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História Suburbia - Alternative Ways


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Se alguém diz que é alternativo, então definitivamente não é alternativo.
Então, fazem-se quase três meses desde que a fanfic foi oficialmente terminada e eis mais um capítulo! Na realidade, estive relendo essa estória e pensei: por que não publicar o final alternativo?
Só deixando aqui e me retirando, não há continuação e pode escolher qual final achar melhor. Este ou o anterior. O começo é o de sempre, com exceção de algumas partes. De qualquer forma, vou só dar esse presente haha
Um beijo e que a sorte esteja sempre a seu favor.
bye

Capítulo 12 - Alternative Ways


  ALTERNATIVE WAYS                                                           

As palmeiras da Rodeo Drive me dizem que posso ser quem quiser, fazer e provar. Sussurram em seu farfalhar que não preciso ter medo, pois a estrada está sempre pronta para receber os fugitivos, os sonhadores e os perdidos. Todos tentando se encontrar em algum ponto da rodovia, ou então se perder de vez. O começo, meio e fim de toda história é composto por personagens, atores e cenários que surgem aos poucos. Quantos ficam e quantos se vão antes do ato final? 

Se eu pudesse teria desistido. Realmente, se eu pudesse. Mas um ladrão e uma mentirosa são como alma gêmea, entrelaçados pela ambição de ter poder, glória e dinheiro. Pensando em minha vida no subúrbio, consigo me recordar da época em que achei que jamais sairia de lá, que o trabalho na fábrica do fim da rua seria meu lugar, enquanto ao cair da tarde voltaria para a pequena casa onde meu marido chegaria bêbado. Nossos filhos cresceriam na vida barata e sem importância. E tudo seguiria seu fluxo natural. A decadência.  Mas eu não desisti.

Ao crescer cercada por circunstâncias amargas, tudo que lhe é permitido são duas únicas opções: aceitar as regras desse jogo e se deixar levar. Ou enfrentar tudo e todos para rugir na multidão. Criei a minha terceira opção. A única que poderia salvar apenas um, e esse único seria apenas eu

Possuímos apenas uma vida para viver. Uma única chance de fazer tudo dar certo. Eu nunca quis nada mesmo, nada grande o bastante. Sasori sempre quis tudo, nada sendo o suficiente. Vivendo uma noite após a outra, sonhando e caindo. Mas o que eu poderia ter feito para ajudá-lo? 

Nunca quis nada de Sasuke, mas também nunca quis nada de ninguém. Ele vivendo pela diversão, iluminando seu caminho com a graça que via nas luzes da cidade. Queria que ele brilhasse por mim, juntos poderíamos rir de tudo. Há pontos em nossa breve existência que a liberdade mostrada pelos outros soam como rota de escape. Um final alternativo. E minha escolha determinou o agora.

Algumas lembranças permanecem vivas na mente, mesmo depois de longos anos. Aquela noite em meados de julho, onde o verão estava se tornando parte de nós e considerei ser a melhor época nunca se foi de minha mente. Talvez porque tenha me dado algo de valor, cujas ruas do subúrbio trouxeram e os prédios espelhados ocultam em contas bancárias milionárias. Há maneira melhor de ocultar os sentimentos se não com a superficialidade material?

Como se fosse dizer algo, Sasuke moveu os lábios e então sacudiu a cabeça. Não mais me segurava com tanta força, foi me soltando ainda mais, dando-me a oportunidade de correr se quisesse. Mas algo em mim não deixava-me ir. Estávamos os dois distraídos olhando um ao outro, nunca tinha sentido tanta necessidade de um beijo quanto agora. O tempo pareceu parar e travar, sem ir adiante, congelamos ali. 

— Sakura — Sasuke disse —, sinto muito.

O impacto veio tarde, o único som que pude ouvir foi o da arma sendo disparada. Dizer qual delas me era impossível de momento. A forma como o Uchiha me empurrou contra a parede apenas me permitiu segurar debilmente ao cimento, deslizando ao chão com facilidade. Tudo se tornou devagar, um borrão diante de meus olhos. Apenas um instante composto por segundos que pareceram séculos.

De joelhos meus olhos se guiaram pelo piso, observando as linhas rubras e líquidas que se formavam, como veias no mármore polido. Sons desconexos eram ouvidos e um longo apito soava em minha cabeça enquanto tentava me equilibrar e recobrar o instante, com a fina camada de fumaça a subir diante de meus olhos. O lustre do corredor se sacudia acima, ganhando manchas vermelhas ao ser refletido no chão. Segui a pequena correnteza com os olhos, até ver a arma repousar ao chão, tão próxima dos dedos pálidos que bastava um esticar e ele a poderia empunhar outra vez. Mas nenhum movimento veio. Sasori continuava parado, deitado e fitando o vazio branco acima. Talvez observasse os cristais brilharem, imaginando-se com os holofotes de seus shows naqueles bares. Ou talvez apenas enxergasse o nada.

O gotejar me fez desviar o olhar da figura dele e seguir a outra linha, tão fina. Me apoiei na parede e levantei, sentindo as primeiras dores do impacto contra o concreto. As minhas mãos pálidas tremiam, se sacudindo em um ritmo desordenado. Afastei os cabelos do rosto e encontrei os olhos negros fixos em mim. Escorado à parede, Sasuke respirava ofegante, o corpo estático. Ainda se segurava à arma.

Nada dissemos, apenas o vi se deixar escorregar pela parede, repousando ao chão. 

