História Sunshine - Capítulo 17: estou aqui

Naquela sexta-feira as aulas haviam sido suspensas devido à realização dos conselhos de classe do colégio, a diretora e os professores tinham se reunido para discutir os resultados dos primeiros exames e planejar como seriam realizadas as atividades de conclusão das aulas práticas daquele semestre. Yerin e eu tínhamos aproveitado o dia para ensaiarmos a coreografia de nossa apresentação... Pelo menos era essa a ideia. Mal havíamos começado a ensaiar e minha namorada já havia se jogado na cama alegando que estava cansada.

SB: “Yennie!” Resmunguei ao pausar a música. “Nós só passamos a coreografia duas vezes. Levanta, unnie.”

Yerin estava deitada na cama dela, o braço cobrindo-lhe os olhos enquanto eu a observava com a testa franzida.

YR: “Estou cansada, SinB ah.” A voz dela soou baixo.

Estranhei o fato de minha namorada estar desanimada aquele dia. Yerin sempre estava cheia de energia, ela não costumava se cansar fácil, mas naquele dia as coisas pareciam diferente. Mesmo com o menor esforço, ela já aparentava estar exausta. Suspirei antes de caminhar até a cama, me deitando ao lado dela.

SB: “O que você tem, unnie?” Murmurei e vi Yerin suspirar, enquanto ainda escondia os olhos com o braço.

YR: “Minha cabeça está doendo.” A voz dela tinha saído quase como um sussurro.

Senti meu peito se apertar ao ouvir o tom fraco de sua voz, Yerin parecia frágil naquele momento e vê-la assim tinha me preocupado. Ergui meu corpo, me ajoelhando na cama, com um joelho apoiado em cada lado de seu corpo.

SB: “Vem cá.”

Retirei delicadamente o braço dela de sobre seus olhos, a puxando para se sentar na cama e ficar de frente para mim. Minhas mãos pousaram nas têmporas de Yerin, pressionando-as um pouco, enquanto meus dedos massageavam com movimentos circulares a região. Os olhos dela se fecharam à medida que eu continuava a massagem, as mãos de Yerin tinham se apoiado em minha cintura, pressionando levemente meu corpo para baixo, o que acabou por me fazer ficar sentada sobre o colo dela.

Alguns bons minutos se passaram enquanto permanecíamos naquela posição, eu massageando a cabeça dela, enquanto suas mãos acariciavam minha cintura. A ponta dos meus dedos por vezes arranhava o couro cabeludo de Yerin, o que arrancava pequenos suspiros dela. Minha namorada se mantinha com os olhos fechados enquanto sentia minha massagem, e eu a observava. A expressão dela tinha relaxado um pouco, mas eu ainda podia identificar que ela estava sentindo dor.

SB: “Aliviou um pouco?” Perguntei ao interromper a massagem, fazendo um pequeno cafuné nela.

Yerin abriu os olhos e encarou os meus com um pequeno sorriso, antes de manear levemente a cabeça.

YR: “Vai passar.” Ela me deu um demorado selinho antes de descer os lábios para meu queixo, maxilar, pescoço. “Obrigada, amor.” Ela murmurou sobre minha pele antes de apertar suavemente minha cintura.

Yerin envolveu minha cintura com seus braços enquanto continuava a deixar pequenos beijos pelo meu pescoço, e eu tinha enlaçado o pescoço dela com meus braços. Uma de minhas mãos deslizou para a nuca dela apertando-a levemente, e a outra deslizou por suas costas. Suspirei ao fechar meus olhos quando os lábios quentes de Yerin mordiscaram minha pele, em resposta eu passei suavemente minhas unhas pela base da nuca dela e senti Yerin estremecer.

Sorri levemente com a reação dela, antes de franzir mais uma vez minha testa. Então prestei maior atenção ao corpo de minha namorada. Podia notar os pelinhos do braço de Yerin ainda arrepiados, e por mais que eu gostasse que vê-la assim por minha causa, percebi que daquela vez havia algo a mais ali. Os lábios de Yerin não eram os únicos a queimarem em meu pescoço, eu podia sentir as costas dela e a nuca quentes, mais do que deveriam estar.

SB: “Yennie!” Murmurei ao segurar o pescoço dela com minhas duas mãos. “Você está quente.”

YR: “Hum, bom assim.” O rosto ainda escondido em meu pescoço.

Dei um pequeno sorriso e rolei os olhos em seguida para o tom de flerte presente na voz de minha namorada. Coloquei minhas mãos sobre os ombros dela e afastei um pouco Yerin de mim, apenas para que pudesse olhá-la melhor.

SB: “Quente no sentido que eu acho que você está com febre, amor.” Segurei o rosto dela com minhas mãos, sentindo a temperatura de sua testa. “Aliás, tenho certeza.” Murmurei preocupada, e vi Yerin fazer um beicinho antes de encostar a testa em meu ombro.

YR: “Acho que isso explica porque me sinto cansada, com dor de cabeça e o corpo dolorido.” A voz dela saiu fraca e eu envolvi o corpo dela em um abraço.

SB: “A chuva que você tomou.” Murmurei ao me recordar da forte chuva que ela havia tomado ao ficar do lado de fora de minha casa. Engoli em seco a senti-la estremecer mais uma vez, e a apertei em meus braços. “Desculpe.” Depositei vários beijos em sua cabeça.

YR: “Não precisa de desculpas, SinB ah.” Os braços dela se apertaram ao meu redor. “Valeu a pena.” Senti o beijo que Yerin deixou em minha clavícula antes de deitar o rosto em meu ombro. Fiz menção de me levantar, mas os braços dela me mantiveram no lugar. “Fica aqui, está bom assim.” Murmurou.

SB: “Preciso verificar sua temperatura, unnie.” Massageei a nuca dela antes de afastá-la suavemente. “Onde ficam o termômetro e os remédios aqui?”

YR: “Armário do canto no quarto de meus pais, em uma caixinha de primeiros socorros.”

SB: “Ok, já volto.” Segurei o rosto de Yerin, deixando um selinho em seus lábios, antes de me levantar do colo dela.

Como indicado, não demorei a encontrar a caixa de medicamentos no quarto dos pais dela e logo voltei ao quarto de Yerin. Um bico se formou em meus lábios ao ver minha namorada encolhida na cama. Verifiquei a temperatura de Yerin constatando que ela estava sim febril. Felizmente a febre não era tão alta, mas precisava ser combatida logo. Deixei Yerin sozinha brevemente apenas para descer as escadas e pegar água para ela. Quando retornei ao quarto, fiz minha namorada tomar o antitérmico e a fiz voltar a deitar, ajeitando a cama dela. Antes que Yerin me puxasse novamente para ficar com ela, fui ao banheiro dela para pegar uma toalha úmida. Quando voltei ao quarto ocupei o lugar ao lado dela na cama, apoiando a toalha sobre a testa dela com uma das mãos, enquanto a outra tinha envolvido o corpo dela, que por sua vez tinha agarrado minha cintura, encolhendo-se em meu corpo.

