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História Surpresa Irresistível - 6


Escrita por: BearPS

Capítulo 6 - 6



Venha nos encontrar para uma cerveja.

Eu tinha acabado de voltar para meu quarto, mente e estômago dando nó, quando a mensagem do Max chegou. A única coisa que eu queria mais do que
cair de cara no colchão era tomar uma cerveja.
Na verdade, o que eu mais queria era estar com a Ruby. Como é possível, pensei, me apaixonar numa questão de dias? Num espaço de tempo que ainda podia ser facilmente medido em horas?
Havia uma pequena parte de mim que parecia estar se expandindo, dobrando de tamanho dentro do meu peito a cada dia. Esse espaço secreto, um núcleo romântico inexplorado, dizia que o fato da Ruby ter se infiltrado tão facilmente em minha alma era algo importante. E não porque ela seria uma distração ou algo casual, mas porque ela combinava comigo.
Eu queria confiar nessa sensação estranha que me atingia quando ficava perto dela, não porque a
sensação era familiar, mas porque não era. E mesmo assim, quando tive a chance de explorar as coisas, fechei-me imediatamente.
Era melhor mergulhar meu nariz numa caneca de cerveja.

Os caras estavam no Knave de novo, como se fosse seu bar de sempre. Mas eu conhecia meu irmão bem o bastante para saber que ele estava se esforçando para ficar de olho em mim. Aposto que sentia que algo estava estranho comigo. Ele e seus amigos estavam na mesma mesa de antes, cada um com um drinque já pela metade e petiscando os aperitivos na mesa. Já eram quase onze horas e eu ainda não tinha comido nada.
— Seja um bom amigo e olhe para o outro lado enquanto eu devoro os aperitivos — eu brinquei, sentando ao lado do Max e enchendo minha mão de
castanhas. Ele riu.
— Imaginei que você estaria faminto.
— Ei? — Bennett disse, olhando ao redor como se estivesse procurando por algo. — Nada da Ruby? Tenho que admitir que estou um pouco decepcionado.
— Ah... — comecei a falar, mas coloquei uma enorme fatia de presunto serrano na boca para não precisar responder.
— Você acha que talvez ela também queira comer alguma coisa? — Will perguntou.
Engolindo, murmurei:
— Mas que droga, vocês são mesmo discretos. Mas tenho certeza que ela chamou o serviço de quarto. E, já que estamos no assunto: por que vocês ficam me enchendo tanto? Não estou vendo nenhuma das suas mulheres por aqui.
— Tenha cuidado com o que deseja — George disse. — Chloe, a Bárbara, está vindo para nos encontrar aqui.
— Chloe, a... Desculpe, você está falando da esposa do Bennett? — perguntei, achando que não tinha entendido direito.
Mas o Bennett fez um gesto para eu não me preocupar.
— A Hanna e a Sara estão em alguma festa. A Chloe deve chegar daqui a pouco. E não se preocupe — ele disse. — Elas usam apelidos muito piores entre elas.
George encolheu os ombros e depois se inclinou sobre a mesa.
— A Chloe e eu temos uma ligação especial. Somos tão terríveis que ninguém quer ficar com a gente. — Bennett limpou a garganta e George voltou a olhar par mim. — Com exceção desse cara aí, mas ele próprio é um cretino, então você sabe...
E como se fosse combinado, uma das mulheres mais lindas que eu já conheci apareceu no bar. Ela não era alta, mas certamente se portava como se estivesse acima de qualquer mero mortal. Cabelos negros se estendiam até o meio das costas, e usava um vestido preto agarrado e salto tão alto que eu não sei como os
tornozelos aguentavam.
— Falando do diabo — Bennett disse, depois se levantou, observando sua esposa se aproximar com um sorriso orgulhoso.
— É melhor desviar os olhos — Will disse quando ela chegou.
Confuso, olhei para cada um deles antes de voltar os olhos rapidamente para Bennett e Chloe. Imediatamente entendi, e realmente precisei desviar os olhos.
Dizer que o beijo foi apaixonado seria um grande eufemismo, e mais uma vez eu senti a pontada de dor da minha relação fracassada, e o fato de que eu mal tinha tirado a cabeça da areia para me juntar ao mundo, além de precisar fazê-lo sozinho.
Will gemeu de frustração.
— Arrumem um quarto, vocês dois.
Chloe beijou seu marido mais uma vez antes de voltar a atenção para nós.
— Você está com ciúme porque sua noiva está sentada com um monte de mulheres falando sobre livros em vez de aqui, olhando apaixonada para você.
— Falando assim... é, você tem razão — Will disse.
— E por que mesmo você não está com elas?
Chloe pediu um drinque para a garçonete e sentou-se.
— Porque hoje é a única noite livre que tenho esta semana, e pretendo passá-la transando com meu marido. Falando nisso — ela olhou para Bennett com uma expressão dominadora —, termine logo a sua bebida.
Bennett ergueu o corpo.
— Sim, madame.
— Que nojo — George comentou.
— George — a Chloe disse, cumprimentando-o com um sorriso.
— Dominatrix sombria — ele respondeu.
— E você deve ser o Niall — ela disse, voltando a atenção para mim.
— Sim — eu disse, oferecendo a mão. — É um prazer conhecê-la.
Chloe apertou a minha mão com firmeza.
— Você também. Onde está a garota?
— Garota? — perguntei, olhando para os caras.
Chloe sorriu, e eu tinha que admitir que o efeito era realmente encantador — apesar de um pouco assustador também. Eu podia apenas imaginar o terror que essa mulher poderia infligir às pobres almas que cruzavam seu caminho.
— Imagino que ela está falando sobre a sua Ruby — Max disse.
— Ela não é a minha Ruby — corrigi.
— Claro que não — Chloe disse. — Isso é o que eles dizem.
Enquanto eu estava ocupado engolindo um pedaço de batata frita trufada, a ficha caiu. Eu quase a beijei no trabalho.
— Certo, vocês já decidiram sobre isso na outra noite.
— Claro que sim — George continuou. — Só você estava confuso. Você se transforma num robô quando está perto dela...
