1. Spirit Fanfics >
  2. Stupid Wife >
  3. Especial: Destiny.

História Stupid Wife - Especial: Destiny.


Escrita por: Horse

Notas do Autor


OLÁ CARINHAS! SURPRESA!!!!!!!!!!!!!

Como vocês estão???? Espero que esteja bem, de verdade.

Bem, eu sei que a fanfic já foi finalizada e muitos de vocês devem ter até enjoado, porém eu prometi a algumas amigas e outras pessoas que faria um capítulo todo sobre o crescimento da Destiny bem resumido junto com o crescimento do Louis. Lari sabe que esse capítulo é especial principalmente para ela.

Espero de verdade que vocês gostem, não tenho nenhuma frase de efeito para lhes dizer, apenas...

Vamos matar as saudades de Stupid Wife?

tenho surpresinhas no twitter, confiram lá depois meu @ é horsinha

Capítulo 41 - Especial: Destiny.


Fanfic / Fanfiction Stupid Wife - Especial: Destiny.

K. Camila Cabello Jauregui.

O ressonar tranquilo de Lauren é o único som, além do barulho que o ar-condicionado, que pode ser ouvido em nosso quarto. Sorrio para a imagem adormecida de minha esposa. Ela é tão linda, não consigo acreditar que sou casada com uma mulher dessas.

Com todo cuidado do mundo eu retiro o cobertor dela, revelando aos poucos sua barriga enorme. Meu coração acelera dentro do peito, o sentimento de posse e orgulho toma conta de mim. É inexplicável a sensação de saber que ali dentro da minha esposa está habitando uma vida.

A vida do nosso bebê.

Tenho orgulho de ter a esposa que tenho e da nossa família e da vida que construímos. Jamais, em hipótese alguma quando era mais nova, imaginei que teria uma vida tão maravilhosa assim. Imaginei-me casada diversas vezes, mas nenhum sonho chegou perto da minha realidade.

Eu não poderia estar mais feliz por estar casada com Lauren Jauregui. Sem dúvidas, não existe pessoa melhor para estar comigo. Porque ela me transforma em uma nova Camila, me faz feliz e cuida de mim.

Lauren e eu somos praticamente uma só, ela é minha pessoa.

Uma brisa gelada bate contra nossos corpos, mesmo com a pouca luz posso ver os pequenos pelos dos braços dela se arrepiarem. Sob minha mão sinto quão afetada ela tinha ficado com o ar gélido. Aliso sua pele, tentando aquecê-la com as palmas de minhas mãos. Cubro-a de volta, não quero que ela acorde por um descuido meu. Sorrio ao vê-la resmungar algo enquanto estica os braços buscando alguma coisa para agarrar, provavelmente procurando por mim. Volto a deitar-me, deixando que ela me abrace. Ouço-a suspirar e retiro os cabelos de seu rosto, acariciando suas bochechas cheias.

Tão linda e tão minha, penso ao observar seu rosto sereno. Sou sortuda demais por ter sido presenteada com essa mulher na minha vida. Por alguma razão tudo conspirou ao nosso favor com a intenção de juntar nós duas. E até mesmo quando tudo pareceu perdido, o destino conspirou para que ficarmos juntas. Somos como o imã pessoal uma da outra.

Nunca vou conseguir agradecer o suficiente por ter Lauren ao meu lado.

Jamais serei uma grande merecedora do amor dela porque ninguém é digno o suficiente de ter Lauren Jauregui como esposa.

Mas eu tenho todo o tempo do mundo para tentar ser o suficiente para ela.

Eu jamais pararia de tentar ser um por cento da esposa e mulher incrível que ela é.

Porque Lauren é o meu espelho e eu quero me refletir nela.

××××××××××××××××××××××××××××××××××

Dias atuais.

 

Lembrar-me dos meses de gestação da Lauren sempre me faz bem. Sinto-me emocionada e realizada por saber que agora tenho tudo o que preciso. Uma esposa maravilhosa e dois anjinhos como filhos. Eu poderia escolher mais? Não, eu não poderia. E nem gostaria se pudesse.

Estou plenamente feliz assim.

Olho para a cama onde minha esposa descansa, após horas em trabalho de parto. Não me lembro da minha exaustão ao dar a luz a Louis, porém pude ver em Lauren quão exausta ela estava quando finalmente trouxe nossa pequena ao mundo. Vou até o pequeno berço onde nossa pequena Destiny descansa. Ela dorme serena e profundamente, completamente alheia a qualquer coisa ao seu redor. Sinto meu coração disparado, um sentimento de cuidado e posse ao contemplar seu rostinho.

Tão pequena e inocente; pura. Livre de qualquer maldade que esse mundo nos traz. Vê-la ali, tão frágil e adorável fez com que eu sentisse uma vontade absurda de protegê-la de tudo e todos. Queria mantê-la para sempre desse tamanho, apenas para não ver o momento em que ela deixará Lauren e eu.

Não consigo lidar com o fato de Louis estar cada vez maior, imagino como será difícil quando acontecer o mesmo com minha pequena Destiny.

Destiny.

Lauren não poderia ter escolhido um nome melhor.

Eu realmente acredito que toda nossa vida foi traçada pelo destino. Desde que nos conhecemos, era como se no fundo, nós duas sempre soubéssemos que estávamos destinadas uma a outra. Talvez por isso eu sempre tenha tentado odiá-la ao máximo e ficar o mais longe possível. Por medo de toda essa conexão que nos cercava.

Que grande estúpida eu sou.

Como eu poderia fugir do amor da minha vida? Ela sempre voltaria para mim de qualquer forma.

Lauren é meu imã.

— Você é tão linda, minha pequena. – Com delicadeza seguro seus dedinhos, tão pequenos e frágeis. Destiny abre os olhos quase que instantaneamente, como se soubessem quem sou eu. Um sorriso enorme rasga meu rosto, impossível não sorrir ao ver aqueles pequenos olhos curiosos. Ela parece tentar identificar onde está; olhando tudo em volta. — Será que você está com fome? – Eu sabia como cuidar de um bebê, mas ainda era completamente ignorante com relação a identificar as necessidades deles. Meus pais e Ally sempre me ajudaram nisso quando eu cuidava de Sofia. — Oi, meu amor.

Com extremo cuidado a pego no colo. É muito difícil pegar um recém-nascido no colo, você fica com medo de machucá-lo ou acabar o derrubando. Eles são tão pequenos e indefesos. Pergunto-me como existe algum monstro que pode fazer mal a esses pequenos anjos.

Meus olhos estão cheios de lágrimas, colo Destiny em meu peito e começo a balançá-la para um lado e para o outro. O sorriso nunca deixando meu rosto, meu coração acelerado dentro do peito e a respiração baixa, quase falhando. Eu estava completamente hipnotizada pela minha filha. Poderia admirá-la para sempre. Observando-a melhor, depois que seu rostinho pareceu menos inchado, pude observar o quanto ela tinha os traços de Lauren.

Agora mesmo que eu iria ser completamente apaixonada por ela. Se ela crescesse e se tornasse uma mini Lauren eu não poderia controlar meu amor por ela. Seria uma tola por minha filha assim como sou pela mãe dela.

Destiny mexeu as mãozinhas, apertando meu dedo indicador que estava preso em sua mão direita. Ela parecia tentar chamar minha atenção.

— Você é tão linda, pequena. – Sussurrei outra vez, sem parar de balançá-la. Nunca iria deixar de frisar o quão bela minha pequena filha é. Destiny ouviu minha voz e seus olhos curiosos focaram em meu rosto. Não sabia se ela entenderia alguma coisa, ou se ela iria saber quem sou eu. Mas eu senti, naquele olhar, que no fundo ela sabia sim. — É o melhor presente que sua mamãe poderia ter me dado. Sabia? Você sabia disso, meu amor? Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida desde que eu descobri que amava Lauren e tinha um filho incrível. Sabia que você tem um irmãozinho?

Caminhei em direção à poltrona no canto do quarto, um pouco distante da cama onde Lauren ainda dormia profundamente. Sentei-me calmamente, não querendo fazer algum movimento brusco e acabar escorregando com minha pequena em meus braços. Ela está com os olhinhos presos em meu rosto, bem arregalados, extremamente curiosos. Sorrio para ela, acariciando os poucos cabelos em sua cabeça. Destiny abre e fecha a boquinha algumas vezes, fazendo sonos baixos de estalos.

— Sua mamãe e eu temos uma história muito bagunçada, sabia? – Ela estava me encarando fixamente. — Eu a odiava, você acredita? É, eu sei. A mamãe era um idiota com sua outra mamãe. – Toquei a ponta de seu nariz, alisando-o. — Nós duas tivemos muitos desentendimentos. Brigamos por motivos idiotas, eu fui uma estúpida com sua mamãe e ela só queria me dar amor. – Destiny mexeu as mãozinhas, era como se ela estivesse me repreendendo por isso. Sorrio em meio às lágrimas acumuladas em meus olhos. — Sim, eu sou uma estúpida.

Passei a mão devagar por sua testa, eu achei que teria mais medo de segurá-la, porém, estava me saindo super bem. Era como se eu estivesse segurando uma joia muito rara, era meu pequeno mundo ali nos meus braços. Mal tinha a conhecido e já daria minha vida por ela sem pensar duas vezes.

