Pov Lauren
— Acorda! — senti uma tapa na minha bunda e resmunguei baixo.
Senti o cheiro do perfume de Camila, ele estava forte, mas de qualquer forma era suave. No fundo uma música conhecida por mim tocava e quando finalmente conseguir acordar e abrir os olhos me deparei com Camila. Ela me pegou desprevenida com o seu olhar hipnótico, seu sorriso quase me tirou o fôlego e para completar seu cheiro me deixou mais dopada.
— Me diga uma coisa... — concordei com a cabeça. — Nós vamos viajar?
— Andou mexendo nas minhas coisas? — ela riu e confirmou com um aceno breve de cabeça.
— Eu estava arrumando seu escritório que estava igual a sua cara. — soltei uma risada nasal. — E sem querer eu vi algumas coisas...
— Intrometida! — ela riu. — Depois do seu aniversário, quem sabe?
— É?
— Você quer?
— Quem sabe... — deu de ombros.
— Sabe o quanto eu amo essa música? — ela sorriu. — Ela me você...
— Sério? — acenei com a cabeça. Estendi minha mão até seu rosto e tirei uma mexa de seus fios castanhos que cobriram o mesmo.
— Sabe o quanto eu te amo?
— Não, quanto?
— Um montão assim. — abri meus braços ela riu, mas logo se aconchegou neles. — Eu tenho tanta sorte em ter você na minha vida... — beijei seus cabelos.
— Tá muito grudenta ultimamente.
— Tá reclamando? — tirei meu braço de sua cintura e ela riu.
— Larga de ser dramática. — ela se virou de frente e me olhou.
— Eu não sou dramática! — retruquei. — Ei, tudo bem?
Camila me empurrou pelos ombros, tapou sua boca e saiu correndo para o banheiro. A segui, mas a porta foi fechada na minha cara.
— Camz? — bati fraco na porta.
— Sim? — respondeu com a voz abafada.
— O que houve?
— Nada, já passou.
— Tem certeza? — escutei o barulho da descarga. — Me deixe entrar!
— Não amor, agora eu estou feia e fedida. — soltei uma risada.
— Você é linda, Camila. E é humanamente impossível você ficar feia.
— Você vai achar isso quando eu estiver velha e toda enrugada ao seu lado. — escutei o barulho da água do chuveiro cair no chão.
Abri a porta com cautela e vi que ela estava dentro do box já tomando banho. Andei até o box e fiquei a observando tomar banho. Seus cabelos estavam presos em um coque mal feito e seu corpo brilhava por conta da água e do sabão que estava em toda a parte.
— Opa! — soltei uma risadinha quando ela disse aquilo. Finalmente havia saído de seu mundinho particular e notado a minha presença ali. — Eu vou te denunciar.
— Ah, vai? — ela molhou seu corpo e vi sorriso fraco em seus lábios
— Vem me fazer companhia. — ela empurrou seu corpo um pouco pra frente e permitiu seu cabelo molhar, puxou-me pela camisa, soltei um gritinho em surpresa ao sentir a água morna molhar meu corpo.
— Lauren? — escutei batidas na porta e despertei de meus devaneios. — Lauren!
Levantei-me a contragosto e fui até a porta e a abri. Dei de cara com Ariana e um sorrisinho fofo e entrou sem ser convidada. Àquela noite eu não queria companhia de ninguém e a dela muito menos.
— O que você estava fazendo? Estou te chamando faz uns dez minutos.
— Eu estou ocupada! — me sentei no sofá ao lado dela.
— Ocupada? — ela olhou para a mesinha de centro e viu a garrafa de uísque e um copo. — Qual é Lauren?
— Não estou a fim de papo hoje. — murmurei. — É sério!
— Não, eu me preocupo com você e isso — ela apontou para a mesinha de centro. — está te matando!
— Você tem coisa melhor para se preocupar. — descansei minhas mãos sobre minha perna.
— Mas eu me preocupo com você! — olhei para ela que sustentou meu olhar. — Eu gosto de você... — senti sua mão fria sobre a minha.