— Para ser justo, ele sempre foi um pouco robótico — Max interrompeu.
— Valeu, cara — resmunguei sarcasticamente. — Engraçado como sou o único aqui que parecia não saber disso.
O drinque da Chloe chegou e ela ergueu a taça.
— Isso é porque os homens são idiotas — ela disse. — Quer dizer, não me entenda mal, as mulheres também podem ser estúpidas e são tão capazes de estragar tudo quanto os homens. Mas, pela minha experiência, quando essas coisas dão errado, geralmente quem errou foi a pessoa com pênis. — Ela olhou
para mim com sua expressão de certeza antes de acrescentar: — Sem ofensa.
— Falou tudo — Max disse, enquanto ria.
Eles me estudaram por alguns segundos antes de voltarem a conversar entre si. Todos, com exceção da Chloe, que continuou a me olhar.
— Você não explicou por que você e as garotas não podem viajar com a gente
no fim de semana — Bennett disse para o Max.
— A Sara está redecorando o apartamento — Max disse, passando a mão sobre o topo da cabeça. — A decoradora vai fazer uma visita. Acho que vamos derrubar umas paredes e... Você sabe...
— Max, é melhor você cuidar disso — Bennett disse. — Você lembra quando a Chloe pintou nosso apartamento? Uma criança com lápis de cor teria feito um trabalho melhor.
— Cuidado com o que fala,
Mills — ela alertou.
— Não começa, Ryan — ele respondeu. Eu estava completamente confuso.
— Aquela cozinha verde? Até você precisa admitir que foi uma péssima ideia.
— Nunca vou admitir nada. Foi um processo eliminatório; eu precisava experimentar umas coisas antes de decidir o que eu realmente queria — ela disse, sorrindo docemente para ele. Estava muito claro que eles não estavam falando sobre tons de tinta.
George já estava balançando o dedo para os dois.
— Não, não, não. Nem comecem com as suas preliminares aqui na mesa.
— Essa coisa de decoração da Sara é uma situação... — Max continuou, cuidadosamente, para não criticar a esposa. — Uma situação que ainda está se desenrolando.
— Uma situação delicada — Will acrescentou.
Rindo, meu irmão murmurou:
— Um pouco.
O garçom trouxe minha cerveja e perguntou se queríamos mais alguma coisa.
Eu me antecipei e já pedi outra — é melhor estar preparado, afinal de contas. O garçom olhou para cada um de nós e, vendo que ninguém queria mais nada, se virou para ir embora.
Will se inclinou sobre a mesa e eles começaram a sussurrar.
— George. E quanto a ele? Ele é bonito... Não é?
— Não! — George exclamou. — Isso seria como transar com carne desidratada.
— Bom Deus — Bennett murmurou, passando a mão sobre o rosto. — Ninguém está falando sobre transar. Só uma festa.
— Espera — Will disse, sacudindo a cabeça. — George, você é ativo?
Gemendo, Max disse:
— Pelo amor de Deus, William, para de falar. Não consegui mais aguentar.
— O que está acontecendo?
George nos ignorou.
— É sério, ele parece tostado! Ele está tão bronzeado que tenho certeza que queimou até os órgãos internos.
— Preciso que alguém me explique o que está
acontecendo — repeti.
— Esses dois idiotas — Chloe disse para mim. — O George precisa encontrar um par para uma festa da RMG, o Will aqui está sugerindo que ele convide o garçom. Obviamente o George está certo de que ele não é um candidato viável.
— Desculpe, “RMG”? —perguntei.
— Ryan Media Group — George disse. — Bennett decidiu oferecer um soirée, e aqui estou eu, sem ninguém pra me acompanhar. Os garotos estão
tentando me ajudar. É algo embaraçoso para todos nós.
Eu realmente prefiro conversar sobre o que você vai fazer com a Ruby.
Eu sabia que voltaríamos a esse assunto. Na verdade, parte de mim precisava conversar sobre isso... estranhamente. Nunca senti vontade de falar sobre meu divórcio, mas a história da Ruby me afetava de um jeito pouco familiar.
— Eu... — Olhei para minha cerveja. — Na verdade, eu não sei.
Um silêncio caiu sobre a mesa. Finalmente, admiti:
— Ela disse que gosta de mim. Na verdade — eu disse, erguendo os olhos —, disse que gosta de mim faz tempo.
— Só de olhar para ela eu já sabia disso — Bennett comentou.
— Eu também — George acrescentou.
— Idem — Will disse.
O Max foi o último a comentar.
— Nem preciso dizer nada, não é mesmo?
— Nós quase nos beijamos no escritório hoje — eu disse sem pensar, e por alguma razão todos eles se viraram para o Bennett, que reagiu mostrando o dedo do meio, fazendo um lento arco pela mesa. — Nem preciso dizer que está acontecendo rápido demais pra mim. Eu só, bom, nós trabalhamos juntos por meses, mas eu a conheço apenas há alguns dias.
— Então, o que você vai
fazer? — Chloe disse.
— Bom, eu... — comecei a falar, e ela ficou olhando para mim como se eu não falasse coisa com coisa. — Como disse antes, eu...
— Ela disse que gosta de você. Vocês quase se beijaram. Você disse que está acontecendo rápido demais, então eu suponho que é por isso que você está aqui e ela não.
— Isso — eu disse a ela.
— Então, ou você está interessado ou não está.
— Não é tão simples assim — eu disse. — Nós trabalhamos juntos.
Chloe ergueu a mão.
— Nada disso importa. — Quando todos fizeram uma expressão de surpresa, ela continuou: — O que foi? Não importa mesmo! Obviamente eu não conheço todos os detalhes, mas pelo que ouvi, ela é uma garota bonita e inteligente, e eventualmente alguém bem mais esperto que você vai notar que ela existe. Não seja idiota.
Eu ri, tomando um gole da cerveja.
— Certo, certo.
— Como de costume, a Chloe vai direto ao assunto. — Meu irmão tocou meu braço gentilmente.
— Apenas ligue para ela. Pergunte se ela quer descer e se juntar a nós.
Concordando, eu me levantei, andei para uma área mais silenciosa do bar e
disquei seu número no celular.

