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História Superman - He was my Superman


Escrita por: Mardycornia

Notas do Autor


Hey mores!
Embora esse seja meu OTP com o Jay, essa é a minha primeira fanfic firefly. Eu juro que quando comecei a escrever esperava que ela tivesse no máximo 1.500 palavras, não que ela se tornasse esse little monster. De qualquer forma, eu a adorei.
Talvez haja algum erro, já que é realmente difícil revisar um troço desse tamanho, então qualquer coisa me avisem!

Um ponto que está implícito na fanfic, mas que eu quero que todos entendam: eles vivem em uma pequena cidade, daquelas onde quase todos se conhecem.

Boa leitura!

Capítulo 1 - He was my Superman


23 de setembro.
Quando tudo começou a desmoronar.

Leo balançava desajeitadamente o corpo ao som da música, rebolando a cintura de um lado para o outro, enquanto cantava. Fazia ambos sem se importar se sabia ou não, apenas deixava que o ritmo da música passasse por seu corpo.

Aquela espontaneidade e descontração fazia com que Jason se sentisse leve. Queria rir, não só da falta de talento do amigo, mas rir para ele. Gargalhar por estar quase flutuando. E, como de maneira alguma precisava se privar perto do outro, assim o fez.

Ouviu um clique, seguido de um flash de luz em sua direção. Abriu os olhos, sem deixar o sorriso morrer, e olhou para Leo, que tinha uma câmera em mãos e um sorriso enorme no rosto.

Valdez estava numa vibe fotógrafa, onde ele alegava que era de extrema necessidade gravar momentos, para que um dia ele olhasse as fotos e concluísse que a vida dele fora bem vivida. Jason não achava que isso ia durar mais de um mês, mas não seria ele quem diria aquilo ao energético amigo.

“Uma gargalhada do rabugento Jason Grace precisa ser documentada, ela é um fenômeno raro!” Explicou, esperando a antiga máquina fotográfica cuspir a foto que acabara de tirar – um ponto estranho do mais novo hobbie de Leo: precisava ser feito em uma máquina da idade dos dinossauros, ao invés de uma digital com a resolução melhor.

Não é tão raro quando estou com você, pensou, afinal, ninguém consegue ficar com o humor menos do que feliz quando se está ao lado de Leo Valdez.

“Olhe só, a careta já está de volta outra vez!” o latino suspirou a olhar para o rosto do outro, mas logo o sorriso voltou ao seu rosto, porque ele era Leo Valdez, aquele que não consegue ficar mais de dois segundos sem puxar as bochechas para cima e mostrar os dentes brancos e um pouco desalinhados.

Era um sábado e Leo se auto convidara a passar o fim de semana na casa do loiro. Não que ele se importasse, os outros moradores da casa – sua irmã mais velha e seu pai – não passavam mais que cinco horas por lá, isso nos melhores dias. Era bom ter uma companhia para variar, ainda mais se ela fosse o moreno de cabelo enrolado e corpo esguio.

Jason estava sentado em sua cama, encostado na parede, com as pernas cruzadas. Usava uma blusa roxa e uma calça xadrez de pijama. Não tinha vontade de fazer nada que não olhar o amigo pular para lá e para cá ao som das músicas animadas de seu iPod.

Olhava o corpo de Leo se movimentar, tentando se lembrar de quando se conheceram. Era um assunto que não saia de sua cabeça havia alguns dias, mas por mais que se esforçasse não conseguia lembrar. Só sabia que em determinada época de sua vida, um Valdez começou a andar consigo e nunca mais parou.

Uma mensagem em seu celular o fez sair dos pensamentos. Era sua namorada, pedindo que ele fosse busca-la em algum lugar porque suas amigas a deixaram na mão de novo.

“Ei, Leo, eu preciso sair.” Avisou. “Piper está em algum lugar porque as garotas a esqueceram lá, de novo.”

Como esperado, Leo fez um biquinho para o amigo, juntamente com uma expressão pidona.

“Mas eu pensei que fossemos só nós dois o fim de semana inteiro!” Reclamou, exatamente como uma criança mimada. “Eu preciso de atenção, Jay! E você quase não tem me dado atenção!”

Jason riu do amigo, embora soubesse que parte daquilo era verdade. Já fazia um bom tempo desde que ficaram ele e Leo apenas, sem Piper, sem nenhum outro amigo, como eles estavam acostumados desde pequenos.

“Eu volto logo!” Foi o que gritou antes de sair da casa, usando sua calça de pijama mesmo e pantufas “Não vou demorar!”. O sorriso de Valdez se desfez e seu corpo parou de balançar, não tinha mais vontade de dançar.

~^~

Quando Jason voltou, Leo dormia jogado em sua cama. Tinha fones nos ouvidos e babava um pouco. O loiro demorou mais do que o esperado, porque sua namorada insistiu em fazer drama e pediu para que ele ficasse com ela até que se acalmasse – ou até que os dois terminassem suados na cama. Já passava da meia noite – quase cinco horas desde que deixara o amigo –, era de se esperar que ele estivesse dormindo.

Jason andou até a cama e, com cuidado para não acordá-lo, tirou a calça jeans que Leo usava, trocando-a por uma de pijama que pegou em seu guarda roupas. Tirou o fone de seus ouvidos e pausou a música no iPod. Então, ainda com cuidado, tirou a coberta de debaixo do amigo, rolando-o pela cama, e deitou-se na cama ao seu lado, cobrindo a si e ao moreno.

“Sinto muito Leo!” Sussurrou para o adormecido Valdez, fazendo um leve carinho no cabelo cacheado dele. “Eu não tenho sido um amigo bom não é mesmo?”

E, ainda sussurrando desculpas ele adormeceu com um braço protetoramente ao redor do amigo e uma mão em seu cabelo.

 

02 de Outubro
E a consciência o declara... Culpado!

Duas semanas se passaram desde que Leo fora passar o fim de semana na casa de Jason. Duas semanas desde que tudo ficou extremamente estranho entre eles.