— Eu sei que fiz muito mal a sua mamãe, ela nem deveria olhar na minha cara, quem dirá me amar. Mas posso te contar uma coisa? Eu seria capaz de revirar o mundo, ir até a lua e rastejar aos pés dela para trazê-la de volta se ela fosse embora. – Levantei a cabeça, olhando para Lauren, que ressonava tranquila, imersa em seu sono. Sorrio, meu coração ainda acelerado. Eu o sentia bater com força contra o meu peito, como se quisesse saltar para fora. — Sua mamãe trouxe o sentido para minha vida, ela diz que eu a salvei, mas é ela quem me salva todos os dias.

Senti as lágrimas de começarem a escorrer por minhas bochechas, olhei para cima, respirando fundo. Destiny começou a remexer-se em meu colo, parecendo querer atrair minha atenção. Mantive firme um braço envolto nela e levei a outra mão até meu rosto, secando as lágrimas. Olhei para minha pequena filha em meu colo, seus olhinhos já pareciam estar pesados. Ela iria dormir em questão de segundos se eu continuasse a ninando.

— Pode dormir pequena. A mamãe vai estar aqui para você quando acordar. Eu sempre vou estar aqui.

Jamais sairia do lado da minha filha, eu já não sabia viver sem ela.

(..)

Dois dias depois, Lauren recebeu alta, finalmente. Ela estava nitidamente exausta, sua noite de sono não foi tão boa, pois nossa pequena filha lhe deu um pouco de trabalho. Eu nunca fui muito boa em acalmar crianças pequenas, portanto, minha esposa teve que ficar encarregada de fazer nossa pequena Des voltar a dormir tranquila todas as vezes em que acordou chorando.

Imagino que serão dias difíceis e noites mal dormidas. Porém, eu não estou com medo disso. Na verdade quero muito esses momentos, mesmo que eu vá ficar exausta depois, e mesmo que um dia eu pense em desistir de tudo. Sei que pode acontecer, mas jamais irei abandonar minha mulher e meus filhos. Minha família é tudo para mim.

Eu sinto vontade de poder voltar no tempo e conversar com a antiga Camila. Lauren e eu poderíamos ter vivido uma história tão intensa de um daqueles amores dignos de um filme de romance clichê. Mas também, talvez devêssemos passar por tudo isso e chegar onde estamos.

Lauren não foi meu primeiro beijo, mas ela foi e é o único beijo que realmente importa. O beijo que me fez perceber que eu não precisaria beijar ninguém mais nesse mundo além dela. Meus lábios pertencem a ela, assim como todo meu corpo e alma. Ela está presa em mim, marcada como uma tatuagem invisível sob minha pele.

O registro de Destiny pôde ser feito no hospital mesmo – o que irei agradecer a Deus todos os dias por ser menos cansativo – sendo assim, minha filha ficou com o nome de Destiny Cabello Jauregui. Um nome forte para uma pequena bebê linda. O caminho de volta para casa foi tranquilo, Louis estava em sua cadeira no banco de trás descansando e Lauren ao meu lado, com nossa filha em seu colo, segurando-a com toda segurança. Sei que não é recomendável que ela venha na frente com a bebê recém nascida, mas entendi seu desejo de não querer soltar nossa pequena. Além do mais eu estava sendo bem cuidadosa no volante.

— Deixe que eu te ajudo. – Falo assim que estaciono na garagem de casa. Retiro meu cinto de segurança e abro a porta, dando a volta para abrir a porta do carona. Seguro uma mão de minha esposa, ajudando-a descer do carro. — Tudo bem?

Questiono apenas por precaução, Lauren concorda com a cabeça, cobrindo a cabeça de nossa filha com a manta.

— Não esqueça o carinha no carro.

Lembrou-me assim que entramos em casa. Sorrio para ela, esticando-me para lhe dar um beijo na testa.

— Volto logo para cuidar de você.

(…)

Já é noite, Louis e eu estamos no sofá assistindo Hora de Aventura. Lauren está descansando em nosso quarto com Destiny. Por enquanto nossa filha dormiu serenamente, ela não parecia ser muito agitada e eu espero que continue assim.

— Mommy, quando eu poderei brincar com a Des?

Louis questiona, virando-se de lado em meus braços. Seguro em sua cintura, colocando-o em meu colo para olhar em seus olhos. Os cabelos dele estão grandes do jeito que Lauren e ele amam, estou aprendendo também a lidar com esse fato. Pego sua pequena mão e entrelaço nossos dedos.

— Vai demorar um pouco, carinha. – Ele sorri com a menção do apelido carinhoso que Lauren usa para referir-se a ele. — Sua irmã ainda é muito nova, ela não irá fazer muitas coisas além de dormir e comer.

— Mas eu quero brincar com ela, mommy.

Faz bico, um lindo e adorável beicinho na ponta de seus lábios. Uso minha mão livre para segurar seu nariz e fazer um pouco de pressão no mesmo, Louis sorri, achando graça.

— Eu sei pequeno, mas os meses vão passar rápido. Logo vocês dois estarão correndo pela casa brincando de pega-pega.

— Oba! – Ele exclama alto demais, logo em seguida arregala os olhos e pressiona os lábios. Seu olhar é culpado. — Foi sem querer, espero não ter acordado a mamãe.

Olho para o topo da escada apenas para conferir se vejo alguma movimentação ou ouço algum barulho, mas tudo continua na maior calmaria. Lauren deve estar exausta depois de ter acordado diversas vezes durante a madrugada para cuidar de Destiny.

— Eu acho que sua mamãe não vai acordar tão cedo.

XX XX XX XX XX XX XX XX XX XX XX XX XX

 

Lauren M. Cabello Jauregui.

 

O choro alto já tão conhecido ressoou pelo quarto. Camila tinha insistido para que colocássemos o berço da nossa filha em nosso quarto, seria mais prático caso ela chorasse durante a madrugada. Eu estava agradecendo por isso, mas no momento eu gostaria apenas de dormir um pouco mais.

— Camila… – Virei para o lado, colocando a mão em suas costas para balançá-la. Ela continuou dormindo, nunca irei entender como alguém pode dormir tanto assim. — Karla!

— Hm…

— Camila, acorda!

— Uh, oi? – Ela saltou assustada, virando-se de frente para mim. Camila piscou diversas vezes, balançando a cabeça como se quisesse organizar sua mente. — Lauren?

Estiquei a mão para acender a luz do meu abajur.

— É a sua vez de ver o que ela precisa. – Camila soltou um grunhido, olhando em direção ao berço da nossa filha. Destiny não parava de chorar, provavelmente deveria estar com fome. Eu bem lembro do quanto Louis chorava durante a madrugada por causa da fome. — Levante-se.

— Tudo bem. – Ela jogou as cobertas para o lado, arrumando seus cabelos enquanto ia em direção ao berço totalmente sonolenta. Eu arrumei os travesseiros em minhas costas para sentar-me na posição correta de amamentação. — Oi, princesa. Shhhh, a mamãe Camila está aqui. – Eu não conseguia tirar o enorme sorriso dos meus lábios enquanto observava aquela cena. É simplesmente inexplicável ver a mulher que eu amo segurando nossa filha com tanto carinho e amor. São minhas garotas favoritas no mundo. — Quem é a neném mais linda desse mundo?

Mesmo tendo seu sono interrompido por diversas vezes, Camila nunca perde esse tom carinhoso para falar com nossa filha. Ela simplesmente se derrete toda; e todas às vezes ela está bem humorada. Destiny é a única que acorda Camila e não é recebida pelo monstro mal humorado.

— Sou eu.

Brinquei erguendo minhas mãos e fazendo uma voz de bebê. Camila olhou para mim enquanto caminhava ninando nossa pequena filha. Eu pisquei os olhos diversas vezes para ela, sorrindo como uma criança travessa.

— Só existe uma neném linda, diga para ela, filha. – Fiz biquinho, mas Camila o ignorou. Eu estendi os braços para pegar Destiny, minha esposa usou o joelho como apoio para trazer nossa filha até mim. — Mas você também é minha neném linda, só não conte para nossa filha.

Camila sussurrou, depositando um beijo em minha testa antes de afastar-se. Puxei as alças da minha blusa para baixo, expondo meus seios. Ajudei Destiny a achar o bico e não demorou muito para que ela começasse a sugar com uma força extrema. Soltei um gemido de dor, era bem desconfortável. Chelsea tinha me dito que seria doloroso no início, mas que com o tempo eu iria me acostumar com a amamentação.

Eu espero que seja assim, porque realmente dói. Principalmente quando ela parece com tanta fome. Evito até mesmo que Camila toque em meus peitos, mesmo ela insistindo muito. Segundo ela eles estão milhões de vezes mais desejáveis e ela quer enfiar a cara entre eles e brincar.

Ela é uma pervertida.

— Ela está bem faminta mesmo.

Comentei sem desviar o olhar do rostinho lindo da minha filha. Ela estava concentrada em se alimentar, sugando com bastante força e mexendo os braços de forma inquieta. Chutava o ar algumas vezes, resmungando coisas ininteligíveis. Destiny é muito agitada, sem dúvidas ela herdou isso de Camila.

