História Sua voz - Namjin - Dawon

Pov Hoseok

Uma mistura de ansiedade, apreensão, nervosismo e medo tomaram conta de mim. Hoje será o dia em que irei conhecer a minha irmã. Eu sinceramente não sei o que esperar. Ela deve ter sido obrigada a me conhecer assim como eu fui obrigado a conhece-la -não que eu não quisesse.

Respirei fundo olhando-me no espelho. E se ela não gostar do meu jeito? Ah, ela que se dane. Eu não vou mudar nada em mim para agradá-la, ela que se contente com quem sou.

Percebi minhas mãos trêmulas pelo nervosismo. Meus olhos foram direto para a gaveta do meu armário onde ficavam os calmantes. Não sei porquê ainda não os joguei fora, talvez porque eu sabia que iria precisar deles em alguma situação, como essa por exemplo.

Caminhei até lá e abri a gaveta com certa pressa. Peguei a cartela de remédios e peguei um comprimido. Segui até o banheiro e me olhei no espelho. Eu estava com uma aparência muito melhor do que a algumas semanas atrás. Encarei o comprimido em minhas mãos trêmulas, mas antes que eu pudesse tomá-lo, ouvi a campainha. Suspirei colocando o remédio no balcão e desci para atender já que eu era o único que estava em casa.

Abri a porta e me deparei com Namjoon encostado na batente com um sorriso de orelha a orelha.

-Nam? Aconteceu alguma coisa?

-Não. Você já está pronto? Ótimo, então vamos. -diz me puxando porta a fora.

-Ei, ei! -dei impulso para trás fazendo-o parar de andar e me puxar. -O que está fazendo?

-Ah, esqueci de dizer. Eu vou com você no encontro com a sua irmã.

-Sério?

-Uhum.

-Nam, eu te amo. -pulei em seus braços o abraçando com força. -Eu estou tão nervoso. Não é sempre que você sabe que tem uma irmã e vai conhecê-lá. Mas… Porquê não disse que iria comigo antes?

-E porquê não pediu para mim ir com você antes?

-Eu… Não queria incomodar. -disse constrangido.

-Aish, Hoseok. Você sabe que não incomoda. Já falei isso. 

-Obrigado hyung. 

-Agora podemos ir?

-Claro, deixa eu só pegar a minha carteira e o meu celular. -ele assentiu. 

Subi novamente até meu querto para pegar meu celular e minha carteira. Confesso estar mais calmo já que não estarei sozinho hoje. 

Fui de encontro a Namjoon rapidamente. 

-Pronto? -assenti concordando. -Eu chamei um táxi. Para onde vamos?

...

Quando o táxi parou na frente do restaurante, senti que meu coração iria sair pela boca. 

-Ei, relaxa. -Nam sorriu reconfortante. -Vai dar tudo certo. -sorri como agradecimento. 

Saí do carro e caminhei a pequenos passos para dentro ao lado do Nam. 

-Como vai saber quem é ela? 

-Eu não vi nenhuma foto dela, eu não quis, mas ela viu fotos minhas, com certeza vai me reconhecer. 

-Eu acho que nem vai precisar. -Nam diz parando de andar e olhando fixamente para um lugar. -Ela é a sua cara. -segui o olhar do Nam e vi uma garota de cabelos negros bebendo algo em uma caneca. Seu olhar veio de encontro com o meu, assim ela sorriu e acenou. 

-É ela? -perguntei desviando o olhar. 

-E ainda tem dúvidas? Ela é a sua cara. -olhei para ela novamente e depois para o Namjoon. 

-Você só pode ser cego. 

-Ou você que é. Anda, vamos. -fui puxado até a mesa onde a garota estava. 

-Dawon?

-Sou eu. Você que é o meu irmão?  Lógico que é, reconheci por causa das fotos. Você é muito  bonito. Se eu te encontrasse na rua antes de saber que somos irmãos, com certeza eu daria em cima de você. Vem cá. -me puxou para um abraço e eu nem pude abraça-la de volta já que meus braços estavam presos ao meu corpo por conta do abraço dela. Olhei para o Namjoon e ele segurava a risada com ajuda das mãos. -E você quem é? -perguntou após parar de me esmagar.