No domingo, depois do dia em que o loiro deixou o amigo sozinho, quando ele acordou Leo já não estava mais lá, nem ao menos tinha deixado uma mensagem ou bilhete. Achou estranho, claro que achou. Tentou ligar para ele durante o dia inteiro, fora as inúmeras mensagens, mas ele não lhe respondia.

No dia seguinte, na escola, ele procurou o Valdez. O encontrou somente na hora do intervalo, e quando foi falar com ele recebeu respostas curtas, nada típico do garoto.

Desde aquele dia tem sido daquela forma. Jason percebeu, por esse tempo que o melhor amigo o estava ignorando, o quanto precisava dele. Mesmo que antes ele quem se afastara – não propositalmente, mas estudar para fazer medicina e ter uma namorada mimada lhe tomavam todo o tempo – só agora que percebera que não conseguia viver sem o amigo.

No entanto, naquela tarde chuvosa de segunda-feira, por alguma razão, Leo fez dupla com ele num trabalho de biologia – durante as duas semanas ele sempre encontrava alguém para fazê-lo que não Jason. E não fora só aquilo o estranho. O moreno se sentou com eles na hora do almoço novamente e andara com eles pelos corredores, fazendo piadas e brincadeiras como sempre.

Mas, o mais estranho de tudo, sem dúvidas nenhuma, fora o bilhete que Jason encontrou em sua mochila. Tinha a caligrafia de Leo – letra de forma meio tremida e inclinada – e dizia para que o loiro o encontrasse no esconderijo deles depois da aula.

O “esconderijo” era um lugar atrás da escola do primário deles, onde havia uma árvore e um balanço daqueles feitos com pneus velhos. Eles costumavam ir ali muito, mesmo depois de mais velhos, mas isso fora interrompido com a chegada do terceiro ano e da nova namorada do loiro.

Quando chegou lá, Leo se balançava, mesmo que seus pés tocassem o chão pelo pneu estar baixo demais. Jason parou para observá-lo por um tempo, o cabelo encaracolado balançando com o vento, as pernas compridas – apesar de ele ser baixo para a idade – encolhidas, a camiseta larga balançando-se também.

Ele já conhecia tudo aquilo, e lhe era extremamente familiar. Se quisesse, poderia descrever o rosto do amigo com perfeição mesmo sem vê-lo – os olhos castanho-amarelados, o nariz arrebitado, os lábios finos, os cílios grandes e a sobrancelha certinha mesmo que nunca tivesse sido feita. Leo parecia ser um daqueles rabiscos que quando se acaba de desenhar se torna algo lindo e único.

Depois de alguns segundos o encarando, fora notado pelo moreno que parara de se balançar. Andou até ele, se sentando na grama do seu lado, encostando-se na árvore, olhando para ele.

“Senti sua falta.” Começou a conversa, já que o outro não parecia disposto a fazê-lo. “Olha, eu sei que eu não fui um bom amigo, e que te deixar sozinho por todo aquele tempo foi babaquice, mas...” Sua voz morreu. Que argumento tinha para que o Valdez continuasse sendo seu amigo? Nenhum. Suspirou pesadamente, sustentando o olhar que o outro lhe lançava. “Eu não conseguiria viver sem você sendo meu amigo! Eu não sei quem é Jason Grace sem Leo Valdez!”

Leo permaneceu em silêncio, apenas encarando-o, o que deixou Jason extremamente desconfortável, a ponto de ter que desviar o olhar. Era como se Leo pudesse ver sua alma, era como se ele soubesse que naquele dia ele o deixara sozinho por tanto tempo porque acabou transando com Piper, mesmo que antes o tivesse prometido que seriam apenas eles dois naquele fim de semana.

“Eu vou me mudar.” Fora o que Leo dissera após muitos minutos de silêncio, desviando o olhar para o chão. “E eu não queria ir sem falar com você antes, porque apesar de ser um grandessíssimo babaca, ainda é meu melhor amigo e eu ainda preciso de você.”

Ali estava Leo. Sincero até demais, sem vergonha de falar o que vinha à cabeça, disposto a voltar a falar com alguém que fora idiota só porque estava preocupado. E mesmo que a frase soasse egoísta, Jason sabia que não era.

É claro que ele estava desolado. Não se lembrava de sua vida sem o amigo e não sabia como seria. Mas saber que ele voltara a falar consigo, saber que Leo se preocupava e precisava dele era como um sol nascendo naquele dia chuvoso.

“Quando você vai?” Encarava o moreno, seus olhos tentando captar cada mínimo detalhe, para que nunca mais se esquecesse dele.

“Em dois dias.” Sua voz era triste, chorosa até. Em toda aquele tempo, Jason só o vira chorar duas vezes: uma quando sua mãe morreu, outra quando seu avô se foi. Leo era a pessoa mais risonha e alegre que ele conhecia, e tinha certeza de que nunca veria alguém como ele.

“Mas... vocês vão no meio da semana?” Estava com vontade de chorar e se segurava com toda sua força. “Por que vocês estão indo?”

“Meu pai conseguiu um emprego bom na capital, e você sabe, nós precisamos de dinheiro.” Respondeu. Era verdade, Leo desde pequeno não tinha as melhores condições, ao contrário do loiro, que poderia joga dinheiro pela janela se quisesse. Mesmo assim, nunca o viu triste por não poder ter algo, mesmo que quisesse muito.

“Entendo.” Sentia que ia começar a chorar. “Mas nós ainda vamos nos falar, não é? Podemos fazer chamadas de vídeo de vez em quando e trocar mensagens e...”

“Se você tiver tempo.” A risada seca que saiu de Leo tinha tanta dor que o loiro sentiu em si. O moreno se levantou. “Eu preciso ir. Se você quiser se despedir, nós só vamos de noite na quarta.”

E saiu, deixando Jason sozinho, exatamente do modo que faria dali a dois dias.

 

04 de Outubro.
Partida de Leo.

