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História Suburbia - Garden of Eden


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Oi!
Não sei o porquê, mas essa fanfic me faz lembrar de GTA. Sinto falta de jogar...
Boa leitura!

Capítulo 3 - Garden of Eden


  GARDEN OF EDEN                                           

Nos dias de semana, quando não está com a banda, Sasori trabalha numa loja de conveniência no lado leste do bairro. Claro que não é o emprego dos sonhos, mas no fim da cidade, onde os sonhos vêm para morrer, o que se pode fazer? A vida é um jogo em que se faz ou morre, não há saída. Apenas um caminho em que tudo é turvo em sua visão. 

O rádio toca as bandas velhas e desconhecidas para o outro lado das construções altas e espelhadas, vozes mortas ao perderem seu brilho. É isso o que acontece? Depois que você brilha, que sua fama se esvai e o dinheiro se acaba? Não sei, talvez jamais venha a saber. Mas sei que as escolhas não são dadas, são ditadas como regra de um jogo que ninguém sabe como jogar e tampouco vencer. 

Sentada e tomando um sorvete de casquinha, vejo Sasori organizar as prateleiras, e mais além posso vê-lo sonhar com a sua doce vida, a qual pretende tomar do Uchiha. Califórnia, ele diz. Palmeiras, luzes piscantes, praia e o brilho que as estrelas de Hollywood jorram em suas ruas movimentadas por carros velozes e caros. Diamantes, sexo, poder, beleza e liberdade. O sonho americano.

— Conseguiu bastante dinheiro, hã? — ele me pergunta, ao que retiro um pouco das notas e as movimento diante dos olhos dele. Sedento pelo verde entre meus dedos —, talvez fique mais rica que eu.

— Talvez... — murmuro e o beijo. — Mal posso esperar para andarmos num conversível por Los Angeles, quero usar um daqueles lenços finos e óculos de sol, dormir sobre a bandeira americana...

Ele ri, com um brilho intenso nos castanhos e profundos olhos. Com um breve olhar para os lados, Sasori checa se não há ninguém além de nós.

— Não esqueça de fazer Sasuke desejá-la, precisamos ir para a casa dele — sua voz é um sussurro sério —, assim que descobrir onde fica o cofre, bem vinda à América!

— Conquistá-lo será fácil — digo e o ruivo franze o cenho, fitando-me desconfiado. — Ele disse algo sobre me levar para a mansão.

— Mansão?

— Não sei muito, apenas rumores — disse —, o que quer eu procure?

— Qualquer coisa que possamos usar — Sasori me olha sério e frio. — A mansão pode ser um ótimo lugar para colocá-lo contra a parede, mas de outro jeito. Entende, não é?

Dei de ombros, desde a noite em que ele colocou Karin para correr e me disse que não desejava ver outro tocando-me, não o vi e ninguém me disse nada sobre esse lugar. A curiosidade é grande, mas o receio do que pode vir a acontecer nesse lugar é ainda maior, corroendo a minha breve noção de sanidade.

— De qualquer forma e seja lá onde for esse lugar — começo a dizer e afasto uma mecha do cabelo dele —, você é o meu amor verdadeiro. Não é?

— Diamantes serão seus melhores amigos, dinheiro seu marido e eu seu amante.

Ele sabe como me fazer rir e sentir um incrível desejo de seguir suas ideias com devoção, sem me importar com as consequências. Apenas sigo-o rumo ao vale dos sonhos. E Sasori tem seus olhos voltados para o sedento desejo de possuir fama, dinheiro e poder. Mas quem pode julgá-lo? Olhe ao redor e diga que não iria querer o mesmo. Apenas dinheiro traz liberdade, e apenas isso pode te fazer companhia quando a vida se tornar fria.

Quando a porta da loja se abre, o grupo que sempre ronda a área entra e um deles vai para a geladeira, pegando um engradado de cervejas. Os outros dois apenas acenam para Sasori com um movimento de cabeça. E, aquele que pegava as bebidas se aproxima do balcão, jogando o dinheiro e me olhando. Seus olhos contornam minha figura e, de repente, me pego pensando na forma possessiva com que Sasuke me tratou na noite anterior, dizendo que ninguém deve me tocar.

