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História Surpresa Irresistível - 7


Escrita por: BearPS

Capítulo 7 - 7


Abri os olhos com o sol invadindo a janela, o celular tocando o alarme e uma dose amarga de "Puta merda, o que foi que eu fiz?".
Sabe como é, apenas uma manhã comum depois de eu ter me masturbado bêbada na frente do Niall Stella.
Rolei de cara no travesseiro e soltei um gemido.
Enquanto os detalhes voltavam com a força que a ocasião merecia, não me senti exatamente constrangida. Eu me lembro do joguinho. Lembro do quanto ele estava duro e ofegante. Lembro de como ele ficou olhando vidrado para minha mão entre minhas pernas, sem um pingo de vergonha por simplesmente olhar.
Vê-lo ali, faminto daquele jeito, completamente aberto para seu desejo... me transformou numa mulher possuída.
Meu medo era que, após algumas horas sozinho para meditar sobre o que tínhamos feito, ele ficasse horrorizado. Se a sugestão de um beijo no escritório ontem o deixou congelado e silencioso, o que aconteceu na noite passada poderia fazê-lo voltar para sua concha e nunca mais sair.
Quantas vezes eu fantasiei sobre algo acontecendo entre nós?
Inúmeras vezes.
E em cada fantasia, eu tinha coragem de dizer a ele o que eu queria, e isso despertava algo nele que o fazia entender que poderia confiar em mim.
Que eu entendia sua personalidade reservada e permitiria que ele se afastasse quando precisasse.
E então na noite passada - de repente - ele apareceu. E, pela primeira vez, não fiquei muda, não fiquei toda atrapalhada.
Ele estava tão lindo, com os olhos pesados e o rosto corado pelo álcool, sua figura discreta se segurando por apenas um fio. Ele tinha receio de estar sendo atrevido demais, ou de estar tirando vantagem de mim, mas estava errado.
Eu queria ver essa última barreira se desfazer. Eu queria vê-lo por inteiro.
Queria tanto que mal conseguia respirar. Minha pele parecia queimar, tão sensível que eu poderia me transformar em cinzas com um mero toque. Ele pode ter pensado que manter a distância foi um benefício para ele, mas nós dois bebemos e ele queria ter total controle sobre seus sentidos quando seguíssemos em frente - mas, por algum motivo, isso era exatamente o que eu precisava.
Aposto que ele achava que intimidade acontece em estágios ordenados: admirando, flertando, chegando a um consenso sobre os sentimentos - mas sem muita conversa - permissão para tocar, beijando, mãos tirando camisas, mãos tirando calças, o "eu te amo", e então, finalmente, o sexo. Eu me pergunto se, em sua mente, aquilo que fizemos - ou que não fizemos - na noite passada ainda permitia uma certa distância emocional.
Como ele poderia não saber que aquilo foi mais íntimo do que qualquer sexo que eu já experimentei?
Como eu poderia mostrar a ele?

Eu sabia que precisava levantar e me arrumar, mas eu ainda não estava pronta. Meu estômago estava todo amarrado e os músculos tremiam com uma onda de nervosismo grande demais para minha pele. Eu sentia falta dos meus amigos e de ter alguém para conversar. Sentia falta de não fazer nada num domingo de manhã e tomar café com as garotas enquanto conversávamos sobre nossas vidas, trabalho, faculdade e homens.
Puxando o cobertor ao meu redor, rolei para o lado e procurei meu celular. Eu estava três horas à frente da Califórnia, mas pensei que isso seria muito melhor do que a diferença de horário para Londres, onde eu acordava quando todos estavam indo dormir. Fiquei acordada noites a fio para poder ouvir a Lola ou a London desabafarem comigo; agora era a vez delas emprestarem seus ouvidos.
Eu precisava conversar com alguém.
Sem pensar duas vezes, enviei uma mensagem para nosso grupo. Lola passava a maioria das noites trabalhando, então eu duvidava que ela fosse responder. Ela era a nossa voz da razão, aquela-que-nasceu-para-o-sucesso, e provavelmente
teria desligado o celular horas atrás. Mia e Ansel raramente atendiam o celular depois do sol se pôr, e a Harlow geralmente já estava acordada em Vancouver Island com seu marido Finn, os dois passando os primeiros dias de casados.
London, minha melhor amiga, era minha última esperança.

Tem alguém acordada? Preciso de ajuda :(
Quase imediatamente veio a resposta da London:
Você tem um celular, então SABE que horas são.
Prendi a respiração, escrevi e apertei enviar.
Eu sei e peço desculpa. Mas... Aconteceu uma coisa.
Uma coisa ou uma ~coisa~?
Não sei qual coisa usar...

