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História Suporte - Capítulo Único


Escrita por: Kjunn

Notas do Autor


Uma one que surgiu na minha cabeça mês passado e só agora terminei, é simples, mas adorei escrever!
Espero que gostem!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Suporte - Capítulo Único

É sério um dia desses eu entro em depressão de verdade. Por que acordar cedo causa um sentimento de infelicidade tão grande? Se bem que esse tipo de sensação só vem em mim quando se trata de trabalho, se fosse uma viagem eu não teria nem conseguido dormir e estaria super bem disposta mesmo assim. Mas ok, vamos lá Sakura, hoje já é quarta-feira. Tente não pensar na palavra “AINDA”, pense em “JÁ”, isso pode ajudar… É… De alguma forma… Ineficaz…

Saí de casa apressada, pois ando 10 minutos para chegar na parada de ônibus sendo que são 7:25 e o ônibus costuma passar às 7:30. Andei em marcha atlética, porque estava ainda sob efeito de sono e fazer com o que meu corpo se afastasse do chão continuamente repetidas vezes em uma corrida seria esforço demais. Quando estava me aproximando, vi apenas a “bunda” do bendito veículo de transporte público se afastando e desejei só um pouco mais a minha morte.

No dia anterior meu chefe tinha chamado de um por um separadamente para uma reunião com o fiscal do ponto e chamado a atenção de todos com relação ao horário. E justo no dia que eu queria de todo meu coração me ajeitar isso acontece. Tá, isso acontece todo dia, mas enfim…

A sorte é que eu sei que essa linha de ônibus por algum motivo que só Satanás deve saber explicar sempre passa com 2 seguidos, isso é uma grande MERDA. Se você perder os dois espera uma eternidade por outro, às vezes ainda por cima passam 3 seguidos. Esses imbecis! Por que raios não colocam um a cada 15min como todos os outros?

O outro ônibus que veio era da linha B que dá uma volta no inferno - provavelmente pelo fato de o gerente dessa linha ser Satanás - antes de passar pela frente do meu trabalho. Fiquei na dúvida, mas deixei passar. Poderia ser uma má decisão, mas foi uma boa aposta esperar que o da linha A comparecesse em minha humilde parada de ônibus logo em seguida - eu disse que eles andam grudados - e me levasse toda linda sentada na escada de acesso para deficientes físicos.

Calma… A escada vira um elevadorzinho simpático que ajuda muito os cadeirantes a subirem.

Enfim, sentei lá.

Eu costumava ler o mangá de Fairy Tail o qual eu estava tentando a todo custo me atualizar, já que meu melhor amigo simplesmente estava à ponto de explodir de tanto spoiler acumulado.

Mas…

Uma coisa passou a ser mais interessante.

Até hoje eu não sei em que parada ele sobe, mas eu levanto umas 3 paradas antes de chegar na que eu irei descer e ele sempre está lá, em pé, segurando a barra do ônibus com cara de desgosto infinito por ter acordado cedo, mesmo que atrasado, se não, ele não estaria no mesmo ônibus que eu.

Quem? Não sei, sério, não sei mesmo, mas ele trabalha no mesmo lugar que eu, porém ele é da equipe de suporte. Ele é bem alto, por isso não é problema segurar a barra que fica no teto do ônibus. Algo muito interessante nele são seus cabelos meio grandinhos e negros, ele costumava usar um mini rabinho de cavalo, mas hoje estavam soltos com o detalhe de uma tiara preta simples e fininha que deixava um mini topetinho na frente e ai Senhor! Como era charmoso… Ainda mais com seus óculos de armação preta e não sei como, mas aquelas roupas largadas ficavam sexys nele. Talvez pela estrutura corporal que deixava a imaginação dar uma viajada sobre como aquilo poderia ser bem melhor por baixo daquele tecido solto. Achava super legal as camisas de banda de Rock que ele usava e às vezes até mesmo de Animes!

Aquele papo de quando você fica olhando demais para uma pessoa ela te olha de volta é bem verdade, pois quando me dei conta seus olhos sonolentos estavam sobre mim. Tive aquele micro ataque cardíaco típico desse tipo de situação e baixei a vista.

Ergui de leve as sobrancelhas reparando na liga preta que estava em seu pulso, devia ser a que ele usava para prender os cabelos e dei um sorrisinho bobo que não pegaria nada bem para caso ele estivesse me olhando. Resolvi checar e nossos olhares se cruzaram mais uma vez. Ai droga! Justo agora que estava perto de descermos!

