História Substitute - Help?

 

 

 

 

Narr: WinWin

 

            Corri atrás do Kun e quando desci as escadas ele estava andando muito rápido pelos corredores, mas consegui alcança-lo e assim que o fiz, segurei o seu braço e o puxei para mim.

 

- Kun, o que está acontecendo? Por que você foi até lá e-

- O que está acontecendo comigo?? – Ele disse visivelmente alterado – O que está acontecendo com você?? Essa é a pergunta certa!!

 

            Arregalei os olhos com a sua pergunta e soltei o seu braço tentando entender o porquê de ele estar daquela forma. Eu nunca vi o Kun assim.

 

- Você tinha me dito que estava passando mal e iria para a enfermaria, não foi? Eu acreditei em você e mesmo dizendo que não precisava que eu o acompanhasse até lá, o segui quando saiu da sala. Porém você seguiu um caminho diferente do que me disse e eu continuei o seguindo. Até que vi onde realmente tinha ido. – Ele falava sem pausar para não me dar chances de interrompe-lo.

- Kun...eu-

- Você estava com aquele imbecil do seu namorado. Eu não estou nem aí se você queria se agarrar com ele, mas eu sou o seu melhor amigo. Porque mentiu para mim?

 

            Eu estava me sentindo a pessoa mais lixo de todo o universo. O Kun sempre foi uma pessoa tão boa e atenciosa para mim, eu deveria simplesmente ter dito a ele onde eu iria, se não isso não estaria acontecendo. Eu estava com vontade de chorar. Eu só queria que ele não ficasse chateado comigo.

- Kun....Me desculpa...Por favor... – Falei com os olhos cheios de lágrimas fitando o chão, eu realmente era muito sentimental, mas eu não podia dizer a verdade para ele agora, ele sentiria mais raiva de mim.

- Eu sabia que esse garoto não era bom para você. – Levei o meu olhar para ele – Vejo que não estava errado.

 

            Kun deu as costas e saiu andando pelo corredor. Eu queria correr até ele e abraça-lo, mas eu sou muito idiota e não fiz isso. Minha cabeça estava uma confusão, passei a questionar se o que eu estava fazendo era realmente algo bom. Virei a direção oposta em que o meu melhor amigo tinha ido e na minha frente, parado e me observando, estava o Yuta com uma expressão vazia. Fechei os olhos e respirei fundo, comecei a andar e ia passar direto por ele se sua mão não tivesse segurado o meu pulso.

 

- Yuta...eu preciso de um tempo sozinho e-

 

            Logo o japonês me abraçou. Não os abraços que ele normalmente me dava. Esse era diferente. Naquele momento ele não me abraçava como se estivesse abraçando o Taeyong, ele abraçava a mim...Dong Sicheng. E por um momento, aquele contato inesperado me fez corar e tencionar os músculos. Porém eu não o empurrei ou coisa do tipo, eu o deixei me abraçar, pois gostei daquela sensação nova de ter o Yuta abraçando a mim, o WinWin. E não Yuta abraçando Taeyong ou WinWin abraçando o Jaehyun. Então, só depois de perceber como era boa aquela sensação, eu o abracei de volta. Cheguei até a pensar que ele realmente estava me tratando como um....namorado?

 

 

****

 

            No dia seguinte, era um sábado e eu tinha saído com o Yuta para um Fliperama que ficava perto da casa dele. Eu nunca tinha ido num lugar daqueles, tinha muitas máquinas de jogos, muitos jovens estavam lá, havia um espaço com lanchonete e mesmo sendo de manhã, as paredes eram azul-escuro e as luzes do local eram coloridas para deixar um efeito de como você estivesse dentro de um jogo. Yuta logo me arrastou para um daqueles jogos de dança e eu bufei dizendo que queria jogar Mortal Kombat, mas o japonês me prometeu que jogaríamos depois do de dança.

            Eu nunca tinha jogado num jogo daqueles mas pelo que o Yuta tinha me explicado não achei que seria difícil. A música começou e logo as setas coloridas começaram a aparecer, Yuta estava bastante concentrado e acertava várias consecutivas como se fosse profissional naquilo, mas eu não estava atrás, eu também estava acertando tantas quanto ele, mesmo sendo a minha primeira vez, mas eu tinha uma boa coordenação e aquilo não era difícil para mim. Depois de um bom tempo naquilo e o Yuta tinha colocado no modo avançado, já estávamos começando a suar quando o jogo parou e logo apareceu quem de nós dois tinha vencido.

 

- MAS O QUE?? – Yuta parecia não acreditar no que via, mas a máquina mostrava que eu tinha sido o vencedor – COMO ISSO É POSSÍVEL??

- Por acaso acha que eu não sou bom em dança? – Falei convencido.

- Eu sempre fui o melhor nesse jogo, nem sequer o Hansol ganhava de mim.

