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História Stripper - Scisaac - Meu irmão terá um teste


Escrita por: MaxPosey

Notas do Autor


Olá meus queridos!
Essa semana eu postarei capítulos dessa fic diariamente, pois ela terminará antes do natal.
Como eu informei logo no inicio por se tratar de uma adaptação não terá continuação. Ela termina no capítulo 18.
Espero que gostem desse capítulo.
Boa leitura.. A foto usada é do Daniel Sharman e Gregg Sulkin como seu irmão mais novo.

Capítulo 9 - Meu irmão terá um teste


Fanfic / Fanfiction Stripper - Scisaac - Meu irmão terá um teste

A revisão esmerada da apresentação para o projeto da Soberana Desenvolvimentos tomara cada tiquinho das nove horas em que Scott se alocara no escritório. Ele revisou mais de uma vez os levantamentos geográficos, a avaliação de impacto ambiental e a viabilidade da zona de conservação natural que o resort iria patrocinar, recalculando a inclinação estimada pós-construção a fim de garantir que tudo estivesse certo, e a coisa toda levou tempo.

Ao fim, porém, ele soube que a Preservações estava pronta. O proprietário da Soberana estaria presente na reunião e Scott estava um pouco preocupado com isso. Ele tinha ouvido falar que ele era um cara durão no quesito economia de custos, mas as soluções que ele e sua equipe tinham proposto eram as mais acertadas. Talvez não as mais baratas, mas a Agência de Proteção Ambiental endossara como as melhores opções. E com o resort estando em Lake Washington, a solução certa iria expandir o desenvolvimento com grupos ambientais locais.

Enrolando os últimos esquemas, ele os enfiou no tubo de papelão e o colocou ao lado dos outros em sua mesa de desenho. Estava tudo pronto para segunda-feira. Scott poderia folgar no dia seguinte e ficar com Bad Angel.

Uma musiquinha digital soou. Pegando a pasta, ele fuçou até encontrar o celular, verificando então a mensagem de texto.

O jantar foi adiantado para 19h, mesmo local. Theo.

Olhando para o relógio, Scott percebeu que não seria capaz de chegar às 19h. Seu pai detestava atrasos. Ao mudar os planos para o jantar, ele tornara impossível para ele chegar a tempo.

– Babaca – murmurou ele, jogando o celular na pasta e lutando contra a vontade de correr para a porta. Não importava o que fizesse, ele ia se atrasar de qualquer jeito. Seu pai tinha armado para ele falhar, tirando seu equilíbrio antes mesmo de ele chegar ao restaurante.

A raiva surfou pelas ondas de náusea que lhe coroavam o estômago. Isso era tão típico dele. Ele não conseguia simplesmente dizer a Scott o que queria. Não, tinha de criar uma situação na qual a mesa de jantar se transformasse numa sala de reuniões e nada fosse o que parecia. Todos os comentários iriam ostentar insinuações e todas as respostas abrigariam repercussões.

A porta da garagem bateu atrás dele, quebrando o silêncio do estacionamento vazio enquanto ele caminhava até o carro, o bater dos sapatos soando alto no ambiente de pé direito baixo.

Nada sobre esta noite parecia muito promissor. Pelo menos Bad Angel estaria lá no final.

Muito embora as circunstâncias do encontro deles fosse mais um campo minado.

Convidá-lo ao Bathtub Gin só iria incitar fofocas, e ir ao clube de striptease estava fora de questão.

Talvez Scott pudesse convidá-lo a encontrá-lo em seu apartamento…. Levando os dedos aos lábios, ele sorriu. Ele passara o dia todo – e falhara – tentando não pensar no beijo, no gosto, na língua do loiro cacheado. Um arrepio o percorreu e ele esfregou uma coxa na outra. Cara, que língua. Ele tinha sido incrível, o amante mais minucioso e atencioso que ele já havia experimentado.

