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História Sunshine - Capítulo 5: proximidades


Escrita por: jamunnie

Notas do Autor


Ayo Buddies!
Eu sinceramente amei escrever muito esse capítulo! Espero que vocês gostem muito! *-*
Nos vemos nas notas finais. Boa leitura! ;)

Capítulo 6 - Capítulo 5: proximidades


Nos últimos dias SinB e eu havíamos nos aproximado mais. Os ensaios para a apresentação da aula de dança tinham servido no início como o motivo perfeito para passarmos mais tempo juntas, mas sempre que nos encontrávamos fora do colégio o ensaio ficava renegado a segundo plano.

Passávamos a maior parte do tempo conversando e descobrindo mais coisas sobre a outra. A essa altura eu já conhecia as bandas preferidas de SinB, as cores favoritas, o que costumava assistir, os lugares pelos quais ela já morou, os mangás que mais gostava. E quanto mais eu conhecia a garota, mais eu desejava conhecê-la. SinB exercia um forte de poder de atração sobre mim que ia para além do físico. Eu gostava de ouvi-la gargalhar, gostava de ser a razão por trás de seu lindo sorriso, gostava de vê-la concentrada em alguma atividade que tínhamos que resolver, o modo como semicerrava os olhos, o bico que formava em seus lábios.

Por vezes era difícil resistir a um comentário mais direto sobre o efeito que suas ações tinham em mim, mas eu estava conseguindo me controlar, até então. Mesmo nos tornando mais próximas, nenhuma de nós duas havia começado um assunto sobre relacionamentos. Eu não sabia se SinB tinha alguém especial em sua vida ou se ao menos já chegou a se interessar por alguma outra garota. Também não havia dito nada parecido sobre mim, nem mesmo sobre a natureza da minha relação com Yuju. Às vezes, eu pegava SinB mordendo os lábios quando tocávamos no nome de Yuju como se quisesse me perguntar algo, mas desistia. Eu queria tocar no assunto relacionamentos com ela, mas não sabia como SinB iria reagir, e não queria que as coisas ficassem desconfortáveis entre nós.

Contudo eu sabia que eventualmente teríamos que falar sobre, pelo menos eu teria que contar a ela como me sentia com relação às meninas. Principalmente porque eu estava me esforçando em não soltar algum flerte com ela e até mesmo tentando disfarçar meus olhares, mas SinB parecia estar testando minha capacidade de ser discreta, ou minha capacidade de auto controle, não sabia ao certo. Suspirei ao chegar ao ginásio, eu havia chegado mais cedo que de costume ao colégio, assim o movimento de alunas ainda era mínimo nos corredores. Por isso não me demorei ao pegar os livros que iria precisar hoje no meu armário. Foi quando reencontrei o caderno de SinB, que ainda não havia devolvido. Eu precisava devolvê-lo, por isso o tinha pegado junto com meus livros. E agora enquanto esperava o horário das aulas, sozinha no ginásio, deitada em uma das arquibancadas, eu olhava para aquele caderno. Aproximei-o de meu rosto e pude sentir que ele ainda continha um pouco do perfume de SinB. Fechei os olhos e foi inevitável não recordar dos acontecimentos da tarde passada...

Já havia levado SinB à minha casa e assim na tarde anterior tínhamos combinado em ensaiar na minha casa, mas diferente das outras vezes que seguíamos juntas logo após às aulas, SinB disse que me encontraria mais tarde em casa, porque ela precisava fazer algo primeiro. Eu me senti um pouco frustrada por não voltarmos juntas, estava me habituando a ter SinB caminhando ao meu lado, contando piadas ou apontando para as flores das cerejeiras ao longo do caminho enquanto íamos em direção à minha casa ou a dela.

Mas na tarde passada eu tinha feito o trajeto sozinha. Em casa, eu tinha ficado ansiosa para saber se SinB viria ou não. Ela estava atrasada para o horário que havíamos combinado e não respondia minhas mensagens. Naquele ponto eu já estava desanimada, tinha me deitado e passava aleatoriamente os canais da TV sem que algum realmente me distraísse de pensar em SinB. Estava quase caindo no sono quando me surpreendi quando a campainha tocou. Desliguei a TV e me sentei na minha cama, esperei até que a campainha tocasse novamente para confirmar que não tinha sido uma alucinação minha e que, de fato, alguém tocara a campainha. SinB?

Saí do meu quarto correndo e seguindo assim até ao descer as escadas. No hall de entrada tomei uma respiração profunda antes de abrir a porta. Só para sentir o ar me faltar novamente. SinB estava parada na entrada de minha casa. Eu sequer tentei disfarçar quando deixei meus olhos percorrerem a figura a minha frente, da cabeça aos pés. SinB usava um short preto que colava-se ao seu corpo, deixando marcada a linha da cintura; uma blusa de linho branco caía por cima da linha de cintura do short; um cardigã acinzentado cobrias seus ombros e um all star preto completava o look. Engoli em seco ao deixar meus olhos deslizarem pelas pernas desnudas de SinB – branquinhas, definidas e com um belo par de coxas. À medida que meus olhos subiam pelo seu torso, eu sentia minha boca secar para no final deixá-la entreaberta ao ver a mudança no visual de SinB. Ela tinha clareado algumas mechas de seu cabelo. O cabelo longo, agora com tons claros e escuros, caía por sobre seus ombros.

Eu sabia que estava com uma expressão boba enquanto olhava para ela, mas era impossível controlar. SinB tinha um sorriso divertido nos lábios pintados com uma cobertura de batom em um tom rosado. Ela estava absurdamente linda e eu não conseguia evitar não olhar para ela daquela forma.

SB: “Vai me deixar entrar ou vai só continuar me olhando com a boca aberta, Yerin?” SinB havia dado alguns passos para dentro de casa, esbarrando em mim suavemente.

