História Sua voz - Namjin - Parque

Pov Jin

Vergonha. É isso que eu estou sentindo nesse momento. Desde que o filme começou nós não trocamos nem uma palavra se quer. Nós estamos com um baita espaço entre a gente, não que ele não quisesse sentar ao meu lado, mas eu não queria sentar ao seu lado. Eu suava frio e ficava brincando com os meus dedos por conta do nervosismo. Fingia estar prestando atenção no filme, mas na verdade os meus pensamentos não saíam do platinado ao meu lado.

Após alguns minutos eu sinto ele se aproximar e sentar ao meu lado, praticamente grudado em mim. Eu olho pra ele assustado e ele sorri. Ah... O seu sorriso. Tão lindo e encantador.

-Nós não precisamos ficar tão separados, precisamos? -nego com a cabeça e ele sorri, voltando sua atenção para o filme, assim como eu.

Durante o resto do filme  ficamos em silêncio, só o que se ouvia era o som da televisão e algumas vezes o som da risadinha gostosa do Namjoon. Como tudo nele pode ser tão... Encantador? Desde a sua voz rouca até as suas covinhas. Cada detalhe do seu rosto. Seus olhos, nariz, sorriso, lábios... Lábios carnudos e rosados. Em seu lábio inferior tem um risquinho no meio. Até isso é charmoso nele. Ele sorri pra mim e só então eu percebo que estava encarando ele.

-Você está gostando do filme ou quer fazer outra coisa?

-O-o filme... É.... Tá... - Por que não consigo formular uma frase? Agora ele tá ali rindo de mim. 

-Você é tão diferente conversando cara a cara do que por mensagens. Eu chego a ter medo do Seokjin que falava comigo por mensagens. -fala em tom de brincadeira e me faz corar. -Você fica tão lindo corado. -tá, agora eu tendo certeza que poderia ser facilmente confundido com uma pimenta. Olho para baixo envergonhado enquanto ele ri.

-Para de rir de mim. -bato em seu braço.

-Ai! -ele faz um carinho no lugar que eu bati juntamente com uma cara de cachorro molhado.

-Desculpa, eu não queria te machucar. -dessa vez sou eu que faço um carinho no lugar que bati.

-Você é um tanto quanto protetor, não é? -paro o "carinho" e volto a olhar pr'o chão. -Quer dar uma volta depois do filme? -nego com a cabeça várias vezes seguida. -Ah, vamos.

-N-não gosto de sair.

-Mas vai ser a noite, vai ter poucas pessoas na rua.

-Acho melhor não. -me Encolhi um pouco por receio.

-Ei. -chega mais perto de mim. -Nada vai te acontecer. Eu prometo que vou te protejer, ok? -não sei porquê, mas suas palavras me transmitiram segurança e mesmo hesitante, eu acabei concordando. -Legal. -sorriu largo.

Uma coisa que eu tenho certeza: uma das coisas mais bonitas que existe é sem sombra de dúvidas o sorriso de Kim Namjoon.

[...]

-E então, gostou do filme? -pergunta e eu afirmo. -Eu também. Principalmente naquela parte que o cara... -parou de falar do nada e olhou pra mim rindo baixo. Olho pra ele sem entender. -Você nem prestou atenção no filme, prestou? -nego de cabeça baixa. -Você é tão fofo.

-Para com isso. Até parece que você gosta de me ver envergonhado.

-E eu gosto. Você fica fofo com as bochechas vermelhar. -sorri. - Provavelmente eu já disse, mas direi novamente: você é lindo e esse cabelo combina muito com você.

-Obrigado.

-_Então, vamos?- pergunta  levantando-se do sofá.

-Ir pra onde?

-vamos dar uma volta.

-Eu não...

-Você concordou.

-Tudo bem, só deixa eu me trocar.

Subo as escadas nervoso e entro no meu quarto. Procuro uma roupa e chego na seguinte conclusão: eu não tenho roupa. Faz um ano e pouco que eu não saio de casa, então as roupas de antes não servem direito. Após muito tempo procurando uma roupa razoável eu acabo vestindo uma blusa preta de mangas longas que ficavam largas, uma calça jeans e um converse high preto -que graças a deus ainda me servia. Fui ao banheiro escovar meus dentes e arrumar o meu cabelo. Meu nervosismo era evidente. Após estar pronto eu me olho no espelho do banheiro. Eu estou diferente desde a última vez que me vi nesse mesmo espelho. Continuo muito magro, mas em compensação o meu cabelo melhorou muito a minha aparência. Respiro fundo.