O celular vibrou com uma ligação alguns segundos depois, e atendi antes mesmo do primeiro toque terminar.
- Imagino que seja algo relacionado ao Niall Stella.
Soltei um gemido.
- É claro.
- Então, quando eu digo uma coisa - London começou a falar, soando cansada e grogue. Ela trabalhava como bar tender, e fiquei imaginando que horas teria saído do trabalho pela manhã. Ela limpou a garganta e, se eu não estivesse tão agradecida por ouvir sua voz, talvez me sentisse um pouco culpada por acordá-la -, o que quero dizer é: uma coisa tipo tomar um café juntos? Ou uma coisa, tipo ele viu a sua vagina?
Rolei de costas no colchão, piscando para o teto.
- Hum... - Na verdade, ela praticamente acertou em cheio. Será que ela percebia pela minha voz? Havia algo na maneira como eu falava que gritava fiquei pelada na frente dele ontem, mas, você sabe, ele só olhou para minha vagina.
- Oh, meu Deus, sua tonta. Você transou com ele?
Levei a mão até minha testa.
- Não exatamente - respondi com sinceridade.
- Não exatamente? Ruby, meu amor. Você sabe que eu te amo, mas não dormi direito a semana inteira por causa do trabalho. Preciso de sono, não de um enigma.
- Certo - eu disse, tentando encontrar uma maneira de explicar exatamente o que aconteceu. - Imagine sexo por telefone, mas presencialmente.
Ouvi o farfalhar de lençóis do outro lado da linha, como se a London estivesse se ajeitando na cama, ou sufocando a si mesma com o travesseiro. Honestamente, poderia ser qualquer uma das alternativas.
- Você passou de "ele não sabe que eu existo" para "masturbando na frente
um do outro" em menos de uma semana?
- Bom... Tecnicamente só eu me masturbei - eu disse, imaginando o rosto dela enquanto me ouvia. - E, aliás, nunca mais quero ouvir você falar a palavra "masturbando", começando agora.
O barulho dos lençóis parou.
- Espera. Espera, espera, espera. Ruby Miller, você está me dizendo que deu um showzinho para o seu bofe dos sonhos?
- É. Acho que sim. Quer dizer,obviamente.
- Você não parou de falar sobre esse cara nos últimos, o quê? Cinco meses?
Imagino que está saltitando de alegria por causa de toda essa masturbação.
- London, você acabou de quebrar sua promessa.
- Eu disse "masturbação", uma palavra diferente. E por que você está me ligando às quatro e meia da manhã? Está querendo receber parabéns a distância ou quer alguém para ouvir você se derretendo de vergonha?
- Talvez as duas coisas? - gemi. Nem eu sabia direito como estava me sentindo, como poderia esperar que outra pessoa me ajudasse? - Não me
arrependi, mas não sei como vai ficar agora. Não estamos juntos, somos apenas colegas. Na verdade, nem sei se somos amigos. Além disso, ele estava bêbado e eu estava bem bêbada, e hoje eu quase posso ouvi-lo surtando do outro lado da parede.
- Surtando como se ele estivesse arrependido? - ela perguntou.
- Não sei. - Mordi o lábio, pensando sobre aquilo. - Espero que não.
- Mas ele gosta de você?
- É, sim. Acho. Sei lá. Gosta, considerando que tudo foi tão rápido. Ele passou por um divórcio difícil e isso o deixou um pouco...
- Ruby, sei que isso foi seu jeito para fazer ele notar que você existe, mas o que você achou que iria acontecer?
- Hum... - Na verdade, eu não estava realmente pensando naquele momento.
Deixei um suspiro escapar. Por acaso eu achava que ele descobriria que me amava? Que admitiria que estava me procurando por toda sua vida e lá estava eu, disposta a gozar na frente dele durante todo esse tempo? Hum, provavelmente não.
- Não sei direito - respondi. - Acho que pensei que seria um primeiro passo.
A London bocejou e ouvi o som dos lençóis novamente enquanto ela se ajeitava na cama.
- E que primeiro passo. Mas agora você precisa fazer isso funcionar. Vá para o escritório hoje, olhe para ele como se você fosse o tipo de mulher que se masturba... foi mal, foi mal... na frente do amor de sua vida e não se arrepende disso. Você sabe que eu não tenho muita fé na população masculina, mas se ele for metade do homem que você descreve, ele será esperto o bastante para entender. Vai lá pegar ele, Ruby.

Fazer da noite passada o primeiro passo foi um pouco mais complicado do que eu esperava. Pelo jeito, Niall Stella se esforçaria ao máximo para deixar tudo extremamente normal entre nós. Ele chegou cedo e já estava guardando seu notebook para uma reunião quando eu cheguei. E estava com o celular grudado na orelha. Ele me cumprimentou com um leve aceno de cabeça, um sorriso, depois passou por mim e entrou no corredor para ter um pouco de privacidade.

Uma coisa era dissecar tudo que ele dizia nas reuniões, quando havia zero chances de ele estar falando de mim. Mas agora? De jeito nenhum ele estaria pensando em outra coisa que não a noite passada.
Tudo significava algo hoje.
Fiquei ouvindo enquanto ele falava no corredor. Será que estava me esperando? Parecia que estava arrumando as coisas para sair; será que voltaria na sala antes de ir embora?
- Isso não faz sentido - ele disse no celular, seu sotaque charmoso como a única coisa impedindo que soasse irritado de verdade. - O prazo que recebemos para o término estimado era de seis meses antes da data que você está me dando hoje.
A alternativa é inaceitável.
Fiquei apreensiva ouvindo aquilo; nunca o vi bravo antes.
Ele ficou em silêncio enquanto ouvia a pessoa do outro lado da linha, e tive uma estranha sensação, com se ele estivesse me observando. Tirei minha
echarpe e meu casaco e pendurei os dois no gancho atrás da porta.
Sua atenção pesou sobre minha pele e eu sacudi a cabeça, deixando meu cabelo cair para frente e esconder o calor que surgia em meu rosto.
- Tony, eu não sou o líder do projeto na Diamond Square porque digo "sim" para qualquer coisa, sou o líder porque sei do que estou falando. Diga isso a eles, ou melhor ainda, deixe-me falar com eles. Não terei problema nenhum em ir direto ao assunto - ele disse, seguido pelo distinto som de um suspiro frustrado.
Tony. Credo.
Apanhei meu caderno e me aproximei dele.
- Está tudo bem?
Ele assentiu, mas guardou o celular no bolso e não se deu ao trabalho de explicar a ligação para mim.
- Além da reunião com os engenheiros da amt hoje de manhã, eu gostaria de visitar algumas estações e dar uma olhada nas obras. - Ele mostrou mais um sorriso educado.
Niall voltou para sua concha.
Com um gesto na direção das escadas, ele perguntou:
- Você gostaria de me acompanhar?