SB: “Onde estão seus pais, Yennie?”

YR: “Reunião de trabalho.”

SB: “Que horas eles voltam?”

YR: “Disseram que talvez amanhã à noite ou no domingo pela manhã.” Encolheu os ombros, bocejando. “Me acorda quando for, ok?”

SB: “Quando for o que?” Franzi a testa para aquilo.

YR: “Quando você precisar voltar para casa.”

SB: “Não vou te deixar só, Yennie.” Murmurei ao deixar um beijo na cabeça dela.

Yerin ergueu o olhar para mim e eu a encarei, colocando uma mecha de seu cabelo para trás.

YR: “Mas –” Eu a interrompi pousando um dedo sobre seus lábios antes de cobri-los com os meus.

SB: “Estou aqui, Yennie! E não vou a lugar algum.” Acariciei o rosto dela e sorri para o pequeno sorriso que se formou nos lábios de minha namorada. “Dorme agora, amor.” Selei mais uma vez meus lábios ao dela em um beijo carinhoso.

Yerin escondeu o rosto em meu pescoço, o braço agarrando minha cintura. Eu a aconcheguei em meus braços e fiquei acariciando o cabelo dela. Aos poucos senti a respiração dela ficar serena em meu pescoço, indicando que minha namorada tinha adormecido. Enquanto ela dormia, me mantive quieta apenas velando o sono dela e desejando que se recuperasse logo daquele estado febril. Estava acostumada a ver Yerin sempre forte e vê-la fragilizada, independente do que fosse, apertava meu peito. Eu queria vê-la bem. Eu a queria bem. Enquanto a observava apenas pensava que daria o melhor de mim para cuidar e estar com ela, porque era o que eu desejava fazer e onde eu precisava estar. Com ela.

※※※※※※

A pouca paciência que me restava estava se esgotando com a demora em atenderem aquela porta. Se aquelas duas estivessem se agarrando e por isso ignorando a campainha, logo elas estariam se arrependendo porque eu não estava disposta a deixá-las em paz. Eu estava impaciente o suficiente com tudo o que havia ocorrendo, e acima de tudo, eu estava frustrada. Tão frustrada que a campainha na casa de Yerin havia se transformado no meu alvo momentâneo.

YJ: “Por que uma simples campainha está te irritando assim, unnie?”

Assustei-me quando a voz de Yuju alcançou meus ouvidos. Não tinha visto o momento que ela se aproximou e recostou-se a uma das pilastras na varanda de Yerin. A testa franzida e o sorriso torto dela indicavam que tanto quanto ela se divertia com a cena que eu protagonizava, também estava confusa porque eu estava me comportando assim. Suspirei antes de enfim retirar minha mão da campainha e cruzar os braços.

SW: “Está me impacientando a lerdeza em atenderem a porta. Sei que a SinB está aí e se estiverem de gracinhas achando que podem me ignorar, estão muito enganadas.” Resmunguei e ouvi Yuju rir baixinho às minhas costas. “Cansei de ser ignorada já.” Murmurei ao deixar um suspiro escapar.

Yuju caminhou até parar ao meu lado, de frente a porta.

YJ: “Do que está falando exatamente?” Maneei a cabeça em negação. “Sowon!” Yuju suavemente me repreendeu.

SW: “Deixa as duas atenderem, lá dentro nós conversamos.” Olhei brevemente para Yuju, ela me encarou séria por alguns instantes antes de suspirar e manear a cabeça concordando.

Eu já tinha erguido minha mão novamente para alcançar a campainha, mas felizmente dessa vez não foi preciso. SinB tinha acabado de abrir a porta, uma expressão emburrada presente em seu rosto.

SB: “Quem foi a enlouquecida tentando destruir a campainha e os meus ouvidos?” Reclamou assim que deu passagem a mim e a Yuju.

YJ: “Sowon unnie” Yuju deu de ombros ao apontar para mim e eu semicerrei meus olhos para ela.

SW: “Não é minha culpa se demoraram a abrir a porta.” SinB rolou os olhos para mim e eu dei um pequeno tapa em sua testa. “Cadê a Yennie?” Empurrei as duas da minha frente e comecei a subir as escadas.

Ouvi as duas mais novas murmurarem sobre o que havia de errado comigo e eu apenas bufei impaciente, enquanto seguia para o quarto de minha amiga com passos apressados.

SB: “Hey! Não vá a perturbar, Sowon. Yerin precisa de descanso.” Ouvi SinB resmungar enquanto subíamos os degraus.

YJ: “O que vocês –”

SB: “Ela está com febre, acho que pode estar ficando resfriada.”

Franzi a testa com o último comentário de SinB no momento que chegamos ao quarto. Minha impaciência deu lugar momentaneamente à preocupação ao ver o rosto meio abatido de minha amiga. Yerin estava sentada com as costas apoiada na cabeceira da cama, enquanto passava uma das mãos sobre os olhos, a pele um pouco mais pálida que o normal. Yerin deu um pequeno sorriso assim que nos viu. Minha amiga parecia realmente cansada, e assim que vi as olheiras dela me arrependi de ter tocado incessantemente a campainha daquele jeito. Provavelmente eu a acordei.

SW: “Você não parece muito bem, Yennie.” Murmurei e a vi dar de ombros.

YR: “Só um pouco de febre.”

YJ: “Um pouco, baby?” Yuju se aproximou da cama checando a temperatura de Yerin.

SB: “Quase 38º graus.” SinB murmurou ao voltar a sentar ao lado de Yerin e cobrir-lhe a testa com uma toalha úmida.

YJ: “Ela já tomou algum medicamento?”

SB: “Yeah, dei um antitérmico.”

YR: “Hey! Estou bem aqui.”

Yerin acenou as mãos em frente ao rosto das duas e eu mordi o lábio para não rir. SinB e Yuju apenas seguraram as mãos dela e continuaram conversando sobre minha amiga. Yerin desistiu de chamar a atenção das duas e apenas encolheu o corpo, os olhos dela enfim voltando a cair sobre mim. Murmurei com a boca sem emitir som se ela se sentia bem no momento, Yerin me deu um pequeno sorriso antes de manear a cabeça afirmativamente, e eu retribuí o sorriso. Enquanto SinB e Yuju tinham se sentado ao lado de Yerin, eu ocupei o espaço de frente a elas na cama.

SW: “Desculpe ter te acordado, Yennie.”

YR: “Tudo bem, unnie.”

SB: “Me acordou também.” SinB resmungou apontando para mim e eu estapeei a mão dela para longe.

YJ: “Agora que já estamos aqui, pode começar a explicar o porquê dessa impaciência toda, unnie.”

Com o comentário de Yuju, todas as três me encararam e eu engoli em seco.

YR: “O que houve, Sowon?” Fechei os olhos brevemente, respirando fundo, antes de voltar a encará-las.

SW: “Eunha.” Murmurei.