E havia mais naquilo tudo do que um casinho de uma noite, do que uma aventura casual. Isaac fora muito eficiente para com ele. Revelara-se compassivo, mas não frouxo; generoso, mas não arbitrário. Ele conseguira decifrá-lo, tomando um atalho para a fonte de sua ansiedade e dando-lhe segurança. Mas de que modo ele soubera o que dizer, o que fazer, como aliviar as preocupações dele, ainda era um mistério. Ninguém, ninguém, o decifrava tão bem, exceto Allison, e a amiga levara anos para aperfeiçoar tal arte.

Uma névoa suave caiu, ficando densa o suficiente para exigir o uso constante dos limpadores de para-brisa quando Scott chegou ao estacionamento do restaurante.

Aguardando na fila por um manobrista.

Um incômodo o apunhalou nas têmporas quando viu Theo saindo das portas dianteiras para recebê-lo. Ultimamente, aonde o pai dele ia, Theo ia atrás. Alto e incontestavelmente bonito de uma forma refinada e endinheirada, Scott tinha de admitir que ele era um colírio para os olhos. Mas isso não queria dizer que ele desejava passar suas manhãs acordando para encontrar aquele rosto. Quanto antes ele aceitasse tal fato, melhor.

O sorriso sonolento de Bad Angel passou pela mente dele. Ele se revelara tão sexual e bruto, até mesmo primitivo, quando acordara naquela manhã. Scott mordeu o lábio.

Theo disse algo para o supervisor do manobrista, entregando-lhe discretamente algumas notas de dinheiro, daí apontou para o veículo de Scott. O sujeito assentiu e foi até ele. Vários outros motoristas se viraram, irritados, para ver o que estava acontecendo, para saber quem era o homem digno de merecer atenção tão imediata. Um sujeito chegou a baixar o vidro de sua janela e dizer algo grosseiro ao manobrista. O jovem assentiu e respondeu, mas ainda assim ignorou os três carros à frente de Scott para ajudá-lo a sair de seu carro, deixando então um tíquete de vaga no banco do motorista.

A mão firme de alguém pousou na cintura dele, puxando-o para um corpo igualmente firme.

– Você está maravilhoso.

Fechando os olhos, ele levou um momento para se situar.

– Por favor, tire a mão do meu quadril, Theo.

– Não precisa ser tão frio Scott. Estou simplesmente guiando você até o restaurante.

Vou te levar para onde você quiser ir – murmurou ele, injetando as palavras com uma sexualidade sugestiva que reverberou na pele de Scott.

– Você se refere a este prédio grande, bem iluminado e movimentado bem na minha frente? Tenho relativa certeza de que eu sou capaz de encontrá-lo sozinho, obrigado. – As palavras do moreno ganharam um calor proporcional à frieza da reação dele.

– Você certamente não se mostrou avesso a ter mãos masculinas em cima de você mais cedo.

Ele se afastou do alcance dele e se virou para encará-lo.

– Perdão?

– Eu vi você com ele, você sabe. A vista era ótima do saguão. – Theo o fitou brevemente.

– Mas por que você mandaria um homem subir pelas escadas laterais em vez de deixá-lo passar pela entrada principal com você? Vergonha dele?

Uma fúria, tanto por ter sido espionado quando pelo conteúdo da declaração, o fez explodir.

– Aquilo não é da sua conta. Aprenda a aceitar um não como resposta. – Tomado pela raiva, Scott deu meia-volta e seguiu para a entrada do restaurante.

Theo o acompanhou.

– Você pegou chuva e estava com olhos brilhantes e lábios inchados. Não banque o contestador comigo, Scott. – Theo pareceu se recompor assim que abriu a porta e gesticulou para Scott entrar. – Seu pai está aguardando. Depois de você.

