feita que um sujeito descendo as escadas de fato bufou e lhe deu um tapinha no ombro.

– Você se daria melhor vendendo o leite de volta para a vaca, gatinho.

Os olhos de Scott quase saltaram quando Bad Angel começou a rir enquanto o estranho ia embora.

– Vou usar essa tirada.

– Se ele ainda estiver exigente quando vocês chegarem ao topo da escada, ele não vale a pena, cara.

Scott engasgou com sua resposta.

Bad Angel pousou a mão larga no cóccix dele.

– Ah, ele definitivamente vale a pena.

O sujeito assentiu em reconhecimento, saltou os últimos degraus e empurrou a porta do saguão, desaparecendo em meio ao tráfego de pedestres.

Mal conseguindo abafar sua resposta sarcástica, Scott começou a subir as escadas, reprimindo mentalmente o desconhecido com uma habilidade tão extraordinária que ele nunca teria sido capaz de demonstrá-la caso tivesse aberto a boca.

– Respire fundo, Scott. Ele só estava brincando.

– Claro.

– Estou falando sério. – Ele enganchou um dedo no passador do cinto dele e o deteve para uma pausa. – Olhe para mim.

Scott olhou para trás, desconfiado da segurança serena dele.

– Se ele tivesse sido desrespeitoso, eu teria dado um fim na história.

– Com o quê? Réplicas espirituosas? – As palavras que deveriam ter saído cheias de provocação foram suaves e quase insípidas.

– Eu teria começado por aí, sim. E se tivesse precisado de… Atitudes mais persuasivas, eu teria feito isso também. – Ele colocou uma mecha gigantesca de cabelo dele atrás da orelha. – Ninguém vai te desrespeitar na minha frente, baby.

Scott deu um sorriso trêmulo.

– Esta é a sua versão de “Ninguém coloca o Baby de lado”?

Ele subiu para o degrau seguinte, de modo que ficaram cara a cara antes de Isaac encostar a testa na dele.

– É assim que eu provo o que acabei de dizer. Eu estou do seu lado, Scott.

O moreno balançou a cabeça suavemente e se afastou apenas o suficiente para encontrar o olhar do cacheado.

– Você pagou àquele cara para dizer aquilo para mim, não é? Agora mesmo. Ele é um ator, e isso é parte do seu plano para me estragar para todos os outros homens, usar referências a filmes clássicos e destruir minhas defesas.

– Eu gostaria de poder afirmar que fiz isso porque teria sido brilhante. – Isaac pegou as mãos dele e levou seus dedinhos aos lábios para um beijo breve, firme. – Infelizmente, foi tudo de improviso.

O impulso o levou a se inclinar e lhe dar um beijo rápido.

– Você é um homem tortuoso, Bad Angel.

– Você não faz ideia.

Lado a lado, eles recomeçaram a subir as escadas. No meio do caminho do segundo lance, o aroma delicado e doce de uma confeitaria a atingiu. Assim que eles chegaram ao segundo, a área foi tomara pelos cheiros de pães, chocolate e café forte. A porta vintage com painel de vidro e maçaneta de latão, ambos em formato oval, e gradeado trabalhado, separava Scott do que sem dúvida era o nirvana, dados os perfumes tentadores.

Scott olhou para Bad Angel.

– Não há placa na porta.

– Quando se é tão bom como eles são, você não precisa de placas. – Com grande prazer, ele abriu a porta e conduziu Scott para dentro. – Isto, minha príncipe encantador, é a Le Crêpe Éprouver, casa dos melhores crepes da face da Terra.

– Crepes?

Com o olhar passeando sobre o quadro negro que listava os especiais do dia, ele respondeu:

– Você mencionou crepes no outro dia e eu não consegui tirá-los da cabeça desde então.

– Crepes.

– Sim. Se eu não comer uma belezinha com morango e Nutella, Seattle vai afundar quando eu descarregar minha ira.

Scott arregalou os olhos num drama equivalente.

– E eu achei que estivesse seguro com você.

– Nunca se coloque entre um homem e sua Nutella, gato.

– Devidamente anotado. – Mccall deu mais um passo para dentro e fechou a porta atrás de si. – Se este lugar for metade do que cheira, você está um passo mais perto de conseguir minha ruína.