SB: “Isso não é novidade.”

Semicerrei os olhos para SinB que apenas deu de ombros. Eu queria repreendê-la, mas não podia simplesmente porque ela estava certa.

SW: “Mas é novidade saber que ela se sente da mesma forma que eu me sinto.” Mordi meu lábio inferior e vi as três se olharem com sorrisos cúmplices. “O que?” Franzi a testa para elas.

SB: “Novamente: isso não é novidade, unnie.” Piscou para mim, enquanto Yerin e Yuju acenavam em concordância.

YJ: “Novidade apenas para você, Sowon.”

SW: “Mas –” fiz uma careta para elas “vocês sabiam que a Eunha gostava de mim também?” Elas acenaram confirmando. “E porque ninguém me fala nada?” Peguei uma das pelúcias de Yerin e ameacei arremessar nelas, vi as três erguerem os braços.

YR: “Hey! Garota debilitada aqui.” Minha amiga ergueu o cobertor se escondendo, e me fazendo rolar os olhos.

Eu livrei Yerin do meu ataque, naquele momento, mas Yuju e SinB não tiverem a mesma sorte. Cruzei os braços e voltei a bufar impaciente enquanto as três trocavam sorrisos.

YJ: “Não falamos diretamente porque era algo que vocês duas precisavam resolver, unnie.” A voz de Yuju preencheu o silêncio do quarto e eu deixei meus ombros encolherem, os olhos das três presos em mim.

SB: “Tentamos reaproximar vocês de outras maneiras.”

Acenei para minhas amigas com um pequeno sorriso no rosto. Meus olhos se encontraram com os de Yerin, e eu senti meu sorriso aumentar.

SW: “Ela se sente da mesma forma que eu.” Murmurei baixinho ainda deixando que o significado daquela frase preenchesse meu peito. Yerin estendeu o braço, a mão dela alcançando a minha e deixando um suave aperto.

YR: “Como você se deu conta disso, unnie?”

SW: “Ela... ela me contou.” Suspirei ao apertar a mão dela de volta.

YJ: “Finalmente Eunha resolveu agir!”

SB: “Já estava mais que na hora.”

Mordi o lábio ao ouvir os tons animados de Yuju e SinB. Yerin havia sido a única a continuar me encarando de maneira intensa. Eu desviei meus olhos do dela e preferi encarar o colchão no lugar.

YR: “Por que então chegou aqui impaciente e não com um grande sorriso, unnie?” Murmurou chamando a atenção de Yuju e SinB para nós duas novamente. “E mais importante porque Sexy Diva não está aqui à tira colo contigo, So?”

SW: “Porque ela acha que eu não me sinto da mesma forma.” Encolhi meus ombros assim que terminei de falar.

SB: “Você só pode estar brincando!” SinB resmungou, jogando os braços para o alto e deslizando as costas pela cabeceira da cama.

YJ: “Por que você não falou a ela que sente o mesmo, Sowon?” Yuju comentou depois de deixar um leve tapa na cabeça de SinB.

SW: “Ela não me deu a chance.” Corri as mãos por meu cabelo, a impaciência voltando ao meu corpo.

YR: “Como assim?” Yerin voltou a se recostar na cabeceira da cama.

As três tinham os olhos sobre mim e eu não suportei ficar parada no mesmo local, me levantei e comecei a caminhar em frente à cama para cima e para baixo. Eu me sentia ansiosa e frustrada o bastante para me manter quieta.

SW: “Eunha me pegou de surpresa, não passava pela minha cabeça que ela foi àquela estúpida festa porque tentou me tirar da cabeça. Ela explodiu por ciúmes de mim.” Suspirei ao parar de frente a elas novamente. “E enfim disse que não podia me tirar da cabeça, porque –” senti meu rosto queimar “porque eu estava no coração dela.” Eu não fiz muito esforço para tentar esconder o sorriso que preencheu meus lábios quando voltei a lembrar da frase da minha pequena.

SB: “Oh, ela está corando.” A risada de SinB preencheu o quarto, Yerin a cutucou na costela enquanto escondia um sorriso também, e Yuju mordia o lábio.

SW: “Parem com isso!” Resmunguei ao me sentar de costas para elas e jogar meu corpo na cama.

YR: “Você não disse nada a ela?”

SW: “Eu não consegui.” Fechei os olhos. “Eu estava em choque, Yennie, quando consegui recuperar o controle sobre minhas pernas, Eunha já tinha saído correndo e não consegui alcança-la.” Um suspiro arrastado deixou meus lábios. “E agora ela tem fugido de mim.” Soltei um muxoxo.

YJ: “Por isso que Eunha tem evitado o colégio ou sair conosco.” Eu tinha os olhos fechados enquanto acenei para Yuju ainda deitada, até que senti um tapinha em minha testa, abri os olhos pronta para brigar com SinB, mas me surpreendi ao ver que havia sido Yuju. “Não a faça pensar por muito mais tempo que vocês não dão certo.” Resmungou.

Ergui meu corpo voltando a ficar de frente para minhas amigas.

SW: “Como eu faço isso se Eunha é teimosa e não me dá uma chance de nos encontrarmos?” Suspirei exasperada para elas.

YR: “Deixa isso com a gente.” Minha amiga direcionou um sorriso travesso para mim e eu arqueei a sobrancelha para ela. SinB e Yuju a olhavam curiosas.

YJ: “O que está pensando, baby?”

YR: “Alguém sabe onde Sexy Diva está?”

SB: “Umji me disse que ia encontrá-la hoje à tarde.”

YR: “Bom! Pede para Umji ah vir pra cá, SinB, e trazer a Eunha junto. Diz que eu estou doente e meus pais estão fora, que estou pedindo para vocês dormirem aqui para me fazer companhia.”

YJ: “Quando Eunha chegar aqui –”

SW: “Ela não vai poder fugir de mim.” Interrompi a conversa das três. SinB, Yerin e Yuju me olharam com sorrisos animados.

SB: “Yeah, e é melhor que dessa vez tome atitude, unnie.” SinB arremessou um travesseiro em mim.

YJ: “Totalmente! Faça a Eunha te ouvir, Sowon.” Yuju piscou para mim.

YR: “Melhor agarrar a Sexy Diva hoje à noite, So. Não me decepciona!” A voz fraca de Yerin se fez presente e arrancou risos das duas mais novas.

Revirei meus olhos para aquelas três patetas que se divertiam às minhas custas, mas não pude evitar acompanha-las nos sorrisos. Assim como eu, sabia que elas só queriam que as coisas entre Eunha e eu se resolvessem. Elas precisavam se resolver, porque eu não via a hora de ter aquela pequena em meus braços. E dessa vez, eu não permitiria que Eunha escapasse deles.

※※※※※※

Já não suportava ver a expressão desanimada de Eunha. Quando eu cheguei a casa dela, encontrei Eunha deitada no quarto, as cortinas fechadas, e minha amiga era apenas um pequeno monte enrolado na cama. Bufei frustrada para aquela situação, antes de caminhar decidida até as janelas.

