História Summer Rain - 2. Garoa

Atualmente eu carrego comigo um universo de coisas que eu gostaria de esquecer, e como todo o universo ele é extenso e cheio de galáxias e planetas e mesmo quando achamos que já vimos tudo, ainda tem alguma coisa a mais.

E essa coisa a mais pode ser boa ou ruim, no meu caso foi um pouco dos os dois.

Eu estava tentando entender ou apenas processar porque o Taehyung foi na minha casa ontem e deu aquele Show se hoje, agora ele está com aquela mesma garota sentado conversando no banco da “praça” do shopping.

Jungkook estava logo atrás de mim, o moreno segurava minha mão e me puxava, na tentativa de me tirar dali. As lágrimas que caiam já eram bem evidentes e eu não fazia a mínima questão de esconde-las.

Quando eu cedi e decidi sair dali o olhar dele encontrou o meu, apenas por um milésimo de segundo eu pude ver o rosto dele completamente, ele não chorava, ele estava sorrindo, ele estava bem e não precisava de mim, mas infelizmente eu ainda precisava dele, ou pelo menos achava que precisava.

Jungkook já tinha seu braço pela minha cintura e me guiava até o banheiro do Shopping para que eu pudesse me “organizar”, mas, antes de chegar lá pude sentir a mão de Jungkook sendo tirada da minha cintura de uma forma grosseira.

-O que pensa que está fazendo?- Perguntava Jungkook já sem paciência e indo para cima de Taehyung

-O que VOCÊ pensa que esta fazendo? Com a mão na cintura da minha namorada é sério Jungkook?- Disse encarando Jeon

-Que namorada? Eu estava com a mão na cintura da EunHa e não da Yerin, pode me dar licença e fazer o favor de voltar para o banco e ficar com a sua namorada.- Disse Kook novamente me abraçando e me tirando dali

Yerin? Então esse era o nome da garota e o Jungkook conhece ela.

Sai do abraço e fui caminhando rapidamente para a saída onde haviam vários táxis estacionados esperando apenas um cliente, entrei em um cujo motorista já se encontrava dentro do automóvel e pedi para me deixar em casa.

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Eu estava deitada no sofá trajando um confortável pijama enquanto pensava no que aconteceu mais cedo.

Se Jungkook conhecia a garota porque ele nunca me falou dela? Ele sequer já mencionou o nome dela para mim.

Um barulho muito conhecido e comum nesses últimos dias se fez presente naquela hora, o barulho da chuva. Junto dele pude ouvir também o toque do meu celular e o nome de Jungkook surgir na tela.

-Oi Kook-

“Eun, está tudo bem? Você saiu correndo e não me disse nada, está em casa? Quer que eu vá ai?”

-Estou bem sim, eu sai correndo porque eu precisava vir para casa e reorganizar algumas coisas na minha cabeça. Não precisa vir se não quiser, eu estou bem.-

“Tudo bem, mais eu vou mesmo assim, chego ai em uns 20 minutos e me desculpe por não falar nada da Yerin, eu não sabia que o Tae estava saindo com ela. Ela é amiga de uns amigos meus, nada demais, me desculpe mesmo”

-Tudo bem, estou te esperando. Tchau-

Como sempre Jeon Jungkook sabia exatamente como me aliviar mesmo que só um pouco.

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E mais uma vez eu estava tendo o mesmo sonho, o cheiro de terra úmida o grito de desespero que ninguém ouviu e a visão da pessoa que eu mais amava me traindo. Eu acordei no meio da noite com a respiração descompassada, minha mente repetiu a imagem do Taehyung rindo com a garota Yerin no banco até esquecer completamente. Eu queria que isso fosse apenas um pesadelo, mas infelizmente aquilo era minha realidade.

Meu choro já estava alto e eu já soluçava abraçada nos lençóis enquanto tentava dormir novamente, eu não esperava que alguém fosse me ajudar naquele momento, e mais uma vez Jeon Jungkook me surpreendeu.

Ele entrou no quarto tão rapidamente que eu mal pude ouvir a porta abrindo ele se sentou ao meu lado na cama enquanto me abraçava e beijava minha cabeça, ele me acalentou até eu cair no sono novamente.

Dessa vez eu sonhei com a pessoa que sempre esteve comigo, e que me ama do mesmo jeito que eu a amo, sim eu sonhei com Jeon Jungkook.

Meu corpo e minha mente estavam completamente adormecidos, Jungkook tentou se desvencilhar dos meus apertos para voltar a dormir no sofá, mas eu pedi para ele ficar, e disse que eu precisava dele e amava ele.

Eu sei que eu disse aquilo porque eu disse aquilo a ele no meu sonho e no outro dia quando eu acordei ele ainda estava ao meu lado, me abraçando como se eu fosse fugir ou ir embora e foi nessa manhã que eu notei meus reais sentimentos por ele, mas não sabia se os dele eram os mesmo que o meu.

Quando eu era jovem, eu costumava ler muitos livros de romance. Também ouvi minha mãe descrever para mim o que era o amor verdadeiro, e lembrando de tudo isso eu percebi que o que eu sentia pelo Taehyung não era amor verdadeiro, mas ai eu comecei a me perguntar outra coisa se não era amor verdadeiro porque doía tanto?

Não consegui resposta para aquela pergunta de imediato, mas pelo menos eu estava me sentindo melhor.

 Enquanto Jungkook dormia eu admirava cada traço de seu rosto e salvava na minha cabeça como uma fotografia, mesmo que eu já tivesse visto aquele rosto muitas vezes nunca tinha parado para olhar com atenção de tão perto, Jeon se tornou um belo homem e se manteve ao meu lado como prometeu.

Jeon tinha 9 anos e eu tinha 7 e meio, nós brincávamos na casa da árvore que meu pai havia construído para mim de presente no meu último aniversário, era dia 1 de abril. Jungkook me beijou na boca escondido dos nossos pais, como se fosse um crime e sussurrou no meu ouvido que nunca iria sair do meu lado, não importa o que acontecesse.

Mesmo que na época nós tivéssemos tão pouca idade eu passei muitos anos pensado no que ele disse, passei muito tempo achando que era brincadeira de 1 de abril, mas hoje eu posso ver que não havia brincadeira nenhuma naquele momento.

A dor que eu sentia ao pensar no Taehyung passou com algumas semanas, e nessa sequência de dias imutáveis que eu vi transpassar eu percebi como a vida é valiosa, e me arrependi pelo momento em que deixei o desejo carnal falar mais alto do que qualquer outro sentimento que gritasse dentro do meu corpo.

Mas como tudo tem outro lado como uma moeda, eu percebi que mesmo que eu tenha sofrido com isso, eu cresci com essa experiência e como já sabemos tudo tem seu lado ruim, mas eu não posso só lembrar dele e esquecer tudo de bom que Taehyung já fez por mim.

Vida e morte são dois lados de uma mesma coisa, como o bem e o mal, são coisas totalmente opostas mas que dependem uma da outra. Talvez esse fosse o meu caso com Kim, eu acabei dependendo dele, mesmo nós sendo coisas opostas.