Assim que ela passou por mim, aquele perfume de SinB agiu novamente impregnando meus sentidos, fechei os olhos e tomei alguns segundos desnecessários para fechar a porta. Eu precisava reestabelecer minha respiração e controlar as batidas frenéticas do meu coração antes de voltar a encarar a garota. Se é que existia alguma dúvida sobre eu me sentir atraída por SinB, as dúvidas desapareceram no momento que eu abri a porta de casa. Meu corpo tinha ficado paralisado, mas se eu seguisse o que meu cérebro queria depois de processar aquela imagem, eu teria insanamente puxado SinB pela cintura para dentro de minha casa, a prensado contra a porta, deixado minhas mãos correrem por aqueles fios, prendendo-os entre meus dedos antes de respirar o mesmo ar que ela e deixar meus lábios retirarem aquele estúpido batom daqueles lindos lábios. Tomei mais uma respiração profunda antes de bater meu punho na porta. Para de sonhar, Yerin! Você não podia fazer isso. Sacudi a cabeça, para fugir desses pensamentos, antes de me virar e encontrar SinB me olhando com uma sobrancelha arqueada, encostada ao corrimão da escada.

SB: “Você está bem?”

YR: “Yeah, só... esquece, não é nada!” Encolhi os ombros. Me aproximei de SinB quando já me sentia um pouco mais sob controle e parei em frente a ela. “Você – uau, SinB!”

Sorri ao ouvi-la gargalhar. SinB ficava tão mais linda sorrindo. Ela me olhou um pouco corada.

SB: “Gostou? Deu vontade de mudar um pouco.” Deu de ombros. SinB havia abaixado o olhar, correndo a mão por algumas mechas do cabelo.

YR: “Gostei! Ficou ainda mais linda.”

Tinha esticado minha mão para retirar uma mecha de cabelo que tinha caído sobre o rosto de SinB, colocando-a atrás da orelha. SinB tinha erguido os olhos para os meus e deixado um tímido sorriso enfeitar seus lábios.

SB: “Obrigada.” Nós continuávamos a nos olhar. Eu vi a linha de visão de SinB abaixar levemente e rapidamente antes que ela voltasse a encarar meu olhar. “E desculpe o atraso. A cabeleireira demorou mais do que eu achava.”

YR: “Eu pensei que você não vinha mais, já que não respondia minhas mensagens.”

SinB franziu a testa antes de buscar o celular no bolso interno do cardigã. Vi que ela pressionava o ecrã, mas a tela continuava preta.

SB: “Celular descarregou, não vi suas mensagens.”

YR: “Tudo bem, não importa mais. Você está aqui agora.” Pisquei para ela que tinha empurrado meu ombro.

SB: “Yeah, e temos que decidir nossa apresentação, então não vamos perder mais tempo.”

SinB tinha agarrado minha mão e começado a subir as escadas, me puxando com ela. Eu deixei que ela me arrastasse, SinB já sabia o caminho de meu quarto, afinal. Enquanto subia as escadas atrás dela, eu encarava nossas mãos juntas. SinB tinha mãos macias, graciosamente gordinhas e quentes. Eu gostava do encaixe que elas tinham.

Infelizmente tínhamos chegado rápido no meu quarto, o que fez SinB soltar minha mão. Eu tinha que admitir que gostaria que o contato tivesse durado mais, era uma sensação boa.

SB: “Alguma ideia para a apresentação?” SinB havia tirado o cardigã e se jogado na minha cama, agarrando o meu Wobbuffet de pelúcia.

Eu me sentei na cadeira de minha escrivaninha. Estava mais sob controle, mas não confiava em mim se deitasse perto de SinB no momento.

YR: “Pensei em fazermos uma espécie de apresentação temática.”

SB: “Temática?” SinB havia se sentado colocando as pernas cruzadas sobre a cama, com o Wobbuffet em seu colo.

YR: “Yep, a coreografia que executássemos fosse como uma encenação de algo, sabe?”

SB: “Hmm... entendi. Boa ideia, Yerin, gostei! Acho que podemos tentar.”

SinB tinha levantado e caminhava na direção onde eu estava. Ela parou bem na minha frente, colocando uma mão sobre meu ombro. Nós estávamos próximas e a diferença na altura me fez erguer um pouco o pescoço para olhar SinB.

SB: “Resta agora decidirmos o que especificamente vamos encenar. E então encontrar a música certa para isso.” Ela havia bagunçado minha franja, e eu tinha fechado meus olhos.

Senti a mão de SinB deslizar até meu queixo, segurando-o e levantando um pouco mais minha cabeça.

SB: “Yerin?”

Abri meus olhos devagar para encontrar os de SinB me olhando de volta. Por que diabos ela tinha que ser assim... intensa?

YR: “Não pensei exatamente no que encenar.” Falei enquanto me levantava, me afastando um pouco e desfazendo seu toque. “A gente precisa ver.”

SB: “Ok... Você está mesmo bem Yerin? Parece meio inquieta.” SinB tinha um olhar levemente preocupado.

YR: “Estou sim... Só com um pouco de sono, estava quase dormindo quando você chegou.”

SB: “Oh! Melhor eu ir então, a gente pode ensaiar amanhã.”

SinB tinha caminhado de volta pra minha cama e pegado o cardigã para sair do meu quarto, quando eu percebi o que ela estava fazendo. Me adiantei, colocando-me a frente dela e tomando o cardigã de suas mãos.

YR: “Não quero que vá. Estou bem, sério, SinB. A gente pode ensaiar.” Foi minha vez de agarrar sua mão. “Por favor.”

SinB me olhava atentamente, eu sorri para ela, tentando mostrar que estava tudo bem comigo. Ela não precisa saber o quão tem te afetado, Yerin, você não quer assustá-la. Por fim, ela sorriu de volta.

SB: “Yeah, que seja então.” Ela tinha me puxado para sentar na cama. “Onde está seu celular?” Apontei para o aparelho em cima da escrivaninha.

SinB caminhou até meu celular, conectando-o ao aparelho de som e selecionando algumas músicas para tocar. Eu a observava de costas. Vi SinB prender o cabelo em um desleixado coque deixando a amostra sua nuca, meus olhos caíram sobre aquele pedaço de pele exposta e eu tive que morder meu lábio para evitar que um gemido me escapasse. Peguei meu Wobbuffet que estava jogado ali perto e o apertei em meu rosto. O que apenas serviu para me fazer perder o fôlego novamente, já que agora meu Wobbuffet estava impregnado também com o perfume de SinB. Suspirei. Aquela tarde iria exigir muito do meu autocontrole.