A estação em South Ferry foi uma das mais atingidas pelo Furacão Sandy.
Com uma entrada da rua apenas 100 metros acima do nível do mar, o túnel foi inundado em questão de minutos. A água do mar destruiu praticamente tudo em seu caminho, danificando fiação e equipamentos e enchendo as câmaras com tanta água que os trabalhadores podiam nadar ali. Era por isso que estávamos aqui, para nos anteciparmos à Mãe Natureza e criar um sistema para prevenir catástrofes como a que aconteceu aqui.
O trânsito corria ao nosso redor enquanto eu seguia o Niall pela estação recém-aberta, meus olhos grudados em seus ombros largos enquanto ele descia as escadas na minha frente. Ele parecia muito sério hoje. Sua expressão havia permanecido neutra durante a viagem de táxi até a estação, apenas com o
mínimo de conversa. Ele vestia um terno escuro com um sobretudo preto, com sua echarpe de casimira marrom caindo sobre um ombro. Havia um tom decidido em sua voz.
Alguns engenheiros já estavam lá para nos encontrar, e Niall nos apresentou, tomando o nome de cada um e ouvindo atentamente enquanto eles nos conduziam de um lado a outro no túnel. Era incrível vê-lo desse jeito - tão conhecedor e à vontade em seu elemento - enquanto simultaneamente eu me lembrava de como ele ficou na noite passada.
Durante seis meses eu juntei um
catálogo de memórias do Niall Stella, mas as lembranças que produzi desde que cheguei em Nova York pareciam eclipsar todas as outras.
Niall me chamou para ficar ao seu lado, e fiquei olhando quando ele se abaixou, tirou medidas e inspecionou uma das entradas propostas.

Meu cérebro estava uma bagunça: eu queria prestar atenção e absorver tudo ao meu redor, mas estar tão perto dele depois da noite passada me transformou numa completa
louca varrida. Será que ele está pensando sobre isso? Será que está fingindo que não aconteceu?
Um pensamento horrível me ocorreu: Será possível que ele nem se lembre?
Ele pediu números e várias anotações enquanto trabalhava, mas o lugar era barulhento, o som dos trens e pessoas tornava difícil ouvi-lo. Eu precisava ficar perto, tão perto que ele ocasionalmente encostava na minha perna.
Achei que não era intencional, e tentei não reagir enquanto minha pele se arrepiava. Mas na segunda ou terceira vez, comecei a me perguntar.
- Ruby - ele disse, olhando para mim. - Você reparou que esta foi a última das estações a reabrir?
Eu assenti. É claro que tinha reparado. Mas considerando o quanto isso parecia importante para ele, anotei a informação de novo, mas parei com a caneta no papel quando senti sua mão envolver meu calcanhar. O toque durou apenas um momento, os dedos subiram lentamente na direção do meu joelho, apertando levemente antes de soltarem.
Cada nervo em meu corpo disparou, começando onde ele havia me tocado e terminando bem no meio das minhas pernas. Meus pés vacilaram, os mamilos enrijeceram e os seios ficaram pesados, quando um desejo subiu por minhas coxas.
Meu coração se apertou. Ele se lembrava; apenas precisava de um tempo para processar tudo em sua mente.

Quanto mais tempo passávamos juntos, mais ele parecia relaxar comigo, e seu flerte silencioso apenas aumentou no resto da tarde: sua mão pressionou minhas costas quando saímos da estação, os dedos arrumaram o cabelo em minha testa na fila para o café e, uma vez, seu polegar raspou meu lábio inferior, indo e vindo quando o metrô passou por um túnel escuro.
Eu não conseguia respirar. Mal conseguia ficar de pé.
Quando um assento ficou vago e Niall insistiu que eu sentasse, ele se aproximou até a fivela do cinto ficar a apenas alguns centímetros do meu rosto.
Na minha frente estava a longa extensão de seu torso, com a camisa enfiada dentro da calça. E, mais abaixo, o claro contorno de seu pau apertando contra a coxa, semiereto.
Deus do céu.
Levantei a mão e enganchei um dedo numa das alças do cinto enquanto ele olhava para mim em silêncio e vidrado.
Ao chegarmos na estação, ele veio por trás de mim quando parei para apanhar minhas coisas. Suas grandes mãos agarraram meu quadril e ele
pressionou o corpo contra mim.
Eu o senti.
Quer dizer, eu o senti.
Perdi o fôlego quando sua boca se aproximou da minha orelha e ele simplesmente disse:
- Nós vamos para a esquerda.

Quando voltamos para o escritório eu estava prestes a explodir. Eu me sentia tensa e inchada entre as pernas, a pele da minha coxa estava molhada e lisa. Meus sentidos pareciam aguçados ao máximo, e mesmo as coisas mais básicas - a renda do sutiã raspando em meus seios - pareciam eróticas.
Mas quando pensei que estávamos chegando a algum lugar... nada aconteceu.
Em vez de fechar a porta do escritório e me tocar - eu não me importava nem um pouco de ser no trabalho - ele foi para sua mesa e começou a estudar alguns arquivos, enquanto fiquei ali, excitada, confusa e sem palavras.
Aquilo era uma tortura.
Estar encantada, sentir seu interesse crescer, mas ao mesmo tempo vendo ele se fechar depois de cada pequeno progresso. Eu queria
simplesmente perguntar, mas fiquei com medo de que ele se fechasse ainda mais.
E meu corpo ardia. Foi uma tarde inteira de preliminares discretas e gentis, e eu me sentia como um ferro em brasa recebendo o golpe de uma marreta. Eu estava praticamente vibrando.