Era claro que Jason ia se despedir de Leo. E era mais do que óbvio que o moreno merecia nada menos que uma festa de despedida. Mesmo em cima da hora, ele conseguiu reunir todos seus amigos – não que fossem muitos os mais próximos, mas mesmo assim, eram todos tão enrolados que ele, teve medo de não conseguir – e leva-los à casa de Leo no dia da partida.

Eis que estavam ali, os cinco, parados em frente à casa de Valdez. Frank carregava balões que flutuavam graças ao gás hélio, Percy tinha dois pratos com salgados, Travis tinha uma garrafa de vinho em cada mão e Connor tinha uma caixa da melhor cerveja que encontrara – como eles conseguiram as bebidas era uma questão que Jason não tinha certeza  se queria a resposta. Já o loiro carregava uma caixa de presente.

Andaram até a porta e esperaram Jason bater algumas vezes até escutarem uma resposta mal educada de Leo e depois a porta abrindo.

“SURPRESA!” Gritaram todos juntos, fazendo o anfitrião dar um pequeno pulo de susto. Após alguns segundos, ele começou a rir dos amigos. Não esperava que Jason fosse, muito menos que levasse aquele grupo estranho junto.

“Eu não acredito nisso!” Entre risadas, isso foi o que disse enquanto deixava seus amigos passarem.

Com exceção dos móveis, tudo dentro da casa estava em caixas. Todos os garotos ali já conheciam a casa como se fosse a sua, então tomaram liberdade para colocar o que trouxeram em cima da mesa de centro, menos Jason, que entregou o que carregava a Leo.

“Eu comprei isso pra você.” Estava um pouco envergonhado, principalmente porque não falava com o amigo direito há semanas, e mesmo que tivesse com saudades, parecia estranho que voltassem a se falar normalmente no dia em que um deles iria embora. No entanto, quando Leo abriu o maior sorriso que podia ao receber o presente, tudo sumiu.

Jason sabia que o Valdez amava ganhar presentes – talvez porque para ele fosse algo que só acontecia em ocasiões especiais, talvez pelo gesto da pessoa – e ele nunca fala que não precisava comprar algo, com a desculpa de que parecia falta de educação, ou que se estava recusando o que lhe era dado. De qualquer forma, fazia muito sentido na cabeça de Jason.

“É para você guardar os momentos que você gravar.” Explicou o álbum de fotos. O sorriso do outro se abriu mais ainda e, inconscientemente o loiro retribuiu.

“Nossa, que sentimental!” Connor revirou os olhos. “Podemos beber agora?”

Leo riu e tirou de dentro de uma das caixas seu aparelho de som, o ligando na tomada e dando inicio a festa. Seu pai estava resolvendo algo na cidade e só chegaria perto da hora de irem, então sabia que eles teriam total liberdade para dar uma pequena festa ali.

Algumas horas depois, todas as latas de cerveja já tinham sido ingeridas, e agora estavam no final da segunda garrafa de vinho. Não estavam bêbados, muito menos estavam sóbrios. Os irmãos Stoll dançavam ao som da música enquanto Percy e Frank atacavam a pizza que eles foram obrigados a pedir. Jason e Leo estavam deitados no chão da sala, as cabeças perto uma da outra e os corpos em direções diferentes.

“Eu senti falta disso!” Anunciou o loiro, se referindo a todo o tempo que quase não falou com os amigos.

“Eu vou sentir falta disso!” Leo não queria soar triste, mas era impossível ao pensar que não haveria mais festas como aquela. Jason percebeu e se virou de um modo que pudesse se apoiar em um cotovelo e acariciar os cachos do outro, olhando para seu rosto. Ele estava sem óculos naquele dia, mas conhecia muito bem o rosto do outro para poder imaginá-lo.

“Nós vamos nos falar, não vamos?” Soava quase como um pedido vindo de uma criança. Leo balançou a cabeça concordando. “E, mesmo que você faça mil amigos lá, você nunca vai me esquecer, não é?”

“Claro que não, superman!” Levantou uma das mãos a fim de acariciar a bochecha de Jason. “Nós somos uma dupla, certo? Mesmo com Piper, mesmo com caralhos de quilômetros, mesmo com tudo, nós ainda somos uma dupla, não é?”

Jason balançou a cabeça concordando, as lágrimas começando a cair, algumas no chão, algumas na testa de Leo. Os olhos do amigo estavam marejados também.

“Eu não quero te perder, Leo!” A voz manhosa, como uma criança que faz birra. “Eu não...”

E não conseguia mais falar, porque chorava como um bebê. Valdez não ficava muito atrás, chorando também. Acabaram por chamar a atenção dos outros, que, de uma forma desajeitada e cômica, deitaram-se em cima de Leo, como num abraço estranho, o que o fez rir.

Só sabem que ficaram assim por um bom tempo, um pouco conversando, um pouco xingando o outro por ser pesado, e, por parte de Jason e Leo, um pouco chorando. O pai de Leo chegou, e já estava tão acostumado com os garotos que não perguntou o porquê de todos estarem jogados em cima de seu filho.

“Está na hora de irmos.” Foi o que falou, mesmo que seu coração doesse ao ver os garotos tão tristes. E, mesmo que sentisse o cheiro da bebida, não se importava. Não iria privar seu filho de ter uma despedida correta, ainda que, se ele pudesse, não haveria despedida nenhuma.

Deixou que eles tivessem a sua privacidade ao se despedir indo para outro cômodo da casa, mesmo que não tivesse nada para fazer realmente. Um a um os garotos deram um forte abraço em Leo e disseram as melhores palavras que podiam, que se resumiam a: pegue muita gente lá, por nós(mesmo que soubessem que Leo era gay e todos eles héteros),  vou sentir saudades e seja bem viado.

Por fim, só sobrou Jason. Mesmo que os outros garotos o chamassem para ir com eles, e que Percy alegasse que pagaria o Táxi, ele disse que ficaria até Leo ir embora. Todos eles sabiam que os dois precisavam daquela despedida, então ninguém contrariou a decisão do loiro.