-Kim Namjoon, prazer. -percebi que ele iria se curvar, mas antes disso Dawon deu um abraço nele. 

-Sem formalidades. Você é amigo do meu irmão? 

-Sou sim. 

-Ah, que bom. Assim eu conheço duas pessoas importantes de uma só vez. -diz sentando e fazendo sinal para que sentassemos também. 

-Desculpe, não entendi. -disse me referindo a sua última frase. 

-Eu conheço o meu irmãos e de quebra o meu futuro marido. -sorriu sugestiva. Olhei para Namjoon e o mesmo estava com os olhos arregalados; não pude deixar de rir. -É brincadeira, Namjoon-ah. 

-Ah... Que bom. -Nam olhou para baixo envergonhado. 

-Mas é verdade que você é bonito. 

-E tem namorado. -ressaltei dando enfase no namorado. 

-Oh... Namorado? -torci para que ela não desse uma de preconceituosa. 

-Sim. -Nam disse firme, sorri orgulhoso. 

-Vocês... -olhou sugestivamente para nós dois. Olhei com cara de nojo para o Nam que fez o mesmo para mim. 

-Não, o Nam é como um irmão 'pra mim. É como se eu pegasse você, isso seria nojento e estranho. -ela riu. 

-Entendo. 

-Você não se importa? -pedi receoso. 

-Você acha que eu vivo em que século? É lógico que eu não me importo. Você também é, não é? -assenti. -Legal, assim vou poder falar sobre garotos com você. Eu tenho uma amiga que é muito careta e santinha de mais 'pra esses assuntos. Não sei como virei amiga dela, sinceramente. -diz nos fazendo rir. 

-Você... Não tem nada para falar sobre... A nossa família? -ela suspirou e deixou a caneca -que agora descobri estar preenchida por chocolate quente - de lado. 

-Olha, esse não é um problema nosso. Tudo bem que fazemos parte dele, mas quem fez a merda foi o nosso pai. Ele é o culpado por tudo, não eu e nem você, então não tem o porquê de nos sentirmos culpados ou nos envolvermos nisso. 

-Você... Tem razão. Mas você não me acha algum estorvo, ou alguém que não deveria estar aqui?

-Você me considera assim? -neguei rapidamente. -Então não tem o porquê de eu lhe considerar assim também. Eu nunca pensei em ter um irmão, mas agora estou achando o máximo. Espero que possamos nos dar bem. A propósito, pode me chamar de Noona. 

-Tudo bem... Noona. 

-Awwn. Soa tão fofo saindo da sua boca. 

-Ela se daria bem com o Tae. -Nam sussurrou e eu assenti rindo baixo. 

No fim das contas, ter uma irmã foi melhor do que pensei. 

Pov Namjoon

-Você tinha que ver, Hyung! Eles são muito parecidos, e eu não digo só na aparência, o jeito espontâneo dela é igual do Hobi. 

-E ele? Como ele ficou?

-Ficou todo bobo. Quando saímos do restaurante ele não parava de falar da irmã. Ele gostou dela. Você tinha que ter visto como ele estava nervoso, mas no final correu melhor do que eu esperava. A irmã dele é um amor. 

-Que bom que deu tudo certo. Fico feliz pelo Hobi. 

-Já tentou falar com ele, hyung?

-Já, mas você sabe...

-Ele não te atende. É, eu sei. 

-Ele tem os motivos dele e eu entendo. Agora as coisas estão começando a dar certo 'pra ele. Vou dar tempo ao tempo. 

-Faz bem. Como vão as coisas por aí?

-Está sendo cada vez melhor e mais puxado, mas eu 'to amando. Conheci muita gente nova. Você tem que conhecer o Tao e o Seunghyun. 

-Quem sabe algum dia possamos nos conhecer. Quando você vem?