Aproximei-me já que a parada estava chegando e senti o cheiro de seu perfume masculino, era muito bom... Meu Deus eu estava corada! E de olhos fechados! Tratei de ficar de costas para ele no corredor próximo a porta por onde iríamos descer em breve e esperei um pouco. Respira Sakura, mas que coisa menina! Sossega!

Ele desceu na frente e eu fui logo atrás para mais uma breve caminhada já que o ônibus não parava exatamente na frente do trabalho e ainda por cima, após passar pela entrada tinha que andar mais um bom tanto propriedade à dentro pra chegar no prédio central.

Fui andando com as duas mãos nas alças da minha mochila azul - que eu gostaria de deixar o importante registro de que é muito legal, sério, minha mochila é muito legal, não é brincadeira, é legal mesmo, meu Deus, como ela é legal - e não tive como perder de vista a pessoa que andava alguns passos à minha frente. Ele tinha um jeito de andar despreocupado, seus ombros largos pareciam leves dada a suave movimentação de sobe e desce de um lado para o outro à medida que andava.

Avistava-o todos os dias, era aquele crush diário que dava uma animada todas as manhãs. Nem notava que andava com um sorrisinho bobo na cara enquanto seguia em frente.

Mas logo a realidade me atingia, pois batíamos o ponto e ele saia da sala da diretoria para ir para o prédio anexo onde a equipe de suporte ficava. Eu sentava na minha na minha cadeira como todos os dias e começava a trabalhar.

Acho que meu dia de trabalho dispensa descrições, mas em algum momento meu chat parou de funcionar. No trabalho temos um programa parecido com o MSN que permite que os funcionários conversem, isso evita que nos levantemos para tratar de assuntos que podem ser resolvidos pelo chat e é ótimo pra bater papo. Arrastei minha cadeira pra trás e saí da minha cabine de trabalho, dei alguns passos passando pelas cabines dos meus colegas até a mesa do meu chefe que também não era nadinha de se jogar fora.

- Erik, meu chat parou de funcionar.

- Iiiiiiiiih - O Harry, o chato da sala fez o som característico dele para se meter nos assuntos. Ai! Aquele barulhinho causava arrepios até o último fio de cabelo. Ele sentava na cabine mais próxima do chefe como um bom puxa-saco.

- Vish, é mesmo? - Erik tirou os olhos do computador - Espera um instante que eu vou abrir um chamado pro pessoal do suporte mandar alguém aqui.

- Ok, obrigada. - Sorri agradecida e fui andando devagar, mas não sem antes cruzar olhares com meu amigo Michael que não é meu amigo com cara de pombo me olhando da cabine dele que ficava do outro lado, mas na verdade pensando no que estava fazendo. Fiz uma careta pra ele, até que ele se deu conta e riu.

“Ontem comecei a assistir aquele anime legendado...” - Uma mensagem chegou no meu Whatsapp assim que me sentei, era meu amigo Michael que não é meu amigo.

“Tu tinha razão…

Legendado é melhor aff…”

“Eu sei”

“Depois que assisti legendado,

fui ver um episódio dublado e

achei uma merda.”

“Seus olhos se abriram para

um novo mundo.”

“Vai se foder”

“Vem cá então seu lindo.”

“Já vai.”

Bufei um sorriso com aquela conversa, trocamos mais alguns insultos da nossa não amizade quando tomei um susto.

- Sakura Haruno?!

Arrastei um pouquinho minha cadeira para trás novamente para poder olhar em direção a entrada da sala onde a pessoa que chama meu nome estava parada. Levantei meu braço direito com os olhos um pouco arregalados. O olhar dele que passeava pela sala chegou até mim e seu semblante mudou um pouco, ele estava me reconhecendo do ônibus, afinal nos “encontrávamos” todos os dias.

Ele veio andando com um papel na mão e inclinou-se deixando o crachá cair um pouco perto de mim, agora falando baixo para não incomodar as outras pessoas da sala. - Eu sou da equipe de suporte, você fez um chamado?

- S-sim - Eu gaguejei!

- Seu chat não está funcionando? - Disse dando uma breve lida no papel.

A voz dele, eu nunca tinha ouvido, e me surpreendi com o quanto era bonita. Caro crush você não está colaborando! Estou tendo surtos curtos e fortes internamente só de você ter aparecido, estar ridiculamente perto de mim, me desconcentrando totalmente com esse perfume e ainda descubro essa linda voz pra completar a ficha?

