– Mas então... Você mora aqui? Nunca te vi por aqui.
– Só vim passar as férias, com essa minha tal amiga.
– Deixa eu adivinhar, é universitária? - perguntei dando um gole na bebida.
– Na verdade essas férias são justamente para eu começar a faculdade, vou cursar psicologia. - ela disse colocando seu cabelo atrás de uma de suas orelhas, como se estivesse sem graça.
– Entendi, vai fazer faculdade onde?
– Em San Diego. Mas e você, o que faz da sua vida?
– Eu moro e estudo por aqui mesmo. - sem dar tempo pra ela responder, pedi ao balconista que nos trouxesse duas bebidas, uma pra mim e uma pra ela no caso.
– Ah, não precisa...
– Relaxa, é por minha conta. - afirmei.
– É sério, já bebi bastante e por não ter esse costume acabo ficando bêbada facilmente. - realmente notei que ela já estava ficando meio alterada. Ótimo, vai ser ainda mais fácil ficar com ela.
– E por que nâo bebe? É religiosa ou algo do tipo? - perguntei só para enrolá-la mesmo.
– Pra falar a verdade é porque meu pai era alcóolatra, não gosto de me lembrar disso. Ele morreu justamente por causa disso. - pude perceber a mudança na sua voz e ao mesmo tempo reagi surpreso com o que acabara de escutar, acho que não era mais ela que estava ali.
– Como assim, "por causa disso"? - perguntei ainda meio sem reação.
– Ele estava dirigindo bêbado, então... - sua fala estava lenta e pela situação acho que daqui pra frente só ouvirei mais verdades.
– Eu sinto muito...
– Não sinta, ele não era um bom pai.
– Por que não?
– Ah, não era muito presente e batia na minha mãe de vez em quando. - foi aí que eu travei de vez.
– Me desculpa, não sei o que dizer.
– Não precisa dizer nada, você é magico ou algo do tipo? - ela disse tocando em mim e soltei uma risada fraca.
– Não, eu não sou... Podemos ir pra um lugar mais calmo? - notei que as pessoas em volta estavam ouvindo a conversa e isso me deixava desconfortável, até porquê não sei o que mais da vida dela ela diria.
Estávamos saindo do local e em poucos minutos não pude deixar de notar que ela estava completamente bêbada. Estávamos "atravessando" o trajeto da praia até a beira da mesma até que chegou uma garota que não faço a menor ideia de onde tenha vindo, falando com a Violet.
– Não vai me apresentar seu novo amigo, viada? - ela estava até meio surpresa.
– Ah, desculpa, esse é o... Como é o seu nome mesmo? - Violet estava se referindo a mim e não pude deixar de dar uma risada fraca.
– É Justin, prazer. - apertei a mão da garota.
– Oi Justin, sou a Allison... Pera, você está bêbada????? - faltava pouco para essa tal de Allison cair pra trás.
– Não sei. Talvez esteja um pouco fora de mim, por quê? - ela falava de uma forma diferente, a mesma que fazia eu e Allison rir.
– Uau, está de parabéns por conseguir fazer com que essa garota beba, Justin.
– Na verdade ela disse que já tinha bebido bastante antes de minha chegada.
– Nossa, que surpresa. Vocês estão indo pra onde, afinal?
– Eu estava levando a Violet pra um lugar mais isolado daqui, para que pudéssemos conversar melhor. - Allison fez uma cara como se já tivesse entendido tudo.
– Hmm, então ta. Aproveitem.
Assim que Allison nos deixou, peguei na mão de Violet que não estava dizendo coisa com coisa e levei até um canto da praia para caminharmos sozinhos um pouco. A conversa até que rendia, foi até melhor para que eu pudesse conhecê-la ainda mais, sem superficialidade. Ela era realmente muito bonita e pelas coisas que me falava, decidi deixar de lado a tal aposta do Ryan, ela não merecia isso.
– O que mais me deixa triste de tudo isso é eu ter que deixar a minha mãe. - complementou.
– Eu até que entendo você, eu costumava ser bem próximo da minha mãe, mas ela não mora aqui.
– É uma merda. Não faço a menor ideia do que fazer em uma nova cidade na qual eu não conheço ninguém.
– Mas eu ouvi dizer que lá tem um bom ensino. É o que mais importa, não?
– Ah, que se foda, eu não faço questão de nada disso.
– Você é bem rebelde, né? - era uma ótima hora pra eu beijá-la ali mesmo, mas a vontade de ignorar a aposta do Ryan era mais forte.
– Pois é, acho que... - ela vomitou.
– Meu Deus! Você está bem? - disse ajeitando seus cabelos que estavam jogados pelo seu rosto.
– Nem um pouco, pra falar a verdade. Acho que posso desmaiar a qualquer momento. - puta que pariu.
– Vem cá. - não hesitei e a peguei no colo.
