O dourado resplandecente que os benevolentes raios de sol nos doavam, tocavam-lhe a face, aquecendo a melanina e modificando sua cor, num tom pálido rosés, que contrastava com seus longos fios alaranjados, suas íris que oscilavam de um azul celeste à verde esmeralda, não sabia-se ao certo, apenas era. A areia límpida e quase branca, encharcava-se à medida que a água salgada encontrava-a e preenchia. O vento, uma brisa que dançava nas mais diversas direções, norte, sul, leste, oeste, brincava de esconde-esconde, colidia com quase nenhuma árvore, com as rochas, com a multidão. As risadas não incomodavam, os gritos e o som outrora baixo, nada ultrapassava a barreira que seus pensamentos opuseram. Pensamentos esses que enraizavam em seu coração, como uma casca, uma capa tão dura quanto concreto, não sentir, esse deveria ser o seu principal objetivo e com toda a certeza, seu maior desafio.
Algum tempo atrás
James continuava visivelmente incomodado, não pelo fato do Steve ter voltado, mas principalmente pelo rancor que, ele sabia, que o Ben ainda guardava. Barnes acompanhara todo o processo de sofrimento que, a então, pequena criança passara, a maioria das noites mal dormidas e das tentativas que ele, juntamente com Tony, esforçavam-se para deixar os dias mais felizes e tranquilos. Durante uma boa parte de todos esses anos, Bucky deixou sua vida íntima e emocional de lado, tornando-se mais maduro e talvez solitário, a amizade que compartilhava com o bilionário, apaziguava os momentos de decaída. Um relacionamento não estava no planos do engenheiro, namorar ou amar, ele já tinha a prática e a prova de que, o amor e o sofrimento, andam de mãos entrelaçadas e isso era algo que o mesmo não almejava.
As batidas ritmadas de seus dedos no volante acompanhavam a melodia da música que ecoava pelo veículo, seus olhos fixos na pista, hora ou outra vislumbravam a paisagem estonteante, o mar e o sol, as pessoas correndo no calçadão, as risadas que ultrapassavam o vidro espeço das janelas, as crianças.. e principalmente, uma cabeleira ruiva, que destacava-se na multidão, tornando sua atenção completamente voltada para a mesma, tal atenção que o fez estacionar o automóvel e dirigir-se em sua direção.
Atualmente
Sua falange que outrora repousava em seu colo, agora adentrava a areia branca e límpida, brincando com a mesma, fazendo desenhos esguichos e destorcidos.
A ainda jovem médica, sentiu seu ombro ser tocado levemente, fazendo-a virar o corpo noventa graus, encontrando um olhar inquieto, cauteloso e imensamente celeste.
- Bucky? como me encontrou aqui? - Natasha voltou a observar o mar, serenamente.
- Bom..e-eu estava passando de carro e-e não pude deixar de notar ..o seu c-cabelo. - Barnes mordeu o próprio lábio, nervoso e ainda inquieto.
- Você tá dizendo que eu chamo atenção?! - rosnou a ruiva.
- N-não..claro que não ..eu só..
- Só estou brincando, Bucky - a médica sorriu, divertida. - Você parece nervoso de mais, o que aconteceu?
- Nada, apenas surpreso com a sua chegada, eu sabia que viria mas...olhando você assim, novamente depois de tantos anos, como você está ainda mais bonita.. - o engenheiro balançou a cabeça rapidamente, tentando espantar todos os pensamentos que tivera - Esquece o que eu disse.
- As bochechas da mulher enrubesceram tão rápido quanto seus olhos encontraram, novamente, os de James, suas pupilas dilatadas, molhadas e brilhantes, tão bonita.. - Acho melhor eu ir indo.. - sorriu cabisbaixa, enquanto levantava.
- Posso te dar uma carona?
- Acho que não será necessário. - Seus sapatos de salto, presos nos dedos, dividam espaço com a sua Chanel legítima e os óculos de sol. Podia sentir, a cada passo dado, a areia clara, aquecer seus pés, deixando-os avermelhados.
- Se é assim.. Então você pode me acompanhar hoje à noite.
- Você está me convidando para um encontro? - Natasha sorriu.
- B-bom..Apenas se você aceitar, se você recusar, eu não falei nada.
- Bobo. Claro que eu aceito.
- Ótimo.. eu pego você às 19:00.. - Bucky sorriu vitorioso - Mas eu não sei aonde você está morando, acho que vai ter que aceitar minha carona.
- Ok, você conseguiu, aceito sua carona.
- Yes!
….
- Você acha mesmo que não está exagerado? - A médica questionou enquanto passava a mão pelo corpo, sobre o vestido preto.
