História Super Game - Capítulo I- história

  -Corre Soo, a gente vai se atrasar!- Minseok corria enquanto fechava a mochila. Tinha saído de casa sem tomar café por que tinha acordado atrasado. Se Kyungsoo não tivesse passado lá para irem juntos, provavelmente o mais velho teria perdido o treino.

  -To indo Min, to indo. Que saco.- Kyungsoo corria tentando acompanhar o melhor amigo.

 Tinha acordado na hora certa, tomado o café e ainda visto um episódio de Steven Universo que passava na televisão enquanto esperava a hora de sair de casa. E não estaria atrasado se não fosse por Minseok dormir mais que a cama.

  Para sorte de ambos, a escola não ficava longe da casa do mais velho. Quando viraram à direita na avenida principal do bairro já puderam avistar o portão do Colégio Millenium. Era um sábado, e por isso o movimento se resumia a poucos alunos que integravam algum grupo da escola chegando ao local. Kyungsoo olhou seu relógio de pulso e viu que estavam cinco minutos atrasados. Praguejou assim que imaginou a bronca e o castigo que levariam. Logo ele, que no começo nem tinha interesse em participar do clube de vôlei, agora tinha fama de atrasado e desajeitado. Claro que era tudo culpa do baixinho do Minseok, esse já quase morrendo sem fôlego assim que entraram no ginásio de esportes.

  -To prevendo um esporro daqueles. Merda - Minseok falou depois de ter visto a cara do treinador quando os viu passar correndo na direção do vestiário.

  -Acho é bem feito pra você, foi culpa sua mesmo. Eu sempre me ferro por sua causa.- Kyung falou às pressas. Trocava de roupa colocando o uniforme do time tão rápido que acabou por se atrapalhar e quase cair depois de pôr o short. Se Minseok não o segurasse, estaria estatelado no chão frio.

  - Você podia ter passado lá em casa mais cedo também neh bocó. Aposto que ficou assistindo desenho.

  - Eu não sou seu despertador, e bocó é você, tampinha. - disse logo que saiam do vestiário em direção à quadra. Kyungsoo riu quando viu que tinha irritado o amigo falando de sua altura. Claro que ele também não era mais alto que o outro, mas não se irritava quando o chamavam de baixinho, já Minseok ficava irritado e com muita raiva, suas bochechas ficavam infladas e sua cara extremamente fofa. Sempre que podia Kyungsoo provocava-o daquele jeito só pra ver a versão cute cute do mais velho.

  -YA! É melhor correr Do Kyungsoo, antes que eu te pegue seu pinguim de geladeira!

  Os dois correram,  Do rindo enquanto fugia do amigo raivoso e esse espumando raiva. Nem viram o olhar de todos recair sobre eles quando enfim se colocaram ao lado dos companheiros que se alongavam. Só perceberam que a situação estava feia pra eles quando o treinador Siwon em sua frente, os braços cruzados na altura do peito, o rosto barbudo com aquele olhar sério e assustador de quem conseguia controlar mais adolescentes do que qualquer pai jamais fora capaz de fazer. Os dois engoliram em seco na hora e ajeitaram a postura.

  -Hilário não é? Também acho super engraçado quando dois engraçadinhos atrasados têm de se alongar e dar 50 voltas na quadra antes de fazer 150 abdominais e 60 flexões de punho fechado, não é pessoal?- perguntou ao resto do time. Todos concordaram em silêncio.

  - Ótimo. Se alonguem e nada de moleza.- o treinador lançou um olhar reprovador pros dois e foi se sentar no banco próximo à arquibancada pra observar o alongamento.

  Do resolveu ignorar a provocação dos dois colegas de time que ficavam rindo e fazendo piadinhas sobre os dois mascotes estarem em apuros de novo. Eram Chanyeol e Jongdae, dois amigos inseparáveis e os palhaços da equipe. Não perdiam uma chance sequer de usar apelidinhos para Minseok e Kyungsoo. Do já aprendera que devia ignorá-los e que só assim eles paravam, já que tudo que queriam era atenção. Minseok, claro, não conseguia agir da mesma maneira. Ficava irritado, apesar de não dizer nada aos dois em resposta, mas só a visão de seu rosto perturbado pelas brincadeiras era o suficiente para a dupla de zombeteiros continuar.