— Olha Ariana, eu não...
— A gente pode fazer isso dar certo! — falou. — Agora que você está solteira e...
— Espera! — puxei minha mão da dela e me afastei um pouco. — Eu não quero nada contigo, garota! Se você acha que em algum momento eu mostrei interesse, me desculpe, mas eu amo a Camila!
— Ela não ama você! — disse firme. — Se ela te amasse...
— Não! Ela está com raiva de mim e com razão, eu disse coisas que a deixou assim e eu não a culpo! — falei. Aquele assunto estava me deixando muito irritada. — Só vai embora!
— Eu pedi o divórcio...
Levantei-me do sofá e fiquei parada a sua frente a observando.
— Vai embora! — insisti. — Você endoidou?
— Lauren... Eu fiz isso por nós duas.
— Nós? Isso não existe Ariana. — percebi que aquilo a atingiu em cheio. — Eu não disse para você fazer isso, porra! Eu te dei espaço na minha vida porque estava precisando de um amigo, mas percebi que foi o maior erro da minha vida. Você sabe por quê? Eu desprezei meu filho e a mulher que amo que lutei para ter comigo! Então agora vá embora e não piore as coisas, Ariana!
Senti uma ardência em meu rosto e quando percebi tinha levado uma tapa bem dada dela.
— Você é uma cretina, Lauren Jauregui!
— Mas que porra, você ficou louca? — passei a mão em meu rosto. — Se você acha que só porque a Camila não me quer mais eu vou te dar uma chance está muito enganada. — falei entre dentes. — Eu nunca me interessei por você antes e acha que agora as coisas vão mudar? — resmunguei um pouco baixo quando ela acertou outra tapa do outro lado do meu rosto. — Caralho! Vai embora da minha casa e some da minha vida!
— Quer saber? Eu espero que você tenha uma vida longa e solitária. Sem a Camila e sem seu filho, você realmente não merece o amor de ninguém. — senti a amargura em sua voz. — Você não merece nem um do dois com você!
Passei a mão em meu rosto e gemi frustrada. A baixinha tinha uma mão pesada da porra. Fui até a porta e fechei a mesma já que ela fez questão de sair sem fechá-la. Voltei para o sofá e me deitei, procurei o sono que veio rapidamente então dormir.
...
Acordei na manhã seguinte me sentindo um pouco melhor que na noite passada, subi para tomar um banho e depois me arrumei para ir até a casa de Vero. Tomei uma xícara com café e sai de casa. Estava vestindo uma calça jeans preta e uma camiseta branca e meu casaco de couro por cima, coturnos nos pés e coloquei meus óculos escuros. Dirigi calmamente até a casa de minha amiga que não ficava muito longe e quando cheguei lá toquei a campainha diversas vezes, mas ninguém me atendeu.
Puxei a chave que ficava dentro de um vaso de flores que estava bem perto do meu pé abri a porta. Apollo foi o que me recebeu com um rosnado animado, deixei um beijo no topo da cabeça dele e caminhei para os fundos de onde vinham vozes. Parei na porta quando vi minha amiga e seu filho no colo, ela estava sentada em uma espreguiçadeira e Demi estava na piscina. Mas o que me chamou a atenção foi Dianna e Camila... Droga, a Camila estava ali e sua barriga parecia muito maior. Faziam mais ou menos dois meses desde a ultima vez que tinha visto-a no hospital.
— Está parecendo que eu engoli uma melancia. — escutei a voz dela. — Isso é normal?
— Sei lá... — minha filha riu baixinho.
Tirei meu foco da conversa das duas e foquei apenas em Camila. Em seu sorriso, em sua risada, em seu lindo rosto que estava um pouco inchado e em sua linda barriga. Ela e minha filha pareciam mais próximas que o normal e honestamente aquilo estava me deixando incomodada. Elas riam juntas e sempre trocaram olhares.