Enquanto tocava, lembrei que eu nunca havia ligado para ela.
Lembrei que não tínhamos feito planos para hoje à noite.
Lembrei que ela poderia ter planos, e talvez a Chloe estivesse certa e alguém mais esperto já tinha notado sua existência.
— Alô?
Assustei-me, pois já tinha decidido que ela não atenderia o celular. Por dentro, eu estava extremamente nervoso.
— Alô? — Uma pausa. — Sr. Stella?
Estremeci ao ouvir sua voz.
— Ruby. Me chame de Niall, ok?
— Está tudo bem?
— Você não quer descer para comer alguma coisa?
Ela hesitou no outro lado da linha por uma eternidade.
— A menos que você tenha... — Eu parei, procurando pelas palavras certas. — Quer dizer, um agente... de... prazer no seu quarto.
Oh, meu Deus, o que foi que eu falei?
— Um agente de prazer? — ela perguntou, e pude ouvir a risada em sua voz, assim como um leve arrastar causado por álcool.
Eu gemi discretamente.
— Quer dizer, companhia. Ou planos. Ruby, não quis insinuar nada. Nem sei se você está...
Ela me interrompeu com uma risada suave.
— É quase meia-noite. Estou sozinha aqui, eu prometo. Mas acabei de sair da banheira, tomei um drinque ou dois e pedi serviço de quarto.
Meu cérebro viajou na imagem da Ruby na banheira. Nua. Já um pouco alta por causa da bebida. Com a pele macia e quente. Os músculos relaxados.
— Ah, certo.
Ruby fez outra pausa.
— Quer dizer, acho que eu poderia... — Suas palavras sumiram.
— Não, Ruby, não quero... só queria ter certeza que você jantou. Foi um longo dia. E nós... — Fechei os olhos, murmurando: — Nós... ou melhor, eu fiquei preocupado pensando que você ficou brava...
Eu podia ouvi-la respirando, tão rápido e superficial. Senti uma pontada em meu peito por pensar que ela estava ansiosa de novo, sofrendo de alguma forma por minha causa. Eu sabia que poderia fazer algo por ela... eu simplesmente não sabia como começar.
— Estou bem, eu prometo. Obrigada.
Ficamos quietos na linha por longos segundos.
— Certo, então. Boa noite, Ruby.
— Boa noite... Sr. Stella.

