História Sunshine - ʜɛąvɛɴ

Naquela manhã o sol não havia brilhado da maneira que todos esperavam, o céu possuía uma coloração acinzentada e sem nuvens, o vento quase não existia e as aves que todos os dias aformoseavam a cidade com seu belo cantar, hoje estavam cansadas e desanimadas. 

 Steve acordou assim que a primeira e fraca, luz solar adentrou seu quarto, seu coração parecia pesar toneladas e doía como se o preparasse para algo ruim que aconteceria em um futuro, talvez próximo. 

Seus pés tocaram o piso de cerâmica fria rapidamente. Com os pensamentos desalinhados enclausurando-o em um mar de perguntas sem respostas, ele tinha consciência que precisava conversar com Tony, porém o loiro queria pensar, pensar em como resolveria essa situação, porque a sua saudade já tornava-se gigantesca, saudade do sorriso, do perfume, até mesmo da voz rouca e misteriosa que o bilionário esbanjava. O arquiteto almejava apenas correr o mais rápido possível até os braços do seu gênio ciumento, mas a sua marra e o seu ego, não tão grande, o impedia, tudo bem.. não foi uma traição e o coração do ex-militar já havia aceitado, o problema era apenas a cabeça concordar.

 Ele entrou no banheiro caminhando da maneira que conseguia, quando seus olhos vislumbraram o reflexo no espelho seu corpo progressivamente veio a retesar, não havia brilho naquele olhar azulado que antes cintilava como as estrelas, sua boca estava seca e rachada, porém o que mais o incomodava era a palidez de sua pele, branca como a neve. 

 Depois de um demorado banho, andejou até encontrar-se na sala de estar do pequeno apartamento conjugado.

 - Bom Dia Stee, espero que esteja se sentindo melhor - Bucky sorriu da maneira mais doce que conseguiu. 

 - Bom dia.. - foi a única coisa que o loiro conseguiu esbravejar. 

 - James tossiu brevemente antes de prosseguir - Bom.. eu fiz torradas e bolo para o café, também temos suco e pães variados, espero que goste, se preferir eu posso também te dar uma carona até o nosso trabalho. 

 - Tony voc..- o arquiteto pois as mãos no rosto esfregando-o constantemente - desculpe. - suspirou sentindo seus olhos queimarem. 

 - Tudo bem Steve, eu só acho que você deve conversar com ele. - Barnes adentrou a cozinha um pouco irritado.

 - Eu também.. - o arquiteto sussurrou antes de voltar ao quarto de hóspedes novamente. 

....

Thor saltou da cama naquele dia rapidamente, suas mãos alcançaram as primeiras peças de roupa que vieram pela frente, ele entrou no banheiro apenas para jogar uma água no rosto, escovar os dentes e tentar a arrumar o cabelo de uma maneira que não parecesse um ninho de rato. 

O militar pegou sua mochila e desceu as escadas em disparada.

 - Pra que tanta pressa querido? - Rosalie perguntou enquanto enxugava suas delicadas, porém cansadas, mãos. 

 - Estou atrasado mãe! Hoje é o meu primeiro dia no quartel da cidade, preciso causar boa impressão. 

 - Ow .. eu tinha esquecido meu bem, boa sorte - sorriu docemente.

 - Obrigado mamãe, eu te amo. - O loiro depositou um beijo demorado na bochecha da senhora e se foi. 

 - Eu também te amo, querido. - a dona de casa sorriu encantada, como ela amava aqueles dois meninos, seus anjinhos que viraram dois brutamontes, mas sempre seriam criança e ocupariam um lugar no coração da ex-artista plástica. 

 O loiro entrou na Range rover prata velozmente, deixou suas pernas esticarem e encontrarem os pedais, jogou sua mochila no banco traseiro e concentrou-se em dar a partida. 

 O carro esportivo atingia uma velocidade acima da medida permitida em uma zona escolar, porém o militar não importou-se, desejava anelantemente chegar ao seu destino final, todavia algo inesperado veio a acontecer. 

 Thor transitava da maneira mais tranquila que poderia manter-se, seu olhar resplandecente encontrava-se velado por óculos do tipo Clubmaster, contudo sua visão por alguns minutos foi fixada em um ponto luminoso no bando de carona, seu celular. O loiro sorriu ao olhar a mensagens da ruiva. 

" Oi meu amor...tenha um bom dia e boa sorte " 

 Sua destra saiu do volante para responder o SMS, porém antes que concluisse o texto um caminhão que transportava leite colidiu com seu veículo, o impacto foi em tal intensidade que o automóvel capotou, parando apenas ao chocar-se em um comboio de veículos estacionados em um supermercado próximo. 

Rosalie preparava sua deliciosa lasanha à bolonhesa, como de costume para o almoço, quando sentiu uma tontura repentina, tornando sua estabilidade inconstante e sua vista embaçada, ocasionando a queda subitânea da travessa que carregava até o forno. 

A senhora sentiu seus olhos queimarem e as primeiras lágrimas escorrerem por sua face cansada e enrugada. 

 - Meus filhos. - Sussurrou antes de sentar-se.

 ….. 

 - O que? Tudo bem..em qual hospital ele está?…eu já estou indo. - Steve desligou o smartphone e seguiu até o nocosômio o mais rápido que conseguiu, entretanto seu esforço foi inútil, já era tarde demais.

 …..

 - Thor Odinson Rogers morreu no dia quatorze de novembro de dois mil e dezesseis, vítima de um inesperado acidente de carro, todos nós estamos muito tristes, eu diria arrasados, porém devemos lembrar de todos os momentos bons que passamos com ele, lembrar de todas as risadas e festas, lembrar de como ele foi, e sempre será uma pessoa importante que ocupará um lugar exclusivo no coração de cada um, pedimos a Deus que guarde sua alma e ampare sua familia. 