A coisa só piorou quando minha filha ficou cochichando coisas no ouvido dela e a mesma ria igual uma idiota de seja lá o que fosse. O ciúme voltou e agora com um pouco de força, não era possível que depois de tudo o que aconteceu Camila ainda dava confiança pra ela.
Virei-me para sair de lá, aquela cena me deu um embrulho no estomago. Apollo me empurrou com um pouco de força e aquilo me irritou profundamente já que me causou uma puta queda.
— Mas que merda, Apollo! — briguei com o cachorro que me olhou um pouco triste...
— Como entrou aqui? — escutei a voz de Verônica bem atrás de mim. Porra! Eu havia falando alto demais.
— Eu... Eu apenas entrei. — me levantei completamente envergonhada e dei de cara com todas me olhando.
— Bela entrada hein, mãe. — observei a forma como Dianna segurou Camila pela cintura, percebi que ela estava ajudando-a se levantar. — Pena que já estamos de saída.
— Ué, mas já? — Demi pegou seu filho do colo da minha amiga. — Vocês acabaram de chegar!
— A Camz não esta se sentindo bem. — pontuou.
Dianna agora falava pela Camila. A chamava de Camz. Cuidava dela e o que mais? De verdade, aquilo estava me deixando completamente puta. Mas antes que elas se mexessem dali fui até as duas e parei bem em frente a Camila.
— Podemos conversar? — perguntei.
— Mãe, agora não é um bom momento. — Dianna interviu.
— Eu não falei com você! — meu tom de voz saiu áspero e então percebi seu olhar confuso.
— Ela não está em um bom dia. — insistiu.
— Eu já disse que não falei com você! — me irritei. — Será que da para você nos deixar a sós?
— Tudo bem, bebê. Qualquer coisa eu te chamo! — olhei de uma para outra e senti meu sangue ferver com a forma em que Camila chamou a minha filha. — Você tem dez minutos seja lá sobre o que quer falar. — Camila se abaixou devagar e se sentou novamente na cadeira de balanço que estava ali e eu me sentei onde minha filha estava antes.
— Você pode olhar para mim, por favor? — pedi em um tom de suplica.
Fez o que me pediu, mas em momento algum ousou olhar-me nos olhos. Eu procurei pelos os seu olhos, mas ela fez questão de desviar seu olhar do meu.
— Camila, em momento algum eu fui capaz de trair você, eu sei que você sabe disso e eu te... — ela levantou o dedo em um pedido mudo para que eu me calasse.
— Lauren! Pelo amor de Deus! Deixe de ser ridícula e se toca que nem tudo nessa vida gira em torno de você! — ela finalmente me olhou e me senti confusa naquele momento. — A essa altura já não me importa mais se você me traiu ou não, nada mais que envolva você me interessa... — a voz dela estava calma, calma até demais.
— Camz...
— Cale a boca porque eu ainda não terminei. — falou seca. — Já se passaram três meses desde aquele maldito dia e hoje tudo já não me interessa; você, suas desculpas. Sabe? Literalmente nada! — vociferou. — Eu só tenho um pedido para te fazer!
— Pode falar! Eu faço tudo o que você quiser! — senti uma pontada de esperança.
— Só some da minha vida e finja que eu nunca existir para você! Somos estranhas e nunca aconteceu nada entre nós duas um dia, e não se preocupe que a “nossa” — fiz aspas no ar. — história já foi apagada da minha memória.
— Camila! — senti uma vontade imensa de chorar. — Olha, a gente pode dar um jeito! Eu posso dar um jeito e fazer nosso relacionamento funcionar. Meu amor, eu errei em fazer aquelas coisas achando que não tinha responsabilidade e agindo de forma errada, eu...
— O tempo passou Lauren! Agora sou eu que não quero mais que isso dê certo, eu cansei das suas atitudes e principalmente de você. — aquilo doeu mais que um soco no estomago.
— Mas você me ama e eu... — ela me cortou novamente.
— Sim, eu amo você, eu amo muito você, mas já deu pra mim. — falou.
— Mas eu o meu filho, Camila? O nosso filho?