- É, parou do nada - Eu também fiquei parada olhando um pouco para cima. Reparei que ele evitava totalmente olhar para mim, parecia estar tímido após ter me reconhecido, mas tentava manter o foco do que estava fazendo. O rosto dele, analisando de perto agora é lindo! Ele não faz o estilo macho alfa de barba e traços grosseiros, muito pelo contrário. Sua pele é lisa, sem sinal de que algum fio nasce ali, suas sobrancelhas apesar de masculinas não são muito grossas e sua boca é...

- Posso ver?

- Pode. - E continuei parada, após uns breves segundos ele me olhou meio incerto e notando que eu não iria me levantar para deixar que ele sentasse e mexesse no computador mais confortavelmente porque eu sou muito avoada, acabou por esticar o braço e inclinar-se obrigando-me a ir um pouco para o lado. A cabine não era muito apertada, mas agora parecia estar. Eu iria lembrar daquele perfume por anos.

De início eu fiquei parada para a tela do computador ainda sem a menor noção de que seria muito melhor ceder o lugar para ele, mas aos poucos meus olhos foram me traindo e desviando-se o máximo possível para o lado sem que eu virasse a minha cabeça. Já era bom o suficiente ver o seu perfil de perto e curtir uma inveja branca do quanto o nariz dele era perfeito, isso fez o crush aumentar ainda mais e para marcar esse tipo de crescimento um sonoro grito ecoou em meu interior sem afetar de nenhuma forma as ondas sonoras reais. Sorri de leve ainda olhando para seu rosto com todos os traços de nerd que me chamam tanta atenção. Minha expressão aos poucos ia relaxando e ficando abobalhada.

- Você mexeu em alguma configuração? - Ele perguntou com os olhos grudados na tela que iluminava um pouco seu rosto.

E me causou uma pane generalizada. Pela demora na resposta ele virou o rosto pra mim, mas graças ao susto eu já não estava mais vidrada nele. Estava ridiculamente dura olhando pra frente.

- Não mexi em nada - Respondi feito robô - De repente apareceu essa mensagem de “Não foi possível conectar” - Me inclinei apontando para a tela de automático e acabei me encostando no braço dele, me afastei como se tivesse tomado um choque numa atitude totalmente estranha e olhei para ele com a expressão de quem está verificando se ele tinha percebido. O que com certeza fez ele perceber minha falta de jeito. - Na verdade eu tentei reconectar, mas eu digitei os mesmos dados de antes e tentei de novo.

Falávamos baixinho, pois a sala estava em silêncio e qualquer som um pouco mais alto era um terremoto.

Antes meu coração estava desritmado pelo nervosismo barato, mas agora minha intuição havia captado algo de diferente já que mesmo após eu ter terminado de falar ele permaneceu me olhando daquela mesma distância, MUITO PRÓXIMA, em que ele estava. Eu não reagi nem minimamente. O ar sumiu e eu nem senti falta, não lembrava mais de respirar. Fiquei petrificada com os olhos nos dele, até que lentamente suas orbes negras foram voltando para a tela.

- Entendi - Ele disse digitando algumas coisas.

Agora, pra mim, o ar estava rarefeito e meus olhos não conseguiram mais desgrudar dele, aquilo deixara de ser um atendimento, pois as luzes vermelhas dentro de minha cabeça se acenderam e todos os alarmes estavam soando.

- Pode digitar a sua senha?

O rosto dele virou para mim novamente, não tive um surto quando nossos olhares se cruzaram mais uma vez, mas meu meu rosto esquentou violentamente, assim como, o meu corpo ficou totalmente alerta àquela situação. Fui me virando devagar desgrudando o olhar dele. Ele tirou o braço esquerdo da minha frente e colocou a mão no encosto da cadeira atrás de mim, me inclinei para alcançar o teclado e me senti abraçada por ele. Claro que não estava fazendo isso, mas a situação e o clima que estava armado passava a impressão de que eu estava nos braços dele.

Aquilo poderia ser provavelmente coisa da minha cabeça.

A respiração dele estava próxima e dava pra ter a sensação do calor gostosinho provocado por alguém perto de você. Foi nesse breve momento, nem tanto, pois parecia que estava com dislexia na hora de digitar a senha, que eu também senti mais um cheirinho. Era chiclet, aquele de caixinha amarelo. Era um detalhe simples, mas que tornou aquela pessoa ainda mais interessante.