E ele ajudou a carregar as caixas até o carro – as outras coisas já tinham sido levadas por um caminhão, ajudou a dar uma limpada na casa e jogar no lixo as latas de cerveja e caixas de pizza. Por fim, Hefesto entrou no carro, para dar partida e para deixar que os garotos tivessem ao menos um pouco de privacidade.

Parados do lado de fora da porta já trancada, eles ficaram algum tempo em silencio. Não sabiam o que falar em uma despedida porque nunca tinham ficado mais do que alguns poucos dias longe um do outro. Não sabiam o que viria a seguir, mas o que quer que fosse, não estariam mais juntos. E isso os assustava.

Uma lágrima, outra, outra, mais uma... Até que os rostos de ambos estivessem molhados. Não precisavam tentar ser fortes perto um do outro, se conheciam muito para saber que não estava tudo bem e que não ia ficar. Jason passou os braços ao redor do moreno em um abraço de urso, exatamente como fazia quando eram menores e Leo tinha medo dos monstros de filmes de terror. E o menor se encolheu dentro daquele abraço, segurando a blusa do loiro e chorando em seu peito.

Não se preocuparam em ser breves, não queriam se soltar, porque quando o fizessem, talvez nunca mais se vissem. E mesmo que tivessem a promessa de que se falariam, isso não era comprovado. Nenhum dos dois gostava de comunicação por tecnologia, porque não eram acostumados. Eram acostumados a ligar um para o outro, trocar poucas palavras marcando algum lugar e se encontrarem.

Quase vinte minutos se passaram até que Leo se soltasse um pouco do abraço e tirasse o rosto do peito, agora molhado, do outro. Olhou para Jason, que tinha os olhos vermelhos e uma expressão de dor no rosto.

Talvez pela expressão no rosto do outro, talvez pela emoção, talvez pelo medo de nunca mais vê-lo... Ele não sabe a quê foi movido, mas sabe que colocou as mãos nas bochechas de Jason e o puxou para perto, selando seus lábios. A intenção – se é que houvera uma em um ato não pensado – era apenas um selinho, mas quando foi para trás, para se separar do outro, sentiu suas costas sendo puxadas para a direção do corpo do loiro e uma língua em seus lábios pedindo passagem.

Mais confuso que Leo naquele momento, estava Jason. Ele era hétero, certo? Gostava de garotas, pelo menos sempre achou isso. E mesmo que não fosse o caso, ele estava namorando. E o fato de o homem que estava beijando ser seu melhor amigo não ajudava muito. No entanto, quando Leo o beijou, ele só conseguia pensar que queria mais, porque mesmo que fosse errado de alguma forma, era bom, era muito bom.

Explorou tudo o que podia da boca do Valdez, o puxou para o mais perto possível, sua mão o segurava com tanta força que talvez ficasse marcado depois. Leo, depois de algum tempo, passou as mãos para seu pescoço e fazia desenhos abstratos com a ponta dos dedos, fazendo Jason se arrepiar levemente. E, mesmo quando o fôlego acabava, ele não parava o beijo por completo, apenas tirava sua língua da boca do outro, dando pequenos selinhos nele, ou mordendo seu lábio. Queria mais. Mais daquele beijo, mais de Leo, mais tempo com Leo. Porque ele sabia que, no momento que seus corpos se distanciassem, assim como aquele sentimento, Leo iria embora, e tudo o que restaria seriam perguntas sem respostas e saudade.

Mas, mesmo que estivessem daquele jeito há quase dez minutos, ainda fora muito pouco para o loiro quando Leo se afastou totalmente dele, quando, com os olhos cheios de lágrimas, ele lhe disse adeus, quando ele entrou naquele carro que logo sumiu de seu campo de visão.

E, assim como o sentimento, como o gosto de bala de canela da boca do Valdez, Jason nunca se esqueceria das palavras.

“Eu te amo, superman.”

 

21 de Outubro
Dúvidas sobre a sexualidade de Jason

Nas últimas semanas a vida de Jason tinha virado de ponta cabeça e ele agradeceu por aquele sábado de paz, o primeiro em algum tempo. Precisava organizar seus pensamentos um pouco. Em uma ordem que em sua cabeça fez sentido, e aproveitando que estava sozinho em casa, listou os acontecimentos com os dedos e em voz alta: seu amigo foi embora da cidade, seu namoro acabou, as provas de final de ano chegaram, ele precisava escolher uma faculdade, sua irmã se mudou, ele beijou Leo Valdez.

Então, arrumou-os por ordem de importância decrescente: sua irmã se mudou, mas ela já quase não ficava em casa; as provas de final de ano chegaram, mas ele era um aluno dedicado e passaria com facilidade.

As outras todas se encaixavam, ele sabia disso. Mas como encaixá-las se elas pareciam quebradas? Resolveu começar por partes, iniciando com a mais complicada: seu beijo com o Leo – por que ele o beijara? O beijo tinha sido bom, ele não negaria isso. Seria ele gay? Estaria ele apaixonado por Leo? Se as respostas fossem sim, o que ele faria?

Pensou em todos os momentos que passara ao lado de Leo que pôde se lembrar. Depois de apenas alguns constatou que havia algo entre ele e Leo, um sentimento mais forte que o da amizade ou de família. E ele acabou terminando seu namoro por perceber que quase perdera o amigo por causa dele. Certo, talvez ele estivesse apaixonado por Leo. Então talvez ele fosse gay, mas ainda existia a possibilidade de ele gostar apenas do amigo, e não de homens.

Ele precisaria dar um jeito de encontrar Leo, para entender se o que sentia era realmente amor, e também porque, Deus, ele nunca sentira tanta saudade de alguém antes! Seu peito doía quando pensava que Leo gostaria de algo, ou que ele poderia estar ali consigo. Mas, e se o encontrasse e as coisas não fossem mais as mesmas? E se tudo estivesse estranho entre eles?

Claro, eles conversaram nesse meio tempo, mas não era a mesma coisa, nunca seria se estivessem longe um do outro. E Jason procurou algumas faculdades da região onde Leo morava agora, porém nenhuma delas parecia muito boa, e ele já tinha sido aceito em uma na cidade vizinha.

