História Sunagakure: Shin Kumin. - Capítulo VII - Ameaça

– Eu te encontrei. – A voz de Naruto se sobrepôs ao vento forte que tomava a colina.

Hinata olhou por trás da máscara ANBU que carregava em seu rosto e logo voltou a apreciar a vista de Suna. O dia ainda não havia amanhecido completamente, por isso o vento forte que passava por ela ainda estava frio e agradável. Estando a poucas horas da reunião com Kakashi e os outros de Konoha ela tinha resolvido passar algum tempo sozinha, refletir sobre a noite anterior e tudo que ultimamente vinha acontecendo em sua vida para deixá-la tão conturbada. Também pensava sobre o “sim” que havia dito indiretamente a Gaara sobre o casamento, e que dali em diante deveria levar tão a sério quanto o Kage. Ao voltar a si pode notar como insistentemente Naruto resolveu sentar ao seu lado.

– Eu sempre soube que era você ao lado do Kakashi-sensei, ‘ttebayo! – Ele continuou ao ver que ela não responderia e voltaria a ignorá-lo. – Queria ter dito parabéns antes, sabe pela sua promoção a ANBU, mais você quase nunca estava em Konoha.

– Como me encontrou aqui? – Hinata perguntou imediatamente, ignorando totalmente o que o loiro havia falado e até mesmo os parabéns.

A verdade é que ainda não se sentia preparada para enfrentá-lo, na realidade provavelmente nunca estaria pronta para isso. Sabia das desculpas que Naruto tentaria dar a ela, já que durante o termino ele não havia sido sincero o suficiente e nem mesmo dito que o real motivo do termino seria Sakura. Por isso que Hinata sempre procurava por missões Rank-S e as mais difíceis de ser realizadas, pois demorariam ainda mais tempo para serem concluídas apesar do perigo constante, estaria constantemente longe da vila.

– Usei o Modo Sennin para encontrar seu chakra.

– Entendo.

– O que faz aqui? – Ele perguntou curioso.

– Eu não sei. – Disse ela sinceramente. – Pensando, talvez.

Naruto sentiu seu coração apertar dentro do peito, cada vez que ele se encontrava com Hinata o sentimento era o mesmo. A verdade é que ele quase nunca a via desde o término, sempre que a procurava para conversar sobre os rumores que rondavam a aldeia Kakashi lhe dizia que ela havia saído em missão e não tinha uma data prevista para voltar. Seu antigo sensei lhe disse certa vez que dentro de um período de quatro meses Hinata tinha completado a maioria das missões Rank-S que haviam sido requisitadas. E após ter sido convocada para a ANBU os números apenas aumentaram. No fundo sentia-se culpado, cada vez que ela voltava para a vila com novas cicatrizes, machucados e até mesmo quando a viu ter o braço quase amputado, Tsunade tinha dito a Kakashi sobre isso e o Hokage deixou escapar o comentário em sua presença.

Sabia que no fundo a culpa era sua, mesmo com todas as desculpas que tinha em sua mente nunca parecia ser certo o suficiente. Ele amava Hinata, desde sempre, só não entendia a complexidade do sentimento. Ela sempre esteve ao seu lado, mesmo quando todos na vila o odiavam e o tratavam como um monstro. Mesmo antes de ele ser o herói de Konoha e da Guerra ela sempre o observou e o incentivou. Após a missão na lua o medo de perdê-la triplicou, ele apenas a via como uma camarada, uma boa amiga que sempre colocou sua própria vida em perigo para salvá-lo. Algo como as palavras que Toneri havia dito sobre casar com ela o tirou do sério e o assustou tão profundamente que não podia suportar o pensamento dela estar com alguém além de si mesmo. Então o que havia mudado? Eles namoraram durante um mês e em todo esse tempo ele foi feliz, ele não se sentiu só, até a noite que ele se encontrou com Sakura por coincidência do destino. Ela tinha estado fora da vila desde a missão na lua, havia procurado por Sasuke e ao encontrá-lo foi deixado claro como um cristal que ele não a amava além de uma amiga preciosa. Sakura alegou para Naruto que também não o amava, que foi apenas uma ilusão em sua infância e que na realidade o desejo era de proteger um amigo importante que estava indo por um caminho errado. Com isso voltaram a ser um time, apenas Naruto e Sakura. Ele não disse nada relacionado a isso para Hinata e em uma noite que estavam apenas os dois Sakura revelou amá-lo, disse que desde a primeira vez que se declarou era a verdade mesmo que ele tratasse como uma mentira.