 

            Comecei a rir da sua indignação e ele me abraçou e começou a me balançar de um lado para o outro ainda resmungando. Quando ele parou de me balançar eu ainda estava rindo e aos poucos fui ficando sério ou perceber que ele ainda estava me abraçando e olhando em meus olhos. Comecei a sentir aquela mesma sensação estranha que senti quando ele tinha me abraçado ontem. Encarei os seus lábios e percebi que eles estavam muito próximos. Engoli em seco quando se passou pela minha cabeça em beijá-lo, eu não estava nem pensando no Jaehyun no momento, isso deveria ser carência, só isso. Yuta passou a língua levemente pelos seus lábios os umedecendo e passou a aproximar nossos rostos. O que eu faria? Será que ele estava pensando no Taeyong e queria beijá-lo? Tentei desesperadamente pensar no Jaehyun naquele momento, mas não conseguia, fechei meus olhos com força quando nossos narizes se tocaram mas do nada sinto algo atingir minha cabeça.

 

- TUDO MENOS ISSO!!!

 

            Me assustei ao perceber que fui acertado com uma bola de plástico e me afastei do Yuta. Olhei para o lado de onde uma voz fina tinha vindo e me deparo com um garoto baixinho e com os cabelos vermelhos olhando em nossa direção furioso.

 

- Donghyuck? – Yuta disse olhando confuso para o garoto.

- Haechan!! Eu já disse que é pra me chamar de Haechan, Senpai!! – O garoto batia os pés no chão, um pouco infantil...

- Senpai? – Perguntei confuso, eles se conheciam?

- Esse é o Donghyuck....ou Haechan... ele é irmão mais novo do Hansol.

- Irmão?? – Olhei surpreso para o garoto, ele e o Hansol nem sequer se pareciam.

 

            Logo o tal Haechan correu até nós dois e praticamente me empurrou para longe do Yuta e o abraçou.

 

- Yuta Senpai, quem é esse garoto esquelético? Porque está andando com ele e-

- O que?? – Me irritei ao ouvir aquilo – Eu não sou esquelético!!

- Cale-se seu poste!! Não falei com você!! – Aquele pirralho estava começando a me irritar.

            Yuta observava tudo aquilo sem dizer nada e eu estava a ponto de cometer um crime de ódio. O garoto me olhou dos pés à cabeça me julgando com o seu olhar.

 

- Senpaaaaiii, vamos para casa e deixe esse garoto aí – Ele disse segurando nas mãos do Yuta.

            Logo num impulso segurei o braço do Haechan e o puxei o encarando com o meu olhar mais mortal.

 

- Você parece estar muito à vontade com o namorado dos outros, não é? – Minha voz era super ameaçadora e vi seus olhos arregalarem ao ouvir minha pergunta.

- Na-namorado? – Ele se soltou e parecia indignado.

 

            O garoto olhou para o Yuta como se esperasse alguma resposta e como não veio ele me olhou enfurecido.

- Não sabia que o Senpai tinha tanto mal gosto. – Ele falou me olhando com nojo e virou as costas saindo dali com passos fortes.

 

 

****

 

- Não sabia que você tinha ciúmes de mim – Yuta disse rindo enquanto andávamos pela rua indo até a sua casa.

- Não estava com ciúmes, só estava atuando, sem falar que aquele pirralho me irritou. – Eu realmente estava irritado.

- Sei – Ele disse debochado e ainda rindo.

 

            Eram umas 14hrs e o sol ainda estava quente. Estava resmungando como eu estava com calor até que o meu celular começa a tocar e eu tenho quase um ataque ao ver quem estava me ligando.

 

“A-Alô? Jaehyun?”

 

“WinWin? Estou ligando para avisar que já estou saindo de casa, okay?”

“O que? Como assim?”

 

“Hoje você irá me ensinar física, não é? Você esqueceu?”

 

            Eu tinha esquecido completamente, mas eu não podia dizer isso a ele.

 

“Não, claro que não. Estou te esperando.”

 

“Ah, que ótimo, até logo.”

 

“Até...”

 

            E a ligação foi finalizada. Yuta me olhava confuso querendo saber o que aconteceu.

 

- Eu preciso ir para casa, depois nos falamos, tchau!! – Falei rápido e saí correndo.

 

            Minha casa não era tão longe dali, mas eu precisava dar um trato nela, eu nem sequer tinha comprado algo para a gente comer depois dos estudos. Como pude me esquecer daquilo? Passei no mercado e comprei uns salgadinhos e um refrigerante. Quando cheguei na minha casa tentei arrumar o meu quarto como podia, acabei batendo o meu dedinho do pé na quina da cama. Eu estava nervoso. Quando terminei corri para o banheiro para tomar um banho, do nada escuto a campainha tocar e meu desespero aumenta. Sai do banheiro e tentei vestir minha roupa o mais rápido que pude e desci as escadas quase tropeçando nos meus próprios pés até que abri a porta.

 

- Oi, Jaehyun!! – Sorri para ele e tentei fingir que estava tudo bem.