Nosso banheiro era privado, graças a Deus, e ao entrar lá dentro eu tranquei a porta, respirando fundo pela primeira vez no dia. Eu podia sentir o cheiro suave de sua colônia, como se estivesse marcada em meus sentidos. Quando cruzei o banheiro até o pequeno banco de couro que ficava debaixo da janela, me permiti imaginar como seria seu cheiro de perto, com meu nariz pressionado
diretamente em sua pele.
Com essa imagem na mente, eu me sentei e deslizei minha calcinha pelas pernas enquanto imaginava o calor daquela pele sob meu toque. Meus dedos se transformaram nos dedos dele, e então subiram por minha coxa até o meio das pernas. Se eu escutasse com atenção, podia ouvir sua voz enquanto ele falava com alguém no telefone. Fingi que ele falava apenas comigo. Eu estava tão sensível, tão molhada, que o menor toque, o raspar de um dedo sobre meu clitóris, fez meu quadril ser impulsionado para a frente, querendo mais. Com os olhos fechados, fiquei ouvindo sua voz, com seu sotaque curvando as palavras em algo que enviava uma corrente elétrica dos meus mamilos até meu sexo. Imaginei suas palavras descendo por meu pescoço; o subir e descer de
sua voz se tornando o ritmo de uma penetração, entrando e saindo de mim.
Imaginei sua presença do outro lado da porta, sabendo que eu estava me tocando, e implorando para que ele me tocasse da próxima vez.
Só de pensar nisso, minha excitação foi ao limite, e eu gozei na minha própria mão, meu corpo inteiro dobrando sobre meu toque.
Só então percebi o quanto estava silencioso lá fora, e que talvez eu tivesse feito barulho demais. Eu podia até ouvir o tique do meu relógio e o leve zumbido do trânsito na rua lá embaixo, mas nenhuma outra voz, nenhum passo andando pelo escritório.

Assim que minhas pernas voltaram a ter firmeza, eu me levantei e ajeitei as roupas, andando até a pia para retocar a maquiagem. Ao sair do banheiro, entrei no corredor e quase trombei com ele.
- Desculpa! - exclamei, tentando apanhar uma pilha de arquivos que caíram no chão. - Deixa que eu pego! - eu disse, definitivamente enfatizando meu constrangimento.
Niall me ignorou e se abaixou para juntar os papéis.
Tentei evitar olhá-lo nos olhos, tendo a certeza que aquilo que eu acabara de fazer estava escrito na minha testa com tinta neon. Ajeitei minha saia e passei o cabelo para o lado antes de olhar para ele. Niall estava me estudando, com a cabeça inclinada.
- O que foi? - perguntei, fingindo inocência.
- Você está bem?
- É claro que sim.
- Você está vermelha. Tem certeza que não está se sentindo mal? Posso cuidar de tudo sozinho hoje se...
- Estou bem - eu disse ao me afastar um pouco, sentindo uma pequena pontada de irritação.
Ele me seguiu até minha mesa, seu olhar atento quase queimando um buraco em minha cabeça.
- Tem certeza que você não estava... correndo pelas escadas? - ele perguntou com um tom hesitante, como se soubesse que eu não estava muito bem.
- Não, eu... - Considerei mentir, mas sabia que ele nunca acreditaria. - Jesus, você não desiste. Podemos mudar de assunto?
Seus olhos suavizaram enquanto analisavam meu rosto, e depois ele respirou fundo, olhando sobre meu ombro como se tivesse lembrado de onde estávamos.
- Vamos lá. Fale de uma vez.
- Eu estava... - comecei a falar, querendo que o chão se abrisse e me engolisse inteira. É sério, esse nosso joguinho estava começando a ficar um
pouco desigual. - Estava só...
- Você estava... - Suas sobrancelhas se juntaram e seu olhar rapidamente pousou em minha mão sobre minha garganta quando ele pareceu entender. - No banheiro das mulheres? Agora?
- Sim.
- No trabalho?
Oh, Deus.
- Desculpe... depois da noite passada e depois de hoje de manhã...
- Espera - ele disse, engolindo em seco. - Você estava pensando em mim lá dentro?
- É claro, eu... - Parei de repente, fechando os olhos e respirando fundo. Como ele conseguiu ficar tão quieto, tão parado? - Você me tocou, mas depois se fechou de novo. Esses sinais conflitantes estão me deixando maluca.
E agora eu me sentia maluca e um pouco humilhada.
Quase pulei de susto quando senti o toque gentil de seus dedos no meu queixo.
- Você gozou, minha querida?
Um fogo percorreu minhas veias, e quando olhei para ele, vi a mesma chama queimando em seus olhos.
Lambi meus lábios e assenti.
- Diga para mim especificamente em que estava pensando.
- Em tocar você - eu disse, com minha boca secando de repente. - Em beijar.
Ele assentiu e seus olhos desfocaram quando olharam para os meus lábios.
Era o convite que eu precisava. Subi na ponta dos pés, raspando o nariz na pele quente de seu pescoço. Ele soltou um som que foi uma mistura entre gemido e grunhido, e tentou diminuir o espaço entre nós ao máximo. Olhando para mim, ele parecia estar lutando contra centenas de coisas diferentes. Percebi imediatamente que ele estava dividido. Acho que eu estava certa, e após o divórcio, ele sentia um pouco de medo do jogo. Talvez estivesse achando que tudo estava indo rápido demais. Ou talvez apenas não estivesse confortável fazendo as coisas do meu jeito: mergulhando de cabeça naquilo que certamente seria muito sexo fantástico e ficar na cama o dia inteiro até nosso voo de volta
para Londres.
Naquele momento, senti que eu aceitaria qualquer coisa, mesmo se isso significasse dez anos de flerte terminando num único e cuidadoso beijo.
- Você está bem? - sussurrei.
- Estou só pensando se eu deveria... - Ele engoliu em seco, estremecendo um pouco.
- Me enviar de volta para Londres e nunca mais falar comigo?
Ele riu, mas negou com a cabeça.
- É claro que não.
- Conversar sobre o que aconteceu na noite passada?
Ele ergueu a mão e acariciou meu queixo com o polegar.
- Sim.
Alívio e ansiedade se misturaram em meu peito.
- Minha mãe sempre disse que, se você não conseguir conversar sobre alguma coisa, então não deveria estar fazendo essa coisa.
Ele ergueu uma sobrancelha e estudou meu rosto, curvando os lábios no sorriso mais doce e esperançoso que eu já vi.
- Combinado, então. Vamos sair para jantar a sós.

