BAD APPLES
A ideia foi por mim processada com certa facilidade desde a noite em que fitei intensamente os olhos negros de Sasuke. O seu jeito frio parece ser apenas uma camada superficial, que se romperá ao me ter investindo nela. E assim espero que seja. Mas ele tem suas roupas caras, dinheiro e poder, e eu, eu tenho aquilo que chamam de sangue do subúrbio. Talvez o Uchiha tenha visto o pôr do sol em outras terras e transado com mulheres que gritavam seu nome em diversas línguas, mas eu possuo a manha, o jeito e a ginga libertina.
Num mundo carregado por sexo, prazer e excitação, ele poderá se demonstrar hesitante. E nenhum homem com sangue quente resiste à figura feminina nua, disposta a se permitir ser tocada. Sasuke não será diferente. Mesmo agora, sentada no ônibus, sentindo o corpo sacudir nas ruas pedregosas e esburacadas, posso ver a figura séria dele. Assim que eu descobrir seu obscuro desejo, decifrar seu segredo por baixo da máscara fria que tem como expressão, levá-lo para a cama será como roubar doce de criança. Mas o pirulito que quero é outro.
Durante o dia a boate permanece fechada, ainda assim é possível ouvir o som alto das batidas da música. Em frente há diversos carros, onde rapazes engraxam os pneus de seus veículos e outros fumam, descansando da tarefa. O local fica mais ao centro de Tóquio, numa área de alta classe. Entrando pelas portas do fundo não sei como é a fachada, o letreiro e sequer o que anuncia. A partir da visão oposta, vejo apenas portas abertas, por quais avanço em passos firmes.
O ambiente interno é completamente cercado por bancos, o camarim que antecede o palco está repleto de acessórios, maquiagens e outras coisas que não posso ver. Cada garota deve possuir o seu, pois em alguns há mensagens com batom gravado no espelho. Não possui ninguém ali, o que me faz avançar, puxando as cortinas e respirando a ala seguinte.
Mulheres fumam num canto, apenas de lingerie, elas contam o dinheiro e riem alto.
— Está perdida, querida? — a loira que fumava me perguntou.
— Sasuke me disse para vir para cá — declarei.
— Uma novata — ela sorriu entre as tragadas —, sou Ino. Aquela ali é Hinata e Tenten — as outras acenaram.— Vou te levar para a sala da Kurenai.
E num ambiente que não notei antes, ela me guiou através dos degraus em espiral. Subimos até um corredor, de onde o som era abafado e portas surgiam nas paredes. Ino me levou até a última, onde deu dois toques e a maçaneta girou.
— Ela é uma das garotas novas — Ino disse —, ela vai se juntar ao nosso show hoje?
— Sim — a outra disse e me olhou dos pés a cabeça, como se tirasse minhas medidas —, deixe-a ser a Senhorita Tóquio, os cabelos chamam atenção.
Com um breve aceno a loira deixou a sala, segurando indecentemente em seu cigarro. Assim que ela partiu, Kurenai me olhava, sorrindo. Deixei minha bolsa de lado e tirei o casaco, talvez ela quisesse ver que me sentia mais livre e confortável.
— O Uchiha me falou de você — Kurenai começou —, esse é um ramo fácil para se conseguir dinheiro.E se você se mostrar boa no espetáculo de hoje, ganhar certa fama, pode ser que eu te envie para a ala vip.
— Quanto mais dinheiro, melhor — eu disse, e quis acreditar que estava mesmo disposta a isso. — Sasuke está sempre por aqui, para ver as garotas dançarem?
Kurenai riu baixo, se sentando na cadeira atrás da mesa com a pilha de pepéis.
— Parece que quer mesmo dinheiro — ela disse —, mas é melhor procurar outro pau para tirar isso. O Uchiha não se deita com as garotas dele, a menos que esteja muito faminto — apenas sorri em resposta. — Melhor ir provar as roupas, quero ver como estarão no palco.
As outras moças se vestiam em fantasia espalhafatosas, quais cobriam pequena parte de sua intimidade e seios. Ino se mantinha radiante no corpete dourado salpicado por cristais, enquanto Hinata ria, fazendo as pérolas do bustiê se sacudirem e tilintar. Apenas as duas estavam ali. Elas me olharam ao entrar, deixando o riso abaixar e se transformar em sorriso.