UJ: “Ok, já chega disso!” Puxei as cortinas para o lado, deixando os raios de sol iluminar o quarto e me aproximei da cama de Eunha. “Levanta, unnie!” Puxei o cobertor de cima dela e recebi os resmungos de Eunha.

A mais velha bem que tentou puxar o cobertor de volta, mas eu fui mais forte e ela enfim o largou, cobrindo o rosto com as mãos. Suspirei antes de me sentar na cama próxima a ela.

UJ: “Unnie, por favor, pare com isso.” Murmurei e vi Eunha suspirar.

EH: “Eu fiz besteira novamente, Umji ah.” Eunha enfim tinha tirado as mãos do rosto e se sentado de frente a mim, um pequeno bico em seus lábios.

UJ: “Não fez.” Maneei a cabeça para ela. “Mas vai estar fazendo se continuar se isolando assim.”

EH: “Eu disse a Sowon que eu gosto dela, Umji ah!” Ela soltou um muxoxo antes de levar as mãos aos olhos e abaixar a cabeça.

UJ: “Já estava na hora de admitir isso, não é mesmo?” Sorri quando vi Eunha soltar mais alguns muxoxos.

EH: “Mas eu a perdi.” A voz dela saiu acompanhada de um suspiro.

Revirei os olhos para o tom dramático e lerdo de minha amiga, antes de dar um tapa suave na testa dela, fazendo-a me olhar com um beicinho nos lábios.

UJ: “Isso não é verdade.”

EH: “Sowon não disse nada, Umji.” Vi os ombros dela caírem suavemente.

UJ: “Você também não deu tempo para ela dizer, unnie.” Eunha franziu a testa para mim. “Não foi você que saiu correndo em seguida?” Cutuquei o ombro dela, enquanto um sorriso divertido preenchia minha boca.

EH: “Não queria ouvir ela me dizer não.”

Foi minha vez de suspirar e levar a mão até meus olhos.

UJ: “É por isso que tem evitado a Sowon?” Arqueei a sobrancelha para Eunha que apenas acenou confirmando. “Pare de ser frouxa!” Cutuquei novamente o ombro dela.

EH: “Hey! Eu não sou frouxa.” Apontou o dedo para mim e eu semicerrei os olhos para ela, Eunha deu de ombros antes de apontar para mim. “Pelo menos eu já disse para a garota que eu gosto como eu me sinto com relação a ela, diferente da senhorita.” Eunha me acusou e eu engoli em seco.

UJ: “Falou e saiu correndo em seguida.” Rebati a provocação dela e nós duas suspiramos. “Além disso, nossas situações são diferentes.”

Eunha voltou a se deitar e eu repeti o gesto, deitando ao lado dela, ficando algum tempo em silêncio. Eu sabia que os pensamentos da minha amiga estavam presos à figura da mais velha de nós, enquanto os meus vagavam delas para Sohee. Senti minhas bochechas corarem levemente ao lembrar da garota, e foi inevitável não deixar que um sorriso se formasse. Eu gostava de estar com ela.

Ao meu lado Eunha suspirou e eu virei o rosto para vê-la, a mais velha tinha os olhos fechados e parecia perdida em pensamentos. Maneei minha cabeça ao pensar naquelas duas. Elas só estavam perdendo tempo. Se Eunha bem soubesse, há muito tempo que Sowon unnie já estaria com ela. Antes que eu pudesse falar algo, senti meu celular notificar a chegada de mensagens. Voltei a me sentar na cama e alcancei pelo aparelho, e assim que meus olhos leram as mensagens de SinB eu tive que morder o lábio para evitar que um grande sorriso se espalhasse. Respondi SinB antes de voltar a encarar Eunha.

UJ: “Unnie” Eunha continuou com os olhos fechados, mas acenou para que continuasse. “Você sabe que precisa conversar com a Sowon, certo?”

A mais velha respirou fundo antes de abrir os olhos e me encarar, voltando a se sentar também.

EH: “Eu sei, estou me preparando para isso.”

UJ: “Ótimo, porque tem até à noite para estar pronta.”

EH: “O que?”

Não evitei o riso para o tom e os olhos assustados de Eunha, e que acabei recebendo um travesseiro na cara.

UJ: “SinB mandou uma mensagem dizendo que Yerin unnie não está se sentindo bem, está com febre, e o pais dela não estão na cidade. Então pediu para que fôssemos dormir na casa dela, fazer companhia.” Dei de ombros.

EH: “Sowon vai –”

UJ: “Claro que Sowon unnie vai estar lá, Eunha.” A interrompi e ouvi mais um muxoxo. “Hey!” Alcancei por uma mão dela. “Nós todas somos amigas, não somos? Independente de qualquer coisa.” Eunha suspirou antes de apertar minha mão e acenar afirmativamente.

EH: “Claro que somos.”

UJ: “Então... estamos todas indo fazer companhia a Yerin unnie.” Eunha abriu a boca para resmungar mais alguma coisa, mas não a dei chance. “Você lembra que foi a Yerin que foi te buscar aquele dia, certo?” Sorri quando vi a expressão da minha amiga de conformar.

EH: “Ok, já entendi que não tenho chances de recusar.”

UJ: “Claro que não. Além do mais, não foi você que disse que não era frouxa? Hora de provar, unnie.” Ri da expressão ofendida que Eunha dirigiu a mim.

EH: “Eu não sou.” Cruzou os braços, enquanto me olhava com uma expressão que deveria ser de furiosa, mas que só a fazia parecer ainda mais fofa.

UJ: “Vai provar isso conversando e se resolvendo com a Sowon unnie então.” Murmurei e sorri satisfeita quando ela concordou. “Ótimo!” Apertei as bochechas dela.

EH: “Mas se eu estou indo fazer isso, você também vai ter que provar.” Apontou o dedo para mim.

UJ: “Do que está falando?” Perguntei receosa quando vi um sorriso maldoso se formar nos lábios de Eunha.

EH: “Se eu estou indo conversar com a Sowon depois de ter a evitado, você vai convidar a Sohee para sair contigo.”

UJ: “O que? Mas –”

EH: “Sem mas, Umji ah!” Eunha tinha se jogado sobre mim, fazendo cócegas e nos fazendo deitar novamente. Enquanto eu tentava me livrar das mãos da mais velha, Eunha se divertia ao me observar. Por fim, ela me deixou livre de suas mãos. “Não vai ser frouxa agora, vai?” Provocou e eu a encarei com a testa franzida.

UJ: “Claro que não.” Dei de ombros ao suspirar. “Você se resolve com a unnie, e eu chamo a Sohee para sair.” Mordi o lábio e senti meu rosto queimar assim que fechei a boca.

EH: “Estamos combinadas então.” Eunha jogou mais um travesseiro em mim e estirou a língua. Eu revirei meus olhos, mas repeti o gesto em seguida, arremessando o travesseiro de volta para ela com um pouco mais de força.

