1. Spirit Fanfics >
  2. Stupid Wife >
  3. Wishes.

História Stupid Wife - Wishes.


Escrita por: Horse

Notas do Autor


Oláaaaaaaaaaaa amores, feriado tá mó tédio então o que melhor que atualizar fic né? Sentiram saudades? Eu senti u-u

Então, não tenho muito o que falar não, na verdade eu tinha só que esqueci. Bem, eu queria ter pensado num emprego super foda pra Camila, tipo astronauta ou piloto de avião, mas não é nada demais não... Enfim.

espero que gostem...

Capítulo 8 - Wishes.


Sabe aquela sensação de estar dormindo e sentir tudo que acontece ao seu redor?

Assim eu estou me sentindo.

Ouço vozes e sinto meu corpo se mover, como estivesse saltando. Isso é efeito de alguma droga? Abro os olhos assustada, a possibilidade de eu estar drogada era alta já que minha vida deu uma volta sinistra.

― Mommy!

Um gritinho e logo em seguido algo cai em cima de mim. Conheço essa voz, e conheço esse cheiro de bebê. Antes eu odiava que me acordassem, ainda mais assim, gritando e pulando em cima de mim. Porém agora estou sorrindo, mas também, é ele, o pequeno encantador que me enche de alegria sem nem se esforçar. Não sei explicar mas, parece que a cada novo dia um sentimento maior por ele cresce dentro de mim, eu o amo, sei que sim, eu sinto isso. Ally disse que é meu instinto materno, mesmo eu não lembrando das coisas ainda assim o reconheço como filho.

Talvez seja verdade.

― Bom dia pra você também, Lou.

Finalmente abro os olhos por completo e olho para baixo, ele está com o queixo apoiado em minha barriga e seus joelhos apoiados ao lado de meu quadril. Ele sorri ao me ver acordada e se arrasta para cima, até que sua cabeça esteja em meu colo.

― Bom dia, mommy.

― Louis! Vem aqui. – Lauren parece irritada, o corpo de Louis enrijece sobre mim e segundos depois a porta é aberta bruscamente. É, ela parece mesmo irritada a julgar pela cara fechada e rosto vermelho. ― Por que você saiu correndo, mocinho? Eu te disse que não era para acordar sua mãe.

Ela o repreende e ele esconde o rostinho na curva entre meu ombro e pescoço, sinto dó por ele, Lauren parece assustador falando assim. Acaricio as costas do pequeno e beijo seus cabelos.

― Mas hoje é dia de dançar na chuva.

Ele fala abafado pois sua boca está pressionada em meu pescoço, olho curiosa para Lauren, ela passa as mãos no rosto e nega com a cabeça.

― Dia do que?

Pergunto confusa, seria isso um tipo de código ou programa em família?

― Dia de dançar na chuva. – Lauren responde e vem até Louis e eu, ela o segura pela cintura e o puxa para cima, ele tenta em vão se segurar em mim. Penso em pega-lo e deixa-lo aqui, porém ele está rindo, parece estar gostando disso. Lauren o segura contra seu corpo e olho para ele, só então noto que ele está vestindo apenas uma cueca de algum desenho animado. ― Você senhorzinho vai tomar seu banho, e depois nós vamos conversar sobre você me desobedecer.

― Não precisa brigar com ele também, ele é só uma criança.

Falo sem pensar e Lauren me lança um olhar que faz com que eu deseje sumir dali naquele momento. Ela sustenta esse olhar sério durante alguns segundos e sem dizer nada apenas coloca Louis no chão, o pequeno acena para mim e depois sai correndo do quarto.

― Ele é uma criança sim, Camila, mas ele precisa saber que não pode desobedecer as pessoas. Então não me repreenda na frente dele, porque ele vai achar que está certo e vai fazer sempre, a não ser que você queira uma criança mimada que te responde.

Ela está completamente séria, os braços cruzados abaixo de seus seios. Me sinto como uma criança levando esporro dos pais. Lauren consegue assustar as pessoas quando fica assim.

― Desculpa.

Ela suspira e seu rosto suaviza a expressão, morde o lábio e depois nega rapidamente com a cabeça.

― Tudo bem, você ainda está se adaptando a tudo isso. – agora ela está compreensiva e mais calma, quase suspiro aliviada. Lauren mandona é assustadora demais. ― Aliás, seria bom a donzela levantar e tomar um banho também ou iremos nos atrasar.

Abro a boca para perguntar onde iremos, mas Lauren é mais rápida e sai do quarto. Bufo frustrada e bato com as mãos abertas no colchão.

Que ótimo, vou para sei lá onde com a louca e o pequeno fofo.

Pelo menos ele vai estar junto, posso ficar ao lado dele o tempo todo.

Mas espera... Que roupa eu devo usar?

Levanto da cama e faço menção de sair do quarto, porém paro ao ver uma muda de roupas na ponta da cama. Lauren e a mania dela de separar minhas roupas. Sem nem conferir eu pego as roupas e vou para o banheiro. Preciso de um longo banho quente para relaxar e me preparar para o dia de hoje.

Depois que saio do banho, coloco a toalha no suporte e pego as roupas que Lauren separou para mim, visto primeiro as roupas íntimas. Eu ainda acho super constrangedor ela separar minhas calcinhas. Preciso conversar com ela sobre isso o mais rápido possível. Quando vou vestir as roupas me surpreendo com a regata branca minúscula e aquela calça de academia.

