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História Suburbia - Don't Damn Me


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 9 - Don't Damn Me


   DON'T DAMN ME                                     

Eu nunca quis muito mesmo, mas Sasori estava sempre pronto para algo novo. Amar alguém é difícil, um sonhador é impossível. Você não consegue acompanhá-los e, se for para muito longe, acaba se perdendo num mundo feito para ele, onde não há espaço para a sua presença. E isso é o que mata aos poucos. Mesmo assim, quero iluminar o caminho dele. Porque sei que nem o mais profundo sonho consegue te guiar até o fim, a escuridão vem e alguém precisa ajudar.

Posso ouvir o som das agulhas da minha mãe se chocando umas às outras enquanto ela tricota algo. Sentada diante dela, apenas percebo como somos diferentes e, no entanto, aqui estamos sofrendo por um sonhador. Meu pai sempre almejou ir para longe e viver o sonho de dar a ela tudo que a vida lhe permitisse. Mas, quando ele morreu, tudo que a restou foi a promessa de que ele voltaria para casa. E, eu, não sei. Como o sol e a lua, ambos os homens com que estive me deixam agora perdida. 

Um nasceu para ser visto, com todas as luzes da cidade brilhando para ele. Outro quer ser visto, notado nas entrelinhas da existência. E eu apenas quero alguém que me abrace quando a noite vier e me sentir perdida. Aprendi desde cedo que nada que se pede obtém. Não se você não é alguém com sorte. E isso é algo que não tenho.

— Parece abatida, Sakura — minha mãe diz, sem tirar os olhos do que faz —, brigou com Sasori outra vez?

— Não — digo e me forço a sorrir —, apenas me sinto cansada e com dor de cabeça.

— Tem ficado constante as suas dores, hã?

Ainda que eu quisesse parar para analisar aquilo que ela me disse, não pude. Ao me levantar, vi quando o carro de luxo parou diante do meu portão. Imobilizada, apenas o observei sair do veículo e manter um cigarro aos lábios. Num terno claro e bem cortado. 

James Dean — minha mãe riu baixo —, fazia tempo que não via um filme com ele. 

Olhei para a televisão e lá estava o icônico ator americano, movido pelo desejo da velocidade e vivendo o sonho americano. Mas morto antes do tempo. Se é que há um dia para morrer. 

— Não o deixe esperando — ela disse e sorriu —, é um homem bonito. Nenhum desses bem vestidos viriam até aqui apenas por uma mulher. A menos que queira algo que o dinheiro não compre.

De que vale o amor se não posso comprá-lo com dinheiro? Sasuke me disse isso, tão distante que poderia ser outra pessoa ali. Mas ele tinha me dito e elucidado as palavras com convicção, me fazendo acreditar na pergunta que eu conheço a resposta.

— Não ele. Não ele, mãe — eu disse e abri a  porta, me segurando firme na bolsa.

Assim que fechei a porta atrás de mim, pude ouvir algo vindo de dentro de casa. Talvez fosse a televisão, mas a intuição gritava por algo que minha mãe disse. Isso não é importante, não agora.

— Está mais pálida que o habitual, Sakura — o Uchiha disse e forçou um sorriso rápido.

Me olhei no reflexo do vidro do carro e pude notar aquilo que me diziam pela segunda vez em menos de uma hora. Provavelmente por culpa da noite mal dormida, seguida de uma longa dor de cabeça. Esse plano passou e repassou por minha mente até o amanhecer. 

— Podemos ir?

Ele apenas abriu a porta do carro e entrei.

A paisagem urbana cada vez ficando mais distante, os prédios desaparecendo enquanto o carro segue em velocidade alta pela rodovia. Não consigo olhar para ele, nada tenho para dizer. Deixo  o silêncio se instalar e confessar o meu crime, quero apenas manter o foco. 

Deslizando os dedos pelo vidro, contorno as linhas das montanhas, chegando até as estradas que se bifurcam, não sei para onde vamos, apenas o deixo me levar por essa estrada. Mesmo o rádio parece mudo, ainda que algo toque. Mesmo querendo não posso evitar de olhá-lo pelo reflexo, agora é a imagem de Sasuke que traço com os dedos. A vida é mesmo cheia de seus atos inesperados e sentimentos desconhecidos. Mas que graça haveria saber o que acontece amanhã ou quem vamos conhecer? 

Com um esfregar da mão no vidro tento apagar aquilo que vejo, como se fosse possível escapar do que há ao meu lado. Apenas o olho de canto e forço o meu melhor sorriso ao sentir os dedos frios do Uchiha me tocarem a perna nua, causando em meu corpo pequenas e excitantes reações. Mas a culpa se sobressai. 