Eu ri da expressão emburrada que Eunha fez antes de se render aos risos também. Observando minha amiga eu só podia esperar que à noite ela e Sowon em fim se resolvessem, assim como sentia minha pulsação se acelerar ao imaginar que em algumas horas eu falaria com Sohee e a convidaria para sair. Só torcia para que aquela noite trouxesse sorrisos para todas nós.

※※※※※※

Yuju e Sowon tinham voltado a nos deixar sozinhas logo depois, porque precisavam ir para casa se arrumar antes de voltar para cá. Mas só saíram depois de terem a certeza que eu estava melhorando, que a febre estava sendo controlada e que estava me alimentando e hidratando direito. Eu perdi as contas de quantas vezes revirei os olhos para aquelas três me tratando como criança, ao mesmo tempo em que sorria boba pelo cuidado delas.

Eu estava deitada em minha cama esperando SinB sair do banho. Havia tomado o meu primeiro, enquanto ela tinha insistido em preparar algo para nós comermos. Quando eu saí do banho, fui direto à cozinha e não evitei a gargalhada assim que encontrei SinB. Minha namorada havia feito a maior bagunça nela mesma, além da cozinha, em uma tentativa de fazer panquecas. Havia massa de panqueca chuviscada por todo o balcão da cozinha, pela blusa dela e até mesmo no cabelo. Ela estava uma bagunça emburrada e mesmo assim linda. Aproximei-me de SinB e deixei um casto beijo no beicinho presente nos lábios dela, antes de afastá-la suavemente e fazer as panquecas por mim mesma. Ela tinha insistido em pelo menos colocar os recheios, ao que eu não fui contra.

Nós comemos entre risos, piadas, resmungos e beijos roubados, antes de voltarmos ao meu quarto. Por um segundo, vendo SinB daquele jeito, o cabelo levemente bagunçado, o cheiro doce dos recheios das panquecas misturado ao perfume dela... Eu pude sentir que meu corpo esquentava, mas apostava que não era devido à febre. E por um segundo eu me arrependi de ter chamado as meninas para dormirem aqui, porque eu queria passar a noite com ela novamente. Suspirei ao desejar que fosse só nós duas àquela noite. Maneei a cabeça quando ela me olhou com a sobrancelha arqueada antes de seguir para o banheiro. Eu tinha me deitado novamente e fechado os olhos enquanto pensava que ainda teríamos tempo apenas para nós.

Não sei ao certo quanto tempo passou, mas apenas abri os olhos novamente quando ouvi SinB saindo do banheiro, e  encarei a figura linda de minha namorada. Minha namorada. Meu coração acelerava os batimentos toda vez que pensava em SinB. Era bom tê-la em minha vida, e era ainda melhor tê-la como namorada. Sorri para ela assim que SinB ergueu os olhos para mim com um sorriso travesso nos lábios.

SB: “Gostei dessa blusa também.” Ela girou em torno de si, exibindo mais uma blusa minha que ela havia pegado. O sorriso no meu rosto aumentando.

YR: “Vai ficar com essa também, não é?” Me sentei na cama, esticando a mão para ela.

SB: “Com toda a certeza.” A puxei para perto de mim, SinB parou em pé de frente a mim, e eu circulei o tronco dela com meus braços, as mãos dela se apoiando em meus ombros. “Está se sentindo melhor, Yennie?” SinB mexia na minha franja, enquanto eu apoiei meu queixo no abdômen dela.

YR: “Muito melhor, amor.” Dei uma mordida de leve no abdômen dela por cima da blusa e senti o corpo de SinB estremecer levemente em meus braços.

Voltei a erguer meu rosto para ela quando a mão de SinB segurou meu rosto e ela inclinou o corpo capturando minha boca em um beijo. As línguas encontraram-se sem pressa, deslizavam juntas pela boca da outra. Quando as mãos de SinB pressionaram minha nuca, as minhas trouxeram o corpo dela para cima do meu, nos deitando na cama, enquanto eu sugava a língua dela. Minha pele se arrepiou ao ouvir o gemido que escapou da garganta de SinB. Eu virei nossas posições e me coloquei sobre ela, minhas mãos deslizaram pela pele do abdômen dela e mais uma vez senti o corpo dela estremecer. As mãos de SinB seguraram meu rosto e ela mordeu meu lábio superior, antes do inferior.

SB: “Já está bem, não é?” Sorriu contra minha boca, deixando selinhos nos meus lábios.

YR: “Yeah, você tem cuidado bem de mim, minha GoddesS-inB.” Pisquei para ela e sorri ao ver SinB corar levemente.

SB: “Gosto de cuidar de você, amor.”

Foi a minha vez de corar ao ouvi-la me chamando de amor. Escondi meu rosto no pescoço dela, enquanto as mãos de SinB acariciavam minhas costas.

YR: “Gosto quando me chama assim.” Murmurei sobre o pescoço dela, deixando um beijo na base do mesmo. “E gosto de te chamar assim.”

SB: “Eu também, Yennie.” Ela me apertou em seus braços. SinB virou o rosto em direção ao meu, nossos lábios se encontrando em um beijo delicado.

Perdia a noção do tempo quando estava com SinB. Não fazia a menor ideia por quanto tempo ficamos trocando carícias e beijos, e honestamente eu não me importava em saber. Por mim poderia eternizar o tempo estando com ela. Separei-me relutantemente dela, apenas quando a campainha voltou a soar pela casa. Resmunguei ao voltar esconder meu rosto do pescoço de SinB e me apertar nela, fazendo-a rir.

SB: “As meninas chegaram, amor.” Ela sussurrou sobre o meu ouvido, dando uma mordida de leve no lóbulo da minha orelha. Senti o sorriso de SinB colado ao meu rosto.

YR: “Melhor ir atender antes que Sowon volte a atacar a campainha, não é?” Sorri com a gargalhada de SinB. Roubei um selinho antes que saísse de cima dela, SinB se levantou e esticou uma mão para mim.

SB: “Vamos Doll-Rin.” Piscou.

YR: “Doll-Rin?” Arqueei a sobrancelha ao ligar minha mão à dela.

SB: “Yeah” ela me puxou para perto de si “minha Doll-Rin.” SinB beijou meus lábios antes de me puxar com ela para fora do quarto.

Suspirei e deixei que minha namorada me levasse para onde ela quisesse. SinB me tinha por inteira em suas mãos, e a única coisa que eu poderia desejar ter de volta, era que ela também estivesse nas minhas. E que assim ficasse.

※※※※※※

Mais que inquieta Sowon estava nervosa agora. Umji e Eunha ainda não haviam chegado, mas mesmo assim Sowon não conseguia ficar parada no lugar.

YJ: “É engraçado vê-la fora de controle.” Murmurei para Yerin e SinB, apontando para Sowon.

SB: “Me lembrem de parabenizar a baixinha depois.”

