História Summer Love - Vacation?

Não consigo acreditar que acabei de sair pelos portões da escola no qual eu nunca mais voltarei na minha vida. É incrível o quanto o tempo passa rápido, digo, você se vê durante séculos numa escola e em um piscar de olhos, você tem de lidar com o fato de que agora tem que ser "independente" e assumir várias outras responsabilidades bem mais difíceis, em um piscar de olhos você vai ter que obrigatoriamente crescer e encarar o mundo de uma forma completamente diferente e em um piscar de olhos, você vai ter que ir para uma faculdade. Pois é, esse é o meu futuro, mas era pra você descobrir isso apenas dentro de alguns minutos se continuasse lendo, mas já estou resumindo o que é obvio.

 – Violet! Você está me ouvindo? - senti algo me cutucando e logo voltei para o triste mundo no qual vivo tentando escapar dando essas viajadas básicas. Allison estava há séculos falando completamente animada do quanto ela está feliz por ter terminado a escola e essas coisas todas. Ela é o tipo de pessoa que tem um bom humor fora do normal, praticamente, o oposto de mim.  – Imagina? Todos aqueles universitários gatos, nossa. Eu to tão animada, finalmente vamos sair desse inferno e crescer, meu Deus! Temos 18 anos, já parou pra pensar nisso? A gente tem tanta coisa pra fazer agora, não sei nem por onde começar. 

 – Pode começar se preocupando com o fato de ter passado ou não para a faculdade de San Diego. Na verdade, não sei se fico feliz ou triste pela minha vida estar prestes mudar completamente e eu ser obrigada a estudar mais ainda para arranjar um emprego logo depois. - como sempre, bem otimista.

 – Não começa com essa. Você sabe muito bem que desde que éramos pequenas nós sempre queríamos os 18 logo para fazer o que quiséssemos, bom, pelo menos eu. - esqueci de acrescentar que Allison é minha melhor amiga de infância, desde os 11 anos para ser mais exata. Ela sempre esteve ao meu lado e vive tentando levantar a minha autoestima e coisas do tipo. Ela está ciente do meu histórico de depressão e vive tentando ajudar, sou eternamente grata por isso, eu sei que ela tenta.

 – Eu sei, tá? Mas não vamos nos precipitar, não sabemos nem se passamos. - fizemos a prova há um mês atrás, para uma faculdade que fica em San Diego.  – Você sabe muito bem que quando se comemora por algo, sempre acaba se decepcionando. - completei.

Moramos em uma cidade pequena, não há um bom ensino por aqui e logo nossos pais (minha mãe e os pais dela, no caso) chegaram a um acordo e "decidiram" que íamos nos mudar para um lugar com faculdades melhores, se passássemos, é claro. Eles combinaram dividir o aluguel de nosso apartamento até arranjássemos um emprego (que cá entre nós, demorará um bocado). 

E meio que vai ser assim, se tudo der certo, nos mudaremos e logo voltamos a velha rotina de estudar, só que com esforços dobrados. Eu não gostei muito da ideia pelo fato de ter que "abandonar" a minha cidade natal e ficar longe da minha mãe, sempre fomos muito apegadas uma a outra e ter que ir embora de casa está me destruindo. Meu pai morreu aos meus 9 anos em um acidente de carro, desde então somos só eu e ela. Droga, acho que estou ficando deprimida de novo.

– Você é muito pessimista, não aguento isso. A nossa vida vai ser ótima, você vai ver. - estávamos quase chegando a minha casa, que não fica muito longe da escola, mas o trajeto é longo o suficiente para Allison continuar com as ladainhas de que de agora em diante seria perfeito, tá, eu também não aguento  isso. – Como não está feliz com isso? Vamos morar juntas e você vai fazer faculdade de psicologia e eu de publicidade, isso não é ótimo?

– É sim, meu amor. - respondi em um tom de desânimo, em seguida chegamos a minha casa. Assim que abrimos a porta, Allison viu uma carta no chão e começou a gritar.

 – MEU DEUS MEU DEUS MEU DEUS MEU DEUS!!!!! - disse faltando pouco pra soltar o grito da pantera.

– O QUE O QUE O QUE? - reagi no mesmo tom que ela, ironicamente.

– VOCÊ PASSOU! - me agarrou e assim que soltou começou a dar pulinhos e a gritar.