Eu vou malhar?

― Camila? Já está pronta? – a porta do banheiro é aberta e eu olho para Lauren que está me olhando de cima a baixo. ― O que houve?

Respiro fundo e olho para as roupas em minhas mãos, mostro a ela que levanta os ombros e me questiona com o olhar.

― Onde nós vamos? Por que eu tenho que vestir isso? Nós vamos malhar ou algo assim?

Lauren faz uma careta e me olha como se eu tivesse dito a maior idiotice do mundo. A olho da mesma forma e de repente seu rosto suaviza, ela inclina a cabeça para trás e diz alguma coisa.

― Às vezes eu esqueço que você não lembra de nada. – entorta a boca e suspira, ela se distrai e foca o olhar em minhas pernas. Meu rosto esquenta ao me dar conta que estou seminua na frente dela. ― Vou te levar pra conhecer a outra parte da sua vida.

― Mama!

Ela olha para a porta e faz sinal de espera com sua mão, Louis deve estar ali a esperando.

― Se veste rápido antes que ele entre em desespero.

Diz e sai do banheiro, eu suspiro e me encosto na parede.  Não faço ideia de onde vamos, ainda mais eu tendo que estar vestida dessa forma. Só de pensar em fazer algum exercício físico eu já me sinto exausta.

Ninguém merece.

//

Terminei de me vestir e fui me olhar no espelho. Até que essa roupa me deixa gostosa. Dou uma volta, duas e sorrio para mim mesma pelo meu reflexo. Meus cabelos estão presos em um firme rabo de cavalo, estou usando tênis de cano médio, bem confortáveis por sinal. Só não estou usando maquiagem, não me lembro se usava – embora seja provável que sim, mas na minha cabeça eu somente sei usar o lápis de olho e arrisco com delineador de vez em quando. Mas não faço a mínima ideia de onde estão as coisas nessa casa. Isso é uma merda.

― Uau! – salto ao ouvir uma voz, olho para trás e encontro Lauren paralisada na porta do closet, me medindo de cima a baixo. Pare com isso! ― Gosto mais de você sem maquiagem mesmo.

Acho que Lauren falou aquilo por impulso já que pressionou seus lábios e olhou para baixo sem jeito, sinto meu rosto começar a esquentar com aquilo. Nunca soube como reagir a elogios, sempre fico sem jeito ou então começo a rir igual uma louca.

― Eu estou com cara de velha.

Brinco para quebrar o clima estranho que ficou ali e me viro para o espelho outra vez, através dele vejo Lauren levantar o rosto e olhar para mim. Seus olhos estão azuis e brilhantes, ela abre um pequeno sorriso e nega com a cabeça.

― Então você é a velha mais jovem e bonita que eu já vi.

Ela diz e antes que eu possa me virar e rebater, minhas vistas ficam meio turvas, ouço ela me chamar e seguro nas bordas do espelho para não cair no chão. Sinto Lauren me segurar pela cintura e me amparar contra seu corpo, aquela frase dela ecoa na minha mente e outra vez me sinto ser puxada para algum tipo de universo paralelo.

De novo não!

Olho em volta e sei que estou no mesmo lugar, reconheço o closet. Mas ali está vazio, olho para os lados e ouço a porta ser aberta, logo eu, sim, eu adentro aquele local e em seguida Lauren também. Dou um passo para trás e fico observando a cena, é estranho. Me sinto como uma telespectadora de reality show.

Eu já disse milhares de vezes que você fica linda sem maquiagem, não sei porque você é tão paranoica com isso, amor.

Lauren diz e cruza os braços, apoiando o ombro na parede e olhando para mim, que estou em frente ao espelho vendo algo em meu rosto. Eu me viro para ela e bufo, sinto vontade de rir. É engraçado me ver irritada.

Você só fala isso pra me agradar, eu fico horrível sem maquiagem, pare de mentir. – Lauren nega com a cabeça e eu bato o pé esquerdo no chão, fechando a cara. Sério que eu fico assim quando estou sendo teimosa? Eu fico com cara de velha acabada, olha minhas olheiras.

Completo e volto a me olhar no espelho, Lauren descruza os braços e bate duas vezes no ar, simulando que está me dando palmadas na bunda. Que sem vergonha, fazendo esse tipo de coisa pelas minhas costas!

Ela se aproxima de mim e segura em minha cintura, me aproximo delas para ver e ouvir melhor. Vejo que ainda estou com a cara fechada, Lauren sorri para mim através do espelho e minha expressão suaviza. Ela joga meus cabelos por cima do ombro esquerdo e dá um singelo beijo na minha nuca e outro na curva entre meu ombro e pescoço. Eu fecho os olhos e suspiro.

Você é linda. – outro beijo. ― Maravilhosa. – mais um. ― Sem maquiagem você consegue ficar ainda mais bela, e se você se acha velha assim, então você é a velha mais jovem e bonita que eu já vi.

Tudo fica escuro e sinto uma pressão em meu corpo, ouço a voz de Lauren e abro os olhos. Estou em seus braços, ela me olha apavorada e diz alguma coisa que não entendo. Balanço a cabeça e deixo que ela me ajude a ficar em pé corretamente.

― Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa?

― Não, eu só... – aliso minha nuca e respiro fundo. Essa parada é muito sinistra. ― Está tudo bem.