Quando minha esposa e eu começamos a dormir juntas, era praticamente uma prova de fogo. Ela se mexia, falava e às vezes sofria de sonambulismo. Eu sempre ficava preocupada que ela acabasse se machucando. Perdi as contas de quantas vezes acordei com o barulho de Camila caindo da cama, ou até mesmo dela tentando abrir a porta ou a janela para sair. Demorou uns longos meses até ela se acostumar comigo dormindo ao seu lado, aos poucos ela foi perdendo todas essas manias.

Embora ela ainda fale dormindo às vezes.

Destiny dorme profundamente, nos dias que ela tem passado conosco já em casa, ela não acordou com os barulhos que fazemos andando pelo quarto ou conversando. Mas quando ela acorda, não fica quieta um segundo. É uma mini Camila – literalmente.

— Acho que ela nasceu com um estômago parecido com o meu. – Camila brincou, fazendo-me soltar uma risada nasal. Ergui o olhar para minha esposa, seu olhar estava fixo em nossa filha. O brilho de orgulho sempre presente ali, completamente encantada por nossa pequena. — Tente não acabar com todo leite, Des. Eu também quero um pouco.

Arregalei os olhos, corando instantaneamente. Eu não disse que ela é uma pervertida?

— Camila!

— Estou brincando, amor. – Colocou a língua entre os dentes, sorrindo como uma criança levada. — Ou não.

— Pare com isso, pervertida. Meu leite é somente para nossa filha.

— Você nunca sentiu vontade de fazer o mesmo comigo depois que o Lou nasceu? – Rapidamente voltei meu olhar para nossa filha, não querendo encará-la. Aquele assunto era um pouco desconfortável, e bem doentio. — Eu não acredito. Você tomou o leite do seu filho? Lauren, você é uma pervertida.

— Ou! Eu não tive culpa se tenho uma esposa safada que costuma ter ideias bem sem vergonhas. Sua cínica.

— Eu?

— Sim, você! – Destiny começou a resmungar, remexendo-se em meu colo. — Olha só a confirmação.

Retirei meu mamilo da boca de Destiny e minha filha fez alguns estalos com a boca, fechando e abrindo suas mãozinhas. Inquieta como sempre.

— É a confirmação que ela quer dividir o leito dela comigo. – Não precisei dizer nada, apenas lancei um olhar bem sério para Camila. Ouvi-a engolir a seco, erguendo as mãos em sinal de rendição. — Tudo bem, não vou falar mais sobre isso. – Saltou da cama, sorrindo para mim. Neguei com a cabeça enquanto mudava Destiny de lugar para fazê-la arrotar. — Eu posso pegar quando você dormir.

Antes que eu pudesse respondê-la, Camila saiu do quarto rindo.

— Essa mulher não tem jeito mesmo.

(//)

2 meses depois. 

Eu não estava piscando, não conseguia desviar o olhar da preciosidade a minha frente. Destiny dormia profundamente, fazendo alguns sons de vez em quando. Sorri, alisando seu pequeno pezinho coberto pelo macacão cor de rosa. O sentimento de orgulho, e posse, tomava conta de mim.

É minha filha dormindo, eu a coloquei do mundo. Ela nasceu de mim, é uma parte minha e de Camila. Nós duas a fizemos.

Nem parece a vida real.

Destiny é a junção perfeita entre Camila e eu. Tem dias que ela lembra bastante minha esposa, nos outros ela lembra bastante a mim mesma. Embora eu saiba de alguma forma, que quando Destiny crescer, ela será a cópia fiel de Camila.

Eu realmente espero que nossa filha pareça com Camila.

Louis já é parecido demais comigo, ele herdou todo o gene Jauregui. Quando eu decidi que iria pedir meu irmão mais velho para ser o doador, não vou mentir, foi uma decisão difícil. Porque algumas pessoas quando sabem que meu filho, geneticamente falando é filho de Ian, olham para Camila como se ela fosse uma mulher traidora. Mas eu queria uma criança que tivesse o meu DNA e o de Camila, na época não tivemos a chance de fazer o mesmo que fizemos com Destiny. Eu nem sabia que isso era possível.

Mas não me arrependo dessa ligação eterna que sempre teremos. Todos nós. Camila, Louis, Ian e eu. Meu irmão sempre diz que ele ajudou a me dar um filho, mas só consegue vê-lo como sobrinho dele. Os dois se dão super bem, e se não fossem os cabelos e alguns traços, ninguém diria que Ian doou o esperma. É como se eu mesma tivesse colocado meu filho na barriga de Camila.

Lembro-me da emoção que senti quando segurei Louis pela primeira vez. Eu chorava tanto, minha Camila teve que cuidar de mim como se eu fosse nosso filho. Ela sabia quão emocionada eu estava. Que tudo o que eu mais queria era lhe dar um filho. Mas vê-la dar a luz ao nosso filho, ouvir seu choro pela primeira vez, olhar para Camila e ver seus olhos brilhando de felicidade. Fez toda a minha vida valer a pena naquele momento. 

(Flashback)

O meu coração parecia uma daquelas escolas de samba brasileiras. Era como se a qualquer minuto ele fosse rasgar meu peito e pular para fora, de tão acelerado. Por quê? Simples. Estou vendo com clareza meu filho pela primeira vez. Céus! Nosso pequeno, eu não consigo acreditar ainda.

— Ele é lindo…

Eu sussurrei, observando Camila amamentá-lo. Ela me olhou e sorriu, largamente, um sorriso digno de deixar seu belo rosto ainda mais belo. Seus olhos castanhos brilhavam tanto que pareciam até mais claros. Minha esposa ficou ainda mais linda.

Eu me apaixonei por ela mais ainda. Era como se todos nossos problemas e mágoas tivessem sumido naquele instante. Tudo parecia um mero passado, nem digno de ser lembrado. Nada no mundo importava agora além da minha família.

— Você acha que já consegue segurá-lo sem medo? – Eu não respondi nada, paralisada e pensando nas possibilidades de segurá-lo. Estava com medo, muito, confesso. Sem que eu percebesse já estava concordando com a cabeça, e minha esposa conseguiu sorrir ainda mais. Ela estava insistindo para eu o segurar, queria ver nosso pequeno em meus braços. — Deixe apenas que ele termine de se alimentar.

— Tudo bem.

Respondi prontamente, minha voz soando tão animada quanto a de uma criança feliz. Eu observei minha esposa amamentar nosso filho. Ela acariciava seu pequeno rosto, dedilhando sobre os leves traços dele. Sorria toda apaixonada e sussurrava coisas carinhosas. Minha família, minha bela e incrível família.

Por Deus! Eu não poderia pedir mais nada.

Demorou alguns longos minutos até que Louis finalmente se deu por satisfeito, soltando o bico do seio de Camila com um alto estalo. Ele agarrou o roupão verde do hospital que minha esposa está vestindo e se agitou um pouco, acalmando-se apenas quando ela lhe deu um beijo na testa e um rápido selinho.

Garoto esperto!

— Venha até aqui, sol. – engoli a seco, aproximando-me da cama com certa cautela e nervosismo. — Se lembra do que nossos pais falaram? O jeito certo de segurá-lo?

— Eu lembro sim, lembro sim.

— Okay… – Camila esperou que eu chegasse perto o suficiente para esticar os braços, oferecendo-me nosso pequeno. Ele se agitou ao ser afastado do calor de sua mãe, eu arregalei os olhos com medo que ele acabasse caindo e rapidamente o segurei. Com carinho, óbvio, para não o machucar. — Eu acho que ele gostou de você. Como não poderia, não é?

Como explicar a sensação de pegar o meu filho no colo? Eu já tinha pegado outros bebês no colo, na nossa família tiveram alguns ao passar dos anos. Mas nada se compara a segurar uma criança que é minha, fruto do meu casamento com o amor da minha vida. Depois de tudo que passamos. Todas as crises e brigas; finalmente chegamos ao ponto de iniciar nossa família. Eu não consigo acreditar ainda em tudo o que conquistamos.

Parada ali; olhando para meu pequeno Louis, eu senti como se não existisse nada além de nós dois e minha esposa. Ele estava tão calmo em meus braços, os olhinhos curiosos fixos em mim como se me reconhecesse. As lágrimas não paravam de escorrer por minhas bochechas, e meu coração batia loucamente em meu peito.

Eu finalmente estava vivendo um dos meus maiores sonhos: uma família com o amor da minha vida.

Esposa sortuda era pouco para me definir.

(Flashback off)

Quando minha família estava ali, na minha frente, o mundo ganhou cor a mais. Foi uma sensação de êxtase completo, como se a minha alma tivesse saído do meu corpo e voltado mais forte. Eu estou fazendo sentido? É porque não existe explicação para um amor incondicional.

Quando você tem um filho seu, tudo muda. Você se sente como uma super heroína que seria capaz de dar sua própria vida por ele, se sacrificar apenas pelo bem estar do seu pequeno. Ter um filho não é apenas registrá-lo, ou vê-lo uma vez no mês ou no ano. Ter um filho é mais do que coisas superficiais, você precisa se doar por inteira. E o amor que sentimos, ah… ultrapassa as barreiras do universo.