Soltei um suspiro profundo. Não sei quantos minutos fiquei mergulhada nas lembranças da tarde anterior, mas foi o suficiente para me fazer perder a noção do tempo. Eu não ouvia movimentos pelos corredores do colégio e me assustei quando ouvi o sinal soando. Me sentei rapidamente e peguei o celular para conferir o horário. Resmunguei comigo mesma quando vi que horas eram e as mensagens das meninas perguntando onde diabos eu estava. O segundo sinal já havia soado. Eu tinha chegado cedo e mesmo assim consegui me atrasar para a aula, mesmo já estando no colégio. Dei uma última olhada para o caderno de SinB antes de colocá-lo novamente junto dos meus, e ir sair correndo do ginásio rumo à minha sala de aula. Enquanto eu corria pelos corredores vazios, apenas pensava que SinB realmente tinha chegado para intensificar minha vida.

**

Nós já estávamos na sala de aula e o professor explicava um assunto qualquer, mas eu não estava prestando atenção, sequer ouvia uma palavra que saia da boca dele. E a julgar pelas expressões das meninas, eu não era a única que não prestava a atenção.

Havia encontrado com Umji e Eunha no caminho e havíamos ficado no pátio esperando as outras meninas. Nós vimos Sowon chegar de bicicleta e prender a mesma na área destinada às bicicletas no pátio antes de se aproximar de nós. Yuju foi a próxima a chegar. Ficamos conversando, com as meninas me perturbando e elogiando sobre a mudança no visual enquanto aguardávamos Yerin chegar. No entanto, conforme o tempo passava, começamos a nos inquietar com a ausência de Yerin. Yuju, Sowon, Eunha, Umji e eu havíamos todas enviado mensagens e não tínhamos tido retorno. Quando o sinal soou, relutantemente tivemos que adentrar o colégio em direção à nossa sala. Yuju e eu ainda ficamos para trás, para ver se avistávamos algum sinal de Yerin no caminho das cerejeiras que dava no colégio, mas não tivemos sucesso.

Quando o segundo sinal soou e o professor iniciou a aula, nós ficamos ainda mais preocupadas. Eu fiquei. Onde diabos Yerin estava? Ela não era de se atrasar tanto assim, muito menos de não responder minhas mensagens e as das meninas. E com o início da aula, não podíamos mexer no celular. Pensei seriamente em esquecer essa regra e verificar se Yerin havia respondido a essa altura. Yuju havia me perguntado se estava tudo bem com Yerin quando saí da casa dela ontem, eu confirmei que sim, que ela estava bem. Pelo menos era o que ela havia me dito.

Mordi meu lábio encarando meu caderno sem saber o que deveria escrever. Na verdade, eu tinha achado o comportamento de Yerin ontem meio atrapalhado, ela me pareceu inquieta com algo. Não estava tão concretada durante o ensaio. Eu percebi que quando ela achava que eu não estava prestando atenção, ela tomava uma respiração profunda, bagunçava os cabelos ou me olhava pelo canto do olho. Eu tive que frear as vezes que quis confrontá-la para saber o que estava havendo. Eu queria que ela tivesse contado a mim do que se tratava, que confiasse em mim seja para o que for. E agora ela estar atrasada para a aula, sem saber onde ela estava... estava me angustiando mais do que eu imaginei ser possível. Eu só queria por meus olhos nela e constatar que estava tudo bem, de verdade.

Notei que Umji procurava saber da garota que sentava à frente dela do que se tratava a atividade que o professor havia solicitado. Eunha chamava a atenção de Sowon baixinho, buscando informações sobre o que fazer, mas a mais velha também não sabia por onde começar. Meu olhar caiu sobre Yuju, que se mantinha quieta e tinha o olhar perdido em direção a uma das janelas daquele canto da sala. Eu sabia que ela também estava preocupada com Yerin, onde ela poderia estar e porque ela não respondia nossas mensagens.

Pequenas batidas soaram na porta da sala. Foram baixas, mas foram o suficiente para atrair a atenção dos meus olhos e dos de Yuju. Sowon e Eunha também pararam de sussurrar entre si para olhar a porta, e Umji tinha deixado de escutar as instruções da menina, que havia se perturbado por ser ignorada e voltou a olhar para frente da sala.

O professor caminhou até a porta da sala, abrindo-a e se mantendo a frente da mesma, impedindo a passagem e a visão de quem quer que fosse que tivesse batido.

— A aula começou já tem minutos, a senhorita está atrasada, Jung Yerin.

Mal ouvi o professor dizer o nome de Yerin e soltei a respiração que até então não sabia que estava prendendo. Sentir alívio correr pelo meu corpo. Yerin estava atrasada, mas se estava na porta da sala, significa que pelo menos estava tudo bem com ela. Pelo menos por enquanto. Porque agora depois que alívio havia corrido por minhas veias, eu estava irritada pela sua falta de notícias. E aparentemente eu não era a única, se considerasse os lábios crispados de Yuju.

YR: “Desculpe, professor. Eu perdi o horário esta manhã. Por favor, não vai acontecer novamente.”

O professor a encarou por alguns segundos mais, antes de permitir a entrada de Yerin na sala.

 — Assim espero. Agora, por favor, dirija-se ao seu lugar.

Yerin o saudou antes de caminhar apressada em direção à carteira ao meu lado.

— Yerin.

Ela parou repentinamente ao som da voz do professor, virando-se para ele novamente.

YR: “Senpai”

— Desta vez você pode assistir a aula, mas não acontecerá próximas vezes. E, de toda forma, ficará no intervalo fazendo uma atividade extra para compensar a negligencia do horário. E que isto sirva de exemplo para todas. Agora, voltem à atividade. E sem barulhos, por favor.

Revirei os olhos para a atitude do professor. Ele tinha sérios problemas para tolerar as coisas, na verdade, pouco tolerava. Era bastante exigente, às vezes por pura necessidade de mostrar que tinha autoridade.

Ele já tinha se voltado para o quadro, por isso não viu a careta que Yerin fez na direção dele, antes de voltar a caminhar para seu lugar, embaixo de cinco pares de olhos ansiosos para saber onde ela tinha se metido.

Yerin mal tinha colocado os cadernos sobre a carteira quando se sentou e Eunha já havia se virado para trás.

EH: “Onde diabos resolveu se meter, unnie?!”

YR: “Eu estava aqui.” Eu franzi a testa para a resposta de Yerin.

EH: “Não seja, idiota. Nós chegamos cedo e não vimos você chegar em canto nenhum.” Eunha acusou com um dedo apontado para Yerin, virando-se rapidamente para a frente quando o professor soltou um ‘silêncio!’ e olhou para a classe por cima dos ombros.