O moreno quase saltou para longe, colocando distância suficiente entre eles para que Theo não conseguisse tocá-lo sem que ficassem numa posição esquisita. Com o coração na garganta, ele queria fugir. Ele queria estapeá-lo. Queria destruí-lo verbalmente. Mas não podia fazer nada disso. Só lhe restava então meio caminhar, meio correr em direção às portas da frente, e daí entrar, assim seria menos provável que Theo colocasse as mãos nele outra vez.

Um funcionário pegou seu casaco e lhes entregou mais um tíquete. Enfiando-o dentro da pasta, Scott parou diante do maître.

– Mesa de Rafael Mccall.

Theo a segurou pelo cotovelo e eles contornaram o pódio juntos.

– Nós já nos acomodamos. Por aqui, jovem Mccall.

Mais uma coisa para me tirar dos eixos. Ele permitiu que Theo o guiasse em direção a uma mesa tranquila nos fundos, mas puxou o braço para sentar-se na cadeira que Theo havia puxado para ele. Seu pai não se deu ao trabalho de levantar.

Rafael Mccall pegou o bourbon que era sua marca registrada e bebeu um gole generoso, fitando Scott por sobre a borda do copo.

– Você está atrasado.

No último segundo, ele silenciou a ânsia de se desculpar. Em vez disso, soltou:

– Você tornou impossível para mim fazer de outro jeito.

– Eu te incentivo a ser melhor, a prever as coisas. O que você faz, ou deixa de fazer, é responsabilidade sua. Não minha.

Um fio de mágoa se enredou pelo tecido de suas emoções, criando malignamente um buraco em sua raiva injustificada. Scott se agarrou àquela raiva, porém, recusando-se a ceder. Era isso que seu pai queria, que ele reagisse, e Scott não ia lhe dar tal satisfação.

Abrindo o guardanapo com brusquidão e colocando-o no colo antes que o garçom pudesse auxiliá-lo, ele olhou para o outro lado da mesa.

– Você me ensinou a aceitar grandes responsabilidades.

Ele fez uma pausa, o copo a meio caminho dos lábios, daí aguardou.

Scott deu de ombros.

– E a força necessária para isto foi o que garantiu minha resistência para aguentar toda a decepção que você empilha em cima de mim constantemente.

Os olhos de Rafael Mccall brilharam perigosamente.

Preparando-se, Scott aguardou.

Rafael desviou o olhar quando o garçom apareceu e perguntou a Scott o que ele gostaria de beber.

– Cerveja Michelob Light, na garrafa – respondeu, dando uma olhadela ao pai que o desafiava a comentar sua escolha “comum”.

Ele não disse uma palavra.

Até o garçom se afastar.

Inclinando-se para frente, ele colocou o copo na mesa com a mesma precisão calculada com a qual parecia fazer tudo. Tudo, exceto amar o filho. Antebraços na mesa, ele entrelaçou os dedos.

– Eu sei que seu pequeno empreendimento de engenharia recebeu aprovação da Agência de Proteção Ambiental para construir o Chok Resort. – Ele piscou devagar. – Conte-me sobre suas soluções de escoamento e estimativas de custos para a implementação.

O garçom voltou e colocou a bebida diante de Scott. Ele perguntou se gostariam de fazer os pedidos para o jantar, mas ele o deteve.

– Você poderia nos dar alguns minutos? Eu sequer tive tempo de olhar o cardápio.

– Claro. – Com um meneio de cabeça para os homens, o garçom os deixou.

Voltando sua atenção para o pai, Scott obrigou suas mãos a permanecerem abertas e leves em seu colo. Nenhum dos dois homens precisava saber que o estresse passeava sinuosamente dentro dele. Seu pai, em particular, presumiria que estava sendo capaz de afetá-lo. É claro que ele presumiria isto. E estaria certo. Mas ele se recusava a lhe dar provas de seu poder. Ele que vá para o inferno.

– Você está me pedindo para compartilhar informações confidenciais? – Ele tomou um gole de sua cerveja.

– Não é confidencial. Você é da família. Você tem a obrigação de fazê-lo – respondeu ele com voz tão baixa que Scott se viu obrigado a se inclinar para frente a fim de ouvi-lo.