Voltando para a mesa, sentei e levei minha segunda caneca de cerveja aos lábios. Eu me sentia pior do que antes; fui horrível no telefone, o que era algo
notável, já que eu era horrível pessoalmente também. Quando o Max perguntou sem palavras se a Ruby iria se juntar a nós — erguendo a sobrancelha com expressão de expectativa —, neguei com a cabeça. Eu não sabia se estava aliviado ou decepcionado por ela não querer descer. Depois decidi que estava
mesmo aliviado, pois eu sabia que não seria capaz de ficar longe dela, querendo sua mão na minha perna, querendo olhar em seus olhos e enxergar o mesmo desejo ali; mas eu seria horrível na hora de demonstrar que queria tudo isso.
Que merda.
Bennett e Chloe já tinham ido embora, espantados pelo George, que disse que preferia atear fogo em si mesmo a ficar assistindo aos dois se beijando. Eu pedi um gim e tônica, depois outro, contribuindo para a conversa antes de me perder em meus próprios pensamentos conturbados. Passei de confuso para calmo; e de bêbado para finalmente convencer a mim mesmo que seria uma boa ideia, à uma da manhã, subir e bater em sua porta.
— Onde você está indo? — Max perguntou. — Hoje é minha única noite livre do mês. De jeito nenhum você vai embora cedo.
— Tenho um dia cheio de reuniões amanhã. Boa noite.
Ignorei os protestos e continuei andando até o elevador, subindo para o décimo andar e me dirigindo para a porta do quarto dela.