Eunha virou-se novamente para Yerin, mesmo depois de Sowon a repreender, cutucando seu ombro.

EH: “Me dê o caderno.”

YR: “O quê?”

EH: “O caderno. A gente escreve e vai passando para as outras, pelo menos assim o chato do professor não reclama conosco, e ainda acha que estamos fazendo a atividade.” Ela tinha revirado os olhos antes de apontar para um caderno em cima dos livros de Yerin. Percebi que se tratava do meu caderno. Só então lembrei que Yerin ainda não o havia me devolvido, nem que tinha pedido de volta. “Anda, unnie!”

Eunha tinha esticado a mão para pegar o caderno, mas Yerin havia colocado a mão sobre ele, impedindo que Eunha o pegasse. Eunha fez um bico para o comportamento de Yerin. A conversa entre as duas tinha toda a minha atenção. Sowon, Yuju e Umji também estavam atentas e diferentes expressões de confusão estavam voltadas para Yerin.

YR: “Não é meu.” Yerin havia dito simplesmente, o que só serviu para aumentar ainda mais as expressões confusas. Eu revirei os olhos.

SB: “Apenas entregue o caderno.”

Agora quem tinha cinco pares de olhos curiosos sobre si era eu. Dei de ombros.

YR: “Mas SinB é seu, não prec–” Eu a interrompi ao tomar o caderno de sua mão. Yerin me olhou com uma expressão ofendida e um beicinho se formando em seus lábios.

Desviei meus olhos rapidamente assim que eles caíram novamente sobre os lábios de Yerin, e me concentrei em escrever nossos nomes embaixo do local onde havia escrito o meu. Quando comprei aquele caderno, meu objetivo tinha sido comprar algo que combinasse com a nova estação que se aproximava. Sempre gostei do florescer das cerejeiras e aquela estampa no caderno poderia servir como uma metáfora do que estava por vir nesse novo tempo. E desde que tinha me mudado, a nova e boa mudança tinha sido por causa daquelas meninas. Achava que era justo que meu caderno fosse, agora, um símbolo nosso.

Assim que terminei de por nossos nomes, sorri para a folha e voltei a entregar o caderno a Yerin.

YR: “O que –”

SB: “Agora tem nossos nomes” tinha dito apontando para nós e para as meninas “é nosso.”

Yerin me olhava com uma expressão que eu não soube identificar do que se tratava, era um olhar terno e ao mesmo tempo intenso.

EH: “Ótimo! Agora me dê isso aqui!” Eunha havia conseguido arrancar o caderno das mãos de Yerin dessa vez. Mal tinha se virado de volta e tinha começado a escrever furiosamente.

YR: “Por quê?” Yerin tinha o olhar ainda em mim, quando eu franzi a testa para o que ela perguntava, ela gesticulou em direção ao caderno.

SB: “Comprei para representar algo de novo nessa nova estação... Vocês são o algo novo, acho justo compartilhar com vocês esse caderno.” Encolhi os ombros.

UJ: “Oh! Lá vai você sendo fofa sem querer novamente, SinB.” Umji comentou baixinho a minha frente, e eu a cutuquei nas costas.

SB: “Fique quieta!” antes de rabiscar qualquer coisa no meu caderno, voltei a olhar Yerin, que agora tinha o olhar perdido em sua carteira. “Hey!” A chamei baixinho.

SB: “E eu também quero saber onde você se meteu.” Completei assim que Yerin me olhou de volta. Eu a vi engoli em seco, talvez porque eu tinha semicerrado os olhos em sua direção.

Assim que Eunha terminou de escrever, a vi passando o caderno para Umji que rabiscou alguma coisa rapidamente e o devolveu para ela, que o entregou a Sowon. A mais velha também tinha deixado uma nota no caderno, antes de passá-lo para Yuju. Vi que Yuju rabiscava algo furiosamente no papel. Ela esticou o braço por trás da carteira de Yerin, impedindo-a de pegar o caderno, e tentando passá-lo diretamente para mim. Peguei o caderno das mãos de Yuju e vi ao sentar direito novamente, vi que Yerin tinha cruzado os braços e tinha um bico nos lábios. Até que Yuju a cutucou, indicando que fingisse pelo menos que fazia a atividade. Yerin soltou um muxoxo, mas fez o que Yuju havia dito. Comecei a ler então o que as meninas haviam escrito...

EH: Reformulando minha pergunta inicial – onde diabos você estava e o que estava aprontando, unnie?!

UJ: Nós ficamos preocupadas, Yerin unnie! Você se atrasa às vezes, mas não tanto assim TT

SW: Não faça isso novamente, Yennie. Não nos deixe sem notícias.

YJ: Não ouse mesmo fazer isso novamente! E por que não respondeu nossas mensagens?! Não custava absolutamente nada nos informar, Yerin! ¬¬

Acrescentei minha resposta ao caderno sinalizando que compartilhava da resposta-pergunta de Yuju e enfatizando novamente onde diabos Yerin havia se metido, antes de enfim, repassar o caderno para ela.

Pelo canto do olho vi Yerin suspirar antes de começar a responder o que havíamos perguntado. Tão logo pousou a caneta na escrivaninha, nem eu ou Yuju fomos rápidas o suficiente para impedir Eunha de tomar o caderno novamente. Aquela pequena tinha olhos na nuca? Francamente! Tinha revirado os olhos para isso. O ciclo do caderno foi retomado e vi que as respostas de Yerin causaram diferentes reações às meninas. Umji havia coberto a boca para esconder um riso, Eunha havia soltado um muxoxo impaciente, Sowon havia balançado a cabeça de forma descrente, e Yuju havia revirado os olhos e dado um beliscão no cotovelo de Yerin antes de me passar o caderno.

Yerin havia dito que tinha chegado cedo ao colégio, mais cedo que todas nós, e que havia estado no ginásio até então, que não havia ouvido o sinal soar ou as nossas mensagens porque estava pensando. Ao lado da sinalização que havia feito compartilhando a pergunta de Yuju, Yerin havia desenhado uma carinha triste, pedindo perdão e que não aconteceria novamente. Nenhuma das meninas, exceto Eunha, havia feito uma nova pergunta diretamente. Contudo, havia três sinais de soma (+) ao lado da pergunta de Eunha, e eu acabava de deixar o quarto. Eunha havia feito uma incisiva pergunta: “em que estava pensando então? Ou melhor, em quem?”.