Niall me encontrou em meu quarto do hotel, vestindo novamente o terno cinza que é meu favorito. O terno foi cortado para vestir perfeitamente seu corpo longo e musculoso, e a cor cinza destacava o amarelo em seus olhos castanho-claros.
Aqueles olhos focariam em mim a noite toda. Apenas em mim.
Talvez eu entre em combustão.

Tomamos um táxi para o Perry St., um restaurante que ficava no alto de um arranha-céu envidraçado na (advinha) Perry Street.
Era elegante e chique, com
janelas que iam do chão ao teto e decoração minimalista. Mesas repletas de comida preenchiam o grande salão principal, e de repente achei que talvez não
conseguíssemos uma mesa.
- Mesa para dois - ele disse para a hostess. - Reserva em nome de Stella.
Tentei ignorar a batida mais forte do meu coração quando o imaginei fazendo uma reserva para nós dois. Seguimos a hostess até uma mesa no canto mais afastado do salão.
- Meu Deus, este lugar é lindo - eu disse, olhando para a incrível vista do rio Hudson. - Como você descobriu este restaurante?
- Com o Max, é claro - ele disse, sentando-se.
- Certo. O Max - eu disse, rezando para que não soasse tão inseguro para seus ouvidos quanto soava para mim. Ele ligou para o irmão perguntando sobre o jantar. Se eu não sentisse seu pé pressionando o meu debaixo da mesa, eu poderia
sair flutuando por aí. - Faz tempo que ele mora aqui?
Ele confirmou, tomando um gole d'água.
- Alguns anos.
- Ele parece tão feliz - eu disse. - Todos eles parecem.
Niall sorriu.
- E são mesmo. Max e a Sara acabaram de ter um bebê, sabe? - Eu assenti, e ele hesitou por um momento antes de perguntar: - Quer ver uma foto?
- Eu adoraria. - Adoraria era um eufemismo nesse caso, eu estava morrendo de curiosidade.
Niall apanhou seu celular e começou a buscar em suas fotos.
- Aqui está ela - ele disse, todo carinhoso, passando o dedo pela tela. Era uma foto do Niall segurando algo todo empacotado em um cobertor, com uma pequena mão saindo de lá de dentro e segurando seu polegar. Mas não foi a linda bebê que fez meu coração despencar até as profundezas do meu estômago, embora ela fosse mesmo linda; foi a expressão de adoração em seu rosto enquanto olhava para ela. O Niall da foto estava feliz, praticamente cintilando.
Ele estava relaxado e sorrindo e absolutamente maravilhado com a garotinha.
- Qual é o nome dela? - perguntei, olhando em seu rosto e encontrando a mesma expressão da foto.
Deus do céu.
Ovulação em 3... 2... 1...
- Annabel Dillon Stella. Coisinha linda, não acha?
Meus olhos se arregalaram quando seu sotaque suavizou.
- Linda. Ela parece um pouco com você, eu acho. Olha esse nariz.
Como se fosse possível, sua expressão ficou ainda mais feliz.
- Você acha?
Eu confirmei.
- É o nariz da família Stella, olha só.
O garçom apareceu e perguntou se gostaríamos de pedir bebidas antes do jantar. Nós rimos e depois nos olhamos. Com a menção a bebidas, a memória da noite passada surgiu com força entre nós.
Eu prendi a respiração.
- Talvez um pouco de vinho? - Niall sugeriu discretamente, buscando minha aprovação e depois estudando rapidamente o menu de vinhos. Ele pediu uma garrafa de pinot noir e me entregou o cardápio. - Alguns minutos antes de pedirmos, concorda?
Após o garçom desaparecer, Niall ficou prestando atenção na condensação de seu copo por alguns instantes.
- Eu sei que ontem foi realmente maluco para nós dois- eu disse, encarando o elefante sentado na mesa -, mas espero que você não tenha se arrependido. Eu me sentiria horrível.
Sua cabeça ergueu de repente, as sobrancelhas se juntaram.
- De jeito nenhum - ele disse, e eu respirei aliviada. -Se você lembra, eu é quem fui atrás de você no seu quarto.
Eu lembrava sim.
Os segundos passaram e ele baixou a cabeça, olhou para suas mãos e não disse mais nada. Com cada momento silencioso, não pude deixar de pensar, será que era só isso? Mordi os lábios, estudando seu rosto.
Ele respirou fundo, rindo um pouco de si mesmo.
- Isso é tudo muito novo para mim, Ruby. Me perdoe se eu precisar de um tempo para encontrar as palavras.
Eu queria ser paciente, mas o silêncio era uma tortura. Em situações profissionais, Niall era confiante e capaz. Nas poucas vezes em que relaxou o bastante para me tocar, mostrou dominância e controle. Mas quando chegava nesta conversa - em situações pessoais onde precisava se expressar verbalmente - ele parecia incapaz de comunicar um único pensamento particular.