Meus dedos bateram pesadamente na madeira; Jesus, até minha batida na
porta parecia bêbada.
Depois de alguns segundos tensos, a porta se abriu e Ruby apareceu diante de mim, usando uma pequena camiseta regata cor-de-rosa e um shorts combinando que mal cobria sua..
Meu Deus.
Ela se encostou à porta.
— Está tudo bem, Sr. Stella?
Limpei minha garganta uma vez, depois de novo.
— Caramba. Você sempre dorme vestindo isso?
— Sim... — ela disse, e eu podia ouvir seu sorriso na voz quando acrescentou — ... a menos que eu tenha um agente de prazer aqui comigo.
Finalmente consegui tirar meus olhos de seus peitos, nus debaixo da camiseta.
— Você adora me provocar.
A língua dela apareceu para molhar os lábios.
— Com certeza.
Fiquei na frente da porta, sentindo que estava olhando para ela do jeito que um homem olha para uma mulher que ele deseja sem ter jantado,dormido ou se masturbado por dias.
— Você quer entrar? — ela perguntou. — Mas preciso avisar: tomei alguns drinques. Mas ainda sobrou alguma coisa no minibar se você gostar de Midori ou Jägermeister.
— Eu não deveria tocar você — falei sem pensar, e imediatamente fechei os
olhos com força. — Desculpe. Eu também estava bebendo e... —Abrindo os olhos, olhei para seu rosto. Ela estava sorrindo, parecendo... Aliviada. — Não sei por que estou aqui. Não consegui parar de pensar em você hoje, e em quanto eu queria ver você de novo. Mas eu realmente não deveria tocar você, Ruby.
Eu podia enxergar sua pulsação no pescoço. Podia perceber que ela estava tremendo.
— Não deveria? — ela perguntou. — Ou não quer?
Sem responder e sem realmente pensar no que estava prestes a fazer, dei um passo para a frente, entrando no quarto. Ela deu um passo atrás, deixando a porta se fechar atrás de mim. O som da batida reverberou pelo quarto vazio.
— É mesmo verdade aquilo que você disse antes? — perguntei. — Você pensa em fazer isso? Comigo?
Ela corou, do pescoço até o rosto, mas mesmo assim conseguiu soar corajosa.
— Sim.
Ela parou de se mover, mas eu não. Continuei me aproximando até ficar a quase um centímetro dela. Na verdade, eu podia até sentir sua respiração em
meu pescoço. Podia sentir a doçura do suco de laranja e o toque de vodca em seus lábios. Isso é estúpido, Niall. Saia já desse quarto.
— O que você pensa em fazer? — perguntei.
— Em ter você no meu quarto do hotel. — Ela sorriu, olhando para meus lábios. — Como um agente de prazer.
Rindo um pouco, passei a mão no rosto, admitindo:
— Nos últimos dias... eu também penso nisso. Você sequestrou meu cérebro.
— Isso é algo ruim?
Olhei para ela. Ruby parecia nervosa, mas também confiante; eu estava em seu quarto, ela havia reconquistado ao menos um pouco do poder entre nós.
— Não, não é algo ruim. Apenas não tenho certeza se sei o que fazer com você. — Não sei por que disse isso, mas ela não pareceu nem um pouco abalada.
— Podemos descobrir juntos.
Olhando em seus olhos, eu perguntei:
— Podemos?
Ruby confirmou, esticando o braço e pousando a mão em meu peito.
— Eu entendo você. E acho que você também me entende.
Engoli em seco, sem ter palavras.
— Vou dizer o que gosto — ela sussurrou. — E você me diz o que você precisa.
Ela passou a mão descendo por meu peito, sobre a barriga, e então — pouco antes de alcançar meu cinto — ela deixou a mão cair.
Eu deveria ir embora. Deveria voltar para meu quarto e deixar nós dois dormirmos para esfriar a cabeça.
Olhando para mim, ela perguntou:
— Então, do que você precisa?
— Disto — eu disse. — A estranha certeza que sinto quando estou tão perto assim de você. A maneira como você olha para mim.
Seus grandes olhos buscaram os meus.
— Muitas mulheres olham pra você desse jeito.
— Não, você está errada. Talvez elas olhem para mim como os homens olham você, quando te desejam e pensam de um jeito sexual. Mas você não faz isso comigo. Sinto que você consegue me enxergar além da fachada exterior. — Depois de fazer uma pausa, acrescentei: — Além disso, nunca fui de querer ficar
com um monte de mulheres.
Seu sorriso foi tão radiante que me fez esquecer aquilo que eu falaria depois.