– Meu Deus, o que está acontecendo aqui? - minha mãe chegou sem entender nada, e sem deixar tempo para ela respirar Allison a agarrou também, e eu apenas fiquei rindo ao ver aquela cena. – Que notícia ótima, meu amor! - mais abraços – Eu sabia que você conseguiria! - e é claro que eu passei, se não, não teria história. Mas é claro que eu fiquei feliz, em partes.

 – Pera, então significa que... Meu resultado também deve ter saído! - ela agarrou minha mão e me puxou pra porta – Vamos pra minha casa correndo, tchau tia Maggie!

Depois disso, fomos até a casa de Allison (não me diga) e como você deve imaginar, ela também passou. Vou pular a parte de detalhes novamente porque sei que não tem todo o tempo do mundo pra ficar lendo essas enrolações. Ela ficou muito feliz, e bom, eu também fiquei. Logo nos mudaremos para San Diego e uma hora ou outra vou ter que lidar com isso, só não conseguia mostrar tanto entusiasmo como ela.

Aos poucos Allison foi percebendo que a cada minuto que se passava eu ficava mais pra baixo e com mais cara de paisagem, já entendendo tudo. Ela logo pensou que começaria tudo de novo e que eu faria a linha depressiva novamente e coisas do tipo. Ela já não se preocupava tanto quanto antes ou pelo menos como se preocupou pela primeira vez, ela meio que já sabia como lidar com isso, como se tivesse um manual de instruções meu.

 – Eu odeio ver você assim. Por que não compramos alguns litros de sorvete e passamos o dia assistindo The Walking Dead na Netflix? - viu só? ela me conhece bem, mas não era o que eu precisava naquele momento.

 – Sei lá, acho que não estou muito a fim. 

 – Vem cá. - estávamos sentadas em cima da cama e ela me puxou para seu colo me abraçando – Eu amo você, tá? Vai dar tudo certo, você vai ver.

– Espero que sim, mas é que eu cresci aqui e não sei se vou me adaptar a um novo lugar. E vou sentir muita falta da minha mãe.

 – Eu entendo o seu lado, vai ser tudo muito novo pra mim também mas a gente logo se acostuma.

– Não é fácil assim, você lembra de quando eu entrei pra nossa escola? Eu faltei por meses só porque ninguém falava comigo. Se foi assim em uma escola nova, imagina em uma cidade e uma faculdade nova?

 – Me recuso a acreditar que acabou de fazer uma comparação de algo que aconteceu quando você tinha 11 anos. Você é muito dramática, sabe que não é assim. Você amadureceu e praticamente é uma adulta agora, é tudo diferente.

– Pois é, é tudo diferente...

– Espera, acabei de ter uma ideia. - lá vem – Por que não nos proporcionamos férias?

 – Férias? Como assim?

 – Sim, ué. Podíamos viajar para algum lugar para descansar antes de começar nossas aulas na nova faculdade.

 – Ah, eu não sei... - ia começar a falar mas ela me interrompeu.

– Nem vem, tá decidido! - ela levantou da cama – Nós vamos viajar e você vai aproveitar o máximo possível - será que eu tenho escolha? – Agora... Para onde ir? 

– Você pergunta pra mim?

– Tem que ser um lugar com caras gatos, preciso beijar muito durante a viagem. - pois é, completamente o oposto de mim. Ela é dessas que fica com vários caras, vai pra festas e essas coisas (uma adolescente normal, no caso) enquanto eu só tive um namorado, bom, evito falar sobre isso. – E adivinha? Você vai beijar também.

 – Olha, acho incrível a capacidade que você tem pra falar besteiras sobre minha pessoa.

 – Para com isso, eu quero te ver feliz com alguém.

– Durante férias? Pra ser algo passageiro e logo depois acabar?

 – Mas... - a interrompi.

– E sem falar que eu não consigo gostar de ninguém, ambas sabemos disso. Não é algo que mude da noite pro dia. - completei.

– Tudo bem, a questão é: viajaremos e passaremos um ou dois meses fora depois da mudança. Que tal ir para Malibu? Ouvi dizer que as praias de lá são lindas.

 – Ótimo, agora vamos ser as amiguinhas que vão passar as férias de verão em praias, clichê.

– Dá pra você parar de reclamar um pouco? Está decidido.