Terminei e ele voltou a posição de antes, aquela desconfortável, em que ele tentava resolver o problema do meu chat. As coisas estavam difíceis pra mim, aquele nervoso não passava, ao mesmo tempo o ímpeto de fazer alguma coisa me dominava, porém a minha razão gritava que eu poderia apenas estar entendendo as coisas errado. Aquela olhada poderia não ser nada demais, mas caramba! Eu não conseguia pensar em como poderia não ser nada! Não era só por estar morta e enterrada de interessada nele que eu estava ficando louca e convertendo o significado das coisas ao meu favor! Sim, eu poderia tirar uma de doida! Eu já fiz isso antes não já? Foi um pouco vergonhoso, mas foi divertido e valeu à pena! Pelo menos a experiência.

Um tempo atrás dei meu número anotado em um papel pra um cara no ônibus após ter sido desafiada por uma amiga. Foi eletrizante!

Nossa que bobagem… Pra mim foi uma loucura!

- Hum… - Olhei para a tela do computador - Será que é a porta de conexão? - Falei ao mesmo tempo que me inclinava e tocava na tela. Mais do que isso, encostei meu peito em seu braço estabelecendo, assim, contato físico! Tá eu não sou peituda, mas só o que importava era a área de contato e a troca de calor!

Como esperado ele não fez nada, continuou olhando para a tela - Não, eu já tentei a 5222, não funcionou, então voltei para a 5223 - Eu sabia que ele não iria reagir, mas quando me afastei observei bem seu maxilar endurecido. - Deve ser algo com a senha - Endireitou a coluna ficando em pé, puxou o celular do bolso, digitou alguns números e colocou no ouvido. Sua mão livre foi para o bolso e seu olhar ficou distante. Ele estava meio de lado para continuar cabendo na cabine enquanto eu permanecia sentada. Será que a minha provocação pegou mal?

Ouvi ele pedir que resetassem a minha senha e que fosse avisado quando fizessem e desligou.

Tirou a mão do bolso e baixou a cabeça mexendo no celular.

- Vamos esperar e tentamos de novo.

- Eu não troquei minha senha em momento nenhum.

- Eu percebi que tinha um outro usuário nesse computador, deve ter dado conflito. Eu vou excluir o antigo e deixar só você.

E o silêncio voltou. Ele estava encostado na “parede” da minha cabine mexendo no celular enquanto esperava a ligação com umas das mãos no bolso e eu fiquei ali parada. Minha cadeira estava parcialmente virada pra frente dele e eu formei um biquinho ridículo, uma mania minha, olhando para os lados sem saber o que fazer. Não queria mexer no computador porque eu imprensaria ele aproximando minha cadeira da mesa, mas também não tinha nada que eu pudesse sequer fingir estar fazendo longe dele. Pensei em falar sobre qualquer coisa, mas nem isso tinha como, seria estranho demais eu de repente tentar puxar uma conversa, ficaria muito claro o quanto eu QUERIA falar sobre algo e a atmosfera ficaria constrangedora.

Balancei meu bico e nariz como se eu fosse a Feiticeira sem parar olhando para o chão pensando em qualquer coisa aleatória. Mas, inferno, não dava pra ignorar aquele cheirinho de perfume + chiclet tão gostosinho. Eu sabia muito bem que tipo de pergunta poderia fazer para ele: “Você tem namorada?”, sorri sozinha com meus pensamentos. Seria melhor eu escrever um cartaz com: “TENHO INTERESSE”. Sorri ainda mais deixando um som mínimo sair por entre meus lábios, nada demais… Ai ai…

Minha cabeça divagava distraída até sem querer dar de cara com ele me olhando bem curioso. Provavelmente porque eu parecia uma total retardada rindo sem motivo algum. Corei no ato arregalando meus olhos para ele, denúncia clássica de total constrangimento, o que faria ele pensar que estou afim dele, que não seria mentira, mas não queria que ele soubesse, mas me deixaria sem graça, o que já estou, mas ele não deveria pensar isso, mesmo que para se eu quisesse sair do “afim” ele devesse saber, por algum motivo doido ele não podia saber. E essa é a lógica.

Ok, é só fingir que estava rindo de uma piada aleatória e ser simpática.

Suavizei a expressão sorrindo tentando dizer com o rosto: “Não liga sou retardada” ao mesmo tempo que dava de ombros. Ele ergueu uma das sobrancelhas ainda com a cabeça parcialmente baixa na direção do celular enquanto gradativamente os músculos de seu rosto iam tomando o novo formato de um leve sorriso como se ele tivesse entendido a minha mensagem de um jeito bem mais suave. Encantador demais para eu não sorrir de volta com uma expressão bem menos doida. Ciente de estar bem corada desviei o olhar por um instante e voltei e ele continuava sorrindo, agora um pouco mais largo, para mim.