Minto e sorrio para ela, Lauren suspira aliviada e dá um passo para trás. Me sinto mais segura com ela distante, sua presença me deixa ainda mais nervosa do que já estou. Estou prestes a dizer algo quando um pequeno furacãozinho entra no closet e começa a falar e pular sem parar.

― Vamos logo, mamães, eu quero ir logo.

Louis quase implora ao pegar nossas mãos e sair nos puxando para fora do closet, olho para Lauren que apenas ri e deixa ser levada pelo pequeno. Antes de descermos as escadas, Lauren solta a mão de Louis e o pega no colo, me obrigando a soltar a mãozinha dele quando ela o joga em seu ombro. Apenas olho para os dois, eles estão rindo um para o outro. Um sorriso involuntário surge em meus lábios.

― Para o alto...

― ... E avante!

Eles gritam juntos e então Lauren desce a escada correndo, meu coração quase para e sinto vontade de repreendê-la por fazer isso, mas me calo. Embora tenha vontade de estapear essa louca sem noção, será que ela não sabe o quão perigoso é descer uma escada correndo?

Maluca.

― Mommy, seu casaco!

Louis vem até mim e entrega um grosso casaco preto. Sorrio para ele e pego o casaco, logo me visto e ele vai até Lauren para que ela o agasalhe. Fecho o zíper do meu casaco e prendo mais forte meu cabelo. Lauren também veste um casaco grosso, só que verde. Louis está usando uma touca preta e vestido com uma jaqueta do Chicago Bulls, solto uma risadinha nasal, ele é fanático mesmo por basquete. Tem uma touca preta em cima da mesinha de canto, porém estou de olho na branca que Lauren está usando, é linda e do jeito que eu gosto. Eu adoro toucas beanies.

― Eu fico com essa.

Vou até ela e pego a touca de sua cabeça, Lauren me olha boquiaberta e eu sorrio para ela enquanto ajeito a touca em minha cabeça. Ela nega com a cabeça sorrindo, depois pega a touca preta que deveria ter sido minha e coloca em sua cabeça.

― Vamos?

Nos chama e eu aceno com a cabeça, ela nem precisa chamar Louis duas vezes pois o pequeno abre a porta e sai correndo quintal a fora. Estou curiosa demais para saber onde vamos e o porquê dessa animação toda do pequeno. Lá fora está bastante frio, a brisa que bate em meu corpo me faz estremecer um pouco.

― Lauren. – a chamo e ela me olha depois de destravar o carro para que Louis entre nele. ― O lugar que nós vamos é tão legal assim para ele ficar animado desse jeito?

Aponto para dentro do carro onde Louis está sentado no banco do motorista e buzinando sem parar, Lauren gargalha e faz sinal para que o pequeno espere. Eu nunca o vi assim, a não ser no dia do jogo de basquete.

― É legal sim, mas animação dele é por outra coisa.

Não gosto nada do sorrisinho que está em seus lábios. Por que está sorrindo assim, estrupício?

― Que coisa?

Questiono intrigada, Lauren umedece seus lábios pintados de vermelho e coloca as mãos no bolso do casaco.

― Você vai ver.

Pisca e depois vai em direção a seu carro, continuo ali parada com milhares de interrogações na cabeça. Sinto que não irei gostar disso, meu sexto sentido está me alertando.

Mais essa agora...

//

 

Lauren estaciona em frente a um alto prédio, olho para ela sem entender nada depois volto a olhar lá fora. Tem uma placa no alto, mas não consigo ler direito. O carro volta a se movimentar e Lauren vai em direção a um portão branco de ferro, ele se abre e posso ver um pátio de estacionamento, tem alguns carros estacionados ali.

― Lauren, onde nós estamos?

― Você vai saber já já.

Reviro os olhos e me jogo de costas no banco do carona, lá atrás Louis está ainda mais animado que antes. Olho para trás e o vejo ansioso com o rosto colado no vidro, ele saltita sobre o banco e implora que Lauren pare logo o carro e abra a porta.  

― Antes de sair, mocinho. – Lauren inicia após estacionar o carro, solto meu cinto de segurança e ela faz o mesmo. Louis para de saltitar no banco para dar atenção a ela. ― Nada de ficar correndo lá em cima, ok? Não esqueça o que combinamos na semana passada.

― Eu prometo, mamãe. Nada de ir para o segundo andar.

Olho para Lauren, ela gira o copo e sorri para Louis, estica a mão e faz aquele mesmo toque deles. Solta o cinto do pequeno e volta a sua posição inicial, destrava a porta e em segundos Louis abre a porta, salta do carro e sai em disparada para dentro daquele lugar que não faço a mínima ideia de onde é, e o mais importa, o que aquele lugar é.

― Vamos?

Lauren me chama e sorri antes de abrir a porta, sai do carro e eu demoro alguns segundos para reagir. Finalmente saio do carro e sinto a brisa gelada bater contra meu corpo mais uma vez, ajeito melhor a touca em minha cabeça e fecho a porta, logo depois coloco as mãos nos bolsos do casaco. O tempo hoje só está bom para passar o dia inteiro debaixo das cobertas comendo besteiras e assistindo desenhos.

― É, acho que sim...

Digo meio vagamente e Lauren apenas sorri de lado, faz sinal para que eu a acompanhe e eu passo por ela andando a sua frente, quando adentro aquele local começo a olhar em volta. Tem um enorme salão, um balcão próximo a porta de entrada na frente e bancos de espera. Me viro em busca de Lauren e quase escorrego no chão ao me assustar com ela tão próxima a mim.