Foi ingênuo, aceitou os sentimentos dela antes mesmo de conversar com Hinata. Pensou que era pra acontecer, sempre tinha amado Sakura, talvez tivesse aceitado o amor de Hinata por compaixão. O problema é que ele nunca tinha tido nada como isso, nem mesmo um exemplo de relacionamento para levar adiante como um modelo. Perdeu seus pais ao nascer, todos da vila o odiavam, menos Iruka. Não tinha como ele saber que o caminho que tomava era errado. Ele gostava de Sakura, o carinho por ela era realmente imenso, sempre foi salvo pela Haruno e sempre estiveram juntos. Então ele terminou seu relacionamento com Hinata sem contar-lhe toda a verdade, evitando machucá-la.

Durante o jantar de casamento de seu amigo não pode acreditar quando os conselheiros de Suna deram a noticia do casamento dela com Gaara. O que sentiu naquele momento foi próximo ao que sentiu quando Toneri a levou para seu castelo. Mesmo que ele tivesse procurado ignorar o sentimento que crescia dentro de si até mesmo Sakura percebeu. Ela perdia o sorriso cada vez que qualquer um dos amigos levava o nome de Hinata em uma conversa. Mesmo agora sendo impossível voltar atrás, Naruto procurava de todas as formas ao menos tê-la como amiga.

 – Faz algum tempo desde que tivemos a oportunidade de conversar.

– Eu estava ocupada.

Ela não podia acreditar que logo agora ele havia tido a consciência de ser verdadeiro com ela. Não havia mais motivos, ela nem mesmo iria morar em Konoha, então porque vir até ali apenas para torturá-la, talvez dizer-lhe que foi sua culpa por não ser o que ele esperava? Hinata já tinha prometido a si mesma que não falaria mais sobre aquilo, que deixaria para trás e nunca o trataria mal, a verdade é que Naruto foi uma das pessoas que a deixou forte e determinada, ela nunca o culparia por nada.

– Eu queria te pedir...

– Não precisa. – Hinata respondeu imediatamente, sabia o que ele falaria. – Obrigado, Naruto-san. Eu estava sempre chorando e desistindo mesmo antes de tentar. Eu tomei o caminho errado tantas vezes. Você me ajudou a encontrar o jeito de tomar o caminho certo. Eu sempre te segui. Eu sempre quis te alcançar, sempre quis andar ao seu lado. Eu quero estar ao seu lado, sempre. Não esquecerei o que fez por mim, sempre seremos bons amigos.

– Hinata... – Naruto disse com a voz cortada devido às lágrimas que acumulavam em seus olhos.

– Não temos mais que discutir isso. – Ela prosseguiu enquanto agradecia internamente por estar usando sua máscara. – A verdade é que eu devo muito a você, e o mundo também. Só espero que você seja feliz. Não se preocupe comigo. Daijoubu!

Ela não esperou por uma resposta de Naruto, o tempo passou rápido enquanto organizava seus pensamentos e por isso voltou para Suna, à reunião estava prestes a começar e ela deveria cuidar da segurança de Kakashi até o fim do dia. O vento tornava-se quente enquanto ela corria o mais rápido que seu corpo permitia até o local marcado para a reunião, ao usar as palavras que usou para se declarar a primeira vez pode deixar Naruto para trás, assim como os sentimentos que tinha por ele.

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Hinata estava olhando para sua irmã mais nova e habilmente girando uma kunai. Ela havia sido convocada para uma reunião com o Rokudaime Hokage, Hatake Kakashi. Alguns dos shinobis presentes em Suna também estavam presentes. Shikamaru aguardava ao lado do Hokage as últimas pessoas que faltavam para que pudesse então dar inicio a reunião. Sakura passou imediatamente pela porta da sala sendo seguida por Naruto. Ela tinha uma expressão sonolenta no rosto e provavelmente teria perdido à hora. As mãos entrelaçadas e o sorriso que tinham foram desfeitos ao notar a tensão dentro da sala.

Ao lado esquerdo de Kakashi Hinata permanecia imóvel, ela usava um colete branco e alguns protetores metálicos nos braços e pernas, seu uniforme padrão ANBU fazia presente assim como a mascara de porcelana que encobria seu rosto, sua Ninjaken completava seu uniforme. Dessa vez a tatuagem em forma de espiral estava visível em seu braço esquerdo. De qualquer forma ela passava quase despercebida. O olhar atento do Hokage pairou sobre todos na sala e ele deu inicio a reunião.