-Calma Seokjin, vocês só vão dar uma volta. Nada vai acontecer. -tento me acalmar, o que não adiantou muito. Coloco uma mascara que cobria a minha boca, pois assim me sentirei mais a vontade.

Desço até a sala e lá encontro minha mãe e o Namjoon conversando.

-Olha só... Meu filhão lindo como sempre. -fala e logo após da um beijo na minha testa. -Traga-o de volta sem nenhum arranhão e não voltem tarde. São 20h agora, no máximo 2 da manhã eu os quero de volta. -fala fazendo Namjoon rir. -To brincando. Divirtam-se.

-Pode deixar que eu o trarei em segurança para casa. Vamos? -Namjoon diz e eu assinto o seguindo. -Até mais.

Caminhamos um ao lado do outro sem falar muita coisa, até ele puxar assunto.

-Você gosta de ler não é? -assinto. -O que acha de "Romeu e Julieta"?

-Nunca li. -dou de ombros.

-Como não? É um clássico.

- Que eu não gosto.

-Mas você nunca leu, como pode não gostar?

-Nunca li, mas conheço a história. Eu acho um grande desperdício em relação a história.

-Como assim?

-Bom, eles querem ficar juntos, ignoram a rivalidade das famílias por conta do amor deles, mas 'pra que tudo isso se no final eles morrem?

-Nem todas as histórias tem um final feliz.

-Pois é, mas por que eu perderia o meu tempo lendo uma história cujo o final eu já sei e não me agrada?

-Ok, concordo. Mas o final não é necessariamente um final triste.

-Como não?

-Eles ficam juntos. Claro que aos nossos olhos é um tanto quanto triste, mas não sabemos se depois de mortos eles estão separados ou enfim juntos.

-É só uma história. -falo rindo e ele também ri.

-Eu acho que ao lermos algo temos que ver os dois lados. Assim como eu estou vendo os seus dois lados, seu lado tímido e fofo e o seu lado agressivo, verbalmente falando. Não vou mentir, eu gosto dos dois. -dou um sorriso. -aish! Isso não é certo.

-O que?

-Você sorri, mas está de mascara. Deixa eu ver seu sorriso.

Ele para de andar e vem em minha direção ficando de frete para mim.

-Posso? -pergunta com a mão na minha mascara. Eu assinto e ele a retira devagar. Após retira-la ele sorri me fazendo sorrir também. -Nossa, seu sorriso é maravilhoso, assim como tudo em você. -coloca a mão direita em meu rosto fazendo um carinho de leve ali.

-É... Vamos. -falo e volto a andar me desvencilhando de sua mão. 

Não nego, eu estava com medo de sair de casa depois de tanto tempo, mas ele me transmitia segurança, o que me deixava um pouco mais calmo.

Voltamos a caminhar e dessa vez conversávamos sobre várias coisas, até chegarmos em uma praça. Tinha umas 5 pessoas ali. Ela era tão linda a noite. Nos sentamos em um banco que tinha ali.

-Eu vinha aqui toda a noite durante essa semana que você estava no hospital. -olho para ele e o escuto atentamente enquanto ele olhava para frente. -Você não estava lá, você não cantava mais e eu sentia que faltava algo em meu dia, então eu vinha aqui. Esse lugar é calmo e bonito a noite. Me faz lembrar você.

-A mim?

-Uhum. Você transmite uma paz indescritível para mim apenas com a sua voz. Você me acalma, coisa que ninguém consegue fazer. Eu vinha aqui toda a noite com meu lápis e meu caderno de composição. Tive que comprar um novo já que o outro o meu pai jogou fora. Sabe aqueles poemas e músicas que eu enviava para você? -assinto. -Eu escrevia-os aqui.

-Você escreve muito bem. Tem um talento muito lindo. -sorriu com a minha fala.