― Srta. Jauregui, fico feliz que já está se sentindo melhor.

Uma morena vem até onde Lauren e eu estamos paradas, ela sorri amigavelmente em minha direção, olho para trás apenas para conferir se é comigo mesmo e concluo que sim, é comigo mesmo que ela está falando. Senhorita Jauregui? Sério mesmo isso?

― Eu...

― ... Oi, Annie, ela ainda não está completamente bem, tudo ainda é meio confuso. – Lauren me interrompe e toma a frente, suspiro quase aliviada, a forma que ela me chamou ainda está me incomodando. ― Eu trouxe ela hoje apenas para conhecer o lugar. – a morena franze o cenho e Lauren murmura algo para ela, sua expressão passa de confusa para triste e ela me olha com pena? O que? ― Vem, Camz.

Lauren me chama e sem nem ao menos me despedir da tal Annie, passo por ela e acompanho Lauren. No caminho ela vai dizendo algumas coisas, comentando que ali existem várias classes de diversos tipos de artes.

― Aqui é tipo uma escola?

Pergunto curiosa quando Lauren se cala por alguns minutos, estamos paradas em frente a uma extensa por de vidro. Lá dentro algumas crianças estão correndo, pulando e dançando.

― É um centro cultural.

Ela responde e mesmo sem querer eu abro um enorme sorriso. Lembro-me que desde pequena eu sonhava em ter um, estou feliz que Lauren me trouxe aqui. Será que nosso programa familiar dos sábados é visitar esse centro cultural? Se for – e eu espero que seja, não me importarei de acorda cedo todos os sábados.

― Que foda. – comento sem perceber e quando me dou conta tapo minha boca, olho em volta para conferir se não tem nenhuma criança por perto, felizmente não tem. Lauren ri. ― De quem é esse espaço?

Questiono realmente interessada, Lauren espalma as mãos na porta a sua frente e me olha por cima do ombro, ela sorri e eu faço uma careta.

― Como de quem é? – ela empurra a porta e adentra a sala. ― É seu, ora essa.

Aponta em direção a uma parede e eu acompanho com o olhar, meus olhos não acreditam ao ver escrito na placa “Escola de Artes Cabello-Jauregui”

Meu queixo cai e hesitante eu adentro a mesma sala que Lauren, as crianças que estão ali ficam agitadas com a presença dela e algumas correm em sua direção. Meus olhos estão úmidos, esse lugar é meu, eu consegui realizar um dos meus sonhos da adolescência. Estou incrédula, tento assimilar que aquilo é mesmo verdade. Olho em volta ainda meio abobada, sinto alguém puxar a barra do meu casaco para baixo.

― Tia Camila.

Tem uma pequena garotinha em pé ao meu lado, seus olhos castanhos brilham ao me ver enquanto ela acena freneticamente. Abro um enorme sorriso e faço carinho em seu rostinho.

― Ei mocinha linda.

A cumprimento e ela manda um beijo no ar antes de se virar e correr em direção a Lauren, que agora está caída no chão enquanto é atacada por cócegas dos pequenos. É impossível não rir daquela imagem, Lauren parece se dar bem com crianças instantaneamente, agora sei porque ela é uma ótima mãe. Aparentemente. Dois garotinhos vem até onde estou e seguram minhas mãos, eles também me chamam de tia Camila e me incentivam a me juntar a eles na “guerra” de cócegas em Lauren.

Por que não?

Concordei com os dois e fui correndo até onde Lauren estava, me enfiei da melhor forma que consegui entre os pequenos e começamos então a atacar Lauren com cócegas.

//

 

Depois da sessão de cócegas em Lauren, ela conseguiu escapar e ficar de pé e começou a correr atrás das crianças, brincando de pega pega. Eu não conseguia parar de rir, aquela Lauren era bem espontânea. Parece outra pessoa olhando assim, alguém super amigável e suportável.

Mas ela é outra pessoa, Karla Camila. Eu sei que ela não é mais aquela mesma imbecil prepotente do ensino médio, mas é tão estranho ver essa Lauren adulta responsável quando eu só consigo me lembrar dela como uma adolescente estúpida e inconsequente.

O quão estranho é tudo isso?

― Lauren. – me aproximo dela, que está sentada próximo a porta com as mãos apoiadas no chão e a cabeça erguida enquanto recupera seu fôlego. Ela olha para mim e balança suas sobrancelhas. ― Cadê o Lou?

Pergunto e olho em volta, não encontrando sinal algum dele. Estou sentindo saudades do pequeno, desde que chegamos aqui ele sumiu. Lauren fica sentada corretamente, estica as costas e pigarreia.

― Deve estar na sala de artes com a Rosalie.

― Quem é essa?

Lauren sorri com os lábios quase totalmente fechados e me olha de soslaio. Usa os joelhos como apoio e fica de pé, continuo agachada no chão olhando para ela sem entender nada.

― Vamos lá que eu te reapresento ela.

Estende as mãos para mim e eu prontamente as seguro, Lauren me puxa para cima e se afasta um pouco, mas sua mão continua na minha cintura. Sorrio amarelo para ela e com delicadeza retiro sua mão de mim, ela entorta a boca e suspira, desviando o olhar. Se despede das crianças que lamentam e imploram que ela volte ali depois, sorrio para eles aceno rapidamente antes de seguir Lauren para fora.