— Meu filho, Lauren. — falou firme. — Eu sei que não o fiz sozinha, mas você demonstrou o desprezo que tem por ele. Essa merda não vai bater na sua porta te pedindo dinheiro para nada, essa merda não vai te acordar durante a noite chorando, não se preocupe que essa merda não vai te dar trabalho algum. — ela estava começando a ficar nervosa.
— Você não tem o direito de fazer isso comigo. Ele também é meu bebê, Camila. Para com isso, por favor! — passei a mão em meus olhos e limpei as lagrimas.
— Foi você quem fez! — murmurou. — Agora aceite e saiba que cada ação surte uma reação e foi você quem procurou isso!
— Você também procurou isso e causou essa guerra entre nós duas, eu te falei que tinha planos para nós e você de repente resolveu... — ela me olhou incrédula e então percebi a merda que tinha falado.
— Engravidar. — completou. — Sim Lauren, eu escolhi isso e quis isso mais do que você possa imaginar — falou firme. — Um filho seu era tudo o que eu mais queria carregar, um pedaço seu dentro de mim.
— Camila! — passei a mão em meu rosto tentando processar toda aquela conversa. — Eu faço tudo errado e digo as coisas da forma errada! Droga... Eu não quis dizer aquilo, eu...
— Na verdade, você só diz o que está martelando na sua cabeça. Você não quer esse bebê e nunca quis...
— Não, eu...
— JÁ CHEGA, LAUREN! — gritou completamente puta. — Chega de se desculpar, chega dessa baboseira toda. Acabou! Sai daqui e se sinta feliz porque você finalmente se livrou de mim e dessa merda que eu carrego aqui.
Levantei-me e olhou para ela me um pedido mudo pedindo calma, mas ela não entendeu. Sua respiração estava forte e seus olhos faiscavam raiva, no momento tive até medo dela. Olhei ao redor e vi que as três nos olhavam curiosas. Dianna mesmo que cautelosamente andou até nós duas e se pôs ao lado dela.
— Camila... — ela se ajoelhou ao lado da cadeira. — Respira e relaxa... — ela me olhou irritada e aquilo me deixou alarmada. — O que aconteceu?
— Era só o que me faltava! Você por acaso é a advogada dela? — ela me fitou confusa e se levantou.
— Qual é o seu problema? — perguntou irritada. — Já não basta a merda que fez antes e ainda quer fazer mais?
— Sai daqui, por favor, ou eu...
— Vai me bater, mãe? Pode bater! — provocou.
— Dianna! — Camila se levantou e tocou no ombro da minha filha. — Para com isso, por favor! Só me leve daqui. — Dianna olhou pra ela por cima o ombro e vi sua feição e suavizar.
— Qual é a de vocês duas? — perguntei irritada e já perdendo o resto da minha sanidade.
— O que? — Dianna perguntou confusa.
— Vocês estão juntas? — Camila abriu a boca como se aquilo tivesse a pego de surpresa.
— O que? Você endoidou? — milha filha estava completamente puta com aquilo.
— Lauren! — Verônica falou bem um pouco atrás de mim. — Você bebeu? Meu Deus! Que merda é essa?
Olhei brevemente para Verônica e voltei a fitar as duas, Camila agora estava a frente dela como se estivesse defendendo-a de algo.
— Era isso o que você queria, não é? A Camila agora está livre e... — senti meu rosto arder com a tapa forte que Camila acertou em meu rosto.
— Você me respeite e a sua filha também. — massageei minha bochecha. — Diferente de você ela é uma mulher de verdade que apesar de tudo está cuidando de mim e do irmão dela muito melhor que você que só sabe estragar tudo aquilo que esta a sua volta! — falou. — É melhor você rever as coisas que anda fazendo e falando, Lauren. Eu realmente não sei quem é você mais. Cadê a Lauren? A mulher por quem me apaixonei? Você não é ela!
— Não Camila, desculpe... eu...
— Só segue o que te pedi Lauren!
— Camz...
— Me esquece!
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