Fuja — ele sussurrou ao cair, ofegando e segurando onde havia sido atingido.

Um círculo de sangue se mantinha fluindo através da camiseta branca. Um buraco escuro e gotejante. Me aproximei, observando a ferida e o ouvindo gemer baixinho de dor. Sua mão segurou meu rosto, o sangue que continha em seus dedos mancharam minha face e cabelo conforme deslizava a mão, me tocando.Ele também tremia e nas escuras orbes o desespero de enfrentar os últimos suspiros o dominavam. Submisso à alternativa de que se houvesse um fio de esperança, se lançaria com força a isso.

— Acabou — Sasuke murmurou —, vá antes que eu mude de ideia.

Sacudi a cabeça em negação, mas ele se recusou e me soltou. Me afastei um pouco, buscando por algo que pudesse usar para estancar a ferida, mas o clique da arma me forçou a encará-lo. O Uchiha mirava para mim. Sua mão tremia e sacudia o revólver. 

— .

E eu fui. Corri ao longo do corredor e, antes de dobrar para encontrar as escadas, olhei para ele uma vez mais, deixando a arma cair ao seu lado, fechando os olhos e deixando que lágrimas inundassem sua face. A morte chega para todos e ainda que não a tema, ninguém a deseja encarar fio a fio. 

Os degraus se tornaram nada enquanto eu os pulava, indo para longe. Na sala, Deidara estava caído de bruços, com uma poça de sangue ao seu lado, paralelo a ele, outro fitava o teto. O cheiro de pólvora e sangue me impregnavam por inteiro. Não dei tanta atenção, apenas senti o enjoo se formar e corri. Peguei o casaco do Uchiha sobre o balcão e sai para encarar a noite.

Podia ouvir o som do mar, com as ondas se chocando raivosamente contra as rochas. Me enrolei no casaco e corri para o carro. Abri a porta com tanta brusquidão que senti minhas unhas se quebrarem ao puxar a maçaneta.

Dirigi para onde quer que a estrada pudesse me levar. Tão rápida quanto poderia ir, o ponteiro do velocímetro se tornando apenas um borrão junto da paisagem. Em completo desespero, sentia as minhas pernas estremecerem e os olhos se encherem de lágrimas. Respirando com tamanha dificuldade, me permiti soluçar, umedecendo todo o rosto e a roupa.

O que eu estava fazendo? 

A coragem e a loucura são primas, revestidas por uma ilusão de se ter todo o poder do mundo em mãos. Quando virei o volante e forcei o veículo a retornar pelo caminho que veio, as luzes ao redor perderam-se em um brilho rápido. Diferente do que se diz, o caminho de volta muitas vezes não toma formas curtas, pelo contrário, se associado ao desespero dobra-se e nada que faça o encurtará. 

Se me pedissem para descrever como ou quando sai do carro e subi aqueles degraus da entrada, diria que simplesmente me encontrei de volta ao corredor. Dominada por uma força e sem me permitir sentir nada além do alívio de fitar aqueles olhos negros uma vez mais, surpresos por me verem, sorri e deixei o choro para mais tarde.

Puxei-o para junto de meu corpo e agarrei-me a ele como se fôssemos um. A essência do perigo se desfez em nosso ato. Beijei-o como se aqueles lábios tocando os meus o garantissem algo, o pudessem trazer à vida. Devolver o fôlego que o beijo da morte o tinha roubado.

— É o primeiro, lembra? — perguntei-o, vendo o Uchiha forçar um riso que espelhou em dor ao movimentar o buraco que o cruzava o corpo. 

Há noites que não se apagam e momentos que se perdem, explicações ocultas na imensidão da mente. Mas em meados de julho, encontrei meu amor e dadas as circunstâncias, o céu sabe o que estive esperando a todo instante. Deixar a vida vazia no subúrbio e desbravar o mundo, contornar as linhas da costa oeste e mergulhar no mar de emoções que a oportunidade de respirar nos dá a cada amanhecer.

Os anos que vieram trouxeram-me os mais doces e amargos sonhos que pude ter. Não se vive uma vida sem sentir dor ao menos uma vez. Comumente se diz que o dinheiro e poder impedem os dramáticos e escuros momentos, mas esquecem-se de humanos não são máquinas e os sentimentos sempre se movem rudes, nos forçando a buscar uma dose de ilusão no caos da realidade.

Sasuke sempre me pareceu uma mistura de um homem que em uma mão segurava o mundo e na outra sustentava o seu cigarro, ardendo num brilho laranja como o pôr do sol do Píer de Santa Mônica. Quando nos mudamos para a Califórnia já era novembro e os dias cinzentos nos fez recordar de como começamos. Num murmurar de lábios o Uchiha me prometeu não ir embora. E eu o amei por todos os anos seguintes. 

A garotinha de cabelos negros e olhos como os dele veio no ano seguinte. Sarada. Uma parte de cada lado da existência: bom e ruim, doce e amargo. Sasuke e eu a trouxemos ao mundo sabendo de que os dias de inverno partiam e agora as palmeiras decorariam as avenidas, nos prometendo dias de verão longo e próspero.

Quando as adversidades vieram mais tarde, após descobrirmos que seríamos três, lembrei-me desse dia, em que as palmeiras da Rodeo Drive me sussurraram que a decadência tinha ficado para trás, pertencendo às histórias do subúrbio que algum escritor ou poeta se daria o trabalho de escrever. Talvez sobre uma garota sem esperança e um garoto com o mundo nas mãos. Que seja!

 



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