Então, estava rolando um flerte apenas pelo olhar. O jogo era simples, eu tinha que mostrar interesse, mas ao mesmo tempo parecer sem jeito de dizer isso. Vai ver, assim ele poderia perguntar:”Você tem interesse em mim?” e eu diria: “Oh o que você está dizendo?!” rindo com a mão na boca “isso não tem fundamento” e isso totalmente negaria sobre eu ter sim interesse nele, mas eu não sei o que tem na minha cabeça. Eu nem sou tão especial assim pra ele querer investir. Sou uma mera assalariada de óculos, trabalhando como qualquer outra que usa um coque desgrenhado e uniforme de manga ¾ cinza que desfavorece qualquer chance de seduzir um boy.

Tirando todos esse fatos, ele poderia ser apenas um cara legal achando graça de um moça fazendo caras estranhas. Mas, não, ele definitivamente está flertando comigo, eu tenho que acreditar nisso.

Ergui as sobrancelhas em um “É né”, olhando ao redor fazendo uma conversa visual. Ele franziu o cenho, depois varreu o lugar com os olhos e deu de ombros com as sobrancelhas.

Sim, isso mesmo. É possível.

Ok, o que mais eu poderia dizer com os meus olhos? Respirei fundo apertando os lábios como se fosse espalhar o batom que acabei de passar levantando um poucos os ombros e os fazendo cair de uma vez ao soltar o ar.

- Você é nova aqui? - Ele disse baixinho para não fazer todos ouvirem a nossa conversa. Olhei para cima por uns segundos meio sem entender de sobrancelhas erguidas.

- Ah sim, sou - Sorri de novo.

- Eu ainda não tinha te visto por aqui.

- Óbvio né, eu sou nova - Ai Sakura, ele só estava explicando como sacou que você é nova! Ele quem fez a cara de “É né” agora.

- Eu acho que você sempre está no ônibus. - Ele fez uma cara pensativa.

- Sim, eu…

O celular dele vibrou em sua mão chamando sua atenção, imediatamente ele atendeu e eu voltei a minha posição de não sei o que fazer nesse momento. Mas, foi rapidinho, ele logo desligou.

- Pronto - Inclinou-se para perto da mesa me dando com mais pureza o ar carregado de seu perfume de chiclet, nesse momento as coisas já estavam misturadas na minha cabeça. Digitou algumas coisas na janela de configuração do meu chat - Digite sua senha, por favor - Disse ao se virar pra mim e colocar a mão no encosto da minha cadeira mais uma vez me dando a sensação de estar sendo abraçada. Me inclinei e fiz isso duas vezes como pedido pelo programa. Ele voltou, salvou tudo e clicou em conectar e pronto, estava funcionando novamente. - Então é isso - Falou pegando o papel que tinha e anotando algumas coisas. - Tudo certo, mais alguma coisa? - Falou quando ergueu a vista pra mim novamente.

"Sim, seu corpo nu por favor!"

Gritei bem alto isso dentro da minha cabeça, juro.

- Por enquanto só - Sorri tentando parecer meiga e simpática, coisa que eu não sou mesmo. - Mas, qualquer coisa eu te chamo.

Ele sorriu mostrando os dentes e foi embora.

Ai Sakura, sério, não precisava terminar dizendo isso!

Bom, depois daquele dia eu não vi mais aquela pessoa no ônibus porque eu finalmente ajeitei meu horário e estava chegando devidamente cedo no trabalho! yey! Aos poucos fui até mesmo esquecendo que via ele no ônibus sempre. Ele continuava entrando no meu setor pra assinar o ponto dele, mas como quando ele fazia isso eu já estava em frente o computador eu nunca o via. Eventualmente na hora do almoço ele passava em algum lugar do corredor e eu dava uma admirada discreta até que meu não amigo viu.

- Tá olhando pra quem? - Tentei me fazer de desentendida, mas ele insistiu - Tá olhando pro Sasuke né?

- Sasuke? - Aquilo ficou interessante. - O nome daquele rapaz ali - Tentei pontuar sem ser muito indiscreta - É Sasuke?

- É.

- Conhece ele?

- Falo às vezes, outro dia ele tomou um choque sério com uma das máquinas - Michael disse pensativo - Eu estava dizendo pra ele processar a empresa. - Disse sorrindo sacana - Mas, então, tá afim dele?

- Eu? Não, nada a ver.

- Se quiser eu te apresento.

- Não! - Falei mais veemente fazendo ele rir - Não precisa, nada a ver.

Assim não dá né? A pessoa quer, mas não quer, mas quer, só que não quer, mas quer.