Suspirou, ao menos agora tinha uma noção de que poderia estar apaixonado por Leo.

 

06 de Julho
Véspera do aniversário de Leo

Jason sempre gostou que seu aniversário fosse perto do de Leo. Eram só seis dias de diferença – mesmo assim, quando eram menores, o loiro se gabava por ser o mais velho. Com as datas tão próximas, depois de um aniversário que o Leo não pôde comemorar porque não tinha dinheiro para fazer uma festa, Jason sempre os emendava. Fazia uma festa gigante para os dois, com direito a dois bolos e dois presentes de cada convidado – um para ele e um para Leo.

Eles foram crescendo e essa tradição não mudou, de forma que esse seria o primeiro aniversário de Leo que eles passariam separados. Já fazia quase um ano desde que o moreno se mudara e muita coisa mudou nesse tempo. Eles continuavam conversando, faziam chamadas de vídeo três vezes por semana e trocavam mensagens, mas ainda não era a mesma coisa.

Por isso, aproveitando que o aniversário do Valdez cairia em um domingo esse ano, ele iria fazer uma surpresa para o amigo. Conversara com Hefesto e combinou direitinho, para que tudo desse certo.

E era por essa razão que, naquela tarde quente de sábado, ele estava rodando a cidade nova com um táxi. Estava ansioso para ver Leo, ansioso para lhe contar que ele era gay, pois durante todo o tempo desde o beijo não parava de pensar nisso e, finalmente, desistiu de tentar arrumar desculpas.

Finalmente, depois de quase quinze minutos, ele chegou à frente da pequena casa. Seus dedos do pé formigavam e o frio na barriga aumentou. Queria ver Leo e queria vê-lo logo, mas tinha medo.

Tocou a campainha e não demorou muito para que o homem abrisse a porta. Hesfesto continuava exatamente o mesmo, o que fez uma sensação boa passar por seu corpo. Pelo menos alguma coisa não tinha mudado.

“Entre!” tinha um sorriso acolhedor no rosto, este que Jason retribuiu. “Leo teve que sair, mas ele deve voltar logo.” Sentou-se no sofá, incentivando o loiro a fazer o mesmo. “Você está ainda mais alto, huh?”

“É, eu acho que eu cresci um pouco!” Sorriu. A casa tinha o mesmo cheiro da antiga, o mesmo cheiro de Leo. Lhe trazia tantas lembranças boas, tantas expectativas, que seu corpo inteiro tremia de ansiedade.

Continuou conversando com o homem por mais ou menos meia hora até ouvirem um barulho no portão. Se antes o corpo de Jason tremia, agora ele sentia que ia desmaiar. Um sorriso gigante tomou seus lábios quando viu o moreno – com o cabelo um pouco maior do que se lembrava – passar pela porta.

Leo levantou a cabeça para ele e seus olhos se encontraram, fazendo o loro estremecer dos pés à cabeça. Fazia tanto tempo desde que vira aquelas lindas íris pela última vez. O moreno parou por alguns segundos, os olhos arregalados e a boca se abrindo lentamente em um grande sorriso.

“Surpresa!” Jason quase não teve tempo de levantar antes que o corresse até si, dando-lhe um abraço de urso. Leo repousou seu rosto na dobra do pescoço do mais alto, o que fazia com que ele sentisse a respiração contra sua pele. Não precisavam falar nada, e não conseguiriam pois suas gargantas estavam ocupadas com os soluços altos que deixavam escapar.

Nem ao menos viram quando o pai de Leo deixou a sala. Jason se sentia anestesiado pelo cheiro do cabelo do moreno, pelo calor de sua pele, por Leo. E nenhum dos dois sabia quanto tempo se passara enquanto estavam naquele abraço, mas sabem que, quando se separaram, rindo, tudo tinha acabado de ficar bem.

Horas depois, que foram dedicadas à arrumar as coisas de Jason e deixa-lo tomar um banho, estavam jogados no chão do quarto de Leo, como estiveram meses antes na sala da antiga casa, no dia da partida.

“Eu senti saudades.” O loiro comentara. “Aquela cidade definitivamente não é a mesma coisa sem você, Leo.”

“Senti sua falta também.” Leo tinha um sorriso calmo nos lábios. Pelo tempo que passaram juntos naquele dia, Jason percebera que ele não mudara quase nada, o que o deixava extremamente aliviado. Tinha mudado tanto nesses meses e tinha tanto medo que o mesmo acontecesse com o amigo, mas de uma forma negativa para a amizade deles. Leo era perfeito exatamente como era. “E então, como é fazer medicina?”

“Uma merda!” Riu e fora acompanhado. “Você fez muitos amigos aqui?”

“Não muitos, devo ter uns quatro do curso.” Pois ele optara por um curso técnico no lugar da faculdade. “Você tem alguma novidade relevante?”

“Eu descobri que sou gay.” Jason mordeu o lábio ao falar aquilo e ouvira a risada do amigo que achara que era apenas uma brincadeira. Aos poucos, o riso foi parando e Leo se virando para encarar o amigo.

“Isso é sério?” Perguntou, mas não esperou a resposta, abrindo um grande sorriso em seguida. “Ai meu Deus, Jason Grace saiu do armário!”

Foi a vez do loiro de rir. Tratava aquele assunto que fora tão complicado para Jason com tanta naturalidade que chegava a dar medo. Mas ele se lembrava de como tinha sido para Leo assumir-se gay, como fora difícil para ele contar ao pai, como fora emocionante quando ele foi aceito por todos os seus amigos.

“E você, alguma novidade?” Perguntou tentando mudar de assunto. Não estava preparado ainda para dizer seus verdadeiros sentimentos, para revelar que ele não saiu do armário, ele fora puxado por Leo ao invés disso.

“Estou namorando.” Tudo bem, ele se preparara para aquilo mentalmente, certo? Não. Jason tinha quase certeza que, no silêncio que se seguiu, dava para ouvir o barulho de seu coração rachando-se e quebrando. “Ele é um cara legal que eu conheci no curso.” Continuou ao perceber que o loiro não falaria nada. “De alguma forma, ele meio que me lembra você, acho que foi isso que fez com que eu me tornasse amigo dele.”