  Pra sorte de Kyung, Min ficava com raiva mas eram raras as vezes em que explodia e acabava entrando em uma briga ou algo que acabaria em broncas e castigos pra ambos. Obviamente Kyungsoo sempre era culpado junto com o melhor amigo. As coisas vinham sendo assim desde que se tornaram inseparáveis durante o fundamental. Minseok sempre convencia Do a acompanhá-lo em tudo que fazia. Aulas de futebol, de artes, de hip hop, karatê e até de danças clássicas coreanas, essa última não tendo durado mais que duas semanas.

Os pais de Kyungsoo adoravam a amizade dos dois,  pois assim tinham a certeza de que o filho não era como diziam as tias de Kyung, um garoto anti-social e de humor sádico que nunca iria ter amigos. A preocupação deles era genuína e não apenas impulsionada pelas más línguas da família, mas pelo próprio dia a dia e o convívio com a criança que se divertia mais sozinha com seus brinquedos que com os colegas da escola. A mãe tinha medo que o rapaz crescesse solitário e não conseguisse se abrir com as pessoas. Kyung sempre acabava não fazendo amizade, pois as outras crianças acabavam por não se dar bem com seu jeito diferente, mais quieto e sério que os de sua idade, e não se importava de estar sozinho, até tinha preferência que fosse desse jeito.

  Quando Minseok entrou na mesma turma que Kyungsoo no meio do ano viu no menino uma possibilidade de não ficar sozinho na sala que já estava dividida em grupinhos não muito propensos a agregar novas pessoas. No começo apenas se sentava na cadeira ao lado de Do e lhe dava bom dia, boa tarde, diálogos simples que a cortesia pedia. Quando percebeu que o garoto havia se acostumado com sua presença ali, mesmo que não puxasse assunto algum, resolveu começar a conversar sobre coisas aleatórias, como os cadernos de super herói do mais novo, ou os desenhos que ele fazia no caderno e, assim, aos poucos foi ganhando a confiança do colega. Min não se importava que as vezes Do fizesse algumas piadas mais pesadas ou falasse de assuntos que as outras crianças não entenderiam. Como ele era um ano mais velho, tinha reprovado a serie anterior por ter mudado de escola quatro vezes em um ano, tinha um entendimento um pouco melhor que os outros colegas da turma. Sem falar que ele achava engraçado os sorrisos de Kyungsoo sempre que ele fazia alguma piada mais maldosa ou ria de alguém que tinha caído no corredor.

  A amizade foi se fortalecendo e Do já se sentia completamente a vontade com Minseok. Gostava de o seguir pra cima e pra baixo, de o acompanhar nas atividades e nas brincadeiras e de andar junto dos amigos que o outro tinha feito, já que era facilmente sociável. Eram melhores amigos, confidentes e parceiros nas horas de pregar peças nos colegas de escola,(a maioria delas planejada por Kyungsoo).

  Quando entraram no ensino médio, Minseok estava numa fase esportiva mais intensa que qualquer outra que já tenha passado, nem com o futebol ele havia se animado tanto quanto agora. O esporte da vez era o vôlei e os dois assistiam a jogos na televisão, torciam pro time coreano nas competições internacionais e jogavam sempre com os amigos. Era a primeira vez que Minseok via o amigo tão empolgado quanto ele mesmo e estava adorando ver o rumo que as coisas tomavam. Nas primeiras semanas de aula descobriram que havia um campeonato local entre as escolas das cidades mais próximas e a deles e ficaram fascinados por poder ver um jogo ao vivo, com times de verdade e não campeonatos organizados por vizinhos.

 O Super Game era um campeonato famoso por ser levado a sério e ser porta de entrada para oportunidades para aqueles atletas que queriam seguir carreira profissional. Luhan, um colega da turma deles que fazia parte do time da escola havia contado tudo pros dois. Estava animado em ter alguém tão apaixonado pelo esporte quanto ele em sua sala. Os três ficaram próximos e se tornaram um grupinho de quatro bem rápido.