Você o ama, mas não pode negar a verdade. É tudo que posso ouvir vindo do rádio. Me sinto perdida por dentro. 

— Essa é a minha casa — Sasuke sorri de canto e para o carro, indicando o lugar.

Não me surpreende o fato dele possuir uma praia particular, talvez fosse esperado. Posso ver o mar e a areia pálida, enquanto a casa se eleva em pilares, com uma escada de mármore polido. Não há vizinhos, apenas a estrada e a construção, além da praia. 

Com indiferença ele sobe os degraus e entra. Permaneço um instante olhando para o lugar, tão claro como o dia e perdido numa paisagem única. Mas olhar para as palmeiras da Califórnia e ouvi-las dizendo que tudo é possível soa mais forte. Tenho que conseguir sair daqui com o que vim buscar, mesmo que isso signifique... que seja.

As cortinas se sacodem na sacada, de onde posso ver todo o caminho feito de pedra para a praia. Um cheiro de sal se funde ao perfume do Uchiha, ele apenas mantem seu vício entre os dedos e olha para o mar, tão perdido entre o azul do céu e de minha alma. 

— Fique a vontade — ele diz, retirando a camisa e esticando o corpo. — Vou correr um pouco. Aproveite a casa.

— Tudo bem — digo e permaneço parada, evitando olhá-lo aos olhos.

Sua mão segura meu rosto e o vira para a direção dele, não mais posso fugir dos olhos. Tão escuros que posso me ver estremecer.

— Realmente está pálida — Sasuke sussurra —, vá tomar um pouco de sol. Pode ser que te ajude.

Apenas sorri. Ao que ele me beijou, deixando o sabor de nicotina e o amargo de alguma bebida alcoólica em minha boca. Sua mão me segurando na costa e aproximando nossos corpos. Tão frio e suave.

 O vi sair, se afastando por um corredor. Me deixei cair no sofá e fechei os olhos pelo que pareceram horas. Despertei apenas ao ouvir o som da porta da entrada bater e Sasuke realmente sair.

Sasori ainda não sabe desse lugar, tão calmo e bonito, distante de qualquer som nauseante vindo das ruas tórridas do subúrbio. Longe de qualquer coisa. Ainda deitada posso ver o céu azul, claro e com suas nuvens brancas se desfazendo. O som do mar tão convidativo. Talvez eu deva aproveitar essas horas sozinha, me encontrar por um tempo.

Mas o toque do meu celular me rouba isso. Olho para o contato por tanto tempo que me surpreende ele não ter desligado. Seguro o dedo suspenso no ar, estando dividida entre aceitar e recusar. Você pode correr por um longo tempo, fugir o suficiente, mas cedo ou tarde terá que pagar.

Dessa forma, a voz que tanto ouço cantar na noite me parece agora estranha.

Sakura — ele me chama, soando como uma ordem.

— Te disse que ligaria — tento esconder minha aflição, mas ele sabe. — Aconteceu algo?

Não — Sasori diz, firme e frio —, apenas preciso do endereço. Rápido. Já tenho tudo pronto e os rapazes também. Tudo depende de você agora.

Seguro a respiração, fechando os olhos e pensando em nada. Há um vazio hesitante e que grita. E não há volta.

— Vou mandar por mensagem.

Ótimo, vou esperar — ouço ele rir. — Mantenha-o distraído, sabe como fazer isso.

— Eu sei... — sussurro, sentindo meus olhos arderem. — Te amo...

E não recebo nada de retorno, apenas o telefone se desligando e eu permanecendo ali, entre o macio do couro e a brisa que vem do exterior. 

Após cumprir minha tarefa, andei pela casa, observando-a em sua imaculada organização. O quarto é tão espaçoso, com finos lençóis brancos na cama e uma sacada ainda maior com uma escada lateral, que vai direto para o térreo. Retiro as minhas roupas suadas e grudentas, ficando apenas com as roupas íntimas e me deixando cair na cama.

Um closet enorme me chama a atenção. Escorro os dedos pelas camisas macias bem passadas, todas penduradas e bem alinhadas. Sapatos, calças, caixas lacradas, malas e algumas joias. Há o suficiente e ainda mais ali. Não sei se Sasuke já foi casado, mas o espaço abriga duas partes, quais ainda mantem intactas as roupas femininas. Sapatos, vestidos, colares e tudo que eu terei em breve.

Na parede do canto um quadro torto, não posso me conter em arrumá-lo. Apenas movimentando o objeto, consigo ver o metal lustrado que antes estava oculto.Tão original que se torna óbvio. O cofre do céu. Mantenho a pintura em mãos, olhando para aquilo e deixando um sorriso amargo me dominar os lábios. Parece que agora é questão de tempo.