“Você ama ele?” Perguntou sem rodeios. Não precisava medir palavras com Leo, os dois sabiam disso.

“Amor é uma palavra forte, não é?” Se remexeu inquieto. “Eu gosto dele, muito.” Ficaram em silêncio mais uma vez. “Aliás, eu quero que vocês se conheçam! Vou chama-lo para vir aqui amanhã, eu juro que não vou deixar você se sentir de vela!”

Era justo. Para Leo eles dois eram melhores amigos e, ainda que Jason tivesse descoberto que era gay, talvez nunca passasse por sua cabeça que o loiro o amava. Além disso, apreciava saber que ele queria que se desse bem com o novo namorado, mesmo que Jason já não gostasse dele apenas por Leo o chamar de namorado.

 

07 de Julho
Aniversário de Leo.

No dia anterior, assim que tivera a ideia, Leo ligou para seu namorado – que Jason descobriu se chamar Will – e combinou o encontro do dia seguinte. Ele parecia animado em passar o aniversário com os dois, e, mesmo que não estivesse gostando da situação, o loiro quis tentar aproveitá-la de alguma forma.

Acabou que Will era realmente uma pessoa legal. E ele podia ver qual a semelhança que Leo encontrara entre os dois: ambos tinham o cabelo loiro – quase que do mesmo tom – e os olhos azuis, ainda que os olhos de Jason fossem mais claros. Tirando isso, não eram nada parecidos. Will era praticamente um Leo loiro: energético, alegre e divertido. Não era de se espantar que os dois se dessem tão bem.

E, ainda que Leo se esforçasse ao máximo para não deixar Jason de lado, ele já sentia que sua presença ali, sua presença na vida de Leo, era desnecessária. O amigo parecia tão alegre e, por mais que isso o deixasse feliz, mostrava que Leo não precisava mais dele. E isso doía de uma forma incontrolável.

No geral, o dia fora bastante divertido, mesmo que a dorzinha em seu peito teimasse em ficar lá. Já era noite quando Leo disse a Jason que levaria Will em casa – mesmo que fossem andando, de qualquer forma – e o loiro entendeu que eles dois precisavam de um tempo sozinhos, pois em cada segundo daquele dia ele pôde ver Leo se segurando para não ser meloso demais e deixar Jason desconfortável.

E ali estava ele, sozinho no quarto de Leo. Quase riu ao pensar que os papeis tinham sido invertidos e que, quase um ano atrás, quem se sentia daquela forma era o amigo. Era mais do que justo, mas não deixava de doer.

Estava tão perdido em pensamentos que se virou de lado e caiu da cama. Xingou a si mesmo e ao móvel, então riu de sua situação. Sem querer, viu uma caixa embaixo da cama e, movido pela curiosidade, a puxou para fora, cruzando as pernas para ficar mais confortável.

Havia uma câmera fotográfica lá dentro – a mesma que Leo usara para quase tudo meses antes – e o álbum de fotos de Jason dera de presente na despedida de Leo. Pegou-o, empurrando a caixa de volta para onde a encontrou e voltando a se sentar em cima da cama.

Abriu o álbum e a primeira foto que tinha lá era aquela de Jason rindo que ele tirara. A legenda era o melhor: um Grace em seu habitat natural, sorrindo. E, passando as páginas, viu que as fotos eram mais ou menos como aquela, espontâneas e com legendas idiotas que o fizeram rir. Até quase um terço do álbum eram apenas fotos deles e seus amigos e tinha uma página especialmente voltada para o dia da despedida de Leo.

Depois da página especial, começavam as fotos de pessoas desconhecidas que Jason julgara serem seus novos amigos. E, duas páginas depois, começavam as fotos de Will. O outro loiro era pego desprevenido muitas vezes e em algumas ele aparecia com Leo, beijando-o na bochecha ou na boca, rindo do sorvete derramado do moreno, com um urso gigante que carregava um coração escrito você é especial para mim. Jason riu, apesar da dor, porque aquilo era realmente do feitio de Leo.

E, conforme ia passando as páginas, pior ia se sentindo. Era para Jason estar ali, ao lado de Leo, sorrindo e trocando carícias, fazendo coisas idiotas. Era para Jason que Leo deveria ter entregado aquele urso brega, para Jason que ele deveria sorrir daquela maneira.

Se sentia a beira do choro e, quando ouviu seu celular tocando, deu um leve pulo de susto e demorou alguns segundos para atende-lo.

Jay?” Estava Leo chorando? “Jay, vem me buscar, por favor! Eu estou com medo!

“O que aconteceu?” O desespero na sua voz era visível. “Onde você está?”

Perto de casa, eu acho.” Sua voz chorosa fazia Jason querer chorar também.

“Tudo bem, eu estou indo!” E desligou, pulando da cama em um minuto, correndo até a rua. Usou o GPS do seu celular conectado ao do amigo para localizá-lo e não demorou mais do que cinco minutos para encontra-lo. A visão fez seu corpo estremecer e lágrimas virem aos seus olhos.

Leo estava encostado a uma parede, ensanguentado e respirando mal. Correu até ele, se abaixando ao seu lado, verificando o pulso, mas ele estava acordado e segurou o braço de Jason com força, com medo.

“O que aconteceu?” Era claro que as lágrimas caiam. Seu melhor amigo e amor da sua vida estava em um estado deplorável. “Quem fez isso com você?”

“Tem uns caras lá no curso...” Tossiu e, para o desespero de Jason, saiu sangue. “Eles são homofóbicos eu acho...”

O loiro não precisava que nenhuma outra palavra fosse pronunciada. Pegou o amigo, que encolhido daquela forma parecia ainda mais vulnerável, e começou a carrega-lo até a casa. Durante o caminho, que era feito com muito cuidado para não machucar o outro ainda mais, uma chuva intensa começou a cair e Leo tremia. O segurou o mais perto de seu corpo que podia, tentando amenizar o frio.