 Oh Sehun era o quarto participante. Era melhor amigo de Luhan e muito próximo do rapaz. Ele era o mais alto do grupo e o  mais envolvido com o vôlei também fazendo parte do time da escola e levando tudo que envolvia o esporte com tamanha seriedade que sua vida e seu futuro pareciam depender daquilo, o que não deixava de ser um fato verídico, já que sonhava em se tornar jogador profissional.

  Minseok uma vez tinha conversado com Soo sobre achar estranho como Luhan olhava pra Sehun.

  -Às vezes parece que ele acha o Sehun a coisa mais linda do mundo. Já viu como ele olha pra ele com uma cara de bobo toda vez que o Cara de Porta sorri exagerado de alguma piada sua ou sei la?- Minseok comentou enquanto se sentavam embaixo de uma árvore pra comer os pães que haviam comprado para almoçarem na escola.

  Do se sentou ao seu lado, abriu o pacote de pão recheado e se deitou no colo do amigo. - Acho normal. Vai ver ele gosta dele ué. Ou isso ou fica com inveja e tenta disfarçar sorrindo daquele jeito. Não - disse com a boca ainda cheia de pão. - Tenho certeza que é porquê gosta dele.

  Minseok ficou parado com o pão mordido e mastigando o pedaço em sua boca, sentindo o gosto do recheio de maçã  enquanto pensava seriamente sobre o assunto. - Então você acha que o Luge é gay?

  Do encarou o amigo tentando entender o que ele achava daquilo, mas só viu sua expressão normal e as bochechas estufadas por causa da boca cheia. Riu da cena.

  -Tenho quase certeza. Eu não ligo, ele é legal, o Sehun é legal e isso não me afeta. O que importa mesmo é a felicidade e o amor não é?- perguntou se levantando e esperando uma resposta do amigo enquanto pegava um pão pizza na sacola.

  - Acho que sim…

  Vendo que o amigo tentava entender o que queria dizer com aquilo, Soo resolver ser mais claro.

  -O que eu to dizendo é que não importa que boca ele beija, se é um garoto ou garota. O que importa é ele estar feliz e o amando. Não é isso que tanta gente por ai prega? “O amor é o sentimento mais poderoso”, “ame acima de tudo”,”o que importa é ser feliz”, e essas coisas assim? Então. Se ele Ta feliz, se o Cara de Porta Ta feliz, então tanto faz.

  Minseok sorriu e apertou as bochechas do amigo dizendo que ele era mesmo fofo e maduro pra idade. Acabou levando um soco na barriga.  

 O assunto estava terminado ali. Os dois eram bem compreensivos e tinham a mente bastante aberta a tudo. Só voltaram a tocar no assunto quando Luhan veio lhes contar que era gay e gostava de Sehun, mas não sabia como dizer isso ao outro e pediu ajuda à dupla de amigos. Ao estilo típico de Do Kyungsoo, eles armaram uma cena para que Sehun pegasse Luhan no flagra de papo com uma garota no pátio lateral da escola. Min e Soo se esconderam para ver e gravar a reação do cara de porta. Quando ele viu a cena da garota encantada e quase se jogando em cima de Luhan, que era bem bonito e desejado pelas meninas da escola, ficou estático no mesmo lugar, os olhos vidrados encarando a cena. Abriu a boca como se fosse chamar Luhan, mas desistiu. Ficou com uma cara séria e triste e começou a sair dali.

Minseok foi mais rápido e correu para agarrar o amigo enquanto Do chegava para o “interrogatório” que haviam preparado. Luhan tinha sido avisado por mensagem que já poderia dispensar a moça e ir atrás dele para que ouvisse tudo e pudesse conversar com Sehun.

-Então eu estava certo Oh Sehun. Você gosta mesmo do Lu.- Do disse enquanto ajudava Minseok a segurar o rapaz que tentava fugir e parecia chocado com o que o amigo tinha lhe dito.

-Cala a boca pinguim, Ta maluco. -ele respondeu rápido e com a voz tremendo de nervoso.