A luz exterior me cega ao que deixo o conforto para  me segurar às grades da sacada, observando o mar se unindo ao céu e o Uchiha voltando para a casa. Aceno e ele apenas para logo próximo da piscina, resfolegando pela corrida e com o corpo suado. Posso ver as linhas de seus músculos sendo marcadas pelo fluído que umedece a camiseta. Ao que retira a peça de roupa e salta para a água, o vejo desaparecer no límpido líquido. Livre e com a alma queimando. 

— Por que escolheu um lugar tão distante? — pergunto ao vê-lo emergir, esfregando os olhos. 

Talvez por privacidade.

— Talvez? — sorrio ao ver a confusão existente nos olhos do Uchiha. — Pensei que fosse alguém de opinião imutável.

— Venha.

E com a sua ordem me dirijo para perto da água, o sentindo me seguir e contornar a figura com as orbes escuras. Não posso ler a mente, tampouco os movimentos seguintes desse homem. O que me é deixado é apenas o direito de arriscar. Com a mão esticada em minha direção, convidando-me para me unir a ele na piscina, reluto. Até que me deixo levar, sentindo o frio do líquido colidir com o quente da minha pele. Sasuke me segura na cintura, olhando para o fundo dos meus olhos.

— Sem ninguém por perto — ele começa a dizer, subindo a palma da mão para a minha costa. Sei que busca pelo fecho do meu sutiã —, você pode ser livre para fazer, agir e ser o que quiser — meu torso está nu, e seus dedos se prendem em meus seios, acariciando. — É excitante. 

— É... — sussurro, permitindo que o calor da proximidade me guie. Observo os lábios úmidos e desejo beijá-lo, com tanta vontade que não seja possível me manter viva. — Por favor... por favor, não me deixe...

— Todos partem no final — Sasuke diz —, ninguém fica.

— Seja o primeiro, então.

A súplica vem fácil, acompanhada de algo que considero verdade. Transformei o medo do ato final em melancolia, isso é tudo que sei. Tarde demais para desistir, cedo o bastante para me sentir culpada. Se eu pudesse refazer desde o início, encontraria um caminho para longe, onde eu possa recomeçar. Mas agora é matar ou morrer. 

Mal sinto os lábios aos meus, interrompendo os pensamentos e as mãos do Uchiha me segurando tão firme que me faz congelar no lugar, permanecer imóvel. Seguro firme ao redor de seu pescoço, impulsionando a cabeça para mais perto, intensificando nosso beijo e nos unindo. Já posso sentir todo o desejo se formar, nos trazendo para mais perto. A excitação do corpo masculino contra o meu, apenas me deixa insistir num beijo em que o fôlego parece ser incapaz de separar. 

Os passos para trás, levando-me até a borda e colidindo a pele contra o piso de cerâmica, deixo-o beijar meu pescoço, descendo a mão pelo quadril e se instalando entre as coxas, tocando na intimidade. Enrosco os dedos aos fios de cabelo negros e os puxo, sentindo os dedos brincarem com meu sexo, retirando de meus lábios gemidos. Sua boca me suga a carne, roubando todos os sentidos do que ocorre ao redor. Apenas sinto o prazer de seu ato. 

Ao que retira seus dedos de minha intimidade, me levanta e se encaixa no quadril. Nossos olhares se encontram e o beijo uma outra vez, arranhando a pele das costas do Uchiha, sentindo-o me penetrar e ir além em seus movimentos. Gemidos, arquejos e respirações ofegantes. A privacidade nos permite gritos altos e tudo aquilo que o sexo pode causar em dois. Junto um ao outro, sentindo seu membro me tocar e romper as estruturas da sanidade. Tão bom, como uma dose de loucura.

 Permanecemos unido um ao outro, nos encarando e tentando dizer algo. Apenas o seguro contra meu corpo, sentindo o movimentar de sua respiração fora de ritmo. Somos um nesse breve espaço de tempo. Um como nunca fui com outro. Mas não posso amar esse homem. Não ele.

— Quero te mostra algo — Sasuke diz, ofegante e saindo de minha intimidade —, mas antes preciso de um banho. Você vem?

— Um convite tentador.

Apenas devo dizer que nossos corpos ensaboados e úmidos deslizaram ao longo do vidro, sentindo um ao outro. O sexo é como a parte da natureza da qual não se pode abdicar os instintos primitivos. E nos deixamos levar, se entregando ao prazer e gemendo alto o bastante para que se pudesse fazer ouvir. Livres, afinal.