Enfim chegaram, pingando água e sangue, na casa. Hefesto estava no trabalho e por isso o lugar estava vazio. Jason levou Leo até o banheiro de seu quarto, o colocando sentado na privada e ligando o chuveiro, deixando a água esquentar enquanto despia o amigo.

Entrou, ainda que estivesse de roupas, junto ao outro debaixo da água e, com o máximo de cuidado, passou o sabonete pelo corpo do outro, a fim de tirar o sangue e a sujeira. Quando terminou, minutos mais tarde, desligou o chuveiro e tirou o amigo de lá, o enrolando em uma toalha e o levando até a cama.

Após uma breve procura, achou o kit de primeiros socorros na cozinha, e começou a cuidar dos ferimentos. Leo tinha um corte fundo na cabeça, arranhões nas costas e na barriga, perdera um dente – por isso o sangue quando ele tossia – e seus lábios estavam cortados. Agradeceu mentalmente por ter escolhido medicina e por já entender o básico de como cuidar de ferimentos.

Em certo momento durante o banho Leo começara a chorar e, muitos minutos depois, quando Jason terminara os curativos e vestira o amigo, ainda não tinha parado. Ele soluçava e seus olhos estavam vermelhos – tanto pelos hematomas quanto pelas lágrimas.

“Vai ficar tudo bem!” Sussurrou para ele em certo momento. “Eu prometo que vou te proteger da próxima vez!”

Leo balançou a cabeça concordando e deixou que Jason o deitasse na cama, cobrindo-o. Logo depois, o loiro deitou-se ao lado, abraçando protetoramente o amigo e sussurrando as palavras mais carinhosas que conseguia. Leo estava sonolento já, quase dormindo, quando disse as primeiras palavras desde que tinham chego à casa:

Eu te amo, Supeman!” Saíram quase como um sussurro, mas foi o suficiente para o coração do loiro se aquecer. Soltou um grande suspiro antes de cair em um leve sono também.

Acabou que dormira muito mal naquela noite. A cada vez que o amigo se mexia ele acordava com medo de que ele pudesse estar sentindo algum tipo de dor.

O dia seguinte fora pior ainda. Ver a expressão de preocupação nos rostos de Hefesto e Will não fazia Jason se sentir melhor, talvez porque ele sentisse que estava igual a eles. O pai de Leo o mimou durante o dia inteiro e, uma hora que deixara os namorados sozinhos e passara pelo corredor, pôde ver Will beijando cada um dos hematomas no rosto de Leo, pedindo desculpas por não estar com ele quando tudo aconteceu.

Ver como o outro era fofo e meloso com Leo era triste para Jason porque ele não tinha nenhum motivo para não gostar de Will.

Ver a cena fez com que Jason tomasse a decisão de ir embora naquele mesmo dia. Não podia mais suportar ver Leo com outro e não era justo com o amigo que ele estivesse sempre de cara feia. Além disso, talvez não tivesse mais espaço na vida do outro para si.

Então, quando o céu estava ficando escarlate com o pôr do sol, ele começou a arrumar suas coisas que estavam espalhadas no quarto do amigo. Já estava quase terminando quando foi surpreendido por Leo.

“O que está fazendo?” A voz estava rouca. Jason olhou para ele, decidido a não mudar de ideia mesmo se o amigo pedisse com aquela voz manhosa que sempre o fazia dizer sim.

“Vou embora hoje.” Respondeu, simplesmente.

“Por que vai me deixar?” Perguntou, os olhos se enchendo de lágrimas novamente. Para alguém que quase nunca chorava, isso estava quase se tornando um hábito para Leo. “Você tem estado estranho Jay!” Olhava para todos os cantos do quarto, menos para o loiro. “Você me fez prometer que a nossa amizade sempre seria a mesma e é você quem está estranho! O fim de semana inteiro, e eu sei que você está escondendo alguma coisa de mim, porque eu te conheço...” as lágrimas caiam livremente pelo seu rosto e ele finalmente levantou os olhos para Jason. “Você não quer mais ser meu amigo? Você não gosta mais de mim?”

Todas aquelas palavras surpreenderam demasiado Jason, que acabou por arregalar os olhos. Leo não era de fazer drama, então ele realmente estava sentindo o que falara. Não, tudo saiu errado. Não queria que o amigo pensasse que o loiro não gostava dele, muito pelo contrário.

“Não, Leo!” Sabia como deveria prosseguir, a única maneira de mostrar que sim, ele gostava de Leo, e, mesmo que isso custasse sua amizade, ainda era melhor que deixa-lo pensando que não queria mais ser seu amigo. No entanto, não era fácil para ele expor o que estava sentindo como era para o moreno. “Eu gosto demais de você, e esse é o problema!” Tentava ao máximo arrumar as frases em sua cabeça. “Eu te amo, Leo. E eu vim para cá com a intensão de te contar, mas eu cheguei e você estava tão feliz com ele!” As lágrimas rolavam pela sua bochecha e pingavam em sua roupa. “Você o ama? Porque se você amá-lo talvez eu consiga seguir em frente!”

Leo não respondeu, ao invés disso, desviou os olhos para o chão, o que Jason levou como uma confirmação. Pegando sua mala, saiu do quarto, passando pelo amigo, voltando desolado para sua vida sem Leo.

 

17 de Agosto
Percy o cupido

Um mês se passara desde o aniversário catastrófico de Leo. Jason tentava com todas as suas forças não pensar no que aconteceu, mas era impossível quando repousava sua cabeça no travesseiro.

Tinha raiva de Leo por ele achar por algum momento que Jason não queria mais ser seu amigo, estava triste pelo amigo estar feliz com outra pessoa que não ele, ficava preocupado pensando se o episódio dos machucados iria se repetir. E, se repetisse, o loiro não estaria lá para cuidar de Valdez.

Percy estava jogado no chão de seu quarto jogando um jogo aleatório no celular. Desde que Leo fora morar longe, os dois se aproximaram e podia-se dizer que o de olhos verdes fora um dos principais ajudantes em relação à sexualidade do loiro.