– Como sabem estamos em Suna para o casamento de Shikamaru e Temari. – Kakashi começou a falar assim que todos se calaram. – De acordo com o conselho de Suna estão ocorrendo quebras na segurança desde a preparação para o festival. Dois dos jounins responsáveis pela segurança de Suna desapareceram e ainda não foram encontrados. O conselho está suspeitando que alguém se infiltrou entre os convidados para algum tipo de terrorismo. Claro que ainda não começaram a apontar suspeitos, porém seremos cuidadosos.

Kakashi notou a pequena comoção dentro do ambiente, Naruto tinha seu olhar concentrado enquanto Shikamaru parecia já saber dos acontecimentos. Sakura tinha os olhos levemente arregalados o deixando saber que Tsunade não havia dito nada a sua discípula assim como ele pessoalmente tinha pedido a Godaime.

– Sabemos que todos os grandes lideres do mundo shinobi estão aqui, até mesmo os daimyos. Isso nos coloca em sério perigo até o fim do casamento. – Ele cruzou as mãos diante do rosto e continuou. – Designarei alguns shinobis de Konoha para Suna, assim nos manteremos informados. Mantenham a cautela mesmo que eu tenha um palpite de que eles vão atacar a qualquer momento e por um motivo que ainda não sabemos.

Shikamaru estreitou seus olhos e fechou a mão em punho, estava finalmente nervoso. Era como se estivesse na guerra novamente sem saber de qual lado seriam atacados. Esperava que nada do que Kakashi disse pudesse estar certo, mesmo que soubesse que o Hokage nunca tinha um palpite errado. Ele nunca errava. Seu olhar aliviou ao sentir a mão agora fria de Ino tocar seu ombro, provavelmente procurando dar-lhe algum conforto. Ela sempre estava ali para ele, foi como quando Asuma morreu, ou quando perdeu seu pai durante a guerra. Ela sempre estava lá.

– Kakashi-sensei, eu posso encontrar as pessoas desaparecidas, ‘ttebayo! – Naruto se pronunciou totalmente animado.

– Não, Naruto. – Kakashi lhe respondeu imediatamente.

Talvez Shikamaru fosse o único que entendesse a gravidade dos acontecimentos. Isso poderia gerar uma guerra, todos os lideres estando em Suna seria fácil matá-los, mas também seria fácil incriminar qualquer um deles de traição e iniciar a quinta guerra mundial ninja. Kakashi sabia que teriam que ser cautelosos e agirem com cuidado para que não fossem acusados de traição. Poderiam ser dizimados se apenas Konoha fosse acusada e todas as outras aldeias os atacassem em uma guerra. Por isso tinha hesitado tanto em ser Hokage, ter que se movimentar sempre com cuidado era demasiado complicado. Mal poderia esperar para passar o cargo para Naruto e ter suas merecidas férias, agora podia entender o que Tsunade sempre falava.

– Mantenham-se atentos, mais não ataquem ninguém. Estamos em Suna, esse é o dever do Kazekage, o que podemos fazer é ficarmos atentos a qualquer coisa e estarmos prontos para tudo.

– Hai! – Todos disseram juntos.

– Estão dispensados. Vão.

Todos saíram imediatamente, restando apenas Hinata, Sakura, Naruto e Shikamaru. Hinata colocou-se aos pés do Hokage como sempre fazia após suas missões ANBU e esperou pelas ordens que sabia que viria. Na realidade ela entendeu completamente todos os motivos de pedidos de cautela, a paz poderia ser abalada a qualquer momento se as desconfianças fossem provadas.

– Mantenha-me informado de qualquer rumor que surgir, ou se os corpos forem encontrados. – Kakashi disse para ela. – Ganbatte, Hinata.

Ela elevou seu corpo e após uma breve reverencia foi em direção a porta onde encontrou Hanabi a esperando junto de alguns membros do clã. O dia estava tão conturbado que ao ver todos eles juntos tinha medo que algo pudesse acontecer. Hinata sorriu para todos que passaram a segui-la para fora do prédio.

– Hime-sama. – Ela reconheceu a voz calma de Ko. – Hiashi-sama deseja vê-la até a noite.