  -Não. Só paro quando eu quiser. Eu tava certo. Você gosta dele não é? Pena que ele deve estar com a Minah agora. Devem estar sorrindo que nem bobos um pra o outro, quem sabe até se beijando.- a intenção era provocar de verdade, fazer o outro se incomodar a ponto de soltar a verdade. Estava funcionado. Sehun estava realmente expressando alguma emoção (quem diria que o Cara de Porta era capaz disso) e era desconforto com uma pitada de raiva e um toque forte de tristeza. Bingo! O tiro no escuro de Kyung tinha sido certeiro. Não tinha tanta certeza quanto  afirmava naquela hora, mas contava com a sorte. Continuou provocando o outro vendo que Minseok não aguentaria segurá-lo por muito mais tempo. Tratou logo de atiçar o amigo ainda mais.

  -Cara, agora ele vai começar a sair com ela, namorar e largar a gente. - viu Luhan parado atrás deles, longe da vista de Sehun. - Coitado de você vai ficar sem seu dono, vai ser um cachorrinho carente sem quem seguir. Não se preocupa, a gente…

  Não teve tempo de terminar o que tinha começado a dizer. Sehun se soltara se Minseok, que havia sido empurrado e estava caído no chão. O punho do mais alto foi certeiro no rosto de Kyungsoo, fazendo com que seus lábios, já rachados pelo tempo seco, se rasgassem ao bater em seus dentes.

  -Cala a Boca Kyung! Você...você fica com essa sua maldita mania de me irritar até numa hora dessas?! O que você quer seu idiota? Que eu fale que gosto sim do Lu? Pra quê ? Não vai adiantar nada cara, nada. Ele vai me odiar se eu disser isso e vai me abandonar de qualquer jeito. Então to na merda já, não precisa esfregar na minha cara não. - ele disse enquanto começava a chorar. Luhan estava com a boca aberta de espanto por ver o outro derramar lágrimas. Começou a caminhar devagar até ele. Minseok e Do riram ao ver a cara de espanto de Sehun assim que sentiu os braços de Luhan o envolverem por trás.

  -Vem Soo, vamos na enfermaria limpar esse ferimento. Deixa eu ver se Ta muito feio. - Min disse, segurando o rosto do amigo e olhando preocupado.

  Kyungsoo reparou no quanto ele ficava bonito com aquela expressão. Não que não achasse o amigo bonito, mas ele adquirira um semblante mais sério que favorecia seus traços. Era como se suas qualidades ficassem mais à mostra. Talvez Do estivesse reparando isso só pela proximidade que Min estava enquanto caminhavam até a enfermaria, ou talvez fosse porque sempre via um sorriso e empolgação estampados no rosto de Minseok e, agora com ele mais sério, tivesse percebido o quanto era bonito daquele jeito também.

  Min percebeu que o amigo o encarava, seus olhos maiores que o normal fixos em seu rosto transmitindo uma expressão calma. -Que foi Soo? - ele disse voltando ao normal.

  -Você fica bonito sério. Só tava vendo isso.

  -Oxi. Desde quando você me acha bonito? Vive me chamando de tribufo. - Minseok perguntou brincando. Achava que era só mais uma piada estranho do amigo, mas viu que não era quando ele deu de ombros e disse sempre o achara bonito, mais até que Luhan.

  Minseok não soube reagir bem àquele elogio e ficou sem graça, coçando atrás da orelha e sorrindo timidamente. -Para de me encher, vamos entrar logo antes que acabe o horário de almoço.

  Do riu e pensou que seria bom fazer aquilo com o amigo mais vezes pra ver aquela carinha fofa e envergonhada de novo. E ele realmente fez coisas parecidas nos meses seguintes.

  Luhan e Sehun haviam começado uma relação, quase como um namoro, mas sem dar nomes a isso. As inscrições para o clube de vôlei tinham sido abertas e a dupla de amigos selecionados para entrar. Estavam tão empolgados que resolveram comemorar a ocasião com uma noite de maratona Marvel.

  Como a TV do quarto de Minseok era maior que a do de Kyungsoo, ficou decidido que a noite de comemoração seria na casa do Kim. A mãe de Min já estava acostumada com essas sessões de noite do pijama que os rapazes faziam então já tinha se preparado: comprou pipoca de microondas, refrigerante e alguns doces que os dois gostavam, além de ter feito o prato favorito do amigo do filho e deixado um bolo de chocolate pronto em cima da mesa.

