História Sua voz - Namjin - A Dor

Pov Seokjin

O dia está sendo igual aos outros. Nada muda, é sempre as mesmas coisas. Minha mãe pedindo se eu estou bem, deixando a comida na porta, as vezes eu como, as vezes não. Assim até parece que eu estou vivendo como um prisoneiro, não é? Mas a realidade, é que eu tenho medo de sair do meu quarto. Tenho medo de olhar para as pessoas. As pessoas são monstros. Elas te usam, elas te roubam, te julgam, fingem se importar, até que te matam. Pode ser uma morte física, ou pior, elas matam a sua alma, destroem seus sentimentos. Elas acabam com você! Pode parecer exageiro, mas pense comigo: se você tem alguém ao seu lado que te ouve, te ajuda, te consola... Um dia vai acontecer dela decepcionar você por alguma razão. Pode até não ser de propósito, mas vai acontecer. Ela vai te pedir desculpas, você irá perdoá-la, mas o pedido de desculpas não vai tirar a marca da decepção que ela deixou.

Isso aconteceu comigo. Mas a diferença é que a pessoa que me decepcionou não me pediu desculpas. Ele acabou com a minha vida e com a minha esperança de superar tudo que aconteceu.

Quando algo que te causa muita dor acontece, você corre para as pessoas que você ama e pede "proteção", apoio e consolo. Mas eu não sou assim. Quando meu pai morreu, eu me fiz de forte. No começo foi pelo choque. Eu não queria aceitar que ele tinha morrido, por isso não derramai uma lágrima. Frio, não?
Depois que a ficha caiu eu chorei, chorei muito, mas eu chorei escondido. Essa fase, foi a fase: vou fingir que estou bem para não preocupar a minha mãe. Minha mãe estava muito triste com tudo isso. Chorava todas as vezes que eu a via. Uma vez eu a vi lavando a louça e soluçando. Me escondi atrás da porta e fiquei observando ela enquanto lágrimas caiam pelo meu rosto. Fui até ela e a abracei. Com aquele abraço eu quis dizer: mãe, eu estou aqui e te amo. Foi a primeira vez que eu chorei na frente dela pelo acontecimento.

Como eu não queria preocupar a minha mãe, eu recorri aos meus amigos. Eu estava sendo muito forte, mas temos um limite.

Kidoh e Yixing, meus melhores amigos. Bem, era isso que eu achava. Sempre tivemos uma relação muito boa, uma amizade que sem duvidas eu amava. Mas aconteceu que: Yixing começou a namorar  e meio que me deixou de lado no momento em que eu mais precisava dele. Já o Hyosang, ele ficou ao meu lado desde o começo. Sempre que eu queria chorar ele cedia seu ombro para mim. Mas um dia ele me mostrou quais eram as  suas verdadeiras intenções. Ele me decepcionou, ele me machucou de todas as formas possíveis. Eu odeio ele!

Depois do que ele me fez, eu simplesmente desabei de vez. A força que eu tinha antes sumiu. Eu me entreguei a dor e a depressão. Questionei-me mil vezes do porquê isso aconteceu comigo. Eu confiava em alguém e ele me traiu da forma mais dolorosa possível e perdi parte da minha vida por causa de um homem que levou o meu pai.

As pessoas são más e eu tenho medo delas. Sim, eu tenho medo das pessoas. Tenho medo que elas possam me machucar. Perdi a fé, a esperança e a vontade de viver. Me tranquei no meu quarto e não saio por nada. Pra que sair? Aqui eu tenho tudo: livros, música, banheiro, e voz.

Eu não tinha ninguém para conversar e dizer tudo que eu estou passando e falar sobre toda a dor que eu sinto. Meu peito dói toda a vez que eu seguro o choro para não preocupar minha mãe. Então como eu não posso desabafar conversando com alguém e em choro, então eu desabafo cantando. Quando eu canto, um peso sai do meu peito, mas no outro dia ele volta, então eu canto novamente.

Sempre canto as 5h da tarde porque essa é a hora que o meu pai me faz mais falta. Ele voltava do trabalho nesse horário. Desde pequeno era sempre a mesma coisa. Ele chegava sorrindo, eu pulava no colo dele o abraçando e ele fazia o mesmo sorrindo e, depois ia cumprimentar sua esposa com um beijo. A tipica família feliz. A minha família feliz.

Um dia eu não aguentei a dor. Queria que tudo aquilo desaparecesse. Eu ia fazer com que desaparecesse.

Fui ao banheiro, me olhei no espelho e derramei lágrimas. Estava decidido a terminar com isso.

Me sentei no chão com as costas encostada na parede enquanto meu sangue jorrava dos meus pulsos. Só me lembro de tudo ficar preto e de acordar no hospital. Não conversei com a minha mãe sobre, apesar dela ter insistido muito para mim conversar com ela e voltar a ser quem eu era.

Mas eu não sou quem eu era e nunca mais vou ser.