Assim que Yerin teve o caderno em mãos novamente, notei que ela mordeu o lábio antes de deixar a caneta correr pelas linhas do caderno. Quando terminou de escrever, cutucou as costas de Eunha, que estendeu a mão para trás, pegando o caderno.

Eu estava curiosa para saber a resposta de Yerin, assim como todas as meninas, tanto que não notamos a figura que havia se aproximado de nossas carteiras. Assim que Eunha pegou o caderno e ia abri-lo, foi impedida por uma mão que manteve o caderno fechado. Nossas posturas ficaram tensas na carteira e ninguém ousava erguer os olhos para o professor.

— Senhorita Jung Eunbi, o que pensa que está fazendo?

EH: “A atividade, senpai.”

— Não creio que minha atividade consista em trocar notinhas com suas colegas, achei que eu tinha dito que queria silêncio. — O tom de voz do professor era duro.

UJ: “Mas nós estamos em silêncio, senpai.”

Assim que Umji terminou de falar, o professor tinha uma expressão ainda mais séria. E foi preciso prender meus lábios para não rir. Notei que Yerin e Yuju também tentavam manter a expressão imparcial.

— Vocês estavam conversando, senhorita Kim Yewon.

SW: “Tecnicamente, o senpai não proibiu conversa. Proibiu os barulhos.” Sowon pontuou e eu estava quase explodindo por conter as risadas.

— Sem gracinhas, Kim Sojung. — A voz do professor havia se irritado. Ele pegou o caderno da mesa de Eunha, ela tentou impedir, mas dessa vez que era para ser mais rápida, ela não conseguiu. Apertei minhas mãos em punhos.

EH: “Professores não tem o direito de mexer nos artigos pessoais das alunas.” Corajosamente a baixinha havia encarado o professor.

— E supostamente as alunas precisam seguir as regras dos professores. Agora, Jung Eunbi, esse caderno é seu? — O professor tinha um olhar sério sobre Eunha. As meninas se remexiam nas carteiras.

SB: “O caderno é meu.” Antes que Eunha se pronunciasse, eu tomei a frente. O professor havia erguido o olhar em minha direção agora.

 — Então o caderno é seu, senhorita Hwang Eunbi?

YR: “O caderno estava comigo e eu que o passei para Eunha.”

— Quer mais problemas, Yerin?

YR: “Apenas dizendo a verdade, professor.” Yerin encolheu os ombros. Eu queria belisca-la por estar querendo assumir a culpa.

SB: “De toda a forma a responsável pelo caderno sou eu.” Rebati. Yerin havia me olhado com a testa franzida.

EH: “Não dê ouvidos, professor. Foi nas minhas mãos que encontrou o caderno.”

SW: “Mas todas nós conversávamos.”

UJ: “E estávamos com ele.”

— Chega! Não falem todas ao mesmo tempo.

YJ: “Essa discussão não tem fundamento, senpai.” Yuju calmamente havia exclamado, chamando a nossa atenção, a do professor e do restante da classe que a essa altura já havia esquecido a atividade há muito tempo.

— Como não, senhorita Choi Yuna?

YJ: “O senpai precisa responsabilizar alguém, então é justo que responsabilize a quem pertence o caderno.”

— De fato é o mais sensato. Então, a responsável é a –” Eu engoli em seco quando ele me encarou.

YJ: “Há identificação no caderno, professor.”

O professor franziu o rosto, antes de visualizar a identificação na contracapa do caderno.

— Hwang Eunbi, Jung Yerin, Jung Eunbi, Choi Yuna, Kim Yewon e Kim Sojung. — À medida que ele ditava nossos nomes, sua boca se contraia em desaprovação. Enquanto eu lutava para conter uma risada. As outras meninas faziam o mesmo.

— Pois bem... — falou pausadamente ao colocar o caderno de volta na mesa de Eunha. — Como as senhoritas são todas, aparentemente, as responsáveis por este caderno, e pelo que vejo, adoram permanecer juntas... — ele tinha um tom irônico em sua voz, me contive para não revirar os olhos — acredito que vão adorar fazer companhia à senhorita Yerin aqui, durante o intervalo, fazendo atividades extras.

Assim que o professor terminou de falar, olhou para cada uma de nós seriamente, enquanto acenávamos afirmativamente.

— Agora voltem todas às atividades da aula — dirigiu-se a todas as outras meninas da turma. — E se eu ver este caderno circular hoje novamente, o castigo será dobrado. — Pontuou para nós antes de voltar ao seu lugar na frente da sala.

Assim que o professor voltou seus olhos para o livro que lia, eu deixei um suspiro me escapar. As meninas e eu trocamos olhares e sorrisos cúmplices.

EH: “Vocês perceberam que ele falou hoje, não é?” Eunha comentou baixinho, nos fazendo prender ainda mais os risos, antes de voltar a escrever – dessa vez na atividade da aula.

YR: “Gente”

Yerin nos chamava baixinho. Sowon, Eunha e Umji disfarçadamente viraram-se para trás um pouco; Yuju e eu estávamos com nossos olhos em Yerin.

YR: “Vocês sabem, estou emocionada por não me abandonarem no intervalo.” Ela tinha levado as mãos sobre o coração e tinha um sorriso divertido brincando em seus lábios.

SW: “Cale a boca, Yennie.” Sowon havia revirado os olhos antes de voltar à atividade.

Yuju me olhou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso brincando nos lábios, eu repeti seu gesto, acenando com minha cabeça em direção a Yerin. Ela pareceu entender e concordou comigo. Assim nós duas havíamos estapeado os braços de Yerin ao mesmo tempo. Yerin havia nos olhado com um biquinho, que se transformou em um sorriso largo quando tanto eu quanto Yuju piscamos para ela.

Enfim, voltei a me concentrar na atividade que o professor chato havia passado. Eu só queria que chegasse o intervalo... pelo menos, saberia em que ou quem Yerin tinha perdido tanto tempo pensando. Mordi meu lábio com o pensamento que gostaria que fosse em mim. Pelo menos seria justo, já que eu não a tirava dos meus pensamentos.

**

O professor havia nos deixado sozinhas na sala durante o intervalo, alegando que voltaria antes que o sinal soasse e que era bom que estivéssemos com as atividades prontas ou ficaríamos o restante da semana nesta detenção. Meus ombros e pescoço estavam doloridos, e acreditava que era tanto por ficar horas escrevendo quanto pela preocupação que Yerin causou hoje. Havia interrompido minha atividade momentaneamente para pressionar minhas mãos na musculatura dos meus ombros. Fechei os olhos tentando relaxar um pouco, mas os muxoxos de Eunha não contribuíam para isso.