Num cabide ao canto vi que possuía aquilo que julgava me pertencer agora, deixei a bolsa e o casaco no chão, para sentar-me junto da penteadeira. Desfazia a trança, sentindo o peso do olhar das duas, até a loira se aconchegar na cadeira ao lado.
— Sasuke a mandou para cá, hã? — um ar de riso tomou conta da voz dela.
— Pedi a ele por essa chance — declarei —, algum problema?
Ino lançou a mão ao alto, como em redenção e sorriu. Não seria bom se eu começasse afastando as garotas, talvez, e digo talvez pois minha missão é clara, e fazer amigos nessa etapa é perigoso demais. Talvez eu as possa usar para retirar algo, enquanto Sasuke se mantem distante de minha visão e domínio.
— Sasuke nunca está por aqui, Kurenai me disse — e Hinata assentiu solenemente à minha afirmação —, ele é bonito, interessante...
— Ele é frio como gelo —Ino se pronunciou —, mas se ele se aproximasse, eu o derreteria com o fogo entre as minhas pernas.
Não pude conter o riso, assim como as outras duas também não. Frio como gelo... Sasori poderia ter me dito isso antes, mas há coisas que terei de descobrir por conta. E uma destas será o quanto Sasuke possui em sua conta bancária, feito isso saberei que poderei me deixar levar e tirar algo mais. Previamente, claro, devo decifrar esse enigma que se veste com ternos de corte único e dirige carros esportivos de alta velocidade. Me pergunto que tipo de mulher é capaz de fazê-lo suplicar, qual o doce veneno que ele prova?
Senhorita Tóquio? Naquele sutiã pequeno e todo brilhante, com fios finos caindo em franja, seguidos pela meia-calça vermelha, quase pareço-me com a bandeira do país. O salto alto é melhor dos que possuo. Começo a imaginar que o Uchiha goste de tratar suas garotas com certos mimos.
— Por que está aqui, Sakura? — Hinata me perguntou quando checava seu batom no espelho ao meu lado. — Pelo dinheiro, eu sei. Mas sempre temos algo mais.
Antes da minha vida falhar miseravelmente, antes da tempestade vir para encobertar os dias de sol da minha doce vida, eu fui estudante de artes cênicas. Ah, Sasori sabe bem disso, não me surpreendo agora em ver o porquê de me ter escolhido. Mesmo na noite passada eu repassava a história que contaria, cobrindo o real motivo, deixando-o segredado a mim e ao ruivo.
— Há coisas que almejo e apenas o dinheiro pode me garantir — o vermelho do batom é intenso em meus lábios —, sabe, certos confortos que apenas um homem cheio de grana pode te dar — realmente agora me pareço como uma prostituta, espero sustentar essa imagem até o fim. — E você?
— Dinheiro, claro, mas para pagar meu estudo — Hinata sorriu —, se você apenas dança já ganha o bastante para ficar vadiando, mas se abre as pernas... são tantas notas que se perde a conta.
— Conhecem o lema: dinheiro é a razão pela qual vivemos — Ino sorriu. Só então percebi que ela mantinha um frasco em mão, balançando a mistura no interior. — Beba, Sakura, vai se sentir melhor para dançar.
Fosse o que fosse aquilo, era doce e desceu por minha garganta flamejante, derretendo qualquer outro gosto. E as duas fizeram o mesmo. Por breves momentos senti-me atordoada, até conseguir manter os pés firmes sobre o salto alto. Escovei uma última vez o rabo de cavalo que prendia meu cabelo no alto, deixando-me visível o bastante. Devo dizer que agora sou outra, mantendo um disfarce bem atado ao corpo da Sakura. Sorri.
— Apenas façam o que eu as disse — Kurenai nos parou no corredor, enquanto a música tocava alta do outro lado da cortina pesada. — Sacudam esse corpo, mostrem esses seios e os faça gritar por um simples sorriso ou toque. Ajam como as putas que são. Entenderam?
— Prada, Chanel, Gucci e diamantes não se compram sozinhos — a voz intensa do Uchiha surgiu do nada.