- Ele é gente boa… - Michael começou a me provocar.

- De quem vocês estão falando? - Cindy chegou com seu prato sentando na mesa junto com a gente.

- A Sakura tá afim do Sasuke.

- Sasuke?

- Não tô não!

- Aquele meio cabeludo do suporte - Cada cara de desconhecimento de Cindy fazia Michael se esforçar um pouco mais pra fazer ela lembrar - De óculos… Ele sempre vai assinar no nosso setor...Usa o cabelo num toquinho de cabelo…

- Ah sim! Sei quem é! - Cindy deu uma risada se ajeitando - Você gosta mesm de um nerd hein Sakura?

- Ele é um nerdinho gatinho, mas não significa que eu to afim dele!

- Significa sim - Cindy falou rindo antes de por a primeira garfada na boca.

- Esquece ele, já disse pra você pedir pra ficar com o Ed - Michael já tinha terminado de comer e estava em seu ritual pós almoço de destruição de palitinhos de dentes em massa.

Ed era um carinha do nosso setor que eu fiz faculdade junto, TCC e etc, agora éramos colegas de trabalho e sempre vivíamos nos zuando. Michael começou a shippar a gente e nos queria juntos de qualquer forma. Mas enfim, não importa eu estava era com crush no tal do… Como é mesmo? Sasuke!

- Do que vocês estão falando? - Suanne também chegou pondo o prato na mesa.

- Sakura está afim do Sasuke. - Michael respondeu e eu bufei revirando os olhos.

- O cara do Suporte? - Ela ergueu uma sobrancelha, Michael confirmou. - Você tem um gosto esquisito - Disse olhando pra mim - Mas e aí quando é que vai falar com ele? Michael conhece ele né? Apresenta ela.

- Já disse isso pra ela, vou chegar e dizer:"tenho uma amiga afim de ti, ela é feia, mas faça essa caridade"

Eles começaram a rir e eu quis morrer.

- Sério, não falem nada pra ele!

- Ele tá te zuando relaxa - Suanne explicou dando a primeira garfada.

Nossa conversa durante o almoço continuou regada a besteira, começamos a brincar de dar notas para as pessoas em escalas de beleza, personalidade ou as duas. Foi bem divertido. Depois da refeição voltamos para a sala e lá estava eu de volta ao trabalho, naquele dia que tinha que fazer um levantamento de informações em outro setor pra poder começar a projetar um novo produto. Peguei meu caderno, caneta, celular e casaco, porque lá fora faz um calor danado, mas dentro das salas parece que você é transportado pro hemisfério norte.

- Erik - Meu chefe me olhou - Onde fica a Diretoria de Tecnologia?

- Saindo do prédio principal, é um dos anexos, fica ao lado do Suporte.

Na hora pensei nele.

- Ok! - Sorri - Estou indo lá.

- Adíos! - Disse na sua costumeira saudação de despedida.

Fui andando só pensando naquele rapaz, já pensou se eu o visse? Ri comigo mesma, esse tipo de encontro certeiro só acontece seladamente em filmes e etc. Estava com o caderno contra o meu peito e o casaco no braço, segurando de uma forma digna de colegial sorridente toda lesada quando sim, dei de cara com ele na porta do prédio do suporte. 

- O-oi - Sorri amarelo como se ele fosse achar que eu estava li por causa dele… Meu Deus! Ele ia achar que eu estava ali por causa dele! - E-eu estou procurando a DRTI! Sabe onde é? - Tratei de explicar, mas ele poderia achar que era uma desculpa… Ai caramba! Ele poderia achar que era uma desculpa!

- É esse prédio - Apontou para o lado parado colocando uma mão no bolso, depois voltou a me olhar e sorriu.

Ele estava pensando que eu estava ali por causa dele e estava dando uma desculpa. Definitivamente era isso.

- Ah… Obrigada - Falei colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e a tirando de lá em seguida, eu não devia dar sinais de interesse apesar de estar interessada. Sorri terrivelmente e fui dar o primeiro passo em direção ao prédio ao lado.

- Já almoçou? - Ele perguntou me fazendo parar.

- Sim, sim… E você?

- Já, mas acho que o pessoal da DRTI ainda não… - Falou olhando para a direção do prédio tendo a companhia do meu olhar curioso para lá também - Não acha melhor esperar um pouco por aqui?

- Será que vão demorar? Eu posso voltar outra hora...

Ele olhou no relógio - O horário de almoço já está acabando, devem estar vindo, você pode esperar um pouco por aqui.