– Tudo bem, Ko. Diga a ele que estarei em casa assim que minha missão chegar ao fim.

– Hai!

Algo a estava deixando realmente incomodada, talvez o sentimento de abandonar o que sentia por Naruto tivesse deixado-a vazia, ou o temor pela guerra iminente. Se alguém tivesse planejando acabar de vez com a paz esse seria o momento certo. Ou até mesmo acabar com a aliança Shinobi. Pensar sobre tudo isso lhe trazia momentos dolorosos a mente, como a morte de Neji.

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– Mas Gaara-sama... – Ebizou lamentou novamente.

– Sem, mas, Ebizou. – Gaara disse firme. – Eu disse que isso não vai acontecer de novo e não irá. Logo Hinata será minha esposa e não irei permitir qualquer tratamento que não seja de respeito com ela.

Gaara estava em sua mesa, os papéis de missões e requisições duplicaram desde o dia anterior. Agora discutiam sobre os olhares direcionados a sua noiva na noite anterior, até mesmo de não ter restado uma flor de festival se quer para ela. Estava claro que o desrespeito tinha sido proposital e não estaria disposto a permitir que repetisse.

– Eu espero que você seja claro ao dizer para todos sobre como espero que Hinata seja tratada. – A voz de Gaara tomou um timbre assustador. – Porque se eu tiver que intervir não será necessariamente agradável.

Todos os conselheiros se olharam assustados, alguns piscavam os olhos como se estivessem em um sonho ou caído em um Genjutsu. Sabiam que Gaara prezava o respeito entre todas as pessoas de Suna e seus convidados da Aliança Shinobi, mas ele nunca havia ameaçado o conselho tão abertamente e friamente desde que tinha se tornado Kazekage.

– Peço que nos perdoe Gaara-sama. – Toujuurou disse a frente de todos os conselheiros. – Nós cuidaremos para que Hinata-sama seja respeitada e que algo assim não volte a acontecer.

Dessa vez Gaara assentiu, voltando sua atenção as folhas diante de si, onde uma delas falava sobre a graduação dos novos gennins de Suna. Certamente seria bom passar por lá mesmo que fossem alguns minutos. Fazia um bom tempo que ele não ia vê-los na academia.

– Reunião encerrada. – Gaara disse rápido.

Todos os membros do conselho saíram da sala, seus rostos retorcidos de raiva enquanto os de alguns se mantinham sorridentes por notar o interesse de seu Kage pela Herdeira Hyuuga. Durante o processo de seleção para noiva havia sido difícil fazê-la ganhar, mais agora Suna tinha um poder ainda maior.

Baki adentrou a Sala assim que os membros saíram e encontrou Gaara como sempre atrás de uma montanha de papéis para revisar, classificar e resolvê-los. Sorriu ao lembrar-se da voz ameaçadora de Gaara ao lembrar ao conselho quem era o Kazekage, e que mesmo ouvindo sempre a voz do conselho ele ainda mandava em Suna. Era sempre bom ver Gaara mostrando a eles seus lugares, mesmo que nunca fosse acreditar que tudo isso era apenas por acontecimentos isolados contra sua noiva.

– Você demorou Baki. – O Kage disse sem tirar sua atenção do que fazia.

– Fui buscar alguns dos últimos relatórios. – Baki disse despreocupadamente enquanto sentava-se em uma cadeira próxima a mesa de Gaara. – Encontramos os corpos, foram mortos.

Gaara olhou atentamente enquanto Baki jogava os relatórios em sua direção. Era como ele temia alguém tinha se infiltrado em Suna. Tinha sentido chakras diferentes durante os preparativos para o festival e Kankurou também tinha suas dúvidas. Ao abrir o relatório se deparou com dados sobre a morte dos jounins, a entrada de todos que estavam em Suna e o laudo das mortes. O fluxo de chakra deles havia sido cortado completamente. Como ele havia desconfiado as pessoas presentes em Suna estavam em perigo. Há anos não tinham sido ameaçados, ou souberam que alguma organização procurava destruir a paz, então quem poderia estar fazendo algo como isso?

– Mantenha-se atento, designe os melhores de Suna para proteger todos os Kages sem deixá-los saber que Suna já não é segura, se algo sair do controle nós iremos cancelar o casamento de Temari.