Virei-me para olhá-lo e uma ruiva bem vestida andava ao seu lado, tendo nos lábios um pirulito de cereja. Sasuke a segurava firme na cintura, contrastando ambos nas cores negras do terno fino dele e ela no vestido rosa, que deixava uma das pernas nuas e todo um vasto decote. E os dedos dele se agarravam firmes na carne dela, que sorria sadicamente.
— Não imaginei que fosse estar por aqui, Sasuke — Kurenai pronunciou, se aproximando dele e da ruiva.
— Não tinha planos para estar, mas — ele parou um momento, e senti seus olhos escuros me encararem. E Sasuke me observou dos pés a cabeça, analisando cada parte de mim —, como eu dizia, Karin parece não estar feliz com seu lugar favorável na mansão. Então, por hoje ela será a Senhorita Tóquio, ou até eu resolver que merece perdão.
A ruiva não fez nada além de revirar os olhos e manter-se na tarefa de sugar o doce, deslizando a língua indecentemente por todo ele. E os dedos dele a seguravam firmes, sem se moverem. Karin trocara a mansão para dançar na boate... realmente ele mima suas garotas, mas também as pune. Devo temer isso?
— Sakura será a Senhorita Tóquio.
— Não — ele empurrou Karin, que aos tropeços se segurou na parede, buscando equilíbrio —, Sakura vai dançar para mim.
Kurenai nada disse, apenas assentiu e me olhou, confirmando com o olhar as palavras dele.
— Vá se trocar, Sakura — ela me disse.
— Deixe-a assim, vermelho a deixa quente.
Ignorando qualquer outra possível palavra de Kurenai, ele deixou o corredor e se introduziu ao barulhento salão. Um certo nervosismo começa a me atingir, terei sorte se não for uma dança privada e, mais sorte ainda se ele não perceber essa minha breve relutância em me deslizar pelo pole. Não sou profissional, apenas sei o que vi em filmes. Estarei colocando muito a perder se falhar nesse momento.
Uma fina e transparente cortina separa a ala do Uchiha do restante. E, sentado no sofá azul de veludo, ele não está sozinho. Com um charuto cubano em mãos, ele ouve um homem loiro falar-lhe algo. O parceiro tem um copo meio vazio em mãos, fazendo o líquido escuro se mover conforme gesticula aquilo que explica ao outro. Do lado, um ruivo se senta com as pernas afastadas, um brilho vermelho entre os dedos, com um cheiro forte vindo do cigarro. Sasuke está entre a fumaça do filtro e apenas os ouve, sem nada dizer.
— Aqui está ela — o Uchiha me anuncia, com um fino sorriso nos lábios —, será uma boa garota ou uma má essa noite?
Posso sentir aquela voz carregada de sarcasmo, ao que preciso responder no mesmo nível.
— Mostrarei como uma garota faz — disse, subindo ao pequeno espaço e me agarrando na haste de metal frio —, boa ou má, depende de quanto podem pagar.
— Ácida — o loiro disse e se deixou afundar no estofado, me assistindo —, gosto de mulheres assim.
E quando a música começou, deixei meus pés suspensos no ar, girando ao redor do pole. Os dois tinham seus olhos fixos nos meus movimentos, mesmo o Uchiha não desviava o olhar, parecia seguir cada girar e balançar de meus seios com agilidade. O loiro ao lado mordiscava o lábio e ria, seus olhos azuis em meu quadril e traseiro, posso sentir a excitação se formar. Mas só me sinto mais interessada nessa dança quando vejo o ruivo se erguer e prender algumas notas em meu bustiê, deslizando os dedos frios em minha pele e no seio. Sorrio e deixo um leve mordiscar de lábio antes de voltar a dançar.
Não sei quando a bebida mágica de Ino começou a fazer efeito, mas meu corpo se tornou leve e o riso eclodia de meus lábios conforme as notas verdes caíam ao serem atiradas pelo loiro. Enevoada pela brisa de Sasuke, alta pelo bebida e movida pela música, era como se eu estivesse em outro plano. A forma como eu deslizava pelo metal, deixando o corpo rodar e ao descer, tendo a haste entre as pernas abertas, inclinar a cabeça para as luzes neon piscantes.