É imenso, intenso e poderoso.

Foi o mesmo que acontecera com Destiny, eu estava com medo de não aguentar e nem ao menos ter a chance de ver seu rosto. No dia em que ela nasceu, comecei a ficar com medo de que algo ruim pudesse acontecer. Eu nunca consegui manter uma gravidez, como eu iria sobreviver ao parto?

Sinceramente eu pensei que iria morrer naquele dia, só conseguia pensar em me despedir de Camila e pedir que ela cuidasse dos nossos filhos. Eu estaria observando os três de onde eu estivesse. Foi aterrorizante. Mas ainda bem que tudo deu certo, e hoje, eu posso dizer que tenho tudo o que preciso.

Uma esposa incrível que eu amo mais a cada dia, filhos belos e saudáveis. Um emprego que eu amo; uma família que sempre está comigo e amigos de verdade que cuidam de mim.

Será que eu preciso de mais alguma coisa nessa vida? Eu me sinto completa. 

Ou melhor, eu me sinto como se estivesse transbordando.

— Vida? – Ouço Camila me chamar, trazendo-me de volta a realidade. Mas não desvio o olhar de Destiny, é impossível não admirá-la. Minha filha é linda, e não apenas porque Camila e eu a fizemos. Ela realmente é muito bonita e parece ter um brilho próprio. — Michelle Estrabao!

— Hm, esse nome soa bem sexy.

Murmurei ao sentir o calor de seu corpo grudar-se no meu. Sorri, inclinando a cabeça um para trás e repousando-a no ombro de Camila. A respiração de minha esposa acaricia meu rosto, fazendo-me sentir alguns pequenos arrepios involuntários.

— Só não é tão sexy quanto você. – Sem qualquer tipo de pudor, ela simplesmente subiu as mãos até meus seios e os apertou. Ofeguei, não conseguindo ter outra reação que não fosse quase desfalecer em seus braços. — Eu amo o fato deles estarem tão grandes, espero que fiquem assim para sempre.

— Pare com isso, Karla.

Repreendi-a, embora no fundo, eu não estivesse realmente querendo que ela parasse com aquilo. Era deliciosa a sensação de ter as mãos de Camila passeando por meu corpo, ela sabe onde tocar. Sua experiência do passado parece ter multiplicado.

— Eu não consigo manter minhas mãos para mim mesma. Elas grudam no seu corpo. – Camila pressionou o quadril em minha bunda, colocando bastante pressão. Nossos corpos estavam grudados, a quentura dela começava a me fazer perder a cabeça. Ela se esfregava contra mim, sua respiração quente batendo em minha nuca. — Não posso simplesmente parar de te tocar, não consigo.

— Nossa filha está aqui…

— Dormindo, como o anjo lindo que é. – Sua voz não passava de um sussurro, rouco e provocante. Camila sabe ser sensual e quente como o inferno. Ela é minha eterna provocação, acho que nunca perderei o desejo por ela. Nem mesmo quando chegar aos cinquenta anos. — E eu estou com saudade da minha bela esposa. Linda, cheirosa, maravilhosa. Que eu amo mais e mais a cada dia.

Meu coração disparou no peito, de maneira louca e descontrolada. Não era só pelo fato dela estar com a boca colada em minha orelha e usando um tom de voz tão gostoso, mas o efeito de suas palavras em mim. Camila tem, constantemente, me elogiado e dito várias vezes o quanto me ama, e o que ela ama em mim. Tenho quase certeza que ela está apenas querendo me ver bem, por ter notado que eu não estava me sentindo feliz com a minha aparência. Todas às vezes que me olho no espelho eu me desconheço, e todas as vezes ela surge ali para me dizer o quão bela eu sou e o quanto ela é apaixonada por mim.

Existe esposa mais perfeita?

Eu gosto do fato dela aumentar minha autoestima, todos nós precisamos de uma inflada no ego de vez em quando. Mas acima de tudo, eu amo o fato dela demonstrar todo o seu amor e admiração por mim. Camila por diversas vezes gosta de frisar minhas qualidades, ela até mesmo faz com que eu esqueça meus defeitos. O nosso casamento se demonstra mais sólido a cada dia. Não que seja um conto de fadas, nós temos nossos problemas como todo casal, mas o companheirismo está sempre presente.

E eu acho que o casamento é sobre isso. Ter uma amizade forte além do amor e a paixão. Aquela segurança que somente uma melhor amiga consegue passar; entende?

No fundo, todos nós esperamos que em algum lugar desse planeta exista alguém, olhando para o mesmo céu que nós e mesmo sem saber da nossa existência esteja nos esperando.

“A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.”

Sabe as almas gêmeas? Se elas realmente existem, então Camila é a minha.

O meu amor é a minha melhor amiga. O meu eu só existe nela. Meu porto seguro eu construí ao seu lado, e é com ela que eu me sinto bem. Com Camila eu sei que tudo no final vai dar certo, e mesmo que não dê, ela estará ali para sorrir e dizer que me ama. Minha sanidade é ela quem mantém, eu sempre irei frisar isso. Porque em meio ao mar de incertezas, ela é minha única certeza.

Eu preciso dela, do olhar dela sobre mim. Porque somente Camila consegue me fazer acreditar que eu posso fazer algo. Eu sei que sou dependente demais dela, mas como poderia não ser? Ela une todas as coisas. E eu nasci para amar e enaltecer o amor da minha vida.

Porque viver só faz sentido se eu estiver ao lado dela.

— Mommy?

Ouvimos a voz de nosso filho soar baixa logo que seus passos ressoaram pelo corredor. Camila estava com os lábios colados em minha nuca, e senti seu sorriso sobre minha pele. Fechei os olhos, controlando o tesão presente em mim. Todas as vezes em que começávamos algo, um de nossos filhos atrapalha. Tem sido um pouco difícil encontrar tempo para fazer amor com a minha mulher, mas eu não acho que isso seja tão importante. Gosto dos momentos que passamos em família.

— Oi, príncipe do meu reino da banana.

Camila brincou, fazendo-me colocar as mãos sobre a boca para abafar uma gargalhada alta. Eu não queria fazer barulho e acabar acordando Destiny, ela estava dormindo tão serenamente. Seria injusto acordá-la. Mas o que posso fazer se tenho uma esposa extremamente brincalhona que adora fazer piada sobre tudo?

— Eu acho que a pipoca está pronta.

— Oh meu Deus eu esqueci a panela no fogo.

Camila murmurou soando desesperada e correu para fora do quarto, quase tropeçando durante o processo. Eu fiquei ali, ainda tentando não rir e Louis me olhava com as mãos na cintura e uma expressão confusa no rosto.

— Não vai assistir ao filme com a gente, mamãe?

— Claro que vou, meu amor. – Fui até ele, não deixando de olhar por cima do ombro para conferir se Destiny ainda estava dormindo. Alisei o rosto de Louis, vendo-o abrir um sorriso e prender a língua entre seus dentes. Uma das manias mais adoráveis que ele herdou de Camila. — Estava apenas conferindo se sua irmã está dormindo bem.

— Eu posso vê-la?

Pede e seus olhos brilham intensamente. Louis é completamente apaixonado por sua irmã e é impossível negar isso. Camila e eu pensamos que como um típico irmão mais velho acostumado a ser filho único ele acabaria se tornando alguém ciumento, que não daria tanta atenção à irmã mais noiva. Muito pelo contrário, ele até mesmo exige que nós duas déssemos atenção a Destiny.

Eu acho adorável o carinho que ele tem com ela.

(//)

Com seus sete meses completos, Destiny começou a tentar ficar de pé sozinha. O que nunca deu muito certo, pois ela sempre acabava caindo e ficava gargalhando no chão enquanto batia palmas. Por muitas vezes Camila e eu ficávamos a vigiando e sempre a víamos segurando em alguma coisa enquanto tentava ficar em pé. Era uma cena adorável.

Com oito meses ela conseguiu ficar de pé sozinha, se apoiando nos móveis, claro. Desde a primeira vez em que ela conseguiu esse feito, eu sempre estava com a câmera em mãos para registrar seus primeiros passos. Quando eu não podia, minha esposa ficava encarregada de gravar o momento e até mesmo Louis. Camila e eu estamos sempre tentando fazer Destiny andar, mas essa pequena coala adora abraçar uma de nós duas ao invés de andar.

Nesse momento eu decidi adotar uma tática diferente, peguei minha câmera e pedi que Louis me ajudasse em tentar fazer sua irmã dar os primeiros passos. Ele concordou na hora, animado com a hipótese de ajudar Destiny. Estava focada em gravar cada momento quando ouvi a porta da frente ser aberta, nem precisei olhar para saber quem era.

— O que está fazendo?

Ela perguntou curiosa, aproximando-se de onde eu estava agachada gravando Louis e Destiny.

— Shhh… não fale nada. – Peço e desvio a atenção dos dois para olhá-la. Camila está linda com os cabelos presos e aquela roupa de dança. — Louis está conseguindo fazer nossa filha ficar de pé sozinha.