– Espere só até você provar os crepes. Você vai virar massinha nas minhas mãos antes que eu possa te dar o segundo pedaço, garoto.

Dê-me comida na boca. Algumas visões um tanto lascivas de Bad Angel piscaram em sua mente, imagens que envolviam uma tonelada de pele nua, um pouco de coalhada de limão e uma lata de creme chantili. Scott engoliu em seco diante da fantasia que estava estrelando e dirigindo mentalmente. O suor pontilhou seu lábio superior. Ele o limpou com uma indiferença casual.

Bad Angel percebeu.

O olhar dilatado dele foi da boca para os olhos de Scott.

– Em quê você está pensando, meu doce Scott?

– Coalhada de limão.

Estendendo a mão, ele abarcou o queixo do moreno e roçou um polegar por bochecha.

– Se você gosta tanto assim de coalhada de limão, garanto que vou comprá-la para você.

– Adoro – disse ele, a declaração suave, porém hesitante.

– Bom saber. – Puxando-o para si, Bad Angel lhe deu um beijo de tirar o fôlego, ignorando completamente os presentes. O tilintar de garfos na louça desapareceu primeiro, seguido pelo zumbido suave dos clientes e pelo papear dos funcionários do local, até restar apenas os dois.

Envolvendo os braços em volta do pescoço dele, Scott entregou-se totalmente ao beijo, tentando lhe dizer sem palavras que estava se apaixonando por ele, cada vez mais intenso e rapidamente. Nunca em sua vida ele havia experimentado nada como Isaac. Nunca tinha encontrado alguém que o fizesse sentir-se tão espontâneo, seguro e vivo. A pessoa que ele era neste momento significava mais para Isaac do que a pessoa que Scott já fora: uma decepção para seu pai, um garoto que se perdia em meio às exigências do sucesso, um fracasso na vida fora da empresa, uma pessoa amaldiçoada por carregar o sobrenome Mccall.

As coisas com Bad Angel estavam acontecendo tão depressa, depressa demais, estavam completamente fora de controle, e Scott não dava a mínima. O Scott Cautelosa não existia mais, ele desejava mais dele. A cada segundo com Bad Angel, Scott ficava mais desesperado para descobrir o que havia do outro lado, ávida por “mais”. Havia tanto potencial naquele abraço, tanto espaço dentro daquele coração e, surpreendentemente, no dele também. Scott nunca havia precisado de ninguém. Não desse jeito.

Uma vida inteira de muros, paredes que ele lutara para manter intactas, estava desmoronando. Bad Angel fizera em dias o que mais ninguém tinha sido capaz de fazer em anos. Ele conseguia expô-lo, deixá-lo completamente vulnerável. Isto o apavorava. A autopreservação lhe dizia para afastá-lo e correr para longe até ficar sem fôlego. E depois correr um pouco mais. Mas o coração exigia que ele investisse mais no momento, que o segurasse e permitisse que ele o auxiliasse a encontrar a paixão pela vida que Scott esmagara durante tantos anos. Ele era capaz de fazê-lo. Só ele era capaz.

E tal noção deixou Scott de joelhos bambos.

Bad Angel o segurou. E ele tivera certeza de que seguraria. Naquele momento, ele estava completamente entregue a Isaac.

Incapaz de dizer as palavras, Scott se entregou por completo ao beijo e fez uma oração silenciosa para que Bad Angel compreendesse e reagisse da mesma forma.

Não era a coalhada de limão que ele queria. Era Isaac. Não era a comida que ele desejava.

Era ele. Não era apenas do toque dele que Scott necessitava. Era dele. Inteirinho.

Scott abandonou as obrigações, as ambições e as defesas. E agora precisava acreditar na promessa que Isaac havia feito, de que com ele Scott sempre estaria em segurança.

O garoto que Isaac segurava em seus braços havia se transformado numa chama viva. E aquilo o transformou numa mariposa, inexplicavelmente atraída pela luz, muito embora esta significasse a morte. Ou talvez ele tivesse se flagrado atraído porque percebia que aquele garoto tinha o potencial para matar a pessoa que ele sempre fora. De um modo ou de outro, Isaac estava perdido para a atração inexorável que exalava de Scott. Mccall vinha se contendo, mesmo nos momentos mais apaixonados entre eles, mantendo-se sob controle total. Mas agora, naquele exato instante, ele era de Isaac. Todinho dele. Ai dele se isto não o tornasse um hipócrita.