Teria que enfrentar uma Temari bastante zangada se tivesse que chegar ao ponto de cancelar seu casamento. Mais de forma nenhuma iria colocar a vida de ninguém da aliança em perigo, menos ainda a vida de seus amigos precisos e Hinata. O perigo iminente de uma quinta guerra estava sobre eles, como Kage também deveria pensar se isso não poderia ter partido de outras aldeias, mesmo que tentasse não acreditar que fosse verdade, ele deveria fazer o melhor para Suna.

Baki sabia que não seria preciso lembrar a Gaara sobre o perigo constante em que estavam também não falaria sobre a possibilidade de alguma das vilas ter iniciado isso, não sem ter uma prova concreta em mãos. Iria por si só dobrar ou triplicar a segurança em Suna para que algo como isso não viesse a se repetir.

– Baki, procure por minha noiva. – Garra chamou-lhe a atenção. – Diga que vá até a academia.

Mesmo sem entender o motivo do pedido do Kazekage Baki resolveu assentir e saiu da sala a procura de Hinata.

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Ela ainda trajava seu uniforme ANBU mesmo que estivesse agora ao lado de Gaara, este estava com sua roupa habitual de Kazekage e olhava atentamente para as crianças que se graduavam em Gennins. Os requisitos eram transformação e a grande maioria se transformava com perfeição na figura altiva do Kage e esse sorria minimamente a cada transformação.

Ver a graduação das crianças de Suna deu a Hinata a nostalgia de lembrar-se da sua própria. Esses dias pareciam tão distantes que mal podia imaginar, tantas coisas haviam acontecido. Uma guerra havia acontecido, a Vila em que nasceu foi destruída e reconstruída tantas vezes que mal podia contar. Ela tinha conseguido se declarar para seu amor de infância, havia realizou missões importantes, laços inquebráveis haviam sido criados e agora estava noiva.

Ambos estavam em completo silêncio e a cada bandana ganhada os gennins corriam na direção de Gaara apenas para ter sua cabeça acariciada pelo mesmo. Seu próprio sorriso tomava os lábios ao ver a falta de jeito que ele tinha com crianças e mesmo assim se esforçava para vê-los sorrirem felizes. Ela se aproximou do Kage, mantendo-se ao seu lado mesmo sem saber o motivo de fazer isso.

– Então você é ANBU de Konoha. – Gaara disse para que apenas ela ouvisse.

– Sim. – Ela sorriu novamente, mesmo que a máscara o escondesse. – Eu almejei muito chegar ao nível em que me encontro Kazekage-sama.

– Você deveria me chamar de Gaara. – Ele a repreendeu.

– Gomen. – Hinata desculpou-se. – Eles parecem felizes.

– Minna! – A voz de Naruto foi ouvida atrás de si. – Vocês estão aqui, ‘ttebayo!

– Naruto. – Gaara disse feliz.

Hinata não precisou mover-se para sentir o chakra de Sakura junto a Naruto, pelo contrário, preferiu continuar a ver todos os alunos fazerem suas próprias transformações um a um, era uma boa lembrança que estaria guardando de Suna. Deferente de Konoha a graduação era feita do lado de fora da Academia, ao ar livre, ou no meio do deserto como realmente aparentava. Todos sorriam alegremente e colocavam suas bandanas. De repente, o som de uma explosão ecoou.

Todos olharam aterrorizados para onde estavam às crianças e algumas delas estavam deitadas sobre a areia. Quase de imediato Hinata ativou o Byakugan podendo ver através da cortina de fumaça e areia, alguém pulou do teto da academia, uma espada era inclinada para baixo e a aquela altura poderia matar qualquer um que tivesse abaixo de si, que nesse caso seriam as crianças. Seus pés se moveram quase que de imediato levando-a para dentro da cortina de fumaça, e ao estar embaixo do ponto onde a espada alcançaria pode defendê-los.

– Hakkeshou kaiten!

Hinata criou algo como um tornado com seu jutsu e todo seu chakra roxo foi para fora de seu corpo repelindo o ataque do desconhecido em um único golpe. O jutsu protegeu todas as crianças ao redor, quando ela levantou o rosto, um homem alto, um único shinobi inimigo estava preparando para um segundo golpe.

– Hakke Kuushou!

O jato de chakra lançado empurrou o homem para o mais longe possível. Dando tempo o suficiente para que ele pudesse ser preso pelos orientadores da graduação e o sensei da academia. Quando a poeira finalmente estava dissipando ela pode notar a quantidade de crianças machucadas.