Passamos por umas salas que estão com as portas fechadas, apenas uma quase no final do corredor que está aberta. Lauren para em frente a ela e aponta com a cabeça, eu aceno e entro junto dela na sala. Tem mais crianças aqui, mas também tem adultos, três mulheres. Elas estão auxiliando os pequenos com desenhos? Pelo menos é o que parece.

― Cadê ele?

Lauren o busca com o olhar e quando o acha, olha para mim e discretamente aponta para o final da sala. Dou um passo para o lado e tenho uma melhor visão do meu pequeno ao lado de uma garotinha loira. Eles estão sorrindo e rabiscando algo juntos em uma folha. Fecho a cara na hora, não estou gostando disso. Quero dizer... Ele realmente saiu correndo mais cedo daquela forma, estava todo ansioso e sumiu sem me dizer nada para ficar aqui com essa garota? Sério?!

― Incrível. – a voz e risada de Lauren me fazem desviar o olhar deles e focar nela. Ela está sorrindo e negando com a cabeça, levanto a sobrancelha curiosa. ― Mesmo não lembrando de nada você continua olhando assim para Rose.

― Assim como? – pergunto por impulso.

― Com esse olhar de “saí de perto do meu filho sua pequena usurpadora”, ciumenta toda vida.

E continuou rindo. Eu não estou nada com esse olhar, só quero entender o que essa garotinha tem de tão legal assim para ele largar as próprias mães e ficar enfiado aqui nessa sala grudado nela. Zeus! Eu estou com ciúme de uma criança.

Mas que se dane, ele é meu filho, não é mesmo? Será que é tão errado eu querer a atenção dele só pra mim?

― Eu não estou com ciúme, só queria que ele ficasse com a gente.

Resmungo e Lauren acaba por rir alto demais chamando a atenção das professoras e dos alunos. Eles nos olham e eu coro sem jeito com tantas pessoas me olhando. Uma das mulheres se levanta toda sorridente, até demais, e caminha em nossa direção.

― Srta. Jauregui. – me cumprimenta e estende a mão, com a mandíbula trava eu aperto a mão dela com firmeza, que sorri sem jeito. ― Lauren.

E abre um sorriso maior ainda quando olhar para... Espera ai! Lauren? Por que eu sou a “Srta. Jauregui” e ela é apenas Lauren?!

Estou indignada, olho para Lauren que parece uma estátua humana. Ela me olha e sorri amarelo, semicerro os olhos e ela desvia o olhar.

― Oi, professora Lorena.

Sinto vontade de perguntar porque raios todo mundo me chama de Srta. Jauregui nesse lugar, eu não quero minha pessoa ligada a esse sobrenome, mesmo que esteja na minha certidão agora. Quer dizer, deve estar, não deve? Afinal até onde sei Lauren e eu nos casamos de todas as maneiras possíveis.

― Mommy. – Louis agarra minha perna direita e eu automaticamente sorrio, olho para baixo me deparando com seus brilhantes olhos acinzentados. ― Vamos dançar na chuva?

― Que?

― Oh, não filho, hoje sua mãe não vai poder dançar na chuva. – olho para Lauren sem entender e ela apenas sussurra que depois me explica. Espero que explique mesmo. ― Vamos comer alguma coisa?

― Sim!

Ele grita e me solta, para logo depois correr para Lauren, que abaixa e o pega no colo. Louis agarra o pescoço dela e prende suas pernas em volta do corpo de Lauren, sorrio com a imagem. Eu costumava dar esse coala hug nos meus pais quando era pequena.

― Está com fome?

― Muita.

Confesso e Lauren sorri, me chama e saímos juntas daquela sala. Mas quando estamos no corredor, Lauren pede para eu esperar e entra na sala de novo, voltando segundos depois com aquela garotinha que rouba meu filho de mim. Olho para ela fuzilando-a com o olhar, ela apenas dá de ombros e aponta para Louis que outra vez está todo animadinho com a presença da tal Rosalie.

Mereço.

//

 

Depois de comermos alguma coisa, Lauren leva Rosalie de volta para a sala de artes e me avisa que podemos ir embora. Não queria ter que ir agora, ainda quero conhecer o outro andar, saber quem trabalha ali e quem estuda também. Estou tão feliz e animada por saber que aquele lugar é meu.

― Ele dorme bastante, né?

Já estamos dentro do carro, termino de prender meu cinto de segurança e Lauren faz o mesmo.

― Dorme sim, igual você.

Ela comenta sorrindo, liga o carro e dá a ré. Sorrio e continuo olhando para o pequeno encolhi no banco detrás. Sua feição é tão tranquila e ele tem um resquício de sorriso em seu rosto.

― Lauren, quem é aquela garotinha?

― Rosalie? – murmuro em concordância. ― É amiga do Lou.

― Eles são um grude.

Resmungo cruzando os braços, Lauren gargalha e estala a língua depois. Já estamos na estrada, olho através da janela observando as pessoas do lado de fora morrendo de frio.

― Eles são crianças, Camz.

― E daí? – me viro para ela de novo, Lauren está concentrada na estrada porém não para de rir. ― Ele nos largou pra ficar com ela.

― Ele sempre fez isso desde que começou a falar com a Rose.

Deu de ombros como se não fosse nada demais, como ela podia ficar tão de boa em relação a isso?