Camila olha para nossos filhos. Louis está sentado à poucos metros de distância de Destiny, chamando-a com a mão. Nossa filha segura a mesa de centro como apoio, mas com o incentivo de seu irmão ela solta e consegue ficar de pé sozinha. Eu começo a me sentir emocionada, não é fora do comum eu sempre estou me emocionando com tudo que envolve meus filhos.

— Vem, Des. – Louis a chama, demora alguns segundos para que Destiny dê um pequeno passo. Ela quase caiu, mas se mantém de pé e eu abro um enorme sorriso. — Vem com o irmãozinho.

Ele a incentiva outra vez. Destiny dá outro passinho, dessa vez com um equilíbrio melhor. Louis volta a chamá-la com um enorme sorriso, foi questão de segundos para que minha filha começasse a correr na direção dele para agarrá-lo pelo pescoço.

Camila e eu trocamos olhares antes de irmos em direção a eles, ambas emocionadas. Louis estava abraçado com Destiny, eu abaixei-me perto dos dois para registrar o momento. Minha esposa entrou no meio, ganhando um abraço de nossa filha, que balbuciava algumas coisas. Logo ela estaria falando também.

O tempo passa tão rápido.

(///)

Era um dia frio daqueles de dezembro. Camila estava no trabalho, Destiny dormia toda enrolada em minha cama ao lado de Louis. Eu sentei-me na poltrona e fiquei velando o sono dos dois enquanto lia um livro que comprara há pouco tempo.

Minha filha está maior a cada dia, falante também. Desconfio que ela tenha puxado Camila nesse quesito, porque a pequena fala sem parar desde que deu sua primeira palavra.

(Flashback On)

Era um almoço familiar. Todos estavam reunidos na nova casa de Dinah e Ian, eles finalmente se tornaram nossos vizinhos. Então era um almoço de comemoração.

As crianças maiores estavam na piscina, alguns adultos conversavam na beirada, outros dentro de casa por alegarem estar muito calor no quintal. O lugar estava cheio mesmo, família grande é assim.

Camila está sentada em meu colo comendo um pedaço de torta, estávamos em uma parte coberta repleta de pufes e colchões; acompanhadas de Normani, Sofia e Ally. Jogando conversa fora, pelo menos elas. Eu estou focada em procurar onde Dinah se meteu com a minha filha.

Não confio muito em deixá-la sozinha com Destiny.

— Mamãe! Mommy! – Louis veio correndo em nossa direção gritando, fazendo Camila e as outras três mulheres se calarem na hora. Todas olharam para meu filho, preocupadas com sua afobação, incluindo a mim. — Des! Ela falou! A Des falou.

— O que?

Camila e eu exclamamos ao mesmo tempo. Minha esposa saltou de meu colo, sendo guiada por nosso filho em direção a casa. Eu não perdi tempo, logo estava seguindo os dois, acompanhada das outras três. Chegamos à sala e vimos todos em uma enorme roda, minha filha estava no chão, sentada no colo de Dinah.

— Você falou sua primeira palavra, minha princesa? – Camila questiona ao abaixar-se em frente a nossa filha, fiz o mesmo, já pegando o celular em meu bolso para gravar. Era sempre bom registrar esses momentos. — Repete pra mommy, deixe-me ouvir o que você disse.

Destiny praticamente pulou no colo de Camila, abrindo e fechando a boca como se estivesse se concentrando.

— Rainha D!

Eu senti o coração disparar em meu peito ao ouvir a voz de minha filha nitidamente, mas franzi o cenho. O que raios era Rainha D?

— O que?

— Rainha D! Rainha D! Ra-rainha!

— Quem é Rainha D?

Eu perguntei confusa e todos a nossa volta começaram a gargalhar.

— Quem poderia ser cunhadinha?

Olhei para Dinah e demorou apenas alguns segundos para que minha ficha finalmente caísse. Rainha D… maldita!

— Eu não acredito nisso, Dinah!

— Rainha Dinah, meu amor, resta você aceitar.

(Flashback Off)

 

É, pois é. A primeira palavra de Destiny foi ela chamando Dinah de rainha. Camila e eu sempre fantasiamos que seria como Louis, que tinha dito mamães na sua primeira vez. Porém, aquela girafa egocêntrica interferiu em nossos planos.

Mas não importa porque eu ensinei Destiny a chamar Dinah de bobo da corte na semana seguinte e minha filha sempre que via a madrinha repetia a mesma coisa: “bobo da corte D”

Foi uma ótima vingança. 

Iria começar um novo capitulo do livro quando recebi uma mensagem. Sorri antes mesmo de ver quem era, pois apenas uma pessoa poderia ser.

(Babymoon)

É bom você lavar bem a boca mais tarde, eu tenho uma coisa bem gostosa para você comer… 

 

(Eu)

OH MEU DEUS!!! QUERO

O que é?

 

(Babymoon)

Lasanha de quatro queijos! 

Vejo você mais tarde no jantar, estou inspirada.

Amo você. ♥

 

Confesso que não era o que eu esperava. Mas nunca recusaria a lasanha de quatro queijos da minha esposa, é a melhor do mundo.

Espero que minha mãe nunca descubra isso.

(///)

Aos dois anos Destiny já tinha aprendido a ler e sabia escrever algumas palavras. Depois de muitas conversas e receios de mandá-la tão cedo para a escola, Camila e eu decidimos matriculá-la na antiga escola de Louis. Não era tão longe da atual dele, poderíamos buscar os dois e levá-los.

Em seu primeiro dia de aula não era Destiny quem estava nervosa e ansiosa, era Camila. Ela ficou o tempo grudado em nossa filha, sempre a perguntando se ela estava bem ou se gostaria de adiar aquele momento.

Demorou longos meses para minha esposa lidar com o fato de que nossa garotinha estava crescendo.

Não era diferente comigo de qualquer forma.

Aos três anos, Destiny começou a demonstrar seu interesse com coisas que envolviam medicina. Ela ganhou um livro de Normani, não tão complexo, de medicina que falava mais sobre o corpo humano e ficou simplesmente fascinada. Muita coisa tinha que ser explicado o que era, mas ela sempre foi tão esperta que entendia tudo rapidamente.

Com quatro anos levamos o primeiro susto, quando Camila e eu recebemos uma ligação do colégio de Destiny dizendo que ela tinha se machucado e estava a caminho do hospital. Não é difícil imaginar nosso desespero, principalmente o meu. Cheguei no local em prantos e Camila teve que me acalmar.

No final descobrimos que tinha sido apenas uma torção no tornozelo quando ela estava brincando no pátio com seus colegas de classe.

Meu cuidado com ela dobrou.

Com cinco anos Destiny acabou contraindo catapora, e por consequência, Camila adoeceu. Era sempre assim, uma ficava doente e em seguida a outra também. Louis e eu tivemos que cuidar das nossas garotas, não demorou muito para que ambas estivessem perfeitamente bem e comemoramos tomando muito sorvete.

(//)

O sorriso não sumia de meu rosto, minha pequena filha estava tão feliz. Ela simplesmente ama vir ao parque, uma pena Camila não poder ter vindo, pois minha esposa tem suas aulas para dar hoje. Mas sei que ela está fazendo o que sempre amou, mesmo ficando com saudades, tenho que entender e aceitar isso. Uma leve brisa bate contra meu corpo, refrescando-me, já estava começando a sentir um pouco de calor.

— Veja só se não é a minha mãe exemplar favorita.

Por incrível que pareça o sorriso em meu rosto aumentou ainda mais ao ouvir aquela voz, nem foi preciso olhar para saber quem era. Não tinha como não reconhecer, é uma voz única.

— Meu amor. – levantei-me para cumprimentá-la, logo sendo envolvida por seus longos braços e um abraço forte. Ela ergueu-me do chão, fazendo-me gargalhar. — Dinah, você vai me fazer cair.

Falei apavorada quando ela começou a me rodar no alto, fazendo meus pés balançarem tanto quanto meus cabelos.

— Você emagreceu tanto que está pesando igual a Camila. – implicou, colocando-me no chão. Eu bati em seus ombros, um pouco ofegante por ter tentado me soltar dela. Era uma verdade, eu tinha perdido alguns quilos, mas era tudo por causa de Destiny e sua fome exagerada. Não tem como negar de quem ela é filha. — Sua esposa não anda te alimentando? E a boceta dela não conta.

— Dinah!

Exclamou horrorizada, olhando em volta para conferir se alguém ouviu o que aquela sem noção acabou de dizer. Ela não muda esse jeito "espontâneo" de ser.

— Só estou falando a verdade, vocês acham mesmo que eu não sei que toda vez que você vai buscá-la no trabalho as duas ficam dentro do carro?

— Não temos culpa se o sexo em nossa casa é quase impossível.

— Pelo menos admitiu. – reviro os olhos, voltando a me sentar na toalha onde eu estava antes, mas dessa vez deixei um espaço para Dinah. — Cuidado vocês dois, estou de olho! – seu grito atraiu minha atenção e só então eu noto que ela tinha trago Toni e Harry para o parque também, os dois estavam com Louis e Destiny. — Esses garotos estão cada vez mais sem educação, nem ao menos cumprimentam as pessoas. Queria muito saber onde aprenderam a ser assim.

Olhei para ela com um sorriso debochado.

— Você quer mesmo saber onde eles aprenderam a ser assim?