Já começava a entardecer quando fiquei só na sala, provando de um pêssego maduro que encontrei na cozinha. Folheava um revista de viagens, enquanto o Uchiha disse que ia fazer algumas ligações. As palavras exatas que usara foram: Governarei meu império de poeira. Com uma das tantas camisas dele, me sinto quente, com um calor tórrido a me percorrer o corpo. Mesmo com a janela aberta e brisa entrando. A única coisa fria que me toca e faz despertar da leitura são as mãos de Sasuke me circulando o pescoço com algo. 

Meus olhos brilham ao ver a joia, um cristal límpido e de uma tonalidade rósea que nunca vi. Observo os brilhantes ao redor, tão frio.

— Um diamante rosa — ele disse, tocando meus dedos junto da pedra —, tão raro. 

— Onde conseguiu isso?

— Não vai gostar da resposta — e com toda certeza não iria. Mas não podia conter o olhar do diamante. — Cem milhões de dólares,  e é tudo que terei de recordação do diamante — posso vê-lo sorrir. — Sinto muito não poder ficar com ele, Sakura.

— Eu faria o mesmo.

— É mesmo uma mulher ambiciosa — o metal frio que antes cercava meu pescoço sustentando o diamante foi puxado.

Sasuke guardou a pedra lapidada ao bolso do casaco, se esticando e caminhando até o minibar. Serviu-se uma bebida e verificou o horário. Ele parece esperar algo. Enquanto eu espero alguém.

— Está muito quente esse lugar — e ele retira o casaco, jogando-o sobre  o balcão e retornando a beber.

O toque de mensagem do meu celular o faz olhar para a minha direção, evito o aparelho por um tempo, temendo que ele se interesse em ver algo. Sei que é Sasori. Seguro o celular entre os dedos, sentindo-o vibrar.

— Não vai ver? — me questiona.

Ao que penso em responder, um barulho vindo do andar de cima nos força a olhar para o corredor. Deixo a revista escorregar dos meus dedos e repousar suas páginas ao chão. O Uchiha engole a bebida com rapidez, dando um passo em minha direção e calado. Até que outro estrondo o força a me puxar pela mão, guiando ao longo do corredor. Sinto que estou tremendo enquanto ando, posso sentir o desespero que se instala em mim. É agora, não é?

Sou a primeira a entrar na sala em que fica o escritório. Com força Sasuke fecha a porta e corre em direção da mesa, jogando tudo que há sobre ela. Procura por algo, revirando as gavetas e lançando uma massa de folhas para o alto. Até parar e encontrar aquilo que esteve buscando. O brilho metálico me causa pânico. Com a arma em mãos, ouço o clic de que está destravada e pronta para o uso. Não haverá volta. E por mais improvável que seja, peço para que não seja Sasori.

— Lembra do que disse sobre ter que te matar se contasse sobre meus negócios? — ele apontou o revólver em minha direção. — Também corro esse risco. Posso morrer a qualquer momento. É um mundo complicado, Sakura.

Apenas fecho os olhos ao ouvir a porta se abrir e bater contra a parede. O barulho do disparo veio em seguida, me forçando a tapar os ouvidos e me encolher no lugar. Mas foi ao sentir as mãos de Sasuke me puxando que pude ver. Um homem com cabelos rubros repousava numa poça de sangue, com o buraco da bala entre os olhos que fitavam o nada acima. Mesmo tremendo o segui.

Subimos para o andar seguinte, virando cada canto com cautela e eu tendo a mão do Uchiha me segurando. Aquele não era ninguém que conheço e talvez muito menos Sasori. A certeza com que ele falou de sua situação me faz pensar que não sou a única inimiga aqui, há alguém mais.

— Pensei que fosse me matar — murmurei ao que paramos —, droga... poderia ter avisado.

— Venha — me segurou na mão. — Há pessoas com que trabalho que não são pacientes, então coisas como essa acontecem. Esse é o preço do dinheiro.

— Quem era ele?

Foi quando paramos.

Dessa vez não era um rosto desconhecido, pelo contrário, Sasori mirava a arma em nossa direção. Sasuke fez o mesmo. Estava montado o campo de batalha. Ambos os homens prontos para atirar no primeiro gesto involuntário. E, entre o fogo cruzado, apenas sinto a hora final se aproximar. 

Não sei o que levou o Uchiha a rir, olhando para o meu namorado como se fosse mais uma de suas tantas piadas nesse mundo. Mesmo assim ele riu alto, não cedendo ao foco do próximo disparo que poderia fazer.

— Faz um longo tempo, Sasori — ele disse, ajeitando dedo firme ao gatilho.

 


Notas Finais


Nossa... tinha algo de importante a dizer, mas relendo o capítulo perdi a vontade. De qualquer forma, só mais dois capítulos e acabou. Se preparem pro churrasco de encerramento ahua
o/


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