Talvez a Pippa estivesse certa e esse tipo de reserva emocional era sexy apenas em livros ou filmes. Aqui, era uma tortura para minha pulsação que martelava.
- Deve ter sido estranho - eu disse, sem conseguir estender mais o silêncio. - Fazer aquilo. Quer dizer, assistir a mim fazendo aquilo.
Oh, Deus.
Ele olhou para mim, esperando para ver onde eu queria chegar. Inferno, eu estava esperando para saber onde eu queria chegar.
- Com alguém totalmente diferente, depois do divórcio- tagarelei. - Ou, voltar para o mundo dos solteiros... daquele jeito. Comigo.
Droga, se isso fosse um jogo de futebol, seria o tipo de partida onde eu me atrapalho com a bola, daí a bola explode e o estádio inteiro pega fogo.
Ele passou um dedo sobre a sobrancelha e mostrou um pequeno sorriso.
- De volta ao mundo dos solteiros - ele repetiu. - Não sei se o que venho fazendo desde o divórcio pode entrar nessa classificação.
O garçom voltou à nossa mesa para anotar nosso pedido, e nós dois abrimos o cardápio, olhando rapidamente.
Eu pedi a primeira combinação de palavras que consegui juntar.
- Quero o salmão.
Niall ficou olhando as opções antes de fechar o cardápio de repente e entregar ao garçom, dizendo apenas "filé" distraidamente. O garçom abriu a boca para listar as opções, mas ele o interrompeu e apenas disse para trazer qualquer um que recomendasse.
Esperamos pacientemente ele ir embora, e depois nossos olhos voltaram a se encontrar.
- Onde estávamos? - ele perguntou.
- Estávamos analisando o significado de "voltar ao mundo dos solteiros".
Ele riu.
- Certo.
- Você não tem o hábito de sair com garotas de vezem quando?
Niall considerou a pergunta, ajeitando os talheres e limpando uma gota condensada em seu copo d'água.
- Na verdade, não.
- Por quê? Você é lindo e bem-sucedido. Você... - Eu parei, querendo que alguém tapasse minha boca. - Resumindo: você é um partidão.
Ele soltou uma pequena risada.
- Eu nunca, quer dizer... eu sei que não sou... mas eu nunca me descreveria assim.
Ele estava de brincadeira?
- Você deve estar brincando. Já se olhou no espelho? Já ouviu sua própria voz? Acho que vou chamar a hostess aqui para você ler o cardápio pra ela. Tenho certeza que ela se jogaria aos seus pés antes que chegasse nas saladas.
Quando ele riu, uma covinha apareceu.
- Você gostou da noite passada, não é? - ele perguntou.
Ah. Aí está.
- Tenho certeza que nós dois sabemos muito bem que eu gostei da noite passada. - Lutando contra o calor em meu rosto, continuei me concentrando no assunto mais delicado. - Mas depois, quando você me tocou hoje... - Tomei um gole do vinho, sentindo a boca seca de repente. - Passei o dia todo sem saber em que você realmente estava pensando.
- Eu também não sei - ele admitiu. - Meu corpo parecia me impulsionar, mas ainda estou hesitante. Não porque não sinta atração por você. Eu sinto. E achava que isso era óbvio. Mas não sei se posso confiar na minha habilidade de lidar com um relacionamento.
- Só tem um jeito de descobrir - eu disse honestamente. - Eu também não sei lidar direito com relacionamentos. Além disso, seu casamento durou mais de uma década. Você deve ter feito alguma coisa direito.
- Acho que mesmo quando eu e a Portia estávamos juntos, nem sempre foi... - Ele perdeu o rumo, limpando a garganta antes de recomeçar: - Com a Portia, você sempre fica com a impressão que fez tudo errado.
O que foi que ela fez com ele? Eu imaginava uma loira de cabelo preso, toda arrumada e com uma constante expressão de nojo. E um marido sentindo que tudo que fazia era errado.
- Bom, o nome dela era Portia. Isso já não é um bom começo.
Ele exibiu um pequeno sorriso.
- Acho que encontramos um ritmo no dia a dia. Era algo silencioso, mas previsível. - Ele tomou outro gole de vinho. - Mas com você, quando tudo parece tão intenso e avassalador... quando fico sozinho depois, acabo pensando demais sobre tudo e remoendo cada detalhe.
Deus, ele era tão adoravelmente retraído que eu mal conseguia aguentar. Já presenciei alguns lampejos que mostravam o quanto ele podia ser divertido - quando ele me flagrou no corredor, quando tiramos uma selfie na frente do Radio
City, quando falou sobre sua sobrinha. Niall apenas precisava relaxar um pouco.
- Acho que fica melhor entre nós quando não pensamos demais. Tem sido bem legal quando apenas passamos um tempo juntos.
- Concordo. Porém... quando se trata de intimidade, eu não sou tão bom. Então...
- Você quer dizer sexo? - eu disse, tentando ser franca.
Ele sacudiu a cabeça para mim, um sorriso paciente curvando sua boca.
- Não só o sexo. Mas também a intimidade que vai além disso. Nós não transamos ontem, mas foi uma das experiências mais íntimas que eu já tive. Ainda estou digerindo tudo isso.
Prendi minha respiração, concordando lentamente.
Então ele entendia o quanto ontem foi diferente, o quanto aquilo foi muito mais profundo do que uma rapidinha numa cama de hotel.
Niall coçou o queixo, contemplando sua taça de vinho.
- Você pode achar que - ele disse cuidadosamente -muito disso pode parecer um retrocesso para você, se estiver acostumada a combinar com antecedência como será uma relação, ou como irá proceder. Mas para mim, nada disso é familiar. A Portia decidiu que ficaríamos juntos, então ficamos. Depois disso, era mais comum conversamos sobre o clima do que sobre emoções. E quanto ao sexo... acho que nunca conversamos sobre isso. Então o mero fato de eu e você estarmos aqui juntos, discutindo o que fizemos ontem... apesar de nem termos nos beijado ou tocado... é meio que uma revelação para mim.