— Oh, cale a boca, por favor. – ela empurrou-me pelo ombro, fazendo-me gargalhar. Dinah apoiou as duas mãos no chão, inclinando a cabeça e soltando um longo suspiro. Ela parece cansada. Seus cabelos, curtos outra vez e agora na cor natural, balançam conforme ela gira a cabeça, estalando os ossos de seu pescoço. — Parece que um caminhão passou por cima de mim.

— Eu posso perceber. Quer uma massagem? – Dinah para de estalar o pescoço e olha para mim, com uma expressão estranha em seu rosto. Franzo o cenho, confusa. — O que foi?

— Isso é alguma técnica lésbica de sedução?

— Dinah vai se foder!

— Mamãe 'Lo a senhora falou uma palavra feia. – de repente um pequeno ser que eu nem ao menos vi se aproximar disse, jogando-se em meu colo. — Vou contar para a mommy.

— Eu amo essa garotinha.

Dinah diz, gargalhando. Destiny levanta-se de meu colo e se joga dessa vez no colo de sua segunda madrinha, a primeira era Normani. O dia em que batizamos nossa filha, Camila e eu quase enlouquecemos com essas duas querendo tomar o lugar uma da outra. Então acabou ficando assim, Dinah e Normani são as madrinhas de Destiny.

— Des, vem!

Ouvimos Harry a chamar, minha filha dá um último beijo no rosto de Dinah antes de sair correndo em direção aos meninos. Fico observando-a, ela fica tão feliz com o irmão e seus primos. Eu gosto de vê-la alegre dessa forma.

— Ela parece melhor.

— Sim, ela está mesmo. O resfriado tinha deixado-a realmente abatida, mas agora a energia voltou com tudo.

— Vocês devem sofrer com esses dois. Destiny é tão hiperativa quando o Louis.

— Nem me fale, tem dias que parece que passou um furacão dentro de casa.

— Eu imagino. – Dinah suspira e se deita no lençol, colocando os braços atrás de sua cabeça. — E você? Como está?

— Bem. Um pouco cansada por ter que cuidar desses dois, mas estou bem.

— Pronta para enfrentar tudo de novo? – olho para ela sem entender. — Aumentar a família, você não queria seis filhos?

— Oh! Não! Definitivamente não. Estou satisfeita com os dois que tenho. – Dinah e eu acabamos rindo. Camila e eu temos trabalho com nossos filhos, eles são obedientes, porém possuem uma energia inacabável. Nossa casa sempre fica parecendo uma zona de guerra, e nem preciso comentar sobre o quarto dos dois. — Só Louis e Destiny já valem pelos seis filhos que eu queria. Além do mais eu nem sei se conseguiria ter outra gestação tão boa quanto a da Des.

— Claro que conseguiria, eu sei disso. Você só está com medo de alguma coisa. O que foi? Camila não quer ter mais filhos?

Solto um longo suspiro, prendendo meus cabelos. O dia ensolarado estava meio abafado, nem mesmo a brisa que batia aplacava o valor provocado pelo sol.

— De vez em quando ela fica toda nostálgica vendo fotos e vídeos antigos dos nossos filhos. Sempre se emociona falando que eles cresceram rápido demais, porém, nunca comentou sobre termos mais filhos.

— E se ela quiser?

— Talvez adotássemos.

— Por que não ter um? Lauren, sua saúde é perfeita. Basta que você siga todas as recomendações médicas. E nós suas sabemos que você adorou ser mimada por Camila durante a gravidez.

— Eu sei, mas eu tenho medo que algo ruim aconteça. Camila quase me perdeu duas vezes, e se não fosse por você a Des nem existiria.

— Eu faria tudo de novo para salvar sua vida.

— Eu sei que sim, você foi muito corajosa em arriscar a vida do Harry para me doar sangue. Você sabe que eu jamais permitiria que cometesse essa loucura outra vez; certo?

— Mas ele está bem, saudável. Come tanto quanto o pai e o irmão. Nada deu errado, apenas te ajudei a ficar bem. – Dinah sentou-se, colocando uma mão em meu ombro. — Eu faria de novo sem pensar duas vezes, porque amo você demais, Little Tiger.

— Eu amo muito você, Missy. Sempre serei grata por tudo que já fez por mim.

— É para isso que serve as irmãs, certo?

(//)

No aniversário de 6 anos de Destiny, Camila e eu descobrimos que Louis tinha dado seu primeiro beijo com Rose. Preciso comentar o quão possessa minha esposa ficou? Eu tive que ser muito paciente e acalmá-la da melhor maneira possível.

Ela esqueceu totalmente do assunto quando eu estava de joelhos para ela.

No aniversário de 7 anos da nossa pequena, resolvemos levá-la a Disney pela primeira vez. Alugamos dois quartos em um hotel e ficamos uma semana inteira lá. Minha filha não queria vir embora de jeito nenhum, completamente fascinada por aquele lugar.

Toda criança ama a Disney, mas não tanto quanto Camila.

(//)

— Tem certeza que não precisa de ajuda?

Questiono receosa assim que chego ao nosso quintal. Camila está empenhada em ensinar nossa filha a andar de bicicleta desde que Destiny ganhou de presente dos pais de minha esposa em comemoração ao aniversário de 8 anos dela. Eu obviamente tentei de todas as formas intervir nisso, pois, bem, Camila não é a melhor professora se é que me entendem. Sua coordenação motora somente existe quando ela está dançando, porque fora isso ela é a típica "desajeitada".

— Deixa comigo, eu sei o que estou fazendo.

Diz completamente segura, com uma mão sobre seu peito e o queixo erguido. Uma típica pose de confiança. Confiança essa que em minha opinião é inexistente e Camila só é teimosa demais para dar o braço a torcer. Dinah tinha passado horas zombando de sua capacidade, insistindo que minha esposa jamais conseguiria ensinar Destiny a andar de bicicleta sozinha, sem a minha ajuda.

Óbvio que minha determinada mulher aceitou aquele desafio, disposta a calar a boca de sua melhor amiga.

Sentei-me para observar minha amada esposa e nossa pequena filha, que tão receosa quanto a mim acompanhava sua mãe até o meio do quintal. Destiny estava cada vez mais alta, por alguma razão ela parecia cada vez maior, e nunca saberíamos explicar de quem ela tinha puxado essa tendência a ser alta. Olhando as duas lado a lado era notável quão parecidas elas eram, e nada no mundo me faria mais feliz do que aquilo. Eu sempre quis que tivéssemos uma filha parecida com Camila, porque o mundo precisa ser presenteado com outra rainha da beleza única. Todos os dias eu acordo com um enorme sorriso no rosto ao me deparar com essas duas preciosidades da minha vida.

— O que você vai fazer Karla?

Questiono um tanto horrorizada ao vê-la pegar a bicicleta de Louis. Ele já não o usa como antigamente, sempre está mais interessado em seu longboard, um presente que lhe dei por suas boas notas. Minha esposa apenas sorri, ignorando qualquer horror que deixei aparente.

— Olhe e aprenda Des.

Coloco as mãos sobre a cabeça, sentindo bem no fundo algo me dizer que aquilo não daria certo. Óbvio que Camila sabe andar de bicicleta, mas como eu disse antes, ela é muito desajeitada. Destiny está parada perto de sua mãe, o pequeno capacete roxo sobre sua cabeça e as mãozinhas atrás de suas costas. Assim como eu, ela parecia observar aquilo com certo receio. Para sua idade ela é muito esperta, e conhece bem sua outra mãe.

Camila subiu na bicicleta, sorrindo em minha direção antes de começar a andar em volta da piscina. Nego com a cabeça e tento conter um sorriso, mas é impossível, principalmente quando nossa filha vibra com a mãe e se anima para subir na pequena bicicleta com rodinhas. Aproximo-me dela, ajudando-a ficar corretamente sobre a bicicleta.

— Lembra o que eu disse sobre pedalar devagar?

— Sim mamãe. – ela concorda prontamente com a cabeça, olho para Camila e a vejo fitar-me com certa raiva, eu sabia que ela ficaria assim por me ver tentar ajudar. Meu amor e seu eterno orgulho. — Devagar.

Destiny sussurra baixo, encorajando a si mesma. Afasto-me dela, deixando que minha filha comece a pedalar sozinha. Ela é uma garota esperta, consegue entender rápido, e Camila tem a ensinado bastante. Fico de longe outra vez, observando com orgulho as duas mulheres da minha vida uma do lado da outra. Era engraçado ver Camila naquela bicicleta tão pequena, mas não deixava de ser adorável.

(..)

Era um sábado de sol bem quente, resolvemos ficar um tempo na rua com as crianças. Desde que Dinah e Ian tinham se mudado para a casa de frente a nossa, nossos filhos sempre estavam juntos e acabávamos ficando juntos também, como agora por exemplo.

— Camila está mesmo se saindo bem, né?

Ian comentou, parecendo se divertir ao ver minha esposa andar de bicicleta com as crianças. Ela se tornava uma adolescente quando estava com nossos filhos e sobrinhos. Sorrio, sentindo meu irmão passar um braço por meus ombros e puxar-me contra ele.

— Ela é ótima. – respondo orgulhosa. — Parece que alguém queimou a língua.