YR: “E olha que ela não agarrou a sexy diva ainda.”

SW: “Parem de falar como se eu não estivesse aqui.” A mais alta caminhou a nossa frente, dando cascudos em nossas cabeças.

SB: “Pare de andar como uma tonta e poupe sua energia para a baixinha, unnie.” SinB provocou arremessando uma almofada em Sowon.

SW: “Aish! Sua –” Sowon voltou a caminhar em nossa direção, especificamente na de SinB, mas a mais nova havia se encolhido atrás de mim, enquanto Yerin levantou puxando Sowon pelo braço para longe de nós.

YR: “Nós estamos indo conversar, vocês sabem o que fazer quando Umji e Eunha chegarem.”

Yerin piscou para nós e Sowon bufou irritada.  SinB gargalhava da mais velha enquanto Sowon era arrastada por Yerin, a mais velha ainda gesticulou para SinB que teria volta, mas SinB deu de ombros e ameaçou jogar mais uma almofada nela. Só não o fez porque eu tomei a almofada da mão dela antes.

SB: “Yuju!” Resmungou ao se jogar no sofá ao meu lado.

YJ: “Sowon já está uma pilha, e você quer provoca-la ainda mais?” Arqueei a sobrancelha para ela e SinB apenas deu de ombros.

SB: “É justamente para distrai-la.” Piscou para mim e eu maneei a cabeça rindo.

YJ: “E você se divertir no processo.” SinB acenou confirmando. “Você não tem jeito.” Cutuquei as costelas dela com meu cotovelo.

SB: “As duas vão se acertar, não vão?”

YJ: “Claro que vão.” Nós sorrimos uma para a outra. “Assim como você e a Yerin.” Meu sorriso aumentou quando notei o rubor na face de SinB. “Yerin me contou que enfim vocês assumiram um namoro.”

SB: “Yerin te conta quase tudo, não é?” Murmurou com um sorriso divertido.

YJ: “Quase tudo.” Dei de ombros. “Você também pode, sabe?” Murmurei e vi SinB me olhar curiosa. “Conversar comigo, se você quiser.” Expliquei.

SB: “Sobre qualquer coisa?” Acenei confirmando.

YJ: “Qualquer coisa.” Pisquei para ela e ri quando as bochechas de SinB coraram. Em resposta, recebi uma almofadada também. Antes que eu pudesse revidar, a campainha soou e SinB se apressou em ir atender. “Salva pelo gongo.” Apontei para SinB e a vi apenas estirar a língua antes de atender a porta.

Logo Umji e Eunha já estavam conosco. Tive que segurar o riso quando notei que Eunha estava tão nervosa quanto Sowon, talvez até um pouco mais. Sowon sabia como se sentia e sabia que Eunha sentia o mesmo, mas a pequena achava que não tinha mais chances com Sowon. Não consegui evitar um sorriso para aquelas duas. Era tão óbvio o quanto se gostavam. Eu tinha mesmo ficado surpresa por demorarem tanto tempo para admitir o que sentiam.

EH: “Nós somos as últimas a chegar?” Eunha revezava os olhos entre SinB e eu.

Levantei até me aproximar de Eunha, já era a hora de começar a resolver as coisas entre elas.

YJ: “Não, ainda falta a Sowon.” Joguei meu braço sobre o ombro de Eunha.

SB: “Yeah, vamos subir, Yerin está no quarto.”

UJ: “Vou logo avisando que não vou ficar no quarto dos pais da Yerin unnie dessa vez.” Umji passou a nossa frente ao subir as escadas.

YJ: “E eu não vou dividir quarto com a Sowon porque me deixou sozinha da última vez.” Trouxe o corpo pequeno de Eunha para mais perto de mim. “Vou ficar com você dessa vez, Eunha.” A menor franziu a testa para mim, mas apenas acenou.

UJ: “Vou deixar minha mochila no meu quarto.” Umji caminhou direto para o último quarto no corredor. “Oi unnie” Murmurou ao passar em frente ao quarto de Yerin, só então pudemos ver Yerin encostada na porta do quarto. Umji deixou um beijo na bochecha dela antes de seguir para o quarto de hospedes.

YR: “Sexy Diva” Yerin abriu os braços com um sorriso para a pequena.

Eunha deslizou do meu abraço de lado para envolver a cintura de Yerin com os braços dela. Revirei os olhos para aquelas duas, e ri baixo quando notei a careta que SinB fazia para elas.

EH: “Como você está, Yennie?”

YR: “Ficando melhor.” Piscou para Eunha.

SB: “Yeah, isso é ótimo.” SinB se meteu entre as duas, o que provocou risadas em Yerin e em mim, e uma careta em Eunha. “Vai deixar suas coisas aí no quarto, baixinha.” Apontou para a porta fechada do quarto dos pais de Yerin.

YJ: “Yeah, vamos Eunha.” A puxei pela mão abrindo a porta do quarto. Yerin e SinB seguiram atrás de nós, parando no vão da porta. Eunha deu alguns passos em direção à cama do quarto deixando a mochila, enquanto eu havia recuado até parar ao lado de Yerin e SinB.

EH: “O que há com vocês?” A pequena nos olhou desconfiada e até um pouco assustada, talvez pelos sorrisos divertidos que nós três tínhamos no rosto.

YR: “Pronto, já fizemos nossa parte. É com você agora.” Yerin piscou para Eunha e nós três caminhamos para trás, fechando a porta.

EH: “O que? Hey! Parem com isso.” Vimos Eunha ainda dar alguns passos antes que a porta se fechasse e SinB trancasse à chave. Nós rimos quando os pequenos punhos de Eunha começaram a golpear a porta. “Abram!” Ouvimos a voz afobada por trás da porta.

SB: “Só quando vocês se resolverem.” SinB golpeava a porta de volta.

YJ: “Aproveita, Eunha!” Murmurei para a pequena, antes de nos afastarmos da porta porque ouvimos que Eunha já não prestava atenção em nós.

Yerin, SinB e eu nos entreolhamos antes de colarmos os ouvidos na porta.

SB: “Vocês escutam alguma coisa?” Murmurou após de alguns instantes em silêncio.

YR: “Nada.” Suspirou antes de se afastar da porta.

YJ: “Não dá para ouvir.” Dei de ombros e encarei Yerin que tinha começado a massagear a cabeça. “Você está bem, baby?” Coloquei minha mão sobre a testa dela. “Acho que sua febre está voltando.”

SB: “Está na hora de tomar o remédio novamente, Yennie. Vou pegar água e você vai deitar.” SinB murmurou antes de voltar a descer as escadas.

Yerin tentou se aproximar da porta do quarto dos pais para tentar mais uma vez ouvir algo do que Sowon e Eunha conversavam lá dentro, mas eu me coloquei a frente dela, minha mão sobre seu ombro empurrando-a para o quarto dela.