Levei ela até o meu carro que não estava tão longe dali e a coloquei dentro do mesmo. Ela parecia estar bem mal então a levei pra minha casa, não sei se ela saberia me responder onde é o hotel na qual estava hospedada. Assim que chegamos, coloquei a Violet no sofá e ela acabou vomitando de novo, no chão. Limpei o seu rosto e logo depois fui até o meu quarto pegar uma camisa minha para ela vestir, ela estava quase dormindo então eu mesmo o fiz.
– Eu já te disse que você é muito bonito? - dei um sorriso ao ouvir isso, enquanto a vestia com minha camisa.
– Não disse não, mas fique a vontade em dizer.
– Pois é, você é muito bonito. - sorri novamente.
– E você precisa descansar agora. - botei ela em meu colo novamente e levei até a minha cama, a mesma apagou em poucos minutos.
POV. Violet Ainsworth
Acordei sem me lembrar de muita coisa que tinha acontecido na noite anterior, em um quarto completamente desconhecido. A única coisa que vinha a minha cabeça além da dor insuportável era eu bebendo talvez um pouco mais do que posso e um rapaz vindo falar comigo. Espera... Ele fez sexo comigo bêbada???
Caralho, não tenho nem palavras pra descrever o quanto eu me encontro puta nesse momento. Mil coisas vieram a minha cabeça e se não fosse a suposta ressaca, eu explodiria ali mesmo.
Caminhei até a porta do quarto e assim que saí encontrei Allison e aquele garoto que supostamente me "estuprou" sentados no sofá, se não me engano seu nome é Justin. Estava prestes a voar nele por toda aquela raiva que eu estava sentindo, mas Allison me interrompeu.
– Violet! - ela me abraçou – Você está bem? Vim assim que soube. - como é? soube do que?
– Calma, soube do que?
– Provavelmente não se lembra. Você estava muito bêbada e começou a passar mal, Justin te trouxe pra sua casa, que no caso, é onde estamos. - espera... meio que comecei a entender tudo.
– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? - olhei para Justin meio sem reação.
– Primeiramente, você podia sentar. - revirei os olhos e sentei, assim como pediu. – Justin, por que não explica?
– Bom, como Allison disse, você estava bêbada e passou mal. Estávamos conversando em um dos balcões que servem bebida e...
– Tá, dessa parte eu lembro - o interrompi.
– Ótimo. Fomos pra um lugar um pouco distante dali - já comecei a imaginar mil coisas no qual ele pode ter feito comigo nesse tal lugar – e conversamos mais um pouco. Até que você vomitou, e disse que provavelmente desmaiaria. Fiquei preocupado e te trouxe para o meu apartamento, só isso
.– Allison? Onde você estava esse tempo todo?
– Então... Talvez eu estava ficando com um cara super gato que conheci lá, mas só talvez mesmo.
– E você me deixa ficar bêbada a esse ponto e um desconhecido me trazer para o apartamento dele? - comecei a me alterar.
– Calma, você pode não lembrar mas você e ele estavam se dando super bem. Não vejo problema nisso. - ela falava com a maior calma desse mundo, o que me deixava mais irritada.
– Ah é? E se ele fizesse alguma coisa comigo? Você é louca? - notei que Justin havia ficado sério.
– Não acho que é desse jeito que se agradece as pessoas. - Justin finalmente disse alguma coisa.
– Olha, acho melhor que se resolvam a sós. - Allison levantou e saiu, deixando apenas eu e Justin na sala.
O silêncio pairou e eu comecei a pensar sobre o acontecido. Talvez eu deveria realmente agradecê-lo pelo que fez, até porque Allison não diria que eu estava começando a simpatiza-lo atoa. Acho que por mais que a Allison seja a Allison, ela não deixaria que isso acontecesse de verdade. Respirei fundo e em seguida, comecei a falar.
– Me desculpa... Muito obrigada pelo que fez. - disse sem graça pelo mini-ataque que tinha dado há alguns minutos atrás e ele sorriu de canto.
– Tudo bem, eu até que entendo o seu lado. Você não lembra de mim direito, não passo de um desconhecido. - pude notar que seu tom era um tanto de desânimo.
– Me desculpa. E eu até que lembro bastante coisa de você. Mas... Poderia me dizer algumas das coisas que eu te falei? Sei lá. - me conheço bêbada e sei que posso acabar falando algumas merdas.
– Nada demais, só que eu sou muito bonito. - ele sorriu e minha cara foi no chão.
– Caralho, não acredito que disse isso.
– Por que não? É a mais pura verdade. - rimos.
– Pois é, uma das coisas que lembro de você é que você é bem convencido. Espera, como Allison chegou aqui? - comecei a desconfiar novamente.
– Então... Você tinha me apresentado a ela e eu sabia que era sua melhor amiga. Assim que te trouxe, mandei uma mensagem pra ela pelo seu celular, me desculpe por isso.
– Tá tudo bem, já me irritei com você demais por hoje.
– Não sei se isso é bom ou ruim, na verdade. A que está com você na foto do bloqueio de tela é a sua mãe?
– É sim.
– Ela é bonita... Você se parece muito com ela. - não me contive e sorri assim que o ouvi dizer isso.
– Pois é, vivem me falando isso. Então... Parece que somos amigos agora.
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