– Eu tenho a obrigação de atender aos interesses do meu cliente, e é do interesse dele que eu mantenha a confidencialidade das informações. Eu não devo nada à família. – A veemência com que ele pronunciou a última parte da frase o pegou desprevenido. Scott nunca havia expressado tal sentimento. Ah, ele já havia pensado aquilo, definitivamente acreditava naquilo, mas nunca havia verbalizado.

Seu pai espalmou as mãos sobre a mesa e se inclinou para frente, a voz ganhando o tom duro que ele usava para intimidar seus concorrentes. Que azar o dele Scott já estar acostumado àquilo, afinal ele havia crescido ouvindo aquele mesmo tom.

– Escute aqui, Scott Mccall. Nesta manhã, recebi informações de que a empresa de desenvolvimento está passando por problemas financeiros. Isso significa que tenho a oportunidade de assumir o controle do projeto. Estamos falando de um salário de sete dígitos, Scott. Para a família. Posso garantir a entrada de tantos novos projetos para sua empresinha de engenharia que você vai precisar dobrar a equipe para dar conta.

Scott tirou o guardanapo do colo, afastando-se da mesa e se pondo de pé. Estava arquejando

– Você está querendo me pagar para obter informações.

Seu pai também ficou de pé, e Theo o imitou.

– Eu estou me oferecendo para pagar mais do que a concorrência a fim de garantir que o projeto vá para a empreiteira mais competente. Nada mais.

– Não. Você está me subornando. Pinte como quiser, mas o que você está fazendo é antiético e ilegal. – Scott atirou o guardanapo na mesa. – Eu não trabalho assim, sr. Mccall, e nem a Preservações.

Rafael arqueou uma sobrancelha para ele. – Sempre tão ingênuo, mesmo quando confrontado com fatos irrefutáveis. Mas sua empresa trabalha desse jeito, sim.

Com o estômago entrando em queda livre, Scott entendeu o que ele estava dizendo: as informações sobre a aprovação da APA tinham vindo de um espião de dentro de sua empresa. A bile queimava sua garganta, obrigando-o a engolir convulsivamente.

– Não é ingênuo, é apenas decepcionante, mas este sentimento não muda minha resposta. Você não vai receber a informação que deseja, nem de mim, nem de qualquer pessoa em minha folha de pagamento. – Esforçando-se para pegar casualmente os tíquetes do estacionamento e da chapelaria, ele enfiou a pasta debaixo do braço. – Agora, se você me der licença, tenho outros compromissos.

– Não fuja disso, Scott – disse Theo, seu tom de voz baixo.

– Nunca pense que você pode me dizer o que fazer. – Ele encaixou a cadeira embaixo da mesa. – Nunca mais se aproxime de mim. Nenhum de vocês. – Caminhando com a famosa precisão dos Mccall, ele virou-se e seguiu para a entrada do restaurante, ignorando o pedido suave de Theo para que parasse.

As mãos de Scott tremiam quando ele recebeu o casaco. Tremiam quando ele deu uma gorjeta ao manobrista. Tremiam quando ele agarrou o volante do carro. E ainda estavam tremendo quando ele chegou ao Bathtub Gin para a confraternização da empresa.

E tinha a sensação de que suas mãos não iam parar de tremer até ele cair nos braços de Bad Angel outra vez.

Isaac se cortou fazendo a barba. Duas vezes. E furioso como estava, ele teve sorte por não ter cortado a garganta. Seu “irmão” finalmente retornara a ligação… Enquanto estava no ônibus, voltando para casa. Daí explicou que não era elegível para se rematricular na faculdade até que sua taxa de matrícula estivesse quitada com recursos certificados.

Recursos que Isaac não detinha no momento.

Ele se cortou de novo.

– Continue assim e você vai entrar no palco com a cara de quem foi barbeado pelo Jack estripador  – murmurou ele, dando um último golpe com a lâmina.