EH: “Francamente! Estamos perdendo nosso tempo fazendo isso aqui sem propósito algum.”

UJ: “Unnie! Apenas volte a escrever. Quanto mais cedo terminarmos, ficamos livres.”

SB: “Tenho que concordar com a baixinha desta vez. Essa atividade é ridícula!”

Eu estava a ponto de me intrometer na conversar também, mas minha voz foi substituída por um suspiro quando eu senti uma mão massagear minha nuca.

YR: “Está tensa, baby.” Acenei afirmativamente para Yerin antes de abrir meus olhos e olhá-la.

YJ: “Parte culpa sua.”

YR: “Minha?”

YJ: “Você foi a única que desapareceu momentaneamente hoje e não deu notícias a ninguém. Isso não se faz, Yerin.” Vi que as meninas acenavam concordando comigo.

SW: “Yuju tem razão. O que estava pensando, Yennie? Não nos deixe preocupadas assim.” Sowon tinha um olhar muito sério enquanto apontava o indicador para Yerin.

SB: “Não é nada legal.” SinB havia golpeado o braço de Yerin.

YR: “Desculpem meninas, sério. Não vai acontecer de novo.” Enquanto falava Yerin tinha escorregado suas mãos, alcançando tanto a minha quanto a de SinB, deixando um leve aperto nelas.

UJ: “Melhor mesmo, unnie!” Umji havia soltado um beijinho para Yerin. “Você sabe que eu sou a mais tranquila aqui, porque essas quatro provavelmente vão te bater se você desaparecer sem avisos novamente.”

Enquanto Umji e Yerin riam, Sowon e eu havíamos revirado os olhos, Eunha havia feito uma cara de ofendida e SinB tinha encolhido os ombros.

SW: “Provavelmente Umji tem razão, então não se atreva, Yerin!”

YR: “Sim, omma.” Sowon havia esticado a mão para acertar um tapa na testa de Yerin, mas Yerin havia sido rápida e desviado.

SW: “Agora vamos terminar logo essa ativ – ” Sowon se interrompeu quando Eunha tomou a caneta de sua mão.

EH: “Não sem antes saber em que, ou melhor, em quem Yennie estava pensando que se atrasou tanto.” Eunha tinha se levantado e aproximado de Yerin, colocando o indicador em seu peito e cutucando-a. “Você! Pode começar a falar!”

YR: “Estava pensando na vida.”

EH: “Não me venha com essa.” Eunha havia cruzado os braços à frente de Yerin. As duas tinham a audiência de nós quatro. Yerin havia se levantado, ficando mais próxima de Eunha.

YR: “O que você quer que eu diga?”

EH: “Em quem estava pensando.”

YR: “Ok então, como quiser” arqueei a sobrancelha para a resposta de Yerin. Pelo canto do olho vi Sowon franzir a testa, Umji comprimir os lábios para evitar um sorriso e SinB fitava Yerin enquanto mordiscava o canto dos lábios. “a verdade é que estava pensando em você, sexy diva.” Yerin tinha colocado os braços ao redor da cintura de Eunha, puxando-a pra perto e deixando beijinhos em seu rosto, enquanto Eunha tentava empurrá-la.

Umji não conseguiu mais segurar a risada. Sowon tinha um pequeno sorriso enquanto acenava negativamente para Yerin e Eunha. SinB tinha uma cara de deboche para as duas, e eu arqueei a sobrancelha para isso. SinB estava com ciúmes? Eu estava acostumada com as provocações de Yerin e Eunha, sabia que não passavam de brincadeiras. Mas aparentemente SinB não estava acostumada a isso ainda.

EH: “Acha que me ilude, unnie” Eunha enfim havia conseguido se soltar dos braços de Yerin “não vai falar, vai?” Yerin havia acenado negativamente. “Tudo bem, vou dar um jeito de descobrir mesmo” deu de ombros, antes de voltar a se sentar.

UJ: “Agora que as duas acabaram as provocações, podemos terminar a atividade? Ainda temos aulas práticas depois.”

Abri um sorriso ao lembrar da minha próxima aula de balé. Todas as meninas pareciam animadas com as aulas, exceto SinB.

YJ: “Qual sua aula agora, SinB?”

SB: “Beisebol.” Falou descendo um pouco o corpo na cadeira.

YR: “Não sabia que você jogava.”

SB: “E eu não jogo.”

SW: “Então por que –”

SB: “Não sabia o que estava fazendo.” Deu de ombros, fazendo todas nós rirmos.

EH: “SinB jogando beisebol... se eu soubesse até tinha me matriculado também, daria boas risadas.” Tinha atirado uma bola de papel em Eunha.

UJ: “Não comecem!”

SB: “Fique quieta, baixinha.”

YJ: “Eunbi’s na mesma prática de esportes e uma que exige corrida... tá aí uma cena realmente cômica.” Comentei e só ouvi as gargalhadas de Yerin, Sowon e Umji.

Senti duas bolinhas de papel me acertar. Ergui os olhos e mandei beijinhos no ar para Eunha e SinB.

EH: “Enfim, tenho um comunicado para vocês.”

SW: “Com relação ao que?”

EH: “Com o que nós vamos fazer este final de semana.” Eunha tinha um sorriso convencido no rosto.

SB: “Com o que você acha que nós vamos.” Eunha revirou os olhos.

EH: “Tenho certeza que vamos.” Estirou a língua para SinB.

UJ: “Fala logo o que é, unnie.”

EH: “Vamos ao parque de diversões!”

Palmas e gritinhos animados preencheram a sala. Estávamos mesmo contentes com a ideia de Eunha. Fazia certo tempo que não íamos ao parque, e o passeio era sempre motivo de risadas entre nós.

SB: “Finalmente uma boa ideia saiu dessa cabecinha.” SinB havia se esticado na carteira para bagunçar o cabelo de Eunha.

SW: “Shiiu! Quietas! O professor está voltando.” Sowon alertou e antes que a porta da sala fosse aberta nós já éramos novamente seis boas alunas aplicadas na atividade. Mal sabia o professor que na verdade estávamos planejando onde gostaríamos de ir durante o final de semana.