Meu coração batia tão forte no peito que quase me causava tonturas. Isso não misturava bem com o álcool, mas eu não queria que a sensação acabasse. Nunca experimentei algo igual. Ela estava tão perto, cheirando a perfume de rosas e um indescritível aroma de mulher. Ela encaixaria tão perfeitamente em meu peito, debaixo do meu queixo. Ou me cavalgando, com as pernas enlaçando meu quadril, o peito molhado com nosso suor.
— Ruby, o que você está fazendo?
Ela passou uma mecha de cabelo para trás da orelha, rindo um pouco.
— Foi você quem entrou no meu quarto. Acho que nós dois estamos um pouco bêbados. Então, você me diz o que estamos fazendo.
— Eu... eu gostaria de explorar isto.
Seu sorriso se transformou em algo mais sério.
— Eu também.
— Mas talvez agora não seja a melhor hora. Eu não deveria tocar em você. — Talvez se eu repetisse um milhão de vezes, eu me convenceria. — Nós bebemos um pouco. Quero estar sóbrio se...
Ela fechou os olhos, e a decepção ficou evidente em seu rosto. E então, uma transformação ocorreu: Ruby abriu os olhos, olhou para o meu rosto e, num
instante, transformou-se de resguardada a maliciosamente tímida. Ela se virou, andando pelo quarto até apanhar uma camisola sobre a cama.
— Mas se você me tocasse, como faria? — ela perguntou, dobrando o tecido cuidadosamente e guardando numa gaveta.
Eu nem precisava pensar na pergunta antes da resposta escapar dos meus lábios.
— Desesperadamente. — Dei um passo em sua direção.
— Bruscamente?
— Eu... Não. Eu nunca...
— Eu gosto de pensar em você me tocando com força — ela interrompeu, me acalmando com um sorriso. Outra peça de roupa estava sobre a cama, uma regata, eu acho, e ela apanhou, examinando a barra antes de também guardar na gaveta. — Imagino as suas mãos grandes tremendo, precisando me tocar, e você tão impaciente.
— Eu ficaria, sim — admiti, e quando ela olhou para mim, pedindo com olhos por mais, murmurei: — Já estou. — Eu mal conseguia respirar e minhas mãos tremiam. — Eu tentaria ser cuidadoso, mas seria um esforço inútil.
Ela fechou a gaveta empurrando com o quadril, depois deu um passo na minha direção.
— Você arrancaria suas roupas antes mesmo de chegarmos na cama — ela concordou, continuando a brincadeira quando ergueu a mão e segurou a alça da camisola, esperando que eu a impedisse.
Mas eu não podia fazer isso, nem em um milhão de anos.
Descendo as mãos sobre os seios e além, chegando na barra da camisola, ela começou a levantar o tecido sobre a cabeça até... tirar por inteiro.
Meu coração parou, e quando voltou a bater, estava dez vezes maior, dez vezes mais rápido.
Ruby deixou o tecido cair no chão sem tirar os olhos do meu rosto.
Seu peito estava nu para mim, curvas exuberantes, pequenos mamilos rosados e a perfeita pele branca. Engoli em seco, lutando contra o ritmo selvagem da minha pulsação. Eu queria tocá-la, beijá-la. Queria deitar sobre ela e entrar dentro dela.
Ruby deu um passo atrás, depois virou, afastando-se de mim e seguindo para a cama.
— Ruby. — Eu não tinha nada para dizer. Falei seu nome apenas por instinto, quase uma súplica.
— Você tocaria meus seios como se os conhecesse. — Ela se virou para me encarar de novo, passando as mãos sobre os seios, apertando-os juntos,
beliscando com força os mamilos. — Você chuparia. Com se estivesse faminto.
Cristo.
— Eu estou faminto.
— Você amaria os meus seios e faria o que quisesse com eles. Você se lambuzaria todo.
Eu quase engasguei. Nunca em minha vida participei de um jogo igual a esse.
— É mesmo?
— Sim. Você esfregaria seu corpo neles.
Senti minha pele corar e a pulsação acelerar dentro da calça.
— Meu... corpo?
— O seu pau.
Minha boca se encheu de saliva e fiquei olhando para seus lábios, imaginando beijá-la ali.
— Mas agora, você me quer nua... — Era uma pergunta, inocentemente disfarçada com ousadia.
Ela enlaçou o shorts com os polegares, mais uma vez me desafiando a impedi-la. Quase precisei enfiar meu punho na boca para não gemer alto. A bebida me deixou corajoso.
— Eu quero.
Ela deslizou o shorts para baixo dos quadris, rebolando sedutoramente para mim, descendo a seda por suas coxas. Estava sem calcinha, e sua nudez era suave e macia. Nunca vi nada mais lindo em minha vida.
— Você gosta de olhar pra mim — ela disse, mas desta vez não era uma pergunta. Com certeza minha expressão denunciava todas as ideias em minha mente.