- Uma boa revelação? - perguntei, sem conseguir esconder minha esperança.
- Sim, uma boa revelação - ele concordou, assentindo lentamente. - Eu gosto da sua companhia. Apenas quero explorar isso da maneira certa. - Ele fez uma pausa, olhando em meus olhos. - Já compartilhamos uma grande intimidade sem nem nos conhecermos direito.
Eu concordei, engolindo com dificuldade. Mas uma sensação estranha me abateu, pois eu sentia que já conhecia o Niall. Porém, pensando melhor, aquilo
era verdade; ele não me conhecia ainda.
- Podemos recuar um pouco. E conhecer melhor um ao outro.
Sacudindo a cabeça, ele murmurou:
- Mas essa é a questão. Não sei se quero recuar, nem se preciso recuar. Por que preciso saber tudo sobre você antes de nos divertirmos fisicamente? Eu gosto de você. Isso não é suficiente?
Encolhi os ombros, sentindo meu estômago se contorcer enquanto o observava.
- Pra mim é suficiente. Mas não precisa ser pra você.
- Eu quero que seja. Sinto uma liberdade diferente quando estou perto de você.
Sorrindo para o vinho, perguntei:
- É mesmo?
- Você me faz sentir aventureiro e interessante... e divertido.
- Divertido? - repeti, fingido estar chocada. - Sr. Stella, como ousa pensar assim?
Sua risada veio profunda e calorosa, enviando um calafrio sobre minha pele.
- Você também me faz pensar sobre coisas que eu não considero gentis ou
recatadas ou apropriadas.
- Tipo o quê?
Ele procurou meus olhos.
- Acho que prefiro mostrar. Apenas preciso dar permissão a mim mesmo, se você concordar.
Não parecia possível que meu peito ficasse mais apertado, mas aconteceu.
- Sim.
Seus olhos estavam tão sinceros e expressivos quando perguntou:
- Você vai continuar sendo tão aberta comigo como foi ontem?
Eu concordei, levando a taça de vinho aos lábios com a mão trêmula. Como isso estava acontecendo...? Como?
- Nesse caso - ele disse, tentando controlar o nervosismo -, sei que pode ser difícil explicar essas preferências, ou seja, é difícil vocalizar coisas que são mais da ordem das reações físicas... - ele tagarelou num único fôlego, até que finalmente olhou para mim. - Mas ajuda saber.
Fiquei completamente boiando, sem entender.
- Saber? Saber o quê?
Niall engoliu em seco e olhou rapidamente para os lados para confirmar que ninguém podia ouvir.
- Saber o que funciona - ele disse, hesitando. - Francamente, eu não sei se ela alguma vez...
- Gozou? - sugeri.
- Ah, não... ela sempre gozava - ele disse, esfregando o queixo com o dedo indicador. - Mas eu nunca soube se ela queria sexo. Se ela queria a mim.
Senti como se uma pedra despencasse em meu estômago, e precisei de um momento - e de um pouco de vinho - para limpar qualquer sinal de dó em minha voz antes de responder.
- Bom, então ela realmente é uma besta. Como eu disse antes, você já se olhou no espelho ultimamente?
Ele riu e depois pareceu se arrepender imediatamente. Eu me senti horrível.
- Ruby, não quero falar mal dela. Você tem que entender que ela é a única mulher com quem já fiquei. O que estou tentando dizer é que nós não explorávamos muito. Existe muita estrada entre chegar a um lugar e aproveitar a jornada. - Ele me olhou e sorriu. - A noite passada, com seu showzinho desinibido, foi uma experiência completamente nova pra mim.
Fiz uma pausa, olhando para a água enquanto considerava como responder.
Não era de se estranhar que ele vivesse atrás de uma barreira. Ela havia construído uma fortaleza ao redor da vida sexual deles há uma década.
- Você ainda a ama? - perguntei.
- Não. Meu Deus, não. Mas, sem dúvida nenhuma, nossa relação me influenciou muito. Ela deixava muito claro que fazia sexo comigo apenas para mim. Nunca para ela.
Ergui minha taça.
- Bom, se você se sentir melhor, não tenho problema nenhum que o sexo seja apenas para o meu prazer - eu disse, querendo aliviar o clima.
- Quanta generosidade - ele disse, exibindo meu sorriso e covinha favoritos. - Mas também não é tão fácil. Do que as mulheres realmente gostam? Pornografia não ajuda em nada a responder isso.
- Nem sempre - eu corrigi. - Nós gostamos sim de pau grande e de escutar sacanagem.
Seu novo conforto comigo passou no teste quando ele nem piscou.
- Mas, por exemplo, sexo oral... - ele começou e depois deixou o resto no ar, simplesmente erguendo as sobrancelhas.
- Na verdade, a maioria das mulheres é fã do sexo oral.
Ele ajeitou os talheres de novo e depois olhou para mim do outro lado da mesa.
- Recebendo?
- Isso é uma pergunta séria?
- Infelizmente, sim. - Ele sorriu para mim, e naquele breve instante Niall pareceu tão jovem e brincalhão. - E dando?
Mordi o lábio, imaginando como seria bom passar minha língua sobre a ponta de seu pau enquanto ele gemia.
- Oh, sim.
Ele olhou ao redor do salão, apenas o suficiente para ter certeza que ninguém estava ouvindo.
- As mulheres gostam de engolir?
A conversa oficialmente despencou desfiladeiro abaixo. Eu mal conseguia me conter.
- Vou fazer um chute completamente não científico e dizer que setenta por cento não é a favor de engolir.
Seus olhos se acenderam junto com um sorriso provocador.
- E em qual categoria você se encaixa? Nos setenta por cento, ou nos outros trinta?
- Com você? - eu disse num sussurro, inclinando-me sobre a mesa. - Nos trinta.
Niall respirou fundo, jogando a cabeça um pouco para trás. O salão parecia encolher até eu sentir que havia apenas nós dois na mesa, olhando um para o outro.
- Eu também quero - ele admitiu.