 – Vocês estão bem? – Apenas Sakura movimenta-se entre os feridos. Ela examinava cada um, suas condições e lesões. – Alguém não está machucado?

Aos poucos as forças de Suna chegavam ao local, o ninja que havia atacado os gennins não usava bandana ou nada que pudesse identificá-lo. Uma segunda explosão foi ouvida, e uma série de kunais foram lançadas na direção do Kazekage, mas, a areia de Gaara fluiu de sua cabaça e casualmente desviou todas. Seu escudo de areia. Era uma defesa absoluta preocupada apenas com a proteção dele, que não era sequer ligada à sua própria vontade. A proteção automática que recebia de sua areia era alimentada pelo chakra de sua mãe, por isso nunca iria parar.

A comoção foi enorme, todos os shinobis se movimentaram para o lado do Kage, na intenção de protegê-lo, ordens eram distribuídas e aos poucos mais e mais ninjas apareciam para o combate se necessário. No entanto o próximo alvo de seus ataques não era Gaara e sim Hinata.

– Hakkeshou kaiten!

Os olhos de Gaara tornaram-se arregalados quando o jutsu antes usado agora tinha falhado, ou não, o Kaiten de Hinata não havia falhado, ele havia sido perfurado. Quando enfim a lâmina da Katana a alcançou uma terceira explosão aconteceu. A fina camada de areia impediu que todos vissem o que estava acontecendo àquela distância.

Naruto gritou quando o desespero tomou conta de seu corpo, Kurama despertou enquanto ele corria sem mesmo notar que o fazia e antes que pudesse alcançá-la avistou areia em volta do corpo de Hinata. O escudo de areia que normalmente protegia Gaara agora a estava protegendo, a respiração do loiro falhou ao ver a Katana perfurando o escudo que tinha a aparência de Karura mãe de Gaara. O sangue manchava o único lado afiado da espada, que havia atravessado e cortado a bochecha da Hyuuga, partindo alguns pedaços de sua máscara.

– Kisama! – O loiro gritou novamente.

Mas antes que Naruto pudesse atacá-lo com seu Rasengan, Gaara o atacou e o atravessou com sua areia. O sangue foi jorrado em direção de Hinata, porém uma fina barreira de areia a impediu de ser suja por ele. Gaara moveu-se rapidamente em direção a Hyuuga, deixando até mesmo Naruto espantado por sua rapidez. O escudo desmoronou ao redor de Hinata assim que o Kage a alcançou.

Ele a segurou até que ambos estavam de joelhos na areia. Sua mão esquerda foi em direção ao pescoço da mesma enquanto a direita arrancou a máscara ANBU que cobria seu rosto, deixando a mostra o corte profundo em sua bochecha. Os olhos de Gaara pareciam vidrados no que acontecia enquanto seu coração batia tão rápido como nunca antes.

– Gaara. – Hinata disse ainda um pouco assustada e quase sem chakra. Era como se a espada tivesse absorvido a maior parte dele. – As crianças estão bem?

Hinata sentia-se fraca o suficiente para cair caso Gaara a soltasse, a mão quente do Kage estava envolta em seu pescoço. Ela podia sentir sua bochecha molhada, provavelmente por sangue do ataque que havia recebido. Ao notar que Gaara não o respondia ela ergueu sua própria mão até seu rosto que se encontrava tão pálido quanto o de Sai, ao acariciar aquela região fez com que o mesmo voltasse a piscar seus olhos.

– Você está bem? – Ela disse de forma calma. – Parece que há algo errad...

Antes que pudesse concluir pode ver Gaara inclinar o rosto sobre o seu, deixando os lábios frios tocarem os seus de forma simples e rápida antes de envolvê-la em um abraço apertado. Após o susto inicial pelo contato brusco Hinata envolveu seus braços em volta do pescoço do Kage, o abraçando de volta. Ao abrir gradativamente os olhos pode observar todos os olhares direcionados a eles.

– Daijoubu ka? – Gaara perguntou apreensivo enquanto ainda a abraçava.

– Daijoubu!

Hinata finalmente sorriu, mesmo que ainda tivesse apreensiva por conta das pessoas que deveriam estar machucadas. Ao serem atacados ficou claro que não poderia ser alguém de Konoha, ou mesmo de Suna, alguém poderia estar tentando destruir a Aliança. Porém não pensaria nisso, por agora queria passar um pouco mais de tempo onde estava. Seu coração parecia calmo como nunca antes.