Salto de onde estava sentada e deixo o estabelecimento, soprando um beijo para o ruivo. As ruas estão movimentadas, como de costume, em algumas casas senhoras tricotam sentadas na varanda. Em outros terrenos, rapazes consertam seus carros, fazem um com as peças que encontram no desmanche. Mais ao fim, um homem ouve Take On Me no alto, enquanto lê o noticiário. A vida flui nas veias do subúrbio, com a simplicidade e aceitação que comumente veste essa geração sem esperança e dinheiro.

Chutando as pedras, vejo o nó do meu tênis se desfazer, o que me obrigada a abaixar para atá-lo, até que um carro blindado e escuro para ao meu lado. Deixo o calçado e sua função de lado, apenas para fitar o homem de cabelo prateado que baixou o vidro para me espreitar.

— Sakura? — com um aceno de cabeça confirmo a questão — , Sasuke me pediu para levá-la até a mansão.

— Gosto dessa ideia — sorrio e o homem abre a porta de trás do veículo para que eu entre —, acho que ficarei mimada demais se isso continuar a acontecer.

Sequer esboça um sorriso com meu comentário. Aparentemente o luxo, dinheiro e poder congela o coração e sentimento dos homens que o detém. Mas não sou nenhum homem.

O centro da cidade possui outdoor que jamais vi, prédios arranham o céu azul, se enroscam nas pálidas e macias nuvens. Vitrines, calçadas, palmeiras, carros esportivos, ternos bem cortado, vestidos de seda e cetim... todas as cores que eu desconhecia se apresentam enquanto olho pela janela, vendo o movimento de pessoas sucedidas e com expectativas de vida melhores que um dia possuirei. E por que devo me importar? 

A mansão que tanto falam tem muro alto e grades negras com entalhes em dourado, a grande entrada expõe o par de cabeça de leões em cada lado do portão. Uma fonte gigante jorra água, quais se cristalizam com a luz do sol a tocá-las, despejando pequenos arco-íris por todo o verde. E, ao fundo, como numa pintura, o edifício se ergue, com uma tinta pálida a colorir suas altas muradas. Janelas parecem haver de monte, de onde se sacodem cortinas de tecido macio. Se isto for um sonho, não me importo em permanecer dormindo.

— Seja bem vinda, querida — a moça de cabelos com tons de azul se inclinou para me beijar na bochecha quando entrei na grande sala. Meus olhos ardiam em excitação ao ver a fina decoração e o lustre a pender do teto. — É lindo, não? 

— Muito... — sussurrei, ainda perdida no conforto e luxo que me aguardam.

— Com o tempo se acostuma — ela riu— , sou Konan, espero que goste da casa — sorri em resposta. — Pode ficar com o antigo quarto da Karin, soube que ela não precisará mais dele.

Pouco me importo de quem foi o quarto, apenas quero saber do Uchiha e do seu dinheiro, preciso manter o foco e não falhar miseravelmente. Interessantemente os planos estão funcionando, ainda que meu esforço seja mínimo diante daquilo que viso como objetivo. 

— Mais tarde teremos um jantar — Konan disse, enquanto abria a porta do quarto —, as roupas deixei separadas no seu closet.

— Jantar? 

— Esqueci que é nova nisso — o riso dela soou cálido. — Homens de alta classe vêm até aqui para beber, fumar e, não é inocente para eu ocultar isso, em busca de um bom sexo. O dinheiro é bom, pode ficar um longo tempo sem vir com apenas uma noite.
Posso sentir o roçar das notas meus dedos...

— E Sasuke? — não sei o porquê de sempre questionar sobre a presença dele, como se algo me obrigasse a lembrá-lo. — Ele também participa?

Konan me olhou intrigada, até se desfazer num riso mínimo.

— Com toda certeza — ela disse —, mas não se iluda, querida, aquele homem só ama ao dinheiro — Konan deixou o sorriso se desfazer, tomando um ar de seriedade em sua feição delicada. — Não será a primeira a romantizar a relação com ele, por isso, se quer amar algo, gaste seu dinheiro com diamantes e luxo, ame isso, não homens. Estes só sabem amar o poder, fama e glória.

Ao que ela me deixou no quarto, percebi que poderia colocar toda a minha casa apenas nesse cômodo e ainda sobraria espaço. A cama poderia abrigar tantas de mim quanto sou capaz de contar; roupas, sapatos, perfumes e acessórios... parece que ganhei na loteria!