**

Assim que o professor havia nos liberado da detenção, nós havíamos corrido para nossas próximas aulas. Por pouco, Eunha e eu não chegamos atrasadas ao auditório. Nossa professora de teatro tinha acabado de sair das coxias carregando vários livretos e uma caixa completamente revestida. Explicou que hoje daríamos início ao treino de diálogos, e que obviamente era uma tarefa a ser feita em dupla. Os diálogos eram alguns clássicos consagrados da história do teatro, e que os papeis seriam independente de gêneros. Mal toquei na mão de Eunha quando a professora sinalizou que as duplas, no entanto, seriam sorteadas. E eu detestei aquilo. Não conhecia de fato muitas das alunas que estavam na aula de teatro, e além do mais eu só havia aceitado aquela aula porque faria junto com Eunha. As duplas seriam formadas de acordo quem tirasse os papeis complementares.

Uma a uma nós fomos mergulhando a mão na caixa e fisgando um papel. A maioria dos personagens era das peças de Shakespeare. Na vez de Eunha, ela havia retirado o papel com a personagem Julieta. Eu engoli em seco antes de puxar um papel com a minha personagem. Eu realmente não sabia explicar se estava ansiosa para ver ou não um Romeu escrito no papel, mas soltei o ar que tinha prendido ao ler um Éponine no papel. Minha personagem não contracenava com a de Eunha, muito pelo contrário. Éponine era uma personagem de Os Miseráveis, de Victor Hugo, e eu contracenaria com outra garota que havia tirado o Marcus.

Quem havia tirado o Romeu foi a garota que nas primeiras aulas eu vi conversando com Eunha, e aparentemente ela havia ficado contente com o papel que tinha tirado. Durante o ensaio eu tentei, mas não consegui me concentrar no diálogo da Éponine com o Marcus. A risada baixa de Eunha chamava minha atenção. Eu via a garota, que eu havia esquecido o nome, falar algumas coisas no ouvido de Eunha, e ela aparentemente achava a garota muito engraçada porque sempre estava sorrindo para a menina. Eu não gostava da proximidade entre as duas. Revirei os olhos para isso e não percebi que estava amassando o livreto com a cena de Éponine e Marcus.

— E você perdeu sua linha de fala novamente, Éponine. E se continuar assim, vai perder o roteiro também. — A minha companheira de cena havia chamado minha atenção, cutucando minha mão para parar de amassar o livro.

SW: “Oh! Me desculpe novamente. Eu acabei me distraindo.”

— Tudo bem, eu entendo que você prefira Romeu & Julieta à Os Miseráveis. O romance entre as personagens é mais envolvente. — Deu de ombros.

SW: “O que? Não! É que –”

— Você não para de olhar para as duas.

SW: “É que elas não estão ensaiando e ficam dando risadinhas... o barulho tem tirado minha concentração. É isso.” Falei rapidamente. “Mas vou resolver isso, um minuto.”

— O que você vai fazer, garota? — Deixei a menina sem resposta ao me virar e caminhar até onde Eunha estava.

Eunha limpava pequenas lágrimas em seus olhos decorrentes do riso. Onde diabos estava os professores quando se precisa deles para reclamar com aquelas duas mesmo? Ou separá-las, seria melhor.

EH: “Sowon?” Eunha me olhou com a testa franzida ao ver minha aproximação. A menina ao lado dela também me encarava.

SW: “Será que vocês podem ensaiar? As risadinhas tem atrapalhado minha concentração no texto!” Disse o mais calmamente que eu podia. A garota tinha um sorriso nos lábios. Um sorriso que estava me irritando.

EH: “Mas –”

— Tudo bem. Nós vamos ensaiar mais afastadas, para nossas risadas não lhe incomodarem. Vamos, minha pequena. — Ela havia jogado o braço sobre o ombro de Eunha, puxando-a para junto de si e indo se sentar em uma das últimas fileiras de poltronas do auditório.

SW: “Ótimo!”

Mas não estava nada ótimo. Eu tinha fechado minhas mãos em punhos para ter em que me agarrar. Eu não gostei daquela garota se referindo à Eunha como a pequena dela. Se Eunha era a pequena de alguém, era a minha pequena. Deixei um suspiro me escapar ao ter consciência desses pensamentos. Isso era... ciúmes? Não, era só porque eu tinha me matriculado nessa matéria a pedido dela e agora eu estava sozinha enquanto Eunha ficava de risos por aí. É, era isso. Tinha que ser só isso.

— Então? Podemos voltar, Éponine? — Minha companheira de cena havia se aproximado de mim.

Dei um pequeno sorriso e acenei positivamente para ela. A distância daquelas duas tinha diminuído o som dos risos, realmente. Mas ao invés disso me tranquilizar, só fez me deixar mais tensa. Afinal, podia significar que agora estavam trocando as doces palavras de Romeu e Julieta entre si. E isso não era melhor que as risadas. De forma alguma. Olhei os ponteiros do meu relógio e suspirei antes de voltar os olhos para as falas de Éponine. Seria uma longa tarde de ensaios. E eu já estava me arrependendo de ter aceitado fazer teatro.

**

Minha aula prática de tiro com arco tinha acabado há alguns minutos, mas eu havia pedido à professora para treinar um pouco mais. Precisava, se eu quisesse realmente competir este ano. Por isso, havia sido a última a deixar a área do campo. Tinha acabado de guardar meu equipamento, feito a checagem das flechas e verificado se a corda do arco continuava própria para ser utilizada. Ainda estava com o uniforme da prática enquanto caminhava pela lateral do campo do colégio indo em direção aos vestuários, quando eu notei a figura solitária do outro lado do campo.

Atravessei o gramado devagar, aproveitando o tempo que tinha para observar a silhueta inconfundível de SinB. Ela estava praticando rebatidas. SinB usava o uniforme de beisebol do colégio e eu tinha que admitir que nunca um uniforme pareceu tão bonito. O short azul marinho adornava suas pernas, enquanto que a blusa branca com corte em v e com mangas na mesma cor que o short cobria seu torso. O uniforme não era tão justo, e por isso tinha um caimento leve, mas sem deixar de marcar as curvas do corpo dela. O cabelo preso em um alto rabo de cavalo deixava seu pescoço exposto. De onde eu estava podia ver que uma fina camada de suor cobria sua pele, e francamente, SinB não precisava parecer tão sexy assim em um esporte. Ainda mais com a expressão concentrada que ela tinha no rosto, podia arriscar que até uma expressão má, como se ela conseguisse amedrontar a máquina que disparava as bolas em sua direção.