Dando batidinhas nos cortes, ele se limpou antes de pegar uma calça jeans e uma camisa de rugby, vestindo as calças, mas jogando a camisa em cima da cama. Não havia necessidade de sangrar todo o colarinho.

Scott tinha um compromisso no Bathtub Gin esta noite. Ele se perguntava se o moreno iria aparecer na boate depois. Tal pensamento o deixou um pouco enjoado. Não havia vergonha em fazer o que ele fazia para ganhar a vida, mas Isaac não queria que ele o visse dançando no palco ou servindo mesas depois. Era um universo muito distante de um jantar no Metropolitan. Caminhando pelo quarto, ele deixou a mente vagar enquanto aguardava a cessão do sangramento da ferida mais profunda no rosto. O que ele está fazendo? Que tipo de cueca ele vai usar hoje? Será que ele está pensando em mim? Na gente?

O último pensamento o fez rir alto.

– Estou me transformando no estereótipo feminino nesse relacionamento. – Esta palavra, relacionamento, ainda fazia o seu estômago se contorcer preguiçosamente, revirando-se numa torção impossível, como se fosse um membro da trupe dos contorcionistas da Mongólia.

Ele nunca tinha se amarrado a alguém. Nunca. Até agora. Scott o fizera mudar, enlouquecendo-o da melhor forma possível, e ele desejava receber muito mais dele e com ele. Mas, com dois empregos e o futuro de seu “irmão” em jogo, Isaac não podia bancar a distração por muito tempo mais. Eles haviam concordado em manter a relação casual, e assim seria, era assim que tinha que ser.

Apoiando-se em sua cômoda, ele olhou no espelho e retrucou:

– Concentre-se, cara. Concentre-se.

– Você está falando sozinho?

Isaac fechou a boca e encontrou o reflexo de Blake no espelho da cômoda. Seu “irmão” estava sem camisa e se recostou na porta, os braços cruzados sobre um torso admiravelmente modelado.

– Você andou malhando.

Blake arqueou uma sobrancelha e bufou.

– Bem, sim. De que outro jeito eu poderia competir com você?

Aquietando-se, Isaac nem sequer piscou quando perguntou:

– Do que você está falando? – A única resposta que veio foi um dar de ombros desconfortável da parte de Blake, então Isaac pressionou. – Estou falando sério, Blake. Em quê você está competindo comigo?

– Tanto Faz. Esqueça que eu disse alguma coisa. Foi só um comentário estúpido. – Ele se afastou do batente da porta, o olhar baixo.

– Pare aí. – O comando na voz de Isaac foi inegável.

Blake parou e olhou para trás, o rosto mal-humorado.

– O quê é?

– Responda-me, Blake. Você não pode soltar algo assim e simplesmente sair. – Ele cruzou os braços e abriu os pés, erguendo o queixo apenas o suficiente para fitar seu irmão caçula. Era sua posição clássica de diretor de empresa, aquela que geralmente lhe levava ao que queria ou aonde desejava chegar.

– Você é sempre tão responsável, controlado e tal. Você ganha um dinheirão tirando a roupa. A mulherada cai matando em você todas as noites, sendo que você pode escolher a que quiser. Você tem este serviço de dia que também rende uma grana. É que… Você tem tudo no esquema enquanto eu fico por aí, sentado na sala de aula me perguntando o que diabos vou fazer da vida. Eu não sei para onde ir ou o que fazer, mas aí olho para você e… – Ele parou, os olhos arregalados.

– Parece que você andou segurando isto por um tempinho. Por que não conclui seu raciocínio…? – incentivou Isaac suavemente. Quando o olhar arregalado de Blake se desviou, Isaac relaxou e enfiou as mãos nos bolsos. – E o quê, Blake?

– Eu quero o que você tem. – Ele fechou os olhos e suspirou. – Tudo.