― Você não entende.

Me encolho no banco com um bico enorme nos lábios, Lauren para em um semáforo e vira de lado para me olhar.

― Entendo sim, você está com ciúme. – conclui convicta e eu reviro os olhos. ― Mas relaxa, Camz, eles são só crianças e são amigos. Não é como se ele fosse fugir com ela para a China e sumisse de você.

Brinca e eu acabo soltando uma risadinha. Acho que talvez esteja exagerando, meu corpo relaxa e eu me sento corretamente no banco. Mas algo me incomoda. Coço a nuca nervosa, aliso a região e olho para Lauren que está bem focada na rua a frente.

― Você acha que quando ele ficar mais velho ele vai arrumar uma namoradinha e fugir para outro país?

Lauren me olha uma, duas, três vezes tentando confirmar se o que estou falando é sério. E é bem sério.

― Camila... Por Deus, ele só tem cinco anos de idade.

Volto a fechar a cara e cruzo os braços de novo. E daí que ele é novo? Como vou saber que no futuro ele não vai fugir para outro país e ficar longe de mim?

Eu não quero ficar longe do meu pequeno.

 

//

Chegamos em casa e Lauren foi colocar Louis na cama, me sento no sofá para esperar ela. Sei que temos que conversar, e quero fazer isso antes da consulta de terça. Minutos depois ouço Lauren descer as escadas, puxo os pés para cima e os coloco no sofá, ela joga algo no meu colo e vejo que é um cobertor. Eu estava mesmo com frio.

― Queria falar comigo?

Ela se pronuncia ao sentar próxima a mim, abro o cobertor e jogo por cima das minhas pernas, me ajeito no sofá e sento de frente para ela, com as costas apoiada no braço do sofá.

― Quero te perguntar algumas coisas.

― Tudo bem.

Ela concorda e senta da mesma forma que estou, mas ao invés de esticar as pernas ela apenas as cruza, sentando em forma de índio. Respiro fundo enquanto penso no que perguntar a ela.

― Você trabalha em que?

Ela parece surpresa com minha pergunta, eu mantenho minha expressão tranquila. Lauren ajeita o capuz e as mangas de seu moletom preto e umedece os lábios.

― Eu tenho um estúdio de fotografia.

Fico surpresa com sua resposta, tudo bem que já sabia que ela gostava de fotografar, aliás todos na escola sabiam disso já que ela vivia levando sua polaroid para escola. Lauren gostava de fotografar paisagens e pessoas distraídas. Eu era um de seus maiores alvos e isso me irritava na época.

― Sério?

― Muito.

Pressiono os lábios, mesmo sabendo de seu amor por fotografia jamais imaginei que ela cresceria e abriria um estúdio, seus pais sempre quiseram que ela e Ian seguissem seus passos e virassem advogados.

― Jurava que você era advogada.

Confesso e ela solta uma risada nasal.

― Não, somente Ian seguiu os passos dos nossos pais.

Dá de ombros e sorri de lado. Sinto vontade de perguntar sobre os pais delas, ela nunca fala deles e me lembro bem do quão grudada ela era com eles quando mais nova. Apenas me calo, deixarei para perguntar sobre eles em outra ocasião.

― Nós ganhamos tão bem assim para termos essa casa e aqueles carros na garagem?

― Ganhamos bem sim. – ela se remexe sobre o sofá e olha para o lado. ― Mas nossa renda não vem somente de nossos empregos.

Oh meu Deus! Eu sabia que ela tinha envolvimento com alguma coisa errada.

― E-e do que mais?

Não posso evitar gaguejar, Lauren me olha confusa por ver minha reação e com certeza nota o quão nervosa estou.

― Está sentindo alguma coisa? – nego com a cabeça e ela continua me olhando meio torto, não acreditando realmente na minha palavra. ― Eu tenho algumas casas alugadas em Miami e quiosques na praia também. E você além do seu salário também ganha uma renda vinda da empresa dos seus pais, você, Ally e Sofia na verdade.

― Oh...

É única coisa que sai da minha boca. Lauren continua me olhando e esperando que eu pergunte mais alguma coisa, mas eu não penso em nada no momento.

― Era só isso?

― Não, eu... Você disse que eu tenho aquela escola de artes, certo? – ela acena com a cabeça. ― Eu sou somente a dona de lá ou...

― Você dá aulas também, de dança.

― Sério?

― Muito. – ela concorda rapidamente e sorri largo. Certo, eu sou uma pequena empresária e professora de dança também. ― Você é uma excelente dançarina.

Ela completa e não posso evitar meu sorriso orgulhoso, e até convencido. Tirando algumas coisas minha vida parece ser ótima, ainda quero conhecer mais sobre mim, sobre minha rotina corretamente e sobre ela...

― Você costuma me ver dançando?

Minhas bochechas esquentam porque na verdade eu pensei outra coisa diferente que essa pergunta, eu quero saber se eu já dancei para ela alguma vez. Lauren abaixo o olhar e sorri daquela mesma forma que naquele vídeo que eu vi alguns dias atrás... Oh não.

― Bastante. – encolho as pernas, estou sem jeito. ― Aliás eu adoro sua flexibilidade.

― O que?

Pergunto apenas para confirmar se ela disse o que eu acho que ela disse. Lauren arregala os olhos, acho que falou aquilo por impulso, agora é ela que está sem jeito.

― Nada não... Quer assistir algum filme?