Ela havia errado mais uma rebatida e eu não pude me conter quando a vi arremessar o taco no chão e soltar alguns resmungos. Deixei que minha risada preenchesse o ar entre nós, chegando aos ouvidos de SinB. Ela se virou rapidamente para a direção onde eu estava e novamente eu sentir minha pulsação acelerar ao olhar aquela garota.

SB: “Yerin! O que está fazendo aqui?”

YR: “Estava saindo da prática quando te vi aqui e resolvi dar uma olhada de perto.” Caminhei para próximo dela. “O que você faz aqui ainda?”

SB: “Eu sou terrível nesse esporte, e já que todo mundo consegue rebater pelo menos uma boa, eu estou tentando entrar no ritmo.” Encolheu os ombros.

YR: “Você está rebatendo do jeito errado.” Me abaixei, recolhendo o bastão do chão e estendendo-o a ela.

SB: “Obviamente, já que eu não acerto nenhuma bola.” SinB tinha colocado as mãos sobre a cintura enquanto me olhava.

YR: “Eu me referi da maneira que estava se posicionando, você estava com o corpo torto, não te dava equilíbrio nem impulso o suficiente para rebater.” SinB arqueou a sobrancelha para mim. “Aprendi um pouco de beisebol semestre passado.” Dei de ombros.

SB: “Oh! Vá em frente então. Quero ver.” Ela tinha empurrado o bastão de volta para mim.

YR: “Ok então. Aciona o disparo, por favor.” Me posicionei em frente ao home plate e concentrei meu olhar no canhão que arremessava as bolas. Sentia o olhar de SinB queimando minha pele, mas não podia me distrair com ela agora ou perderia o foco na bola. Tinha um apoio estável na base do bastão e o inclinei para trás de minha cabeça, enquanto aguardava o lançamento. Assim que a sineta soou, o canhão disparou uma bola com uma velocidade razoável em minha direção. Esperei o momento certo antes de dar um passo a frente, movendo meus braços para acertar a bola com o bastão. Havia sido uma rebatida curta, mas eu tinha acertado. Sorri com o feito.

SB: “Uou! Por que você faz parecer que é fácil?” SinB tinha um bico em seus lábios agora.

YR: “Muito pelo contrário, rebater é muito difícil. Mas você consegue eventualmente.” Pisquei para ela. “Agora sua vez.” Estendi o bastão. SinB se aproximou novamente de mim, pegando-o de minhas mãos.

SB: “Vai me ensinar?” Ela tinha um sorriso no canto dos lábios, e eu não pude evitar umedecer os meus.

YR: “Posso tentar. Vamos lá.” Me afastei um pouco do home plate para deixa-la assumir o lugar.

SinB havia se posicionado um pouco a frente de onde eu anteriormente estava, ficando de costas para mim. Me aproximei dela novamente, colocando minhas mãos em sua cintura e puxando o corpo de SinB alguns pequenos passos para trás. As costas dela haviam encostado em meu tórax.

YR: “Você deve assumir uma posição mediana no home plate, assim fica mais fácil acertar tanto bolas curtas quanto longas.” Tinha encostado meu rosto sobre seu ombro, falando no ouvido de SinB. “Flexiona um pouco seus joelhos.”

SB: “Por que flexionar os joelhos?”

YR: “Ajuda a você ter impulso para rebater. Agora mantém seus ombros alinhados com seus pés.” Uma de minhas mãos tinha deslizado para o abdômen de SinB, pressionando a área sobre sua barriga, para melhorar a postura. Tive que morder meu lábio para evitar um gemido ao sentir a barriga definida de SinB, mesmo sob o tecido da blusa. Minha respiração acelerou quando a vi arfar um pouco.

SB: “E agora?” O tom de voz de SinB tinha ficado um pouco rouco.

YR: “Agora você eleva o bastão para trás, dobrando seu cotovelo e com as mãos na altura do seu peito. Levemente inclinando o bastão” Assim que SinB fez o que pedi, continue falando no ouvido dela. “Agora a parte mais importante. Você mantém o olhar na bola, e quando estiver próxima, dá um passo a frente, mudando o peso do seu corpo e movimenta suas mãos em direção a ela, deixando o bastão acertá-la. Quando você der o passo, vai estar girando seu quadril junto com seus ombros mais ou menos assim” pressionei minhas mãos no quadril de SinB, puxando-o levemente para o lado, seus ombros acompanharam meu movimento, e SinB fingiu rebater uma bola no ar.

YR: “Viu como funciona mais ou menos?”

Tinha apoiado minhas mãos novamente na cintura de SinB, mantendo-a à minha frente, e virado meu rosto em direção ao dela. A proximidade entre nossos corpos se mantinha e tanto a minha respiração quanto a dela estavam um pouco descompassadas. SinB tinha inclinado o rosto na direção do meu, fazendo que nossos narizes quase se tocassem. Era o momento que tínhamos estado mais perto uma da outra e eu não sabia se me perdia em seus olhos ou em seus lábios.

SB: “Yerin” ela tinha sussurrado meu nome quase sobre meus lábios e eu não evitei aproximar um pouco mais meu rosto do dela. Não pensava no que estava fazendo, se SinB iria se afastar ou não. Eu honestamente só queria sentir a textura daqueles lábios nos meus...

E o teria feito se a sineta da máquina de arremessar bolas não tivesse soado, lançando uma curta bola em nossa direção e nos assustando. SinB e eu havíamos saído do transe em que estávamos e tínhamos nos afastado um pouco. Quando minhas mãos abandonaram sua cintura, imediatamente eu senti falta do calor do corpo dela próximo ao meu. SinB tinha o rosto um pouco corado e eu podia apostar que o meu estava semelhante. Nós sorrimos suavemente uma para a outra, antes de voltarmos a prestar atenção na máquina de arremessos. Afinal, SinB ainda precisava aprender a rebater uma bola.


Notas Finais


E então, Buddies?!
SinRin avançando, ein! AMO *-*
O que acharam de Wonha? Algum palpite sobre a menina que tá bem próxima de Eunha? hahahaha
Me contem o que acharam!!!
Postei mais cedo hoje porque de noite, vocês sabem, party time haha
Nos vemos na próxima sexta! ;)
Beijooos


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