Isaac queria gargalhar e gritar, abraçar o irmão e chacoalhar o garoto que enxergava apenas o que Isaac queria que ele enxergasse. Respirando fundo várias vezes, ele se concentrou em Blake.

– Olhe para mim, cara. – pediu Isaac. Blake hesitou. – Eu não estou de sacanagem. Olhe para mim.

Ele ergueu o olhar para Isaac, a complacência quase desafiadora.

Isaac sorriu.

– Você é mais parecido comigo do que imagina. – Ele cerrou os punhos para conter a vontade de passar os dedos pelo cabelo, o que acabaria por bagunçá-lo. Olhando para o relógio, Isaac lutou para não estremecer. Ele ia se atrasar se aquela conversa franca demorasse mais do que cinco minutos, e pela sua experiência, essas coisas sempre levavam muito mais tempo. Mas era seu irmãozinho ali. Se precisasse, ele ia falar até o sol nascer. Nada era mais importante. A imagem de Scott adentrou sua mente e o assustou, mas Isaac a afastou. Respirando fundo, ele disse: – Blake, o que você enxerga é apenas superficial.

– Isso não é verdade. Eu sei o que rola com você – interrompeu Blake.

– Eu não quis dizer o contrário, não é? – Isaac se aproximou do irmão e sentiu o abismo de anos e responsabilidades entre eles, as duas coisas que os tornavam tão diferentes. Blake ainda tinha a opção de sonhar grande. Isaac precisava agir grande. Ponto.

Um grãozinho de ressentimento que ele acreditara ter se dissipado há muito, de repente, assentou-se em seus pulmões e deixou seu peito desconfortavelmente apertado.

Agarrando a nuca de Blake, Isaac pressionou suavemente. – Blake, eu me mato de trabalhar, tiro a roupa por gorjetas de um e cinco pratas e sacudo minha bunda para mulheres quatro noites por semana. Não tem glamour nenhum nisso. O trabalho é duro, exige tanto fisicamente quanto emocionalmente. Essas mulheres… – Ele tentava encontrar a melhor maneira de colocar – Elas querem a ilusão, não a realidade. Você não entende?

Elas não querem a mim. Elas querem o homem que pensam que Bad Angel é.

O coração dele quase parou. Não é isso que Scott quer? Não é isso que dei a ele? Inferno, ele

sequer revelara a ele seu nome verdadeiro.

Balançando a cabeça com veemência, ele deixou escapar um suspiro.

– Eu daria qualquer coisa para erguer a empresa e ganhar o suficiente para que pudéssemos sobreviver confortavelmente com a renda, mas isso pode demorar um pouco. Diabo, pode inclusive não acontecer. – Baixando a mão, Isaac encostou a testa no batente da porta. – Só… Não inveje o que você não entende completamente.

– Por que você nunca me disse como as coisas eram difíceis? – A pergunta serena de Blake carregava um tom acusatório.

Isaac virou a cabeça para o lado para enfrentar o irmão quase olho no olho.

– Porque eu queria que você tivesse a oportunidade que me foi roubada quando papai e mamãe morreram.

Blake engoliu em seco, então fez a única pergunta que Isaac não queria responder:

– Qual oportunidade?

– A opção de escolher, cara. De escolher o que você quer ser, quando, como e onde.

Eu quero isso para você. Eu quero que seja colocado diante de você feito um cardápio, assim você só vai precisar apontar e dizer “Isto. É isto que eu quero”. E aí você corre atrás.

Blake ficou sério.

– E quanto a você? E quanto ao que você quer? Você não pediu para ser responsável por mim quando eles morreram. Você não pediu pela responsabilidade de me sustentar ao longo da faculdade e essa porcaria toda.

Isaac se afastou do batente devagar, o peito tão apertado que ele mal conseguia respirar.

– Não, eu não pedi por esta responsabilidade, mas você é meu irmão. Eu quero o melhor para você. Nada abaixo disso. E vou fazer o que for preciso para garantir que você tenha.