— Eu sabia que ela conseguiria ensinar Des a andar de bicicleta. – Dinah responde rapidamente de forma debochada, o que fez Ian e eu gargalhar. — Tudo bem, eu confesso que não confiava muito, mas fico feliz que ela conseguiu.

— Ficou tão feliz quando você perdeu aqueles trezentos dólares?

— Não acredito que você apostou com ela?

— Ian! – Dinah repreende o marido, o que só me faz gargalhar mais. Na verdade não estou tão surpresa, ela sempre foi fã de apostas. — Não era pra você ter dito isso a ela.

— Eu não sabia.

Meu irmão fez cara de culpado e acabou recendo um tapa de Dinah, fazendo-me gargalhar. Eu simplesmente amo esses dois. É tão curioso pensar que eles tinham uma paixão um pelo o outro durante o colegial e então resolveram dizer e desde então estão juntos, da mesma forma que minha esposa e eu.

— Mãe!

O grito de Destiny fez com que nós três olhássemos na direção dela, meu coração já disparando dentro do peito imaginando mil e uma coisas. Minha filha parecia desesperada indo em direção a alguém e só então eu pude ver o motivo de seu desespero, Camila estava caída no chão do outro lado da rua se contorcendo na calçada. Arregalo os olhos, rapidamente indo em direção a minha esposa. Ela parecia ter se machucado de verdade, eu sabia que não era boa ideia ficar correndo de bicicleta da forma que ela estava.

— Camila! – exclamo, chegando perto o bastante dela para ver o que aconteceu. — Meu Deus, amor. – agacho-me ao seu lado, retirando a bicicleta do meio de suas pernas. — Filha se afasta um pouquinho para eu ver como sua mãe está.

Peço a Destiny, que tenta a todo custo tocar no rosto de Camila e enchê-la de beijos. Ela sempre fazia isso quando Louis se machucava, pois diz que os beijos de amor saram a dor.

— Mas mamãe, a mãe precisa de carinho.

Choraminga, observando aflita sua mãe resmungando no chão. Sinto-me penalizada tanto por minha filha estar tão preocupada, quanto por Camila parecer sentir tanta dor. Olho de volta para minha esposa, retirando os cabelos de seu rosto para ver o que aconteceu. Meus olhos quase saltam das órbitas ao ver aquela grossa lista vermelha escorrer por seu pescoço.

— Puta que pariu. Camila!

— Essa porra dói!

Ela resmunga, fazendo uma careta de agonia. Faço quase a mesma careta, sabendo que ela tinha se machucado de verdade.

— Vocês são mesmo mães exemplares.

Ouço Dinah comentar com ironia, mas a ignoro. Seguro as mãos de Camila e as retiro de seu queixo, deixando aparente o corte visivelmente profundo. Destiny solta um gritinho, começando a chorar ao ver sua mãe sangrar. Não preciso dizer nada para que Dinah a tirasse dali, tentando acalmá-la. Nossa filha é muito apegada em Camila, a ligação delas é tão forte que se uma fica doente a outra automaticamente fica também.

— Eu acho que você vai precisar de alguns pontos.

— Não, amor, não. Por favor.

Ela começa a implorar, desesperada para que eu não a levasse até o hospital. 

Fiquei com pena dela, mas não teve escapatória. Naquele dia eu a levei ao hospital e minha esposa ganhou cinco pontos naquele corte. Tudo por qual motivo? Ela estava querendo mostrar a nossa filha que sabia fazer manobras, da mesma forma que nossos sobrinhos e Louis fazem.

E no final do dia ainda recebi uma mensagem muito atrevida.

 

(Missy)

Eu disse que a trouxa foderia tudo, ela é muito estabanada. Parece que eu estava certa afinal.

 

Dinah realmente nunca mudaria esse jeito dela de ser.

(//)

O primeiro baile de formatura de Louis foi um momento memorável. Minha esposa parecia estar em pleno 4 de julho, exalando felicidade. Claro que essa felicidade foi abalada quando ela descobriu quem seria o par de Louis. Camila tinha um extremo ciúme da então namorada de nosso filho. Ela simplesmente não conseguia aceitar aquele relacionamento, porém nunca o impediu de namorar Rosalie.

No fundo Camila só era protetora e ciumenta demais. Mas acima disso ela desejava que nosso filho fosse feliz. E ele estava muito feliz com sua namorada.

— Você se tornou um rapaz lindo. – Ela dizia emocionada. Nosso filho já estava pronto para buscar sua namorada em casa e ir para o baile. O smoking escolhido por mim ficou perfeito em Louis, deixando-o com mais cara de homem. Ele está cada vez ganhando mais traços de homem e ao mesmo que isso me faz feliz, também me deixa triste. Parece que foi ontem que estávamos brincando no chão de seu quarto. — Divirta-se, okay?

— Eu não estou indo embora, mãe, é só um baile. – Louis brincou, fazendo Camila bufar e dar um tapa em seu ombro. Ele gargalhou, puxando-a para seus braços. — Volto logo, mas não chore. Sabe que odeio vê-la assim.

— Eu só estou orgulhosa demais.

— Ei homenzinho! – chamei sua atenção, fazendo os dois olharem em minha direção. — Divirta-se e juízo, okay?

— Pode deixar, mamãe. – Esticou a mão para fazermos um hi-5. Ele segurou o rosto de Camila em suas mãos e beijou sua testa demoradamente. — Eu preciso ir, nos vemos antes das duas.

E simplesmente foi, buscar sua garota. Camila ficou acordada durante todo o tempo em que nosso filho esteve fora; deitada em meu colo vendo fotos antigas, dormiu apenas quando ele chegou.

E me abandonou para dormir agarrada com ele. Mas eu a entendi, ela estava se sentindo muito emocionada por nosso pequeno estar crescendo.

(//)

Eu lembro bem do dia em que Louis nos contou sobre a gravidez não planejada de Rosalie. Camila e eu estávamos planejando a festa dele de dezoito anos, em breve nosso filho se formaria e em seguida viria a faculdade. Nosso plano era comprarmos um apartamento para ele, não queríamos deixá-lo em dormitórios para Louis ter mais conforto.

Camila estava animada, tinha chegado em casa dizendo ter encontrado o apartamento perfeito e não ficava tão longe da faculdade que Louis optou por ir, Princeton. Eu apenas conferi se o lugar parecia aconchegante o suficiente, combinando com minha esposa de irmos até lá ver melhor e fechar o negócio.

— Você acha que ele vai gostar?

— Tenho certeza que sim. – estávamos sentadas no sofá, minha esposa em meu colo com o tablet mostrando as fotos do apartamento. Beijei suas costas, expostas pela blusa caída que Camila usava. — Ally ainda não ligou, será que Destiny está se comportando?

Nossa filha tinha ido passar o final de semana com minha cunhada e seus primos. Serena ama minha pequena, e o sentimento é recíproco. De vez em quando somos obrigados a dividir nosso bebê com ela.

— Provavelmente está com Serena, ela ficou muito animada quando soube que a prima estaria na cidade esse fim de semana.

— Elas são um grude.

— Muito. – Camila bloqueou a tela do tablet, colocando-o no assento ao meu lado. Virou-se em meu colo, colando as pernas ao lado das minhas coxas e segurando em meus ombros. — Que tal você grudar em mim?

— Hmmm, proposta tentadora. – subi as mãos por suas coxas, chegando até sua bunda. Dei-lhe um tapa, fazendo Camila saltar em meu colo e abrir um enorme sorriso. — Eu amo essa bunda.

— Você sempre diz isso.

— Porque ela é realmente linda. – estava prestes a avançar em sua boca quando ouvimos a porta da frente ser aberta. Camila suspirou, nitidamente frustrada. Olhei para conferir se era Louis e o vi caminhar lentamente em nossa direção, parecia abatido e estava pálido. — Filho?

— O que aconteceu, bebê? – Louis parecia aéreo demais, tanto que nem resmungou pela forma que Camila o chamou. Ela levantou-se de meu colo, indo até nosso filho. — Você está mais pálido que sua mãe.

Encarei-a incrédula, mas Camila nem pareceu sentir meu olhar sobre ela. Ou apenas me ignorou.

— Eu preciso contar algo para as senhoras, mas por favor, não gritem.

— Isso nunca é bom sinal. O que você aprontou, Louis Cabello Jauregui?

Ele pareceu estremecer, sabendo que eu já não estava tão calma. Toda vez que o chamo pelo nome completo Louis sabe que as coisas não vão ficar boas para seu lado.

— Não tem uma maneira certa de dizer isso então eu vou apenas dizer. – Ele engoliu a saliva em sua boca e olhou para Camila, segurando suas mãos. — Mãe, mamãe… Rose está grávida, eu vou ser pai e vocês vão ser avós.

Tudo pareceu em câmera lenta após ele dizer aquilo. Eu tive que ser muito rápida para segurar Camila antes que ela caísse no chão, minha esposa estava atordoada tanto ou muito mais do que eu. Louis não sabia o que fazer, indeciso sobre me ajudar com Camila ou colocar as mãos em sua cabeça.