À noite, depois de um banho de espuma e de ficar vadiando pela casa, encontrei as roupas de que Konan havia falado. Um vestido curto, que continha um longo decote e caía com a saia solta, florido. Os sapatos macios, tal qual meus pés jamais provaram. Um longo colar de pérolas pendia ao lado, não me demorei para enrolar em meu pescoço suas voltas. Ao que me vi no espelho, senti-me uma verdadeira mulher de alta classe, que vende o corpo.

Encontrei as outras na sala comum, riam de algo, alto o bastante para me chamar a atenção. Elas estavam tão bem vestidas quanto eu, com joias chapinhando conforme se moviam pelo espaço. Atadas em copos de bebidas, percebi que ainda se aprontavam. Algumas tinham os cabelos presos em grampos, sendo alisados por outras.

A loira em um vestido azul falava com Konan, rindo de algo. Permaneci diante do espelho, fitando a minha imagem entre as outras. Até aquele que me atrai parar na porta, com a mão no bolso da calça social, ele espreitava a todas. Passou em todas, ajustando algo aqui e ali, tocando-as indecentemente, quais respondiam com sorrisos e arquejos. E, Sasuke parou logo atrás de mim, no espelho.

— Espero que ajam como as vadias que são — ele disse, ríspido, com um sorriso nos lábios. 

Ao sentir a palma dele deslizar e subir por minha perna, algo me rompeu de meu interior, fazendo-me enfrentá-lo. 

— Vá se foder — disse.

O silêncio reinou por todo o cômodo, nada foi ouvido. Nada, até o Uchiha rir. Mesmo aquele riso diabólico era quente como o inferno, senti-me totalmente hipnotizada e sorri. Aparentemente, ele gosta de vadias más.

— É disso que estou falando — e as mãos dele subiram —, mostre à elas como uma garota faz... — a voz dele em meu ouvido e sua mão se prendendo nas pérolas do colar me fizeram estremecer nos braços dele. — Quero que venha comigo, será minha companhia. 

A atmosfera da ala era carregada, enevoada pela fumaça de charutos, com copos de cristal a tilintar enquanto se enchiam por uísque e afins. Não se tratava de um jantar, aparentava mais uma reunião, onde homens se sentavam em mesas de jogos, poltronas macias ou então num canto mais recluso.

Sasuke me guiou até um homem com cabelos pálidos, com seus cinquenta e vem anos. O Uchiha me segurava pela cintura, expondo-me como se fosse um trofeu de sua preciosa coleção pessoal. O velho me olhou e sorriu, levando o charuto aos lábios, tragando a fumaça pesada.

— Tem um bom olho, Sasuke — ele murmurou, rindo —, já a provou?

E o Uchiha me olhou, estreitando suas orbes escuras nas minhas, descendo para o vasto decote que compunha minha veste.

— Não — declarou —, sabe que não me deito com as minhas garotas. 

— Então não se importa se eu quiser um teste?

E ele apenas olhou com desprezo para o velho, agarrando-se firme em meu corpo.

— Fique a vontade para escolher outras — Sasuke disse com a voz autoritária e indiferente — , essa é para outra ocasião. Se tiver sorte, é claro, poderá prová-la. 

Com um piscar de olho, o Uchiha me guiou para uma poltrona. Ele se sentou e me puxou para sentar em seu colo. Assim o fiz, observando-o acender o cigarro e fixar os olhos no resto do ambiente. E eu, eu apenas o olhava, fitando suas feições finas e como era bonito de se olhar, carregado por um perfume suave e de pele macia.

— O que tanto procura em mim? — a questão dele me fez desviar o olhar. — Responda.

— Não procuro por nada — disse e ele riu, fumando, cravando de leve sua unha em minha coxa por baixo do vestido —, talvez um pouco de diversão...

— Dinheiro — ele disse e me olhou nos olhos —, quão ambiciosa é, Sakura? 

Encolhi os ombros e apenas senti os dedos dele avançarem por minha pele, se direcionando ao meio das coxas. Minha intimidade se contorcia com esse ato indecente, deixando-me com a visão nublada e desejosa por mais, para ir mais fundo...

— O suficiente — respondi, tentando controlar a respiração e excitação dos toque dele por minha carne. — Sou uma garota do subúrbio, não almejo muito, além de uma vida de conforto.

— Um discurso pronto, tsc.