- Oi, WinWi..... – Sua frase foi morrendo e seu olhar se direcionou para baixo.

 

            Não entendi aquilo, levei o meu olhar para onde o outro estava olhando e queria estar morto. Eu estava tão agoniado que só vesti a camisa e a cueca e esqueci de colocar o short.

 

- AI MEU DEUS!! – Abaixei minha camisa tentando cobrir aquela visão da minha cueca com bichinhos e Jaehyun começou a rir.

- Tudo bem, WinWin. Eu também fico só de cueca quando estou em casa. – Ele falou indo em direção ao meu quarto.

 

            Eu estava com muita vergonha, assim que entrei no quarto peguei o meu short e corri para o banheiro para vesti-lo.

 

- Desculpe por isso.... – Falei altamente corado.

- Eu já disse que tudo bem, sem falar que estava fofo. – Okay, vou cavar um buraco no chão e enfiar minha cabeça.

 

            Começamos a estudar, mesmo estando com a cabeça numa confusão tentei explicar tudo direitinho a ele, o bom era que ele parecia estar entendendo. Fiz umas atividades para ele e o deixei resolver sozinho, quando ele tinha dúvida em algo eu explicava e ele tentava fazer de novo. Estava indo tudo relativamente bem, até que terminamos de estudar e fomos para a cozinha para pegarmos os salgadinhos. Talvez aquele fosse o momento de eu fazer o Jaehyun me olhar diferente nem que fosse só um pouco, ele estava de costas procurando se havia milho no armário para fazer pipoca, comecei a andar lentamente até ele. Quando parei atrás do Jaehyun levantei minha mão para tocar sutilmente em suas costas, mas antes mesmo de fazer isso ele se virou para mim me assustando.

- WinWin... – Ele parecia querer dizer algo.

- S-Sim... – Meu coração estava acelerado.

- Você está namorando com o Yuta, não é?

 

            Aquela pergunta foi como um murro no meu estômago, eu esperava tudo, menos que ele fosse falar sobre isso, eu me sentia horrível naquele momento, minha boca se abria e fechava, mas nenhuma palavra era pronunciada.

- Não precisa fazer essa cara de espanto – Ele sorriu – Acho que você pode me ajudar já como tem experiência.

- A-Ajudar? – Eu estava confuso.

- Sim... – Ele parecia nervoso. – Eu estou gostando de uma pessoa...do Taeyong. Ele é da minha classe...como você está namorando, acha que consegue me dar alguns conselhos, sei lá, mas queria que você me ajudasse em relação a ele. – Ele sorriu tímido.

- Você quer que eu te ajude a conquistar o Taeyong? – Minha voz saiu fraca nesse momento.

- Tipo isso – Ele começou a rir.

 

            Naquele momento eu não estava em mim, uma sensação horrível tomou conta do meu corpo, eu não conseguia processar mais nada direito, eu só queria sair dali, não olhar para ele, eu estava me sentindo mal, queria gritar, queria chorar, queria despejar tudo aquilo que eu estava sentindo, mas como eu não podia fazer aquilo, a única coisa que consegui dizer a ele foram duas palavras.

 

- Tudo bem...

 

 

****

 

            Jaehyun já tinha ido embora, estava de noite. Meus pais tinham viajado e eu não queria ficar em casa. Havia um parque perto de onde eu morava, mas diferente do calor que estava de manhã, de noite a temperatura caiu drasticamente. Então por causa do frio não havia ninguém no parque. Eu estava me sentando num balanço pensando em tudo que havia acontecido nos últimos dias, minha cabeça estava doendo horrores. Quando eu me sentia assim eu iria conversar com o Kun, mas por minha culpa ele estava chateado comigo. Eu estava com vontade de chorar, de repente um vento frio se faz presente e fecho meus olhos e aperto as correntes do balanço com força.

 

- O que está fazendo aqui nesse frio?

 

            Abro meus olhos rapidamente ao reconhecer aquela voz e na minha frente vejo meu melhor amigo parado me observando.

 

- Kun... – Eu queria abraça-lo, mas não sabia se ele aceitaria o meu abraço. – O que faz aqui?....

 

            Nenhum dos dois responderam à pergunta que o outro fez. Ele continuou me observando como se pensasse em alguma coisa e eu encarava o chão sem coragem de olhar para ele. Logo ele estendeu sua mão a minha frente e eu o olhei sem entender.

 

- Venha, vamos para a minha casa.

 

            Encarei sua mão e pensei se deveria fazer isso, mas eu queria o meu melhor amigo de volta, então segurei a sua mão e levantei do balanço. Ficamos nos olhando em silêncio, mas logo passamos a andar. Nenhum de nós pronunciamos qualquer palavra, apenas andávamos por aquelas ruas frias de mãos dadas sem realmente se importar com o que as pessoas pensariam. A mão dele estava quente e eu gostava dessa sensação. Gostava de ter o meu melhor amigo perto de mim. E quando chegarmos em sua casa...eu o contarei tudo...