YJ: “Nem se engane achando que já está 100%, ainda precisa de repouso.” A empurrei na cama, puxando a coberta dela em seguida. “Agora deita.” Ordenei e sorri satisfeita quando a mais velha me obedeceu. Eu joguei o cobertor até a cintura dela e inclinei meu corpo deixando um beijo na testa dela. “Melhor ficar deitada até a SinB voltar, nem ouse levantar.” Apontei para ela antes de caminhar até a porta do quarto novamente. “Vou ver o que Umji ah está fazendo.”

YR: “Você que manda, baby.” Rolei os olhos quando a vi fazendo uma reverência.

Quando cheguei até o quarto de hospedes abri a porta devagar para espiar o que Umji estava fazendo e para pregar um susto nela, mas assim que vi a maknae deitada na cama e conversando animadamente no celular, eu não tive coragem de interromper o momento. Podia notar um sorriso presente na voz de Umji a cada vez que ela falava algo, e me surpreendi quando percebi que ela estava falando com a crush do colégio. Mordi o lábio e voltei a fechar a porta do quarto silenciosamente. Voltei a caminhar devagar pelo corredor, quando passei pelo quarto de Yerin espiei para ver se ela continuava deitada e sorri quando vi que estava, assim desci silenciosamente as escadas me jogando no sofá em seguida.

Fechei os olhos por um instante e suspirei. Eu estava contente por todas as minhas amigas. Acreditava que Sowon e Eunha se entenderiam, Umji parecia encantada e leve com a crush, e Yerin e SinB estavam bem firmes. Ao mesmo tempo em que eu estava feliz por elas, eu também tinha que admitir que estava frustrada comigo mesma. Sentia que eu precisava ser sincera comigo mesma e me permitir sentir e viver o que desejasse, precisava ter coragem e atitude para o que queria para mim, porque só então seria capaz de fazer o mesmo com alguém.

SB: “O que está fazendo aqui?” Me sobressaltei quando ouvi a voz de SinB. Encarei a mais nova que estava há alguns passos de mim, com a testa franzida e segurando um copo de suco de laranja em uma das mãos.

YJ: “Sowon e Eunha ainda estão trancadas e Umji estava conversando com a crush.” Dei de ombros.

SB: “A menina lá do colégio?” SinB comentou com um sorriso divertido. “Umji não me escapa depois.”

YJ: “Não a perturbe tanto assim.” Bronqueei. “Ou me chama quando fizer isso.” Nós rimos novamente.

SB: “Mas e Yerin e eu?” Ela franziu a testa para mim, voltando a ficar séria.

YJ: “O que é que tem?”

SB: “Por que não foi ficar com a gente?”

YJ: “Não quero atrapalhar, SinB.” Encolhi os ombros e a vi revirar os olhos.

SB: “Não seja pateta, unnie.”

SinB agarrou uma de minhas mãos com a mão livre dela e começou a me puxar com ela para as escadas. Ela apenas soltou minha mão quando chegamos ao quarto de Yerin. A mais velha estava recostada na cabeceira da cama e sorriu para nós quando viu nossas mãos juntas. Yerin bateu aos lados do colchão, nos chamando para deitar com ela. SinB e eu nos acomodamos logo depois de Yerin tomar o remédio.

SB: “Yuju pegou Umji no flagra conversando com a crush.” SinB murmurou e Yerin nos olhou com a boca entreaberta antes de começar a rir, e nossas risadas preencherem o quarto.

YR: “Umji ah está crescendo. Lembrem-me de dar algumas dicas a ela depois.”

YJ: “De jeito nenhum.”

SB: “Não mesmo.”

YR: “O que? Vocês deveriam muito apoiar isso.” Yerin tinha jogado os braços sobre mim e SinB, cutucando nossas cinturas.

YJ: “É justamente por conhecer você, baby, que basta uma de você.” Pisquei para ela.

SB: “Yeah, você já está sobre controle e Umji está muito bem com uma crush.” SinB piscou também para Yerin.

Eu não segurei o riso com o comentário de SinB e o quão abobada Yerin ficou quando ouviu o ‘sobre controle’. Enquanto SinB e eu ríamos, a mais velha fez um bico antes de se render as risadas dando de ombros.

YR: “Não vou me dar ao trabalho de negar.” Yerin murmurou ao deslizar o corpo de volta para o colchão, deitando e puxando SinB e eu para fazermos o mesmo.

SB: “Sowon e Eunha será que já se resolveram?”

YJ: “Assim espero, não dá para aguentar mais essas duas separadas.” Rolei os olhos e elas acenaram concordando.

YR: “Melhor que Sowon já tenha agarrado a Sexy Diva ou meus conselhos serão ofendidos.”

YJ: “É o tipo de conselho que quer dar à Umji?” Yerin acenou. “Você não tem jeito, baby.”

SB: “Nenhum mesmo.”

YR: “Não recordo de nenhuma das duas reclamando disso.” Yerin tinha um sorriso divertido nos lábios, enquanto SinB e eu coramos.

SB: “Você não estava doente, Yennie?”

YJ: “Aparentemente a febre já desapareceu, não é?”

SB: “Devemos sair, Yuju?”

YJ: “De acordo.”

SinB e eu ameaçamos nos levantar, e Yerin apenas segurou nossas cinturas no lugar, nos prendendo a ela.

YR: “Não” murmurou com a voz pequena “fiquem!” Ela tinha um beicinho nos lábios.

Olhei para SinB que piscou para mim e então voltamos a nos acomodar ao lado da mais velha, deixando beijos na bochecha dela.

SB: “Comporte-se, Yennie.”

Yerin acenou confirmando e mordeu os lábios. Nós permanecemos deitadas em silêncio por alguns instantes, antes de deixarmos os risos espalharem-se pelo quarto mais uma vez, por Yerin ter comentado que deveria ficar doente mais vezes se ela iria poder dormir com as duas ao mesmo tempo assim.

※※※※※※

O que aquelas meninas achavam que estavam fazendo? Não tinha graça me trancarem ali, e mesmo diante dos meus pedidos, eu sabia que elas não iam me atender. “É com você agora... se resolverem...” O que elas tinham aprontado? Antes que meu cérebro fosse capaz de tentar responder aquelas questões, meu corpo foi o primeiro a reagir, especificamente o órgão em meu peito que começou a bater enlouquecidamente. Minha pele se arrepiou inteira quando eu senti a presença dela no quarto. Não foi pelo barulho da porta da suíte sendo aberta ou pelos passos, mas sim pelo perfume dela, a primeira coisa a me alcançar.

Meu corpo reagia imediatamente à presença de Sowon, sempre fora assim... O que acontecia agora é que enfim eu tinha real noção da intensidade daquilo, eu conseguia entender o que havia por trás daquelas sensações, do que Sowon me fazia sentir.

SW: “Eunha”

Meu corpo estremeceu ao ouvi-la chamar meu nome, e eu suspirei antes de encostar a testa na porta. Eu não tinha reunido toda a coragem o suficiente ainda para ouvir Sowon me dizer não... Por isso eu ia esganar aquelas meninas quando saísse dali. Pouco me importava se elas eram maiores ou mais fortes que eu. Não ia ficar assim.