Desta vez, Blake encontrou o olhar de Isaac, firme e seguro.

– Você devia ter sido honesto comigo sobre o lance financeiro, Isaac. Posso fazer algumas coisas para ajudar. A coisa toda não tem a ver só com você. Estamos falando da minha vida também… Eu deveria poder assumir pelo menos metade da responsabilidade por ela.

Isaac deu uma risada explosiva e balançou a cabeça.

– Está bem. Vou ser mais transparente com as finanças.

– Não só isso. – Blake não desviou o olhar. – Você precisa me contar quando a gente estiver em apuros. Quando eu posso ajudar. Tenho 22 anos. Eu dou conta de encarar a verdade.

– Entendi.

– Então confie em mim.

A franqueza na afirmação de Blake golpeou Isaac com força suficiente para fazê-lo dar um passo para trás. Disfarçando, ele virou-se e pegou sua camisa na cama.

– Isaac?

– É justo assim. – Com as mãos trêmulas, Isaac vestiu a camisa. – Prometa-me uma coisa.

– O quê?

– Apenas prometa.

– Não até eu ouvir o que é.

Isaac olhou para trás, sorrindo.

– Você é sempre tão cético assim?

– Eu cresci com você. Eu conheço suas jogadas, então sim, eu sou cético.

Isaac sorriu, embora fosse a última reação que esperava ter.

– Nunca trabalhe fazendo striptease.

– Não vai rolar, mano.

Isaac quase engasgou.

– Estou falando sério, Blake.

– Eu também. Eu estava pensando em experimentar. Se eu não gostar, sempre posso fazer outra coisa, mas este é o dinheiro rápido do qual precisamos.

Isaac vestiu a jaqueta de couro. Respirando fundo, encarou Blake.

– Espere alguns dias. Deixe-me ver se o acordo com a Soberana vai dar em alguma coisa.

– Marquei um teste para amanhã às 14h com o Levi.

– Você já telefonou para ele?

– Eu acordei o sujeito. O cara é meio mal-humorado de manhã, hein?

– Que eufemismo. Está bem, só me prometa que você…

– Sem promessas, Isaac – interrompeu Blake. – Você não pediu minha permissão quando começou a tirar a roupa.

– Era uma situação totalmente diferente. Eu não quero que seu currículo acabe com algo que o impeça de conseguir o emprego que realmente deseja.

Blake deu de ombros.

– Talvez eu goste de fazer isso. Nunca se sabe.

Isaac abriu a boca para responder, então desistiu. O que ele poderia dizer? Que possível argumentação poderia utilizar com um garoto bonito de 22 anos que provavelmente ia gostar de fazer striptease?

Alongando os ombros, ele pegou o celular na cômoda e passou por Blake.

– Lembre-se de usar camisinha – murmurou.

– Eu nem comecei a trabalhar ainda.

– Eu estava me referindo ao teste.

Blake empalideceu.

– As mulheres chegam cedo para pegar os dançarinos – disse Isaac, rindo.

– Oh! Achei que você quisesse dizer que…

– Não. Levi pratica a heterossexualidade como um fanático. Ele fica louvando alguém todas as noites, religiosamente.

Blake sorriu.

– Meu emprego ideal.

Isaac balançou a cabeça, saindo do quarto e seguindo para a porta da frente.

Parte dele morria diante da ideia de ver Blake desistindo da oportunidade de sonhar grande em troca de um retorno imediato, de curto prazo. Às vezes, o sonho maior valia muito mais do que a realidade imediata – algo que ele precisava manter em mente no que dizia respeito a Scott. Sim, ia ser mais fácil para os dois se ele rompesse tudo hoje à noite.


Notas Finais


Espero que tenham gostado desse capítulo, eu não sei vocês, mas eu estou ansioso para o momento em que o Scott descobrir que o Bad Angel é o Isaac Ceo da empresa que ele fará o trabalho.
Até o próximo capítulo.


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