Fiquei parada analisando a situação, voltar para a minha sala nesse sol, ah sim estávamos conversando debaixo de sol forte, e depois vir de novo por causa de esperar alguns minutos não valia a pena.

- Então vou esperar.

Fiquei parada e fiz meu bico de quando estou pensando em algo sem sair do lugar. Misericórdia estava quente demais.

- Não quer sair do sol?

- Ah seria ótimo!

- Vem então - Pensei que ele me guiaria para as portas de entrada do prédio do Suporte, mas na verdade ele passou pelo lado e foi andando em direção às árvores que ficavam por trás. Onde eu trabalho existe um prédio central de 3 andares onde eu trabalho, na frente e atrás um amplo estacionamento e depois dele 4 pequenos prédios, na verdade casas, onde ficavam alguns outros setores, além do depósito enorme. Rodeando tudo isso tinha vegetação linda que apesar do sol forte sempre mantinha circulando um vento maravilhoso. Estranhei totalmente estar indo para lá, mas fui acho que me fazendo de doida porque no fundo, no fundo, eu sabia exatamente o que estava acontecendo.

Descartando as possibilidades de sequestro e violências afins que também passaram pela minha cabeça.

Ele foi na frente, mas não entramos muito mato à dentro, logo havia um conjuntinho feito de madeira de tocos com “cadeiras” e um centro de mesa que tinha até mesmo um vaso com flores de plástico no centro.

- Como pode existir algo assim aqui? - Falei logo me sentando como se aquilo fosse ser super confortável, mas estava louco para experimentar só por ser bonitinho.

- Pedimos que o pessoal da manutenção fizesse pra relaxarmos, ficou bom né? - O pessoal da manutenção, eram as pessoas do setor de saneamento e etc, mantinham a vegetação sob controle além da limpeza do local. Ele ficou em pé ao meu lado com as mãos na cintura olhando ao redor.

- Ficou ótimo! É bem aconchegante - Falou a pessoa sentada numa “cadeira” que mais parecia um toco, porque na verdade era um toco feito de um tronco mais grosso que seu quadril.

Ele riu - É sim - Deu uns passos para a minha frente e agachou-se olhando para mim. Seus lábios continham um sorriso, mas seus olhos entregavam totalmente.

- Algum problema? - Perguntei já sentindo meu coração bater diferente com o local em que estávamos e a posição que ele havia tomado.

Ele lambeu os lábios exibindo um pouco de seus dentes ao sorrir em seguida olhando para um tufo de capim ali perto, mas voltando a me encarar - Michael me falou de você.

Puta que pariu.

Agora meu corpo estava em alerta, uma descarga de adrenalina saiu gritando pra todo mundo que o coração tava loco e a galera precisava acordar porque agora ia ser bomba!

Engoli em seco com força.

- O que ele disse? - Eu deveria estar com a cara mais assustada de todas, ainda existia um fio de esperança de que fosse qualquer outra coisa nesse mundo menos o fato de que eu estava interessada em Sasuke, porque eu não queria que ele soubesse, mesmo que eu estivesse, porque eu não queria, mas eu queria e não queria.

- Disse que tinha uma moça nova no setor dele e era bem bonita.

Ok, isso é totalmente mentira, Michael hoje mesmo havia me dado nota 1 na escala de beleza dele. Meu fio de esperança de que ele não tivesse falado já tinha arrebentado.

- Ah… - Sorri amarelo - Foi é?

Sasuke deu uma risada, aquela de mexer um pouco o peito da pessoa ao mesmo tempo que fazia um não com a cabeça. Aquele cara sabia totalmente do meu interesse por ele, por isso estava tão seguro rindo daquele jeito da minha cara de babaca que eu com certeza estava fazendo! Por isso quando me viu pensou rápido e me fez ir até ali, talvez o pessoal da DRTI já estivesse em sua sala muito bem obrigada! Eu era apenas um peixe fácil! Eu não iria ceder assim!

- Quer ficar comigo?

Ai meu Deus quero!

Fiquei paralisada olhando para ele que já havia diminuído o sorriso largo para um de canto sexy o suficiente para prender a minha atenção totalmente na possibilidade de beijar aquela boca que olhando de perto é rosadinha e parece tão, tão… um ventinho frio na barriga foi aumentando comigo ainda parada vendo ele ficar cada vez mais sério me encarando e indo devagar para a frente tomando o meu jeito apenas como uma falta de atitude. Cada centímetro que ele se mexia minhas entranhas iam se apertando e eu ia ficando completamente dura e de lábios secos o que era bem ruim.