Talvez eu nunca tenha me sentindo tão viva quanto nesse curto tempo, dinheiro sendo derrubado sobre meu corpo e dois homens quentes como o inferno me olhando. O poder desse momento me fez caminhar até o par e puxar aquelas bocas para me tocarem, sendo ainda mais ousada e trazendo o loiro para me apertar. Estando entre os dois no sofá de veludo eu joguei a cabeça para trás e deixei os lábios me tocarem, percorrerem meu corpo.
As mãos firmes do ruivo me apertam a carne, e tudo que faço é deixar os gemidos escaparem por meus lábios, altos o bastante. E o outro me puxa para seu colo, forçando-me a olhá-lo nos fundos olhos azuis. Sinto seu membro excitado, desejando-me e eu o respondo com simples movimentos para cima e baixo, cavalgando devagar. Um cigarro me é estendido e o aceito. Riso e fumaça me dominam.
— Sasuke! — uma voz estridente e irritadiça entra no espaço. — Sasuke! Ouça-me, não vou mais fazer aquilo.
Me solto do corpo do loiro, para ver o que acontece ao redor. Karin está ali, sem a parte de cima das vestes, com os seios a mostra. Algo que faz o ruivo passar a língua pelos lábios com a visão nua dela. O Uchiha se mantem sentado em sua poltrona, com o charuto ardendo. Ele apenas olha para ela sem nada dizer.
— Quero meu lugar na mansão — Karin diz num tom de voz de quem suplica —, por favor...
— Não — Sasuke fala com calma e me chama para se aproximar —, o que acha de ir para a mansão você, Sakura?
E os olhos negros dele me encaram, com um toque leve Sasuke me põe em seu colo, e sorri sádico, observando as feições da ruiva.
— Tem sorte de eu não jogá-la na rua, Karin — ele diz —, conhece as regras da casa, sua bocetinha não me interessa. Não mais — os olhos dele se direcionam para mim. — Volte a dançar, consiga algum pau para lhe foder e faça dinheiro. É para isso que está aqui, não é?
— Faço qualquer coisa que me pedir — os olhos dela se enchem de lágrimas —, posso muito bem transar com aqueles dois, se pedir, mas por favor...
Tão indiferente e frio, ele apenas olha para ela e aperta sua mão em minha cintura. Deixo um arquejo e risinho escapar ao senti-lo morder meu ombro, sua língua quente me tocando tão indecentemente. Posso sentir a boca dele ir para meu pescoço e sugar, com a mão livre a desabotoar o sutiã que uso. E ele tira a peça, deixando-me nua.
— Vista-se, Karin — Sasuke atira para ela a peça que outrora eu utilizava —, cansei de vê-la nua. Dê o fora daqui, os clientes de Sakura não ficarão satisfeitos.
— Deixe ela comigo — o ruivo que até então se mantinha calado disse e levantou Karin, que estava de joelhos diante do Uchiha —, ela quer uma mansão, hã? Estava mesmo disposto a levar alguém para casa, só para transar aos gritos e acordar minha esposa.
Um sorriso perverso dominou todo ele.
— Sasuke...
E Karin foi levada pelo outro, que a segurava rudemente no traseiro, cravando a unha na pele clara dela. Como se nada tivesse acontecido, Sasuke mirou meu rosto ao seu, fazendo-me olhá-lo. Aquelas orbes escuras tão geladas, capazes de assustar.
— Foi uma garota muito má, Sakura — estremeci com a voz rouca e intensa em segredo para mim. — Não se pode começar uma festinha sem todos os convidados... — ele queria que eu o tocasse? sua visão direcionada apenas para mim agora confirma isso.— Pegue o dinheiro e vá para casa, não quero que toquem em você novamente, ouviu?
— Por quê?
— Me interrogando?
Por mais chapada que eu estivesse, não conseguiria evitar de confrontá-lo. Até porque, foi a minha ousadia que me trouxe até aqui. Só não sei se foi isso que o atraiu, se foi, encontrei a dica para chegar ao cofre do céu.
— Apenas estou interessada em saber — eu mordi o lábio e sorri, deixando uma das mãos descer até o fecho da calça dele. Com leveza passei os dedos pelo membro, alisando-o pelo tecido —, gosto de mostrar como uma garota faz...
— É mesmo uma vadia má.
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