 O padre terminou sua oração de maneira melancólica, os violinos, a chuva fraca e o ar gelado, mantinha aquela despedida ainda mais dolorosa. 

 - Obrigado por vim, meu querido...ele gostava muito de você. - Rosalie Rogers beijou as bochechas molhadas pelas lágrimas, de Tony, com ternura. - Ele precisa de você. - a senhora olhou de relance para seu, agora, único filho, que encontrava-se sentado no gramado amarelado, segurando uma solitária rosa vermelha. 

 - Ele era incrível, eu sinto muito..mesmo. - O bilionário sorriu sem vontade e depositou um beijo demorado na testa da dona de casa, recebendo um breve aceno da mesma.

 Tony caminhou receoso até o loiro, que mantinha-se cabisbaixo enquanto despedaçava a delicada flor. -

 Stee.. - o moreno sentou ao lado do ex-militar e segurou sua mão, que deixou a rosa sem pétalas jacente no amarelado solo quase sem vida.

 - Tony... - Steve abraçou seu amado da maneira mais apertada que conseguiu, como se pudesse toma-lo para si. - Eu não quero te perder também. Eu te amo tanto.. - o arquiteto permitiu-se chorar, chorar de uma maneira que nunca fez em toda sua vida, um choro de tristeza, tristeza que progressivamente tornou-o sem chão, era como se possuísse um buraco em seu peito que surrupiasse toda sua alegria. - Não me deixa sozinho, por favor.. não vai embora. 

 - Tudo bem meu amor.. eu estou aqui - Tony acariciava os fios dourados do seu noivo ainda envolto no abraço apertado.

 - Por que? Eu só gostaria de saber o motivo para eu ser tão castigado..primeiro o meu pai e agora o meu irmão...Eu me sinto tão sozinho... 

 - Não pense dessa maneira..você não está sozinho, tem a Rose e tem a mim.. nós sempre estaremos do seu lado, para sempre.

     Flashback on

 Richard estava incrivelmente atrasado, nunca pensou que pudesse correr tão rápido, seu carro encontrava-se na oficina e teria que usar o metrô.

 - Por favor, você poderia me informar se ainda há bilhetes? - sorriu doce. 

 - Desculpe senhor, todos acabaram. - o funcionário deu de ombros e esbanjou um sorriso amarelo. 

 - Obrigado. O coronel suspirou e voltou a caminhar, agora para fora da estação. 

 - Droga! Como eu vou agora.. - seu pensamento foi interrompido quando avistou uma cena horrível. 

Um assaltante tentava arrancar a bolsa de uma pobre mulher de idade. Se tem uma coisa que os Rogers odeiam, é injustiça, quantas vezes Steve e Thor meteram-se em encrenca por arrumar confusão defendendo alguém, na escola. E não seria diferente com o militar. 

 Richard correu o mais rápido que conseguiu até o assaltante, tentando inutilmente derrubado, pois seu movimentos foram bruscamente desacelerados pelas balas que o atingiu. 

       Flashback off 

 O crepúsculo chegara, carregando consigo a hora da despedida final. Steve apoiava sua cabeça no ombro de Tony, enquanto sua destra segurava a graciosa mão da médica ruiva. 

 Todas as pessoas, uma de cada vez, depositaram um punhado de areia dentro da cova do falecido rapaz. 

 Não haviam mais lágrimas a serem derramadas, Natasha ainda encontrava-se chocada, não entendia tão bem quando na sua juventude todos a apelidaram de viúva negra, devido aos diversos namorados perdidos, mas agora compreendia perfeitamente, talvez ela apenas não tivesse que ser feliz, toda sua alegria esvaiu-se junto com cada rosa, cada orquídea, cada margarida que foi submergida pelos sete palmos de terra densa, que cobriu o caixão de marfim, ao epílogo final daquele dia trágico. 

 - Sabemos que agora eles estão juntos. - Rosalie abraçou seu filho, emitindo um sorriso triste, porém doce em seu rosto. 

 - É, estão junto. - O loiro abraçou a senhora. 

- E nós também.. nossa família. - Steve olhou por cima do ombro de sua mãe, para o gênio bronzeado que despedia-se de sua melhor amiga, que entrava num táxi. 

 - Não deixe que coisas do passado atrapalhem sua felicidade, tudo.. absolutamente tudo, tem um lado bom. - a ex-artista plástica acariciou as mãos fortes do filho antes de entrar no carro, juntamente com a ruiva. 

 - Tem certeza que não quer que eu vá? - Steve perguntou a senhora, sereno.

 - Eu acho que você tem assunto a tratar.. - a mulher olhou para Tony, que caminhava em passos pesados até o loiro. 

- Boa sorte.. e principalmente, seja feliz. 

 - Obrigado mamãe. - o arquiteto depositou um beijo na bochecha da mulher antes dela ir.

 Steve deixou que suas mãos escorregassem para dentro dos bolsos, do terno negro que trajava. Seus movimentos foram observados pelos olhos castanhos atentos, enquanto aproximava-se. 

 - Nós precisamos conversar.. não agora.. - o moreno sorriu - Agora nós vamos para nossa casa.. e eu vou cuidar das suas feridas. 

 O loiro sorriu, sentindo suas bochechas avermelhassem no instante que o braço do gênio entrelaçou-se no seu. Ele não falou nada, apenas concordou com a cabeça e adentrou, depois de alguns minutos, o carro do, não tão mais, playboy. 

 - Steve. 

 - Sim.. - o ex-militar parou de observar a paisagem natural e fitou a sua paisagem favorita. 

 - Eu te amo.