Sem fechar os olhos ele capturou meu lábio inferior num leve contato apenas puxando-o um pouco para olhar a minha reação em seguida que foi de abrir a boca exasperando. Ele me fitou sério, mais uns segundo e me beijou seriamente me deixando totalmente desconcertada de como seguir os movimentos de sua boca. As coisas que estavam em minhas mãos foram aos poucos retiradas e colocadas na mesinha de centro para depois ele me fazer levantar dali, claro os joelhos dele estariam doendo de ficar tanto tempo agachado. Foi me levando pela cintura até me encostar em uma árvore ali próximo e totalmente à vontade me imprensar com seu corpo como se sempre tivéssemos feito isso. Fechei meus olhos envolvida pelo seu ritmo profundo e bom saboreando cada canto da minha boca sem nenhuma hesitação em colocar sua língua na minha. Meus braços envolveram seu pescoço aceitando totalmente tudo o que fazia, além de aprofundar ainda um pouco mais aquele beijo que aos poucos se tornava ainda mais quente. Nossas cabeças que antes se inclinavam em apenas uma direção agora vez ou outra trocavam de posição para que pudéssemos explorar outros centímetros de pele e sensações que causávamos um ao outro. O som de sua respiração forte acompanhado de suas mãos apertando a minha cintura com vontade reverberava dentro de mim me causando a boa sensação das borboletas pegando fogo, chamas que ardiam os pontos mais escondidos do meu corpo. Caramba, como ele beijava bem… Não perdi a chance de entrelaçar meus dedos por entre seus fio de cabelo e descobrir que eram tão macios quanto eu imaginava, além de desfrutar melhor da movimentação de sua cabeça como se eu estivesse conduzindo o que ele fazia. Quando ele se afastou um pouco eu o trouxe de volta e ele me beijou com ainda mais ímpeto inspirando com força, mas depois se afastou sorrindo de canto olhando para todo o meu rosto corado como se estivesse gravando aquela visão.

- Você é realmente muito bonita - Disse ofegante.

- O-obrigada - Desviei o olhar ainda com os braços sobre seus ombros, agora que nãos nos beijávamos os cantos onde eu o tocava queimavam como se eu não devesse estar tendo tanta proximidade com aquela pessoa. - Acho que vou ver se o pessoal da DRTI já voltou do almoço. - Fui tirando os braços e ele entendendo minha ação foi se afastando devagar. Passei a mão pelo cabelo sem ter a menor ideia de como reagir depois do breve e divino acontecido. Só consegui pensar em ir até a mesinha e pegar as minhas coisas enquanto ele se sentava em uma das cadeiras inspirando e expirando pausadamente.

- Sakura - Ele disse quando me viu sorrir para ele com total cara de pau antes de me virar e ir embora - Posso falar com você depois? - Me perguntou ainda com a respiração desregulada.

Mordi os lábios sem me dar conta olhando para o lado pensando, não sei o que porque ele com certeza podia. - Pode… - Me virei, mas voltei a olhar para ele para pôr um pouco dos meus pensamentos em palavras - Deve… - Sorri manhosa e ele devolveu o gesto me deixando sair dali e ir trabalhar.

Eu achava que ele falaria comigo pelo corredor, que apareceria em algum momento, mas nem mesmo no momento da ida para casa encontrei com ele no ônibus. Aquilo era de deixar qualquer uma um pouco ansiosa pelo o que viria a acontecer, mas tudo bem, quando cheguei em casa tratei de me conformar que o outro dia também poderia ser depois. Tentei me distrair assistindo alguma série, mas não estava adiantando muito.

Meu celular bipou indicando que havia chegado mensagem do Whatsapp, peguei displicente e desbloqueei a tela. Nas notificações era um número desconhecido, mas de horas antes havia uma do Michael, provavelmente quando eu estava no banheiro, abri primeiro a dele.

“Danada”

Não entendi nada.

“O que foi?”

Respondi e fui olhar a outra, entendi tudo.

Era uma foto de uma pessoa morena de óculos com o rosto apoiado na mão e os dedos entre seus fios de cabelo os impedindo que caíssem sobre sua testa com um leve sorriso nos lábios, mas ao mesmo tempo parecendo cansado com o cotovelo apoiado sobre alguma mesa que não aparecia na imagem.

Era Sasuke.

Abri a mensagem com o coração dando pulos e dizia: “Oi, foi você quem abriu um chamado? ;)”


Notas Finais


*--* Eu sei lá, apenas criei essa historinha rsrs
Eu adorei a experiência de escrita em 1ª pessoa e espero que tenha ficado bem legal!
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