O filtro deslizava indecentemente pelos lábios dele, apenas esse ato me deixou hipnotizada, atada na figura masculina que me segura em seu corpo. Intriga-me o modo indiferente e frio que ele sustenta diante de todos, como se num estalar de dedos o mundo se curvasse para a sua figura alta e bem vestida. 

Não consigo desviar meus olhos deles, sigo seu cigarro e dedos pálidos, num movimento repetitivo e sem importância. Mas Sasuke permanece fechado em seu mundo, assistindo tudo ao redor, anotando mentalmente algo que não posso ver. De onde ele vem? alguém com tanta influência e dinheiro deve ter um começo doce, suave e bordado nos braços dourados da estátua da liberdade.

— Se continuar a me encarar dessa forma, vai acabar decorando meu rosto — ele sussurrou, expelindo a fumaça branca. 

— Talvez eu queira mesmo — abaixei-me até o ouvido dele, soltando as palavras num silvo —, talvez eu queria fixar a sua imagem em minha mente para mais tarde me imaginar com você, me tocando... 

Um translúcido e fino sorriso surgiu na boca do Uchiha, que apenas se deixou me ouvir dizer. Sua mão segurou em minha coxa nua, sem movimentar os dedos, apenas tocando suave. E então ele riu, me colocando em pé e diante dele que continuava sentado. Seus dedos percorreram pela pele da minha costa, buscando o fecho do vestido, até encontrá-lo e prender o dedo ali. Seus olhos negros me encaravam e somado ao sorriso carregado por algo desconhecido por mim, comecei a desejá-lo.

— Sasuke — um homem disse, seguido de uma breve reverência —, ele te espera no escritório, senhor.

E o Uchiha sequer olhou para o homem, continuava com sua visão presa em mim. Assim que o outro nos deixou, Sasuke suspirou e me soltou, levantando-se. 

— Parece que terei que deixá-la — ele riu —, aproveite para pensar em mim.

O vi partir e, pela primeira vez, parecia desconsertado, como se o alguém que o espera fosse um problema sem solução, uma visita indesejada. O que assombra Sasuke Uchiha?

As atenções não estavam em mim, os convidados encontravam-se distraídos com suas bebidas e mulheres, o que me permitiu enfiar-me corredor a dentro, seguindo os passos dele. Não tinha estado deste lado da mansão ainda, mas a decoração era ainda mais fina, regada ao luxo extremo. 

Ao fim do longo corredor, existia uma porta de duas folhas, em carvalho bem entalhado e com maçanetas pálidas. Estava entreaberta. Me espreitei, fundindo meu corpo na parede quando me aproximei, a visão do interior era ruim, permitindo apenas que eu visse o carpete azul e a mesa de tampa de vidro com alguns objetos não identificados por mim. Dois homens conversavam, Sasuke se apoiava na mesa, sério e indiferente ao que o outro dizia.

— Sabe que ele não quer apenas uma parte — o outro dizia.

— Que se foda o que ele quer — Sasuke respondeu —, controla metade da cidade e quer mais?

Aquele que eu não conhecia suspirou, pousando um copo numa mesinha. 

— Peça para um dos seus dar um jeito naquele seu irmão — o visitante disse, com a voz risonha —, assim pode ser que agrade Orochimaru, por um tempo...

Itachi? — Sasuke estreitou a visão, cruzando os braços —, o que tem ele?

O homem do lado oposto suspirou, soltando uma longa rajada de ar dos lábios.

— Você sabe — deu de ombros —, acha que pode salvar a cidade. Me dê a ordem e eu o coloco para salvar o inferno da perdição.

O riso não atingiu Sasuke, que se manteve sério.

— Não chegue perto dele — disse, ríspido. — Daremos uma distração a ele, mas não o envolva. Quando sai o próximo carregamento? 

— Só Orochimaru sabe, apenas ele — e o Uchiha olhou em minha direção, o que me obrigou a dar um passo para trás. Seus olhos ainda olhavam para a abertura. — Suas putas podiam me servir, ouvi falar de Karin...

— Preciso voltar — Sasuke disse e vinha em direção da saída —, me mantenha informado. 

Corri mais do que podia, não deveria ter ouvido a conversa e tampouco ter me arriscado assim. Se ele suspeitar de algo, estarei morta e no inferno também. Sasori precisa saber.



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