-Você sempre faz essa pergunta e a resposta é sempre a mesma: não sei. Não da 'pra disfarçar o quanto a saudade está te sufocando, Namjoon?

-Cala a boca. Quem disse que eu estou com saudades suas?

-Você e seus atos. 

-Vai se ferrar! 

-Também te amo. Agora eu preciso Desligar, ligação internacional é caro. Vê se não morre de saudades, OK?

-Aish! Tchau. 

Encerrei a chamada aos risos. Olhei para o lado e vi Jin me encarando com os braços cruzados. 

-O que foi? -perguntei. 

-A irmã dele é um amor. -disse com a voz mais aguda. 

-Não acredito! É ciúmes isso?

-Aish! Cala boca, Namjoon. -levantou-se emburrado. 

-Jinnie. -o segui e o abracei por trás impedindo que ele continuasse a caminhar. -Você fica lindo com ciúmes. 

-Me solta Namjoon. Já disse que não estou com ciúmes. 

-Jin, esqueceu que eu sou gay?

-Você me disse que era bi. 

-Então agora me declaro gay, porque eu só tenho olhos para um único homem, então não tem o porquê de ser bi. 

-Isso não muda em nada. Você vai continuar sentindo atração por mulheres. 

-Não vou não. Já disse que só tenho olhos 'pra você. -apoiei meu queixo em seu ombro. -Raciocina comigo: eu tenho um Kim Seokjin ao meu lado. Você acha que eu perderia tempo olhando otras pessoas se eu fui abençoado com a mais linda ao meu lado?

-Você é um idiota. Assim não da 'pra ficar bravo com você. -virou-se de frente para mim e selou nossos lábios em um breve beijo calmo. 

Meu celular tocou e com muito custo separei nossas bocas fazendo Jin revirar os olhos. Ri deixando um selar em seus lábios antes de atender. 

-Espero que seja algo importante, Park Jimin. 

-Querer matar alguém está classificado como algo importante?

-Creio que sim. Por quê?

-Sabe o Hyosang?

-Seu primo?

-É. Aquele inútil chegou ontem. Era 'pra ele ter vindo semana passada, mas resolveram ter dó de mim e me dar mais uma semana livre. Porém, como nada é perfeito, eles vieram ontem. 

-Tudo bem, mas onde exatamente eu entro nisso?

-Eu queria sair com o Kook, mas a minha vó praticamente me obrigou a levar o Hyosang 'pra conhecer o bairro, como se ele nunca tivesse vindo aqui. 

-Ainda não sei onde eu fico nisso tudo. 

-Deixa eu falar que você vai saber. -suspirei revirando os olhos. -É lógico que eu não quero sair com... Com aquele ser humano mal feito, porém, você sabe, meu avós, meus pais...

-Entendo. 

-Então, 'pra não precisar aturar ele sozinho, eu estava pensando se a gente podia ir ao cinema. Eu quero ver aquele filme sobre alienígenas, hyung! -disse animado. 

-Então você quer que eu te ajude a ser babá?

-Não querendo ser arrogante, mas ele é dois anos mais velho que você, hyung. 

-Ué, mas você não disse que ele está no terceiro ano? 

-Ele reprovou dois anos. Te disse, ele é um imprestável. 

-Tudo bem. Quem vai?

-Hobi hyung, Kook, Jackson hyung, Jinyoungie, Tae, Ken hyung, Sana Noona e por enquanto só. 

-Tá, vou ver com o Jin e te aviso. 

-Blz. Até mais hyung. 

-Até. 

Ligação encerrada. 

-Ver o que comigo?

-Jiminnie quer ir ao cinema, o que acha?

-_Por mim tudo bem. -sorri e o puxei para um abraço apertado.  -Ai, Nam! 'Pra que tudo isso?

-Já disse que estou orgulhoso de você? Você está melhorando cada vez mais. 

-É, mas não está sendo fácil. -sussurrou, mas eu pude ouvir. 

-É por isso que eu estou aqui. -sorri e ele me devolveu com um beijo.