Cravando os dedos na cintura dele, Isaac interrompeu o beijo e recuou apenas o suficiente para lhe fitar os olhos. Eles brilhavam, límpidos, desprotegidos. E o que Isaac encontrou neles o fez querer fugir. Scott merecia mais do que ele jamais fora – um homem da vida, um rufião, e agora um stripper cuja única chance de sucesso estava num precário equilíbrio. Se ele não fizesse acontecer, nunca seria mais nada na vida senão os restos de seu passado.

Mas do jeito que Scott estava olhando para ele… Isaac queria ser o homem que ele enxergava refletido naqueles olhos. Ele desejava isso mais do que qualquer coisa. Mccall lhe dava poder, incentivando-o silenciosamente a simplesmente ser quem ele era, sem compromissos, e então ser ainda mais. E assim fora desde o momento em que Scott dissera a ele para escolher a mulher abandonada pelo marido na despedida de solteiro, quando ele o incentivara a paquerá-la para que a outra se sentisse bonita. Scott fizera isso sem julgamentos, sem ciúme. Sendo muito honesto, aquele tinha sido o começo do fim para ele. Fora o segundo exato em que Isaac começara a se apaixonar por Scott. Agora? Agora ele estava em uma queda livre cega, do tipo que fazia o estômago subir para a garganta e fazia o cérebro chacoalhar no crânio. Ele estava adorando, mesmo sabendo que estava ferrado.

A adrenalina surfava em sua corrente sanguínea, percebeu Isaac com uma certeza angustiante de que estava cansado de fugir. Ele tinha passado a vida perseguindo sombras e sonhos, deslocando-se de uma pessoa a outra ou de um projeto a outro, sempre buscando pela próxima “coisa”, aquele sucesso que iria sustentá-lo. Mas a felicidade vinha se mostrando ardilosa e, às vezes, tão fora do alcance, que ele simplesmente desistira de alcançá-la. Só que agora, com Scott olhando para ele com tanta impetuosidade e uma esperança evidente, Isaac queria ser o homem que Scott parecia achar que ele era.

Ele o puxou impossivelmente perto, tocando a bochecha dele com a têmpora enquanto o sorvia. O coração dele batia com segurança e força.

Não mais perseguindo sonhos que ele não podia ver. O que ele tinha em seus braços era melhor do que qualquer coisa que ele poderia criar. Ele iria encontrar sua felicidade ali. Ele teria de encontrar o momento certo para confessar que estava apaixonado. A última coisa que desejava era que Scott fugisse, que dissesse a ele que era cedo demais para tanta coisa. Não era. O que ele sentia por Scott era irrefutável. Sua função era convencê-lo de que ele era o melhor para cuidar dele. Scott poderia discutir de qualquer ângulo que desejasse, mas a verdade era a verdade.

Os dedos de Isaac cravaram nos quadris de Scott com força suficiente para fazer os olhos dele cintilarem.

– Bad Angel?

Verdade. Havia uma única mentira entre eles, e ele iria mudar isso. Ele não a queria se comprometendo a Bad Angel quando era Isaac Lahey que se preocupava com ele. Isaac devia ter contado na primeira noite. Ele sabia que devia. Mas os riscos de Scott arruinar a carreira lhe pareciam muito altos, e daí, posteriormente, também fora alto o risco dele lhe partir o coração se ou quando o abandonasse. Agora, o risco era que ele o magoasse ao revelar suas mentiras ridículas. E ele ainda não fazia ideia de como evitar isto, a pior consequência de todas.

A consciência dele continuava a combater a baboseira de amor incondicional enquanto ele estava ali, olhando para Scott. Quando ele abriu a boca para começar a explicar, a porta da creperia foi empurrada e acertou Scott. Eles tropeçaram para o lado, colidindo contra o quadro com o cardápio do dia. Isaac lutava para não deixar Scott cair ao mesmo tempo que estendia a mão para o quadro-negro que balançava.