SW: “Você pode olhar para mim, por favor?”

Diferente da última vez que conversamos, a voz de Sowon estava tranquila, no mesmo tom carinhoso que ela costumava falar comigo. O que só tornava as coisas mais difíceis, porque eu amava a voz dela... E se fosse para ouvir um não, eu preferiria que ela gritasse comigo.

Respirei fundo antes de me virar para ela. Droga! Por que Sowon precisava ser tão linda assim? Eu sabia que por mais que eu tentasse, eu não poderia olhar para ela sem desejar por mais a cada vez que nos encontrássemos. Ela era linda. Os traços delicados, o olhar carinhoso, a postura determinada e protetora...

SW: “Obrigada.” Ela deu um pequeno sorriso para mim antes de caminhar até a cama e se sentar, me olhando de frente. “Nós precisamos conversar, Eunha.” Acenei concordando para ela. “Vai ficar aí?” Sowon franziu a testa com um sorriso divertido.

EH: “Você sabia dessa armação toda, não é?” Acusei, ainda me apoiando na porta.

SW: “Você andou fugindo de mim, não tive outra opção a não ser recorrer às meninas.”

EH: “Você planejou isso?” Apontei para nós e para o quarto.

SW: “Bem, ideia da Yerin.” Deu de ombros.

EH: “Ela está doente mesmo ou isso só fez parte do plano também?” Bufei frustrada.

SW: “Ela passou o dia com febre alta de verdade, então... dê um desconto.” Suspirei ao manear a cabeça para ela. “Será que podemos falar sobre nós agora?”

EH: “Olha unnie...” suspirei, descolando minhas costas da porta e arriscando alguns passos para o meio do quarto “as coisas não precisam mudar entre nós assim, eu entendi que –”

SW: “Não, Eunha.” Eu me assustei quando Sowon me interrompeu e se levantou. “As coisas já mudaram entre nós há muito tempo.” Sowon me encarava firme nos olhos e eu me via incapaz de fugir dos olhos dela. “E não, você não entendeu nada, pequena.” Sowon me olhava de uma maneira intensa e eu engoli em seco.

Eu desviei o olhar dela, encarando qualquer ponto do quarto, enquanto trocava o peso do meu corpo nos meus pés. Eu estava nervosa e não sabia mais o que dizer a Sowon. O mais importante eu havia dito e agora tinha que lidar com isso.

Assim que eu estava me recuperando, Sowon mais uma vez havia me afetado. Eu fiquei surpresa quando uma das mãos dela segurou a minha, enquanto a outra foi parar no meu queixo, erguendo meu olhar mais uma vez para ela. Mas eu mantive meus olhos fechados, porque se encarrasse aqueles olhos de Sowon, eu sabia que não resistiria a me perder neles. Eu só queria me jogar naqueles sentimentos e queria que Sowon estivesse comigo. O que eu não queria, era que ela visse mais uma vez meus olhos chorosos por eu não poder tê-la comigo.

SW: “Eunha” Ela sussurrou “olha para mim.” Maneei a cabeça negativamente. “Por que não?”

EH: “Porque eu preciso manter uma distância entre nós por enquanto, e assim que olhar em seus olhos, eu sei que vou me perder neles. E não posso.” Escapei das mãos dela e dei um passo para trás. Abri os olhos, mas não a encarei diretamente.

SW: “Não, chega de distância entre nós.” Ela deu um passo novamente em minha direção.

A cada passo que eu recuava, Sowon avançava um. E isso ocorreu até o momento que eu não encontrei mais para onde ir, porque a porta continuava trancada e Sowon tinha parado a minha frente.

EH: “Você pode se afastar, por favor.”

SW: “Não.”

EH: “Por favor, Sowon, não dificulta.”

SW: “Não quero me afastar de você.”

Aquela frase havia feito meu corpo estremecer mais uma vez e eu cometi o erro de voltar a olhá-la nos olhos, apenas para sentir minha respiração falhar.

EH: “O que –”

SW: “Você gosta de mim, Eunha?”

A voz, os olhos, a postura de Sowon... Mesmo que eu tivesse rotas de fuga, eu não as utilizaria. Porque eu estava cansada de fugir dela, estava cansada de fugir do que eu sentia por ela. E, acima de tudo, porque eu era incapaz de continuar fugindo quando ela me olhava daquela maneira.

EH: “Gosto como nunca achei que gostaria de alguém.” Sussurrei ao voltar a fechar meus olhos e me recostar contra a porta.

SW: “Olha para mim, pequena.” A voz suave dela arrepiou minha pele.

EH: “Sowon, por favor, só me deixa ir.”

SW: “Você não entendeu ainda que eu não estou disposta a te deixar a ir a lugar algum, Eunha? Ou se for, me leve com você.”

Sowon tinha se aproximado mais de mim, eu podia sentir nossas respirações pesadas.

EH: “O que quer dizer?”

Minha voz tinha soado tremida, e minhas pernas tremeram mais ainda quando senti o beijo na testa que Sowon deixou em mim. Um suspiro escapou dos meus lábios quando as mãos de Sowon delicadamente seguraram meu rosto, os dedos acariciando minhas bochechas, enquanto ela erguia meus olhos para ela. Eu deixei que meu coração assumisse o controle dos meus movimentos e mais uma vez me rendi àquele olhar.

SW: “Naquele dia no auditório você não me deu a chance de dizer que eu me sinto da mesma forma que você, Eunha.” Eu não sabia se era meu corpo que estava tremendo ou as mãos dela. Talvez, fossem as duas. “Eu gosto de você, pequena. Há mais tempo do que sou capaz de imaginar. Eu sempre gostei.” Sowon juntou nossas testas, e eu vi um pequeno sorriso se desenhar em seus lábios. “Eu sempre estive com você, Eunha, e há algum tempo que eu desejo que você me notasse de uma maneira diferente, porque queria estar mais com você. Ainda quero.” Ela murmurou sobre meu rosto, nossas respirações se misturando. “E agora, eu estou aqui. Nós estamos.”

O polegar de Sowon deslizou pelo meu lábio inferior, enquanto os lábios dela deixaram um pequeno beijo em meu rosto e no canto da minha boca. Minha pulsação estava acelerada, eu sentia que poderia cair se não me sustentasse em algo. Foi assim que, contrastando com minhas pernas bambas, minhas mãos se apoiaram firmes na cintura da mais alta. Eu senti os lábios de Sowon desenharem um pequeno sorriso, antes de enfim senti-los encostar-se aos meus. Tal como Sowon, aqueles lábios acolheram perfeitamente os meus. Gentil e seguro, doce e forte, carinhoso e destemido. Quando os lábios dela pediram passagem para explorar minha boca, eu apenas concedi porque era o certo. Nós erámos certas uma para a outra. Eu estava onde deveria estar e com quem eu queria estar.