//

O fim de semana passou rápido, ficamos os três jogados na cama assistindo desenhos e comendo diversas besteiras. Não sei se era tão saudável Louis comer tantas coisas não saudáveis, mas Lauren não pareceu se preocupar tanto, embora ela seja meio irresponsável no quesito alimentação dele já que vive o levando em lanchonetes depois da escola. Eu sei porque ele me conta.

Segunda-feira foi um tédio maior ainda, Lauren e Louis passam o dia todo fora praticamente durante a semana, e segundo Lauren minha semana não tem nada de especial. Ela diz que eu gosto de ir no centro cultural e passar o dia lá, ou então visitar algum de nossos amigos. Basicamente: eu não faço nada. Quer dizer, eu trabalho nas quartas e sábados quando eu costumo dar aulas de dança, assim como Lauren me informou. Confesso que fiquei um pouco decepcionada comigo mesma, eu nunca achei que ficaria tão atoa na vida, mas pelo menos um sonho eu realizei.

 

15 de Novembro de 2014.

 

Acordamos cedo, dessa vez quem acordou primeiro e fez o café da manhã foi eu. Estou nervosa, mas não tanto quanto Lauren, ela parece que vai explodir a qualquer momento. Nem ir ao trabalho ela irá hoje, mas disso que já sabia, ela quer saber qual será o resultado dos exames e se eu irei me lembrar de alguma coisa.

― Vamos? Está na hora.

Lauren aparece na cozinha onde estou terminando de secar as louças sujas e me chama, apenas concordo com a cabeça e seco as mãos no pano de prato. Me viro para Lauren que está com um ombro apoiado no batente do arco que tem na cozinha. Ela sorri, embora seu sorriso não chegue até seus olhos, esses que estão ainda mais apagados que nos dias anteriores. Não conheço ela muito bem, mas já sei quando ela não está legal, e definitivamente ela não estava.

― Vamos.

Fecho o zíper da jaqueta preta que estou vestindo e a acompanho até a saída, Lauren está calada, desde manhã está assim. Incrivelmente temos nos dado bem ultimamente, embora eu ainda não goste dela, apenas estou suportando-a. Mas já é tão ruim quanto antes, estou evitando ao máximo ser grossa com ela.

O caminho para o hospital foi bastante silencioso, Lauren ligou o rádio para que o silêncio não fosse tão melancólico quanto estava. Não olhei para ela em momento algum, mas senti seus olhares em mim. Quando chegamos no hospital, ela estacionou o carro e saiu rapidamente, suspirei e fiz o mesmo. Ao longe vi meus pais nos esperando na entrada lateral do hospital.

― Filha.

Papai diz antes de me envolver em seus abraços, agarro sua cintura e escondo meu rosto em seu peito. Estou com medo, tanto medo que meus olhos se enchem de lágrima. Meu pai beija minha cabeça e eu me afasto dele, depois abraço minha mãe e eles nos avisam que Dr. Charlie já está nos esperando.

Respiro fundo e olho para cima. Espero que dê tudo certo.

.

Estamos na sala do Dr. Charlie, ele nos cumprimenta e pede para nos acomodarmos. Sento ao lado de meu pai e Lauren ao lado de minha mãe, olho para papai e ele sorri confiante enquanto afaga meu ombro. Vai dar tudo certo.

― Então, Camila, como anda sendo sua rotina de mãe e esposa?

Ele pergunta simpático, me olha e sorri de maneira acolhedora, de alguma forma me sinto mais relaxada. Ele não está tenso, espero que tenha boas notícias.

― Eu ainda não me acostumei. – confesso e ele me olha com atenção. ― É tudo muito estranho para mim, não consigo me ver totalmente como mãe. – me lembro do pequeno Louis e sorrio ao visualizar seu rosto. ― Mas eu me dou bem com o pequeno, ele é um garoto incrível.

― E com sua esposa? – meu corpo enrijece e eu arregalo brevemente os olhos, sinto meu pai pressionar com um pouco de força meu ombro onde sua mão repousa. Dr. Charlie percebe minha tensão e lança um breve olhar para Lauren. ― Tudo bem, você ainda está bastante confusa.

Aceno e ele sorri concordando com a cabeça, ele pega um envelope branco e o abre. Vejo sua boca movimentando-se, mas não consigo ouvir nada, meus olhos estão focados no envelope em suas mãos.

― E então, Dr. Charlie?

O Dr. está com as sobrancelhas juntas, ele lê e relê várias e várias vezes as folhas em suas mãos.

― Seus exames estão todos excelentes. – ele fala e meu rosto se contorce em confusão. Se tudo está bem então porque eu não lembro de nada? ― Oh...

― O que?

É meu pai que pergunta, Dr. Charlie desvia o olhar das folhas e olha para todos nós, então seu olhar para em meu pai.

― Eu explicar da melhor forma possível para que vocês entendam. ― ele diz e todos nós assentimos. ― Sres. Cabello e Srtas. Jauregui, o caso de amnesia da Camila é um caso raro, o trauma dela não foi causado por nenhuma pancada ou lesão, foi causado por estresse. – ele olhou diretamente para mim. ― Você sofreu um choque causado por estresse, seu cérebro se fechou e apagou metade da sua vida.


Papai solta meu ombro e pelo canto do olho o vejo passar as mãos no rosto. Engulo seco e abaixo a cabeça. Ouço minha mãe perguntar algo ao Dr. porém estou muito ocupada tentando assimilar como algo assim pode ter acontecido justo comigo.