Foi um dia de muitas emoções, o que nos acalmou mesmo foi a chegada inesperada de Dinah e Ian. Eles acalmaram Camila e eu, mas ficaram tão surpresos quanto nós ao descobrirem o motivo de nossos surtos.

Daquele dia em diante eu vi meu filho se tornar mais homem do que nunca, assumindo todas as suas responsabilidades, disposto a criar sua família.

(//)

O dia em que Angel nasceu, Camila e eu choramos tanto quando nossos filhos nasceram. Foi uma sensação tão intensa saber que aquela pequena era filha do nosso filho. Céus! Nós duas nos tornamos avós.

Eu, óbvio, registrei cada momento com minha câmera.

Louis estava tão animado no dia do nascimento de sua filha, foi a primeira vez que o vimos chorar como uma criança desde que ele tornou-se um pré-adolescente, momentos assim eram inexistentes. Ele estava assustado, mas a felicidade foi maior.

Graças a Deus tudo deu certo e ele começou a conciliar o tempo entre cuidar de Rose, trabalhar e estudar. Os dois acabaram se mudando para o apartamento que Camila e eu queríamos comprar para nosso filho.

Nem preciso dizer que minha esposa ficou inconsolável, né?

(//)

Quando Destiny completou doze anos, foi a minha vez de passar por uma provação e quase morrer. O motivo? Simples: o primeiro beijo dela.

Eu realmente achei que teria um ataque cardíaco quando sem querer, ouvi nossa filha confidenciar a minha esposa que tinha dado seu primeiro beijo. Ela parecia tão feliz, mas eu estava cega de ciúmes.

— Foi com o Jhon, aquele da minha escola.

— O loirinho?

Estava procurando por minha esposa e nossa filha quando ouvi uma conversa baixinha entre as duas vindas do quarto de Destiny. Por causa de a porta estar entre aberta então eu podia ouvir a conversa delas. Franzi o cenho, do que elas estavam falando?

— Ele mesmo.

— E você gostou do seu primeiro beijo?

Foi como se alguém tivesse socado as minhas costas, fazendo-me entrar no quarto cambaleando. Camila e Destiny se viraram em minha direção com os olhos arregalados, e o susto pareceu dobrar quando viram que era eu.

— Digam-me que eu ouvi errado. Você não deu seu primeiro beijo. – Negava com a cabeça enquanto ia falando e mexendo as mãos freneticamente. Minha filha arregalou os olhos, olhando em desespero para Camila. — Destiny!

— Lauren se acalma, foi só um beijo.

— Ah, por favor! Não foi só um beijo, Karla Camila! Foi a porra de um beijo no meu bebê. Você consegue entender? – Encarei-a com ódio, mas minha esposa ignorou minha provável expressão ameaçadora, revirando os olhos. — Quem foi? Diga-me o nome e o endereço.

— Mamãe…

— Como foi que você disse quando foi o Louis mesmo? Ah, lembrei. “Eles são apenas crianças, meu amor. Um beijo não muda nada.”

Camila sorriu de forma cínica ao terminar de falar, encarando-me como se me desafiasse. Eu juro que senti vontade de fazê-la engolir suas palavras, mas apenas ergui as mãos e bati o pé.

— Eu odeio você!

Gritei antes de sair do quarto. Minha esposa gargalhou, e eu ainda ouvi ela gritando de voltando: “Você me ama demais isso sim!”.

Quem precisa de inimigos como esposa estúpida como a minha?

(///)

Com o passar dos anos eu tive que ir me acostumando com o fato de minha filha estar cada vez maior, tornando-se uma bela e responsável mulher. Quando ela completou dezesseis anos foi um ano em que Destiny mais mudou, isso incluiu seu primeiro namorado. Ninguém menos que o filho mais velho de Normani, ela tinha engravidado primeiro do que eu, mas como estava viajando, só fiquei sabendo disso quando completei três meses de gravidez.

Destiny parecia bem apaixonada por David, mas tanto quanto ele. Era nítido desde muito tempo que o garoto tinha uma paixão secreta por minha filha, mas ela nunca tinha demonstrado algum interesse além de amizade com ele. Mesmo sabendo de tudo isso, não diminuía meu ciúme.

Eu sempre queria minha pequena comigo, mas infelizmente tive que aceitar que um dia nossos filhos sempre saem debaixo das nossas asas.

O sentimento de proteção é eterno. Mães sempre zelam pelo bem dos filhos, e mesmo que não admitam, no fundo sempre vão desejar tê-los ali. Porque estando perto podemos ter a certeza de que eles estão se cuidando direitinho, que não estavam fazendo nada errado. Mas também tem o orgulho de vê-los crescer, ganhando sua própria independência.

Não importava quantos anos se passasse; que eles crescessem e fossem criando suas famílias, tendo suas próprias vidas.

Destiny sempre será minha garotinha e Louis sempre será o meu carinha.

 

(……)

 

De volta aos 20 anos no futuro. 

 

Camila está com a cabeça encostada em meu ombro esquerdo, uma de nossas mãos entrelaçadas e minha outra mão pressionando seu corpo contra o meu. O sorriso não some de meu rosto, estar com ela sempre me traz essa sensação de paz. Nossas roupas estão grudadas por causa da chuva que caí sobre nós, mas eu não poderia me importar menos.

— Você está feliz com tudo o que conquistou ao meu lado?

Camila pergunta de repente, levantando a cabeça para olhar em meus olhos. Seus cabelos estão com alguns fios grudados em seu rosto, livre de qualquer maquiagem. Linda demais!

— Eu estou plenamente feliz com tudo o que conquistei com você.

Mal termino de falar e alguns gritos são ouvidos no quintal. Olho por cima do ombro, deparando-me com todos saindo de casa para aproveitarem a chuva. Solto uma risada, observando meu filho colocar Angel em seus ombros e correr com ela pelo quintal. Em seguida Destiny e David saem. De mãos dadas.

O sorriso some do meu rosto ao ver aquela cena.

— Por que está apertando minha mão tão forte?

Camila resmunga e só então me dou conta do que estava fazendo, rapidamente afrouxando o aperto em sua mão.

— Perdão, eu acabei me distraindo.

— Sei, eu percebi. – Camila retira sua mão que estava em meu ombro e segura em meu queixo, virando meu rosto em sua direção. — Ela é uma mulher agora, precisa conviver com isso.

— Eu ainda a vejo como aquela garotinha desengonçada correndo pela casa fugindo de nós duas porque não queria colocar roupas.

Camila gargalha, provavelmente se lembrando das tantas cenas em que nós duas tínhamos que correr atrás de Destiny para fazê-la colocar roupas. Nossa filha simplesmente amava correr nua pela casa.

— Era engraçado, Des odiava ter que usar fralda.

— Verdade. Mamãe dizia que eu tinha o mesmo costume.

— É eu lembro. Você adorava desfilar essa bunda branca por aí.

— E agora eu só a desfilo para você.

— Ainda bem.

Sorrio para ela antes de selar nossos lábios. Seguro nas duas mãos de Camila, afastando nossos corpos para girá-la, logo voltando a posição anterior. Não era necessário ter uma música, bastava apenas estar ao lado dela.

Relembrando os velhos tempos.

— Nós criamos uma bela família. Dois filhos lindos e responsáveis, uma vida estável e esse amor entre nós que não acaba.

— Só fica mais forte. Eu fico feliz por você ter sido a única na minha vida.

— E você pode não ter sido a minha primeira, mas é a única que realmente importa.

Minha declaração fez minha esposa sorrir abertamente antes de puxar-me para um beijo apaixonado. Suspirei, soltando sua mão para envolvê-la em meus braços.

— Pare! Estúpida, pervertida.

Camila repreendeu-me quando eu coloquei as mãos em sua bunda. Eu apenas gargalhei de sua reação, principalmente por ela estar com as bochechas vermelhas.

— Sabe que eu até gosto quando você me chama dessa forma?

— Que forma? Estúpida? – Concordo com a cabeça. — É porque você é uma estúpida, combina com você.

Selei nossos lábios diversas vezes. Eu sempre fui tão estupidamente apaixonada por essa mulher. Tenho certeza que desde que o início foi assim, e continuará sendo em outras vidas. Grudei nossas testas e olhei em seus olhos para sussurrar:

— Eu sempre serei sua esposa estúpida.

FIM!


Notas Finais


COMO ESTAMOS?

Quem sentiu o impacto dessa última frase, hein? Hehe, espero que tenham gostado.

Cara, muito obrigada de coração por tudo que vocês já fizeram e continuam fazendo por mim. Se eu continuo escrevendo é por gratidão a vocês também, minha maior recompensa é saber que ajudo algumas pessoas e que consigo passar mensagens para vocês. Esse é a minha maior recompensa.

Essa fanfic louca toda pensada em uma noite de insônia se tornou tão especial para muitos, principalmente para mim. Eu nunca imaginei que ganharia dimensões tão grandes, de verdade mesmo. Fico muito feliz que nossa filha foi recebida tão bem. Sim, porque ela não é só minha, É NOSSA!

É isso ai, carinhas. Nos vemos em outras histórias, outros livros... Eu vou estar aqui caso precisem, e não se esqueçam: nem tudo está perdido, basta querer e acreditar.

Love y'all... Adeus para sempre Stupid Wife!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...