  Teria sido só mais uma maratona normal se o assunto de antes de começarem a rodada de filmes não tivesse sido dirigido ao casal de amigos que haviam assumido namoro sério no dia anterior. Ver os dois juntos só fez a onda de pensamentos que vinham ocupando a mente de Kyungsoo aumentar. Ele andava pensando no fato de nunca ter realmente gostado de alguém. Não sentia que precisava desse tipo de companhia, já que tinha Minseok, porém depois de ver como Luhan e Sehun estavam felizes juntos começou a desejar ter algo parecido. Não tinha deixado aquilo tomar conta ainda mais de seus pensamentos porque estava concentrado em treinar para o teste de admissão do clube de vôlei, mas agora que tinha conseguido alcançar aquele objetivo era como se o assunto tivesse sido tirado da gaveta de “arquivados”.

  Minseok percebeu que o amigo estava imerso em pensamentos depois de lhe oferecer um pedaço do bolo de chocolate que a mãe fizera e o amigo não lhe dar bola, como se nem tivesse escutado o que havia dito. Pegou um pedaço do bolo com o garfo e levou até a boca do melhor amigo. Do se assustou e olhou pro outro com os olhos grandes esbugalhados. Min caiu na gargalhada.

  -No que tanto você pensava senhor pinguim que nem me ouviu te oferecer esse bolo delicioso da senhora Kim?

  Do olhou pro outro enquanto mastigava o bolo. O gosto era maravilhoso, como esperado da senhora Kim. Quando terminou, sentou abraçando os joelhos. Ele tinha aquele olhar distante de novo que fez com que Minseok imitasse sua postura apoiando os braços nos joelhos e deitando a cabeça de lado ali para observar Soo.

  -Eu tava pensando no amor Min.- finalmente disse. Aquilo surpreendeu Minseok. Poderia imaginar mil assuntos diferentes, mas nunca pensou que justamente esse permeava a mente de Kyungsoo.

  -Foi depois de ver o Lu e o Cara de Porta que comecei a pensar que eu sentia falta daquilo e em como isso não faz sentido nenhum já que eu nunca gostei de alguém e muito menos namorei. - Kyung falou enquanto encarava o prato com o bolo. Pegou-o da mão do amigo e comeu mais uma garfada.

  -Pra que namorada quando você tem Kim Minseok como melhor amigo não é?- Min brincou, tentando amenizar o clima sério. Preferia as coisas mais leves e engraçadas. Coisas sérias deixavam-no desconcertado por nunca pensar demais. Sempre agia ao invés de pensar.

  -É diferente Min- Soo disse enquanto colocava o prato de volta no colo do amigo e deitava a cabeça no ombro direito dele. Tinha certeza que devia estar vermelho por ter deixado seus pensamentos irem para um rumo diferente do que o outro achava que estava divagando. - É estranho, sei lá. Quando vejo eles abraçados sinto vontade disso. Argh, minha mente ta indo de novo por conta própria pra áreas malucas. Você sabe neh, fico assim às vezes.

  -Sei. É nessas horas que você fica mais inteligente e pensa direito. - Min falou enquanto ria do murro leve que levou na barriga. - Mas acho que eu entendo um pouco. Isso se chama carência Kyungsoo. A gente dá um jeito nisso.

  Minseok abraçou o amigo bem forte, como via Luhan fazer com Sehun. Kyungsoo se assustou a princípio. Estavam acostumados a contato físico. Eram amigos há anos e já tinham intimidade pra essas coisas, mas sempre era algo fraternal, algo sem nenhum significado especial. Daquela vez porem pareceu diferente. Kyung se sentiu mais acolhido e percebeu que Minseok estava diferente também. Sentiu o amigo encostar o queijo em seu ombro esquerdo e ficar assim, o abraçando ainda forte, até que Soo deitou sua cabeça no ombro do outro para poder enxergar seu rosto. Minseok sorria daquele jeito que fazia seus olhos diminuírem e brilharem. Kyungsoo achou aquele o mais bonito que já tinha visto no rosto do amigo e sorriu docemente também. Ficaram se encarando  por um tempo até que os corações começaram a bater mais rápido ao passo que eles percebiam que aquele abraço significava algo mais intenso e forte que talvez já estivesse entre eles há muito tempo, mas que só fora percebido naquele momento, naquele ato de carência do Do: amor. O sentimento que acalentava os corações e calava as aflições que perturbavam a mente.