Um segundo par de mãos apareceu e agarrou o quadro.

– Ai, cara, desculpe. Eu não te vi… Ei, cara! Faz um tempão que você não aparece aqui.

Entrou em algum programa de doze passos para se desintoxicar da Nutella ou algo assim?

Isaac se virou e encontrou Levi sorrindo para ele. Seu coração parou. Simplesmente parou. Levi era uma das únicas duas pessoas que ele não queria encontrar ali. Ele presumira estar seguro naquele horário, porque Levi nunca acordava tão cedo. Até hoje.

Mas que droga.

Scott tirou as mãos dele e deu um passinho.

– Vou arriscar e presumir que vocês dois já se conhecem. – Ele olhou para Levi com disposição, mas sem exaltação.

– Nós trabalhamos juntos – Isaac deixou escapar, o ciúme cravando suas garras malvadas em suas costas, entre as omoplatas. – Scott, este é Levi, dançarino exótico e um conhecido lá da boate. – Isaac foi atingido duramente pela noção de que havia apresentado Levi usando seu nome verdadeiro, enquanto ele mesmo não poderia dispensar a mesma cortesia a Scott. Ele ia estragar tudo.

Respirando fundo, Isaac pousou um braço casualmente nos ombros de Scott para interromper a avaliação indisfarçável, bem como a admiração, do corpo dele da parte de Levi. Scott endureceu um pouco e Isaac o puxou para si.

– Enfie seus olhos de volta na cabeça e dobre a língua, meu camarada – começou ele –, pois esta aqui está… – Ele começou a dizer “fora do mercado”, mas achou presunçoso demais. Ele precisava ouvir a opinião de Scott antes de jogar algo assim e talvez tomar um passa-fora.

Ele enrijeceu o queixo diante daquele último pensamento. De jeito nenhum que Scott lhe daria um passa-fora. O olhar do moreno antes de Levi…

– Você está bem?

A voz de Scott o arrastou da massa de emoções confusas que ameaçavam espremer o ar de seus pulmões. Um breve meneio de cabeça foi o melhor que ele pôde oferecer.

Levi entrou em cena e estendeu a mão.

– É bom conhecer você, Scott.

Ele aceitou a mão estendida com confiança.

– Você também.

– Eu realmente lamento por ter esbarrado em vocês. – O sorriso de Levi era meio mau, meio angelical. – Fui à academia bem cedo. Então não só estou morrendo de fome como estou meio… Eu bati o ginásio mais cedo. Como resultado, eu não estou só morrendo de fome, como estou num barato de endorfina que está fazendo eu me arrastar.

Um rubor incomum tomou as bochechas de Scott quando ele focou no outro, e Isaac deu uma risada abafada.

– De qualquer forma, desculpem. – Levi meneou a cabeça em direção ao balcão. – Vocês já pediram?

– Não, mas Bad Angel prometeu que os crepes com coalhada de limão daqui vão fazer eu me oferecer para ser escravo dele pelo resto da vida. Eu me recuso a sair daqui sem prová-los.

Levi olhou para Isaac e arqueou uma sobrancelha.

– Bad Angel prometeu, é?

Isaac assentiu brevemente, lutando para recuperar o controle do momento.

– Não me odeie por causa do garoto enganchado no meu braço. – Ele sorriu. – Scott é totalmente meu tipo, e isto faz automaticamente com que não seja o seu.

Aquele foi o jeito mais claro que Isaac encontrou para dizer a Levi para manter suas patinhas gordas longe dele. O sujeito tinha a reputação de predador sexual, e Isaac não queria nenhum mal-entendido em relação a Scott. Ele também não queria que Levi o delatasse. O sujeito só botava fé no mais casual dos relacionamentos, e podia cogitar estragar a coisa de Isaac com Scott em prol dos interesses do amigo.

Depois do que pareceu uma eternidade, Levi assentiu.

Scott olhou entre os dois, a testa enrugada.

– Por que eu sinto que vocês estão tendo uma conversa telepática da qual deveria fazer parte?

Isaac acariciou o pescoço dele e o virou para si. Daí pôs a mão livre no quadril dele e lhe deu um beijo leve e terno, porém possessivo.

– Não é nada.

Levi pigarreou.