A ideia de montar sobre ela, e ser tão faminto e safado com seu corpo quanto ela sugeriu.
A ideia de fazer algo tão inocente quanto tocar o ponto escorregadio no meio de suas pernas.
Engolindo com dificuldade, eu disse:
— Você é a única coisa que eu quero olhar, minha querida.
Ruby sentou na cama, arrastando o corpo pelo colchão, depois se deitou,
deixando os joelhos caírem para os lados.
— Então... olhe.
Sem sentir vergonha, fixei meus olhos entre suas pernas abertas. Meus ouvidos martelavam e me encostei no armário, procurando um apoio.
— Nossa.
Ela passou os dedos sobre as pernas, do joelho até a coxa. Depois, enquanto eu olhava, Ruby passou os dedos de uma mão sobre a pele molhada de seu sexo.
— Você também adoraria sentir meu sabor — ela sussurrou.
Consegui apenas engolir e assentir. Nada no mundo me daria mais prazer.
— Mas você estaria me provocando.

Olhei para o seu rosto ao ouvir a voz dengosa, sentindo minhas sobrancelhas se juntarem.
— É mesmo?
— Sim — ela gemeu docemente. — Seria horrível. Você me faria implorar por sua boca no meu clitóris.
No... clitóris? Passei a mão no rosto, voltando a sentir tonturas. Tudo isso estava girando rápido demais e saindo de controle.
— O quê... quer dizer, como eu faria isso?
Encolhendo levemente os ombros, ela disse:
— Você beijaria minhas coxas, depois meus lábios bem aqui. — Ela circulou os dedos entre suas pernas. — Você também lamberia onde estou molhada. — Seu dedo ficou brilhando com sua excitação. — Está vendo onde fiquei molhada?
Quase pulei na cama. Minha voz quase não saiu.
— Estou vendo onde, e quanto.
— Mas é assim que você me provocaria. Você não me lamberia aqui. — Ela subiu os dedos, circulando o clitóris. — Não até eu estar quase gritando para você lamber.
Dei um passo na direção da cama.
— Isso me parece tortura.
Ruby riu levemente, soltinha pela bebida, sorrindo para mim.
— Parece mesmo, não é?
Com sangue bombeando nas veias, comecei a sentir o poder que eu tinha sobre seu corpo. Simplesmente olhe para ela. Era impossível ignorar suas reações.
— Mas isso é apenas porque eu adoro ver a sua pele corada quando você começa a precisar de mim, minha querida.
Ela abriu a boca e deixou um suspiro escapar com força.
— Mas eu preciso.
— Não... por enquanto você apenas quer — eu a corrigi. — Como punição, vou sentir apenas o sabor das suas coxas.
Seus quadris se ergueram na cama, os dedos se moveram obedientes para a coxa. Meu coração martelava contra o peito. Eu queria tanto me juntar a ela nesse jogo.
— Você tem os peitos mais perfeitos que eu já vi.
Ela gemeu, fechando os olhos.
— Eu deixaria uma mão sobre um seio enquanto beijo você aqui.
— Sim — ela concordou, deslizando a mão sobre seu corpo e tocando o seio com a palma. — Eu adoro isso. Mas a sua provocação me enlouquece. Por favor, deixa eu sentir você.
— Apenas um beijinho, minha querida.
Com um gemido aliviado, Ruby passou os dedos sobre o clitóris novamente, soltando um pequeno grito abafado.
— Deixe eu enfiar a língua em você.
Seus olhos se abriram de repente e ela observou meu rosto enquanto penetrava um dedo, que fiquei olhando desaparecer dentro dela, para dentro e para fora, e voltei a olhar seu rosto. Ela parecia estar à beira das lágrimas.
Eu me perdi naquele jogo, enfeitiçado pela imagem dela. Eu já não era o mesmo. Não era alguém que reconhecesse. Ela me deixou assim.
— Será que eu gosto do seu sabor?
Com um esforço aparente, ela disse:
— Você sabe que sim.
— Isso me deixou maluco, não é mesmo? Me deixou...
— Duro — ela completou.
Eu ri, dando um passo à frente até meus joelhos encostarem o colchão, apenas a alguns centímetros dela. Abaixando, coloquei cada mão ao lado de seu quadril, tomando cuidado para não tocá-la.
— Já estou dolorosamente duro, minha querida. E eu ia dizer que isso me deixou possessivo. Querendo acabar com qualquer outro homem que tenha
saboreado você.
Ela deixou escapar um suspiro entrecortado.
— Você está duro?
— Bom, veja você mesma.
Os olhos dela desceram até o zíper da minha calça, encontrando o volume que
pressionava ali.
— Deixa eu ver — ela disse, lambendo os lábios.
Eu sacudi a cabeça, mas passei a mão sobre a frente do zíper, deixando que ela visse meu volume.
Céus! O que está acontecendo? O que estou fazendo?
— Não hoje — sussurrei.
Ela começou a se sentar na cama, perplexa, a expressão lentamente
esfriando.
— Pois eu não conseguiria parar — tranquilizei-a rapidamente. — Mal consigo me segurar, Ruby, por favor, não pare o que está fazendo.
— Está bom assim? — ela perguntou. Seu rosto corou.
Eu concordei, querendo não atrapalhar o momento.
— Está mais do que bom. É como um sonho.
— Eu quero tocar você — ela disse, quase sem voz.
— Mas não pode.
Seus olhos buscaram meu rosto.
— Nunca?
— Shh — murmurei, inclinando-me sobre ela. — Estou te beijando entre as pernas. Como pode pensar em qualquer outra coisa agora?
Com seus olhos grudados nos meus, ela voltou a se tocar, lentamente, como se
estivesse esperando que eu dissesse exatamente o que fazer.
— Isso mesmo. Deixa eu chupar você, sim... ali mesmo. Quero ouvir você gozando.
Ruby se arqueou sobre a cama, deslizando os dedos em pequenos círculos.
— Eu... eu...
— Mas já? — eu sussurrei, lutando contra a vontade de me abaixar e chupar a pele debaixo de sua garganta que estava apenas começando a brilhar com suor.
— Estou insana por você — ela ofegou.
— Adoro sentir você com minha língua — murmurei. — Meus sentidos estão inundados com você.
Aquela visão era irreal; facilmente a visão mais erótica da minha vida. Suas coxas eram macias e torneadas, abertas ali diante de mim.
Eu precisaria apenas me abaixar e colocar a boca nela para tornar esse jogo realidade.

Pressionei as palmas contra minha calça e soltei um gemido torturado.
Seus olhos se abriram de repente quando ela gozou, separando os lábios, com a voz apertada e desesperada.
Eu soube naquele instante que nunca tiraria o som de seu orgasmo da minha mente. Os pequenos sons ofegantes, o grito agudo.
Seu peito inteiro corou, mamilos enrijeceram enquanto ela se acariciava preguiçosamente, sorrindo para mim. Fiquei com inveja de seus dedos, deslizando por aquela suavidade tão luxuriante.
— Deixa eu tocar você — ela sussurrou. — Por favor.
— Você está me tocando — respondi, inclinando-me sobre ela novamente. — Sua mão está me apertando cada vez mais.
Um sorriso provocador surgiu em seus lábios.
— Minha mão? Que retribuição fraca.
— Bom. — Encolhi os ombros. — Agora a sua boca está faminta pela minha boca.
Seus olhos brilharam quando ela entendeu.
— Oh.
— Você está adorando sentir o próprio sabor na minha língua.
Sua expressão pegou fogo, os lábios se abriram ofegando fortemente.