Jason o declarou seu diário e, sempre que precisava, chamava-o para desabafar. Não era como se Percy se importasse, e era fácil para eles que conseguiram passar na mesma faculdade e estavam dividindo um apartamento. Além disso, nunca esperava algum tipo de pena ou qualquer outro sentimento do tipo vindo do moreno – quando dissera que achava que amava Leo, Percy riu e disse que estava na cara (ainda falou que ele era lerdo por achar). De qualquer forma, ele era um bom conselheiro.

“Ah, um amigo meu vai passar uns dias aqui, tudo bem?” Avisou sem tirar os olhos da tela do celular. “Ele vai vir para o meu aniversário.”

“Claro.” O loiro respondeu procurando uma música no celular. “Eu conheço?”

“Eu não sei.” Deu de ombros. “Ele vai chegar hoje, a qualquer momento, então não fique desfilando de cueca por aí. Aliás, para o bem dos meus olhos, não desfile de cueca nunca!” E foi acertado por um travesseiro.

Antes de o tal amigo de Percy chegar, eles ainda tiveram tempo de assistir um filme juntos – na verdade era um documentário sobre o mar para a faculdade de Percy, mas Jason acabou se interessando.

Quando a campainha tocou, o moreno estava tomando banho, por isso Jason quem teve que atender a porta. É claro que a surpresa ao ver não pôde ser contida e ele não sabia se ia até o banheiro do colega de apartamento para bater nele ou abraça-lo.

O amigo que viria para o aniversário de Percy era Leo Valdez.

Os hematomas estavam quase todos desaparecidos e o corte de sua testa se tornava uma cicatriz. Carregava uma mochila consigo e um daqueles brinquedinhos que vinham de brinde no Kinder Ovo nas mãos, montando-o e desmontando-o.

“Posso entrar?” Perguntou. Jason deu passagem para ele.

“Percy está no banho.” Disse enquanto fechava a porta. Leo jogou a mochila no sofá.

“Tudo bem, o idiota disse que nem estaria em casa quando eu chegasse.” Se virou para o loiro com um sorriso tímido. “Eu vim falar com você, de qualquer forma.”

Leo se sentou no sofá soltando um grande suspiro. Percy finalmente apareceu usando uma calça jeans e com uma camiseta na mão.

“Hey Leo!” Cumprimentou o amigo ao passar. “Boa sorte bro!” Sussurrou para Jason antes de sair do apartamento enquanto vestia a blusa. Definitivamente, o loiro queria bater nele.

Seguiu-se um silêncio um pouco constrangedor onde Leo parecia pensar no que dizer e Jason ainda parado perto da porta não conseguindo pensar direito, sentia que ia desmaiar.

“Eu terminei com Will.” O moreno começou a falar. “Ele é uma pessoa muito boa, mas eu não o amo. Quero dizer, tem alguém que eu amo mais.” Olhou para Jason com um sorriso divertido. “Um retardado, eu sei, mas o que eu posso fazer se a lerdice dele é fofa para mim?” deixou os braços caírem nas pernas. “O Percy me ligou dizendo que você estava pra baixo. A gente passou muito tempo conversando, sobre você, sobre mim, sobre nós. Ele estava preocupado de verdade.” Se levantou e andou até o Jason, deixando seus lábios a centímetros de distancia. “Eu já me declarei duas vezes, Superman, o que precisa que eu faça para você acreditar que eu te amo?”

Os lábios de Jason nunca estiveram puxados em um sorriso tão grande antes. Leo puxou o pescoço de Jason para baixo, para que ele pudesse alcançar seus lábios. Dessa vez, quem pediu passagem com a língua e ditava o beijo era totalmente o moreno, já que o loiro estava um pouco grogue ainda pelas palavras dele.

De alguma forma os dois foram parar no quarto em questão de segundos, deixando um rastro de roupas pelo caminho. Jason explorava cada parte do corpo de Leo com as mãos e, aproveitando a falta de ar do outro, desviou sua boca para o pescoço dele, chupando e mordendo cada pedaço que conseguia.

Jason nunca tinha sentido nada parecido. A cada vez que Leo gemia, ele se sentia mais excitado, mais amado. Mesmo que nunca tivesse feito sexo com outro homem antes, fizera algumas pesquisas quando finalmente aceitou que era gay, e também, não se sentia inseguro em tentar o que quisesse com Leo. Se fizesse algo errado, sabia que o outro não ia julgá-lo.

A cada Jay ou Supeman que Leo suspirava ou gemia, Jason sentia arrepios. Era como se o tivessem ligado numa tomada. Sentir o membro de Leo em sua boca, ou em contato com o seu próprio era algo indescritível.

Mas, de longe, o que Jason mais gostara fora quando Leo chegou ao seu ápice, gozando em suas barrigas enquanto praticamente gritava o apelido que dera a ele quando crianças. A expressão que ele fizera, ele se contorcendo de prazer abaixo de si, o modo como pronunciara Superman, quase separando as sílabas. Deus, Jason queria ter aquela visão todos os dias.

E então, ali estavam os dois, um ao lado do outro, ofegantes e suados. Leo tinha a cabeça no peito de Jason e passava a mão por sua barriga. Sussurravam palavras bonitas um para o outro, cansados demais para fazer outra coisa.

Naquele momento, quase dormindo com Leo em seus braços, o loiro finalmente se lembrou como conhecera Leo: se perdera no caminho para casa da nova escola quando era pequeno e fora o Valdez quem o levara de volta a salvo e secara suas lágrimas. No fim, Leo quem era seu super-herói.


Notas Finais


Esse foi meu primeiro Lemon! Eu não detalhei muito porque achei que faria o clima fofo sumir e eu não queria.
Pode ter ficado meio corrida, mas se eu escrevesse tudo o que queria isso ia acabar se tornando uma long.
Anyway, espero que vocês tenham gostado!
Deixem suas opiniões nos comentários, eu não mordo, juro!
Byezinhoney~


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