– Vou pegar meu pedido para viagem. Scott, por favor, aceite minhas desculpas por quase ter nocauteado… – Ele sorriu para Isaac – Seu traseiro. Espero ver você mais vezes.

Scott riu.

– Foi bom te conhecer também, Levi.

Assentindo para Isaac, o sujeito saiu contornando entre as mesas para chegar ao balcão.

Sua voz grave se juntou ao murmúrio de outros clientes enquanto eles voltavam a comer.

Isaac olhou para o garoto ainda tão bem acomodado em seus braços.

– Você está bem?

– Estou. E você? Você parece um pouco agitado.

– Eu só não queria te ver caindo, particularmente derrubado por um dos meus amigos.

– Ele balançou a cabeça. – Levi geralmente é muito mais sutil do que isso.

Scott deixou escapar um suspiro.

– Teria que ser mesmo se quisesse oferecer uma dança de colo alguém sem matá-lo.

A gargalhada de Isaac fez Levi olhar para trás, dando um sorriso lento. Ele deslizou um dedo pela garganta, imitando um movimento de degola.

Dando de ombros, Isaac percebeu que o sujeito estava certo.

Ele estava condenado.

Eles pegaram um brunch antes de sair novamente. Isaac estava vacilante sobre o que fazer a seguir. Gastar mais dinheiro no fim de semana seria doloroso porque ele ainda precisava resolver a confusão da matrícula de seu irmão. O conselho administrativo da Soberana ia vir ao final da semana, o que significava uma boa refeição em algum restaurante, tudo por conta da empresa – dele. E ele não podia ignorar o seu carro, uma vez que já parecia estar em seu leito de morte. Então, novamente, qualquer coisa que agradasse a Scott antes que ele lhe contasse a verdade valeria a pena.

Murmurando um palavrão, ele pegou o celular no bolso de trás da calça. Daí tomou coragem e fez o que parecia certo: reservou ingressos para assistir a Grease – Nos Tempos da Brilhantina, no Teatro Quinta Avenida, enquanto Scott estava no banheiro.

Algumas horas mais tarde, Isaac estava convencido de que tinha feito a escolha certa. Ele havia se lembrado do fraco que Scott tinha por musicais, e ao passo que o espetáculo tinha sido incrível, a reação dele havia sido melhor ainda. Ele se divertira tanto assistindo às reações do moreno quanto conferindo os artistas e cantando as canções.

Depois disso, eles passearam pelo Mercado Pike’s Place e Isaac comprou um buquê imenso de flores do campo para Scott. Tinha pensado em rosas primeiro, mas não eram “a cara dele”. Já as flores do campo… Embora cultivadas, conservavam uma característica selvagem e lhe falavam ao coração. Ele riu de si quando as pegou. E quando entregou a Scott, a reação dele pregou o coração Isaac no peito. Scott ficara calado, simplesmente enterrara o rosto nas pétalas macias, inspirando o perfume. Isaac estendeu a mão para ele ao mesmo tempo que Scott olhou para cima, olhos nadando em lágrimas. Ele acabara amassando as flores com o corpo ao enredar os dedos pelo cabelo do moreno e incitá-lo a ficar na pontinha dos pés para receber o beijo. Isaac perdeu-se nele, imune às preocupações da vida cotidiana e da aglomeração de pessoas murmurando ao redor, ciente que a magia do fim de semana estava esmorecendo ao passo que a vida real assomava do outro lado da meia-noite.

Pela primeira vez, Isaac sentiu um pouco de pena da Cinderela.

Ele pensou na batalha com a banca na semana seguinte, para financiar seu projeto de desenvolvimento, apesar das sérias restrições orçamentárias do projeto de engenharia. Daí pensou na reação de Scott quando ele revelasse que vinha escondendo seu nome e até mesmo parte de sua identidade. Ambos os lados lhe prometiam a ruína. Isso sem mencionar a reunião que Scott mesmo teria ao final da semana, e a qual ele não desejava afetar.

Que mal faria adiar a verdade por mais um dia ou dois?


Notas Finais


Falta pouco para a verdade vir a tona. Mas será que todo esse amor irá superar essa mentira?
Descubra nos próximos capítulos.
Até lá...


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