- Já disse que está incrivel, me poupe que está assim toda nervosa.. é só um encontro com o Bucky , hellooo o Bucky. - Peggy estalou os dedos irritadiça. - Achei que ele fosse gay.
- Natasha suspirou, revirando os olhos. - Eu estou tentando ficar bonita para mim, não me importo com o James. Além do mais, ele é bissexual.. não que eu esteja interessada ou qualquer coisa que você pense.
- Aham, sei..
* Buzina * (??)
- Parece que ele chegou, estou bem mesmo?
- Acho melhor você ir logo, antes que eu te jogue da varanda. - a enfermeira cruzou os braços.
- Chataaaaa - Romanoff gritou enquanto corria para a porta principal, ouvindo os murmúrios de Peggy.
….
- No-ssa, você tá linda..- Barnes piscou algumas vezes antes de fechar a boca.
- Cuidado para a baba não molhar meus sapatos, porque foram caros. - Natasha sorriu - obrigado pelo elogio, James.. você também está muito bem.
- Bucky mordeu o lábio nervosamente, suas bochechas estavam vermelhas e passava as mãos, geladas, insistentemente sobre a calça. - Acho melhor irmos..para não perdermos as reservas. - suspirou dando a volta no carro e abrindo a porta para a mulher entrar.
- Não sabia que a porta era tão pesada - brincou - Obrigada.
- Você é tão engraçada que chega a ser triste. - Bucky riu
- Natasha colou a mão sobre o peito, fingindo-se de ofendida - Eu deveria volta para casa e deixar você sozinho, depois desse insulto à minhas patadas tão elaboradas, eu pratiquei a manhã inteira.
- Então quer dizer que pensou nonosso encontro a manhã inteira? - questionou James, sorrateiramente.
- O que? C-claro que não!
- Ok então. - Sorriu debochado.
- Melhor você ir logo antes que eu desista.
- Você não perderia a oportunidade de comida grátis.
- Não mesmo! - ambos sorriram, divertidos.
.…
Bucky e Natasha tiveram uma noite realmente divertida. Principalmente pelo fato de que chegaram atrasados ao restaurante e perderam a reserva, então jantaram em uma barraquinha de hot-dog próxima, relembrando os velhos e tempos. Depois caminharam pela areia da praia, onde finalmente contemplando a paisagem exuberante e guardados pela luz da lua, deram o seu primeiro beijo, depois de anos.
- Não. - a médica separou seus lábios, sentiu falta do contato, porém não retomou. Seus olhos estavam ainda mais brilhantes, embevecidos pelas lágrimas.
- Mas..eu achei que a gente poderia tentar.
- Eu não quero que acabe como da última vez, Bucky.
Flashback on
Natasha estava terminando o último mês de faculdade, ela iria se formar em breve, não poderia está mais feliz. Ela tinha um homem que amava e um melhor amigo que era como um irmão.
Sua agenda estava incrivelmente lotada, havia começado a estagiar no melhor hospital da cidade, especializado em câncer. Onde poderia salvar vidas, esse, o principal motivo de tornarsse médica.
- Nat?
- Oi amor.. - a jovem mulher, de beleza admirável, sorriu, no mesmo momento em que daria um beijo no amado, todavia foi impedida pelo mesmo.
- Precisamos conversar..
- O que aconteceu? - questionou preocupada.
- Eu estou indo embora.
- O que? Não.. você ..Eu vou me formar semana que vem
- Eu recebi uma proposta de emprego irrecusável, estou indo, me desculpe..mas nossa relação já estava desgastava..
- Não Bucky.. eu sei que estou sem tempo para você ..o Steve também reclamou mas isso vai passar.. vai ficar tudo bem.. por favor.. não me deixa sozinha, não agora.
- Sinto muito - apenas disse, antes de ir, para sempre.
Depois da partida de James, tudo aconteceu rápido, o namoro relâmpago com o melhor amigo, a doença, a viagem. Havia perdoado, mas esquecer, aquele dor soporífera, parecia quase impossível.
Flashback off
- Eu sinto muito Nat.. eu sei que fui um idiota, mas eu não conseguia mais esconder que estava gostando do Ste.. não podia te magoar mais..
- a médica suspirou - Depois de algum tempo o Steve me contou o motivo e eu entendi tudo, então eu perdoei você. Mas é difícil tentar algo, eu tenho medo.. medo de você me deixar ou sei lá.
- Eu prometo Natasha Romanoff, que nunca mais vou mentir sobre mim mesmo.. sobre meus sentimentos, eu quero construir algo com você..Juntos..
- Então se você me magoar eu posso dar um chute bem forte no seu saco? - a ruiva sorriu.
- Você deve. - James mordeu o lábio rapidamente.
- Juntos? - Romanoff fechou os olhos, sentindo o mar, tocar-lhe os pés.
- Juntos.
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