-Obrigado. -ficamos alguns minutos em silêncio, até ele olhar para algum lugar e sorrir, como se tivesse pensado em algo. -Vem. -ele pega na minha mão e puxa até um homem que estava sentado em um banco e tinha uns balões em forma de coração.

-Olá. -Namjoon diz e o homem se levanta cumprimentando-nos.

-Vai querer? -pergunta mostrando os balões. Provavelmente as vendas não foram boas, julgando pela quantidade de balões.

-Sim. -Namjoon diz

-Quantos? -o homem pergunta.

-Todos. -o vendedor dá um sorriso largo, logo entregando todos os balões para o Namjoon.

Namjoon paga o homem que agradece sorrindo.

-'Pra você. -fala me entregando os balões.

-Todos? -pergunto. Tinha uns 10 balões ali.

-Uhum.

-Obrigado. -pego os balões e dou um beijo na bochecha do Namjoon, me arrependendo logo em seguida. -De-desculpa, eu não deveria... Eu... -sou interrompido por um beijo na bochecha me fazendo corar violentamente.

-Quer sorvete? -assinto nervoso. 

Não estava muito quente, mas eu tomaria sorvete até se estivesse nevando.

O Nam pediu um sorvete de chocolate e eu de flocos. Voltamos a sentar no banco que estávamos antes. Comemos os sorvetes em silêncio, mas não era um silêncio ruim e constrangedor. Terminamos de comer e o Namjoon olhou pra mim rindo.

-O que foi? -perguntou.

-Sua boca... -paço a manga da blusa pra tentar limpar. -Deixa que eu limpo. -Ele passou o dedo pelos meus lábios me fazendo arrepiar.

-É... Acho melhor voltarmos. -ele assente se levantando e pegando na minha mão.

[...]

-Obrigado por tudo. -falo ao chegarmos na minha casa.

-De nada. Espero que possamos repetir. -assinto olhando para baixo, só então eu noto que ainda estávamos de mãos dadas. Separo nossas mãos devagar. -Bom, então até mais. -me da um selar no rosto e sai acenando.

Entro em casa com meu coração a mil por hora.

-Eu vi. -minha mãe fala me assustando, pois não tinha a visto. -Tão fofos.

-Omma, para. -ela ri.

-Que bom que você saiu. Foi bom?

-Uhum.

-Senta aqui e me conta tudo. -aponta para o sofá.

-Não senhora. Você vai ficar na curiosidade. -falo e subo correndo para o meu quarto deixando minha mãe praguejando para trás.

Entro em meu quarto e solto os balões fazendo-os flutuarem pelo meu quarto. Me jogo na cama e penso em tudo que aconteceu hoje. Um sorriso bobo brota em meu rosto.

Ele é tão bom comigo. Espero que continue assim, eu até que estou gostando, apesar de ainda estar com um pé atrás. Fazer o que?! É automático a desconfiança. Mas que tudo foi perfeito... Ah, foi... E muito.

Pov Namjoon

Entro em casa com um sorriso no rosto que logo se desfaz ao ver o meu pai.

-Onde estava? -pergunta sério.

-No Yoongi. -respondo.

-Sério? Não sabia que o Yoongi era o nosso vizinho. -fala irônico.

-Se você sabia porquê perguntou?

-Você vai estudar nos Estados Unidos.

-Como é? -pergunto surpreso.

-Você não quis me obedecer quando eu mandei se afastar dele. Eu disse que mais uma desobediência sua eu iria te mandar estudar fora.

-Você não pode me obrigar! -grito.

-Tanto posso, como vou. -fala.

-O que está acontecendo aqui? -Sook pergunta entrando na sala.

-O seu marido quer me afastar dos meus amigos me mandando para os Estados Unidos.

-Como é? -Sook olha para o meu pai.

-Não se mete nisso, Sook.

-Eu me meto sim. Você não disse que somos uma família? Então se somos uma família devemos tomar decisões juntos.

-Ele é o meu filho, não o seu.

-Não importa. Afinal, somos uma família ou não? -Sook pergunta levantando a voz.

-Não. -falo. -Em uma família tem um pai e aqui eu não vejo pai nenhum. -falo e subo as escadas indo para o meu quarto.

Ele não pode fazer isso, não pode me afastar dos meus amigos. Ele não pode me afastar do Jin!