― Eu vou recuperar minha memória?

Minha voz sai alta, mas vacilante, estou tremendo um pouco. Apavorada, é assim que me sinto. Estou com medo de nunca conseguir lembrar de momentos importantes, tais como o nascimento de Louis e da época em que estava grávida dele. Sinto vontade de chorar, eu quero me lembrar disso, não é justo que eu não consiga.

― Olha, Camila, o seu caso é bem raro...

― ... Eu vou ou não conseguir recuperar a memória?!

Interrompo ele e levanto o rosto, olhando bem em seus olhos. Dr. Charlie solta o ar de seus pulmões e bate o polegar contra a mesa, alisa a nuca e umedece os lábios.

― É possível que você consiga recuperar toda sua memória, ou pelo menos boa parte dela.

Ele diz e me sinto um pouco mais tranquila, porém ainda assim apavorada.

― Como ela poderá fazer isso?

Minha mãe pergunta, continuo olhando para o Dr.

― Existem tratamentos para esse tipo de caso, mas o aconselhável é que ela continue vivendo sua rotina, ver fotos, vídeos ou até mesmo ler diários pode ser de bastante ajuda para que faça ela ter flashes de memória.

Então me lembrei daqueles sonhos estranhos, seriam esses os tais flashes de memória?

Meus pais e o Dr. Charlie continuam conversando. Respiro devagar, minha mente está meio confusa, porém estou confiante. Existem tratamentos, eu posso lembrar das coisas, isso é perfeito. Abro um enorme sorriso, agora sim, eu tinha certeza que tudo daria certo.

― E qual a probabilidade dela não lembrar de nada?

E então essa pergunta me trouxe de volta a realidade e me deixou receosa outra vez. Dr. Charlie apoia os cotovelos na mesa e coloca o queixo sobre suas mãos.

― São altas.

Sua resposta é quase como um soco no estômago, me sinto levemente enjoada. Acho que meu estômago não funciona legal quando eu fico com medo.

― A-altas?

― Sim.

― Quanto? Altas quanto?

Minha voz é quase desesperada.

― Eu vou ser bem direto, Camila, suas chances de nunca se lembrar de nada são de oitenta por cento.

Então tudo em volta de mim desaba, a pequena esperança que eu tinha cai em queda livre direto para o fundo do poço. Dr. Charlie me olha penalizado, não consigo ter nenhuma outra reação a não ser a de ficar parada o olhando sem acreditar.

Eu posso voltar a lembrar de tudo, mas é mais provável que eu não lembre de nada. E agora?

Não irei lembrar de nada. Nenhuma data importante, nem de como tudo aconteceu na minha vida.

Estou tão desesperada pensando no que eu jamais lembrarei, até que um soluço alto me traz de volta a realidade. Meu coração aperta no peito ao olhar para o lado e ver Lauren quase debruçada sobre a mesa, seu corpo treme com violência enquanto seus soluços fortes são ouvidos, ela chora com tanta força e dor que sinto-me rasgar ao vê-la daquela forma. Era a primeira vez que a via chorar dessa forma, não pensei que doeria tanto vê-la assim. Minha mãe tenta acalma-la e acaricia suas costas, mas nada adianta, ela continua ali, se acabando em lágrimas.

Fecho os olhos, não quero ver ela dessa forma. Seu choro compulsivo ainda me incomoda, sinto vontade de levantar e coloca-la no colo da mesma forma que ela fez comigo quando eu chorei alguns dias atrás. Mas não consigo, meu corpo simplesmente não reage.

Ela me ama, me ama tanto ao ponto de sofrer o inferno porque eu nunca lembrar de ama-la. Eu significo tanto para ela, e mesmo sem entender estou sofrendo porque eu vejo diariamente o quanto ela sofre por mim.

Então pela primeira vez nesses dez dias eu desejo com todas forças poder me lembrar de tudo.

Desejo conseguir me lembrar dela, lembrar de nós. 


Notas Finais


Então, como nós estamos?

OMG CAMILA QUERENDO LEMBRAR DELA E DA LAUREN, POSSO OUVIR ALELUIAS???? Viram viram viram, ela não é uma pessoa ruim, ela só tem medo e não lembra de nada.

Bem, como vocês podem ver as coisas estão fluindo, com calma nós vamos levando tudo. Elas estão começando a se dar bem, mas ainda não estão naquele ponto que nós queremos, mas ahhhhhh Camila com ciume do Lou tão saugssajgsdkauyg coisa fofa mesmo, né? É.

Eu realmente não faço ideia de quando eu vou conseguir atualizar, vai depender da minha inspiração e imaginação, posso voltar essa semana ainda ou posso voltar daqui duas semanas, não sei. Eu nunca tenho prazo para atualizar minhas fics então já sabem... Mas vocês estão acostumados comigo aparecendo de surpresa, então não desanimem não, pode ser que eu apareça por aqui de surpresa mesmo. Eu adoro fazer isso por sinal.

O cap não está lá grandes coisas, mas, ele é super mega importante. Acho que era só isso mesmo, qualquer dúvida me perguntem por aqui, ou pelo twitter/ask.

twitter: https://twitter.com/cavalajane
ask: http://ask.fm/jaakordeimae

ATÉ QUALQUER DIA MEUS AMORES ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...