— Sim, adoro.
— E eu adoro dar aquilo que você quer — eu disse, e ela concordou. — Além disso, você adora sentir meu peso em suas mãos.
A garganta da Ruby se movia com o frenesi de sua pulsação.
— Sim — ela disse, sem fôlego e selvagem. — E eu poderia beijar sua boca exigente por dias.
— Às vezes você faz isso, mesmo.
— Deus, por que você não está dentro de mim?
Eu sorri diante do som gentil de sua reclamação.
— Porque ainda não fizemos amor.
Seus olhos se arregalaram com essa súbita revelação em nosso estranho e surreal joguinho.
— Ainda não?
Sacudi a cabeça.
— Estamos esperando.
Ela riu, e o som foi tão doce que quase me abaixei para experimentar o eco em seus lábios.
— Mas fazemos todo o resto?
Eu confirmei.
— Quase.
Seus olhos ainda estavam tão arregalados, tão genuinamente famintos, quando perguntou:
— O que estamos esperando?
— Ter certeza.
E finalmente estiquei meu polegar, acariciando a pele nua de seu quadril.
— Certeza sobre mim? — ela sussurrou.
Fiquei olhando para seus doces lábios e para a leve ansiedade em sua expressão, antes de dizer:
— Certeza sobre mim. Certeza sobre tudo isso antes de não ser mais possível voltar atrás. E isso não é nada fácil.
— Eu sei — ela sussurrou. — Eu posso esperar.

A verdade estava estabelecida. E que estranho ter acontecido após a visão mais erótica da minha vida. Eu me sentia inseguro, como se os últimos vinte minutos tivessem sido apenas um sonho.
Poderia ter sido constrangedor; éramos colegas de trabalho e, menos de uma semana atrás, ela era apenas uma estranha para mim. Agora Ruby estava completamente nua e tinha acabado de se masturbar enquanto eu a comandava.
Poderia ter sido o momento mais aterrorizante da minha vida. Mas com o álcool em nosso sangue, e a satisfação relaxando o corpo dela, não foi.
Criei coragem e deslizei a palma sobre seu quadril.
Ela esticou o braço e tocou minha mão.
— Como podemos dormir juntos depois disso?
— Comigo abraçando você por trás — eu disse, depois engoli em seco. — Você encaixa em mim perfeitamente.
— Mas você não me acorda para sexo.
— Eu acordo você para tocá-la novamente, pois sou insaciável por você, mas não ainda por aquilo. — Será que ela entendeu? Ou será que eu parecia estranho por pensar, em pleno século XXI, que o sexo muda tudo? Que significa algo.
Ela fechou os olhos, movendo as mãos até parar em seu coração acelerado.
— Você sabe o quanto eu quero sentir você?
— Sim, eu sei — sussurrei.
— Espero que você me beije algum dia.
Engoli em seco, sentindo a pressão da realidade voltando.
— Eu também.
— Você sempre me dá beijo de boa-noite quando vai embora? — ela perguntou, voltando para nosso joguinho. Seus olhos, tão grandes e vulneráveis, eram um alerta para que eu fosse cuidadoso. Eles me diziam que, talvez, até mesmo Ruby não sabia o quanto eu precisava ser cuidadoso com seu coração.
— Sempre. — Mas não faria isso hoje. Eu não poderia, ao menos não em sua boca. Em vez disso, abaixei e dei um único beijo na pele logo ao lado da minha mão, sobre a maciez de seu umbigo. Suas mãos passaram brevemente por meus cabelos, enviando um pulso de calor renovado pelo meu corpo.
Quando me levantei, Ruby sentou. Observando enquanto eu apanhava meu casaco, ela não se deu ao trabalho de se vestir.
— Será que amanhã vai ser estranho? — ela perguntou, com a voz baixa e os olhos voltando ao normal. — Será que já estraguei tudo?
Meu instinto era sair correndo e beijá-la loucamente para tranquilizá-la. Não sei como fui capaz de resistir a isso.
— Pelo contrário.
Ruby sorriu um pouco, mas suspeitei que ela queria o mesmo que eu: que passássemos a noite juntos. Mesmo sem tocá-la, era melhor ficar perto dela do que em qualquer outro lugar.
— Boa noite, Ruby, minha querida.
— Boa noite, Sr. Stella.

Seu nome se transformou num constante eco em meus pensamentos, mas em nenhum momento eu a ouvir me chamar de Niall.



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