A imagem, a ideia, diminuiu ainda mais o espaço entre nós até sobrar apenas uma coisa viva e pulsante.
- Diga algo safado - eu sussurrei, me sentindo toda corajosa. Sentindo que estava insana.
- Diga a coisa mais louca e safada que você consegue pensar. Me deixe sem palavras.
Ele assentiu como se eu tivesse feito um pedido normal, e olhou para suas mãos juntas sobre a mesa por vários segundos antes de piscar de volta para mim.
Seus olhos castanhos tinham uma cobertura tão grossa de cílios e mais uma vez ele parecia um homem, e não a paixonite intimidadora que eu idealizei por vários meses.
Eu o queria ainda mais.
Ele chegou mais perto, dizendo:
- Eu gosto muito de...
- Mais safado - interrompi. - Pare de pensar tanto.
Seus olhos ficaram sombrios quando olhou em minha boca.
- Eu quero.
- Quer o quê? Não filtre nada.
- Quero você chupando meu pau, chupando com tanta fome que você implora com os olhos para eu deixar você engolir.
Oh.
Niall Stella aprendia rápido.
O garçom chegou com nossa comida, colocando na mesa antes de perguntar se queríamos mais alguma coisa. Eu queria pedir um balde de gelo. Para pôr no meu colo.
Segurei uma risada, mas o Niall respondeu com um sorriso.
- Por enquanto, não. Obrigado.
- Uau. Boa jogada - murmurei quando ficamos sozinhos de novo, ainda abalada. - Não sei como vou conseguir comer agora.
O barulho ao nosso redor pareceu retornar de uma só vez, lembrando que não estávamos sozinhos como no quarto do hotel. Estávamos inclinados na direção um do outro, quase nos beijando sobre a mesa.
- O que estamos fazendo um com o outro? - ele sussurrou.
Eu encolhi os ombros.
- Estamos... tentando?
Ele ergueu seu garfo e faca, cortando o filé.
- Na verdade, agora fiquei com fome.
- Fome pós-sexo? - brinquei.
- Não mesmo - ele grunhiu, dando uma mordida.
Niall olhou para mim enquanto mastigava. Observei seu queixo flexionando com o movimento e os lábios se apertarem juntos. Como ele conseguia mastigar de um jeito sexy? Isso não era justo.
Depois de engolir, ele perguntou:
- O que foi?
- Nada. Acontece que você é sexy até quando come. É uma distração, depois de ouvir aquilo que você falou sobre sexo oral.
Ele apertou os lábios numa reação adoravelmente dúbia antes de perguntar:
- Então, vamos voltar a algum assunto normal?
- Boa ideia. - Finalmente, experimentei meu salmão.
- Palavra favorita? - ele perguntou.
- Boceta - eu disse sem hesitar.
Ele deixou o queixo cair, fingindo estar horrorizado.
- Você roubou a minha palavra.
Eu quase engasguei.
- Eu não consigo nem imaginar você pensando essa palavra, muito menos dizendo.
Rindo, ele sacudiu a cabeça enquanto cortava mais um pedaço do filé antes de mastigar e engolir.
- Acho que tenho várias outras coisas que penso, mas nunca digo. Eu adoro essa palavra. Mas é verdade que eu nunca falo isso.
- Qual é o contexto favorito?
Depois de pensar um pouco, ele acabou dizendo:
- Gosto de usar quando é para xingar alguém num jogo de futebol, entende?
Tipo, "para de agarrar minha camisa, boceta". - Ele comeu algumas ervilhas e nem percebeu meu suspiro diante daquele sotaque incrível. Niall engoliu, limpou a boca com o guardanapo e depois acrescentou: - Qual é o seu contexto favorito?
Tomei quase metade da taça de vinho.
- Provavelmente algo mais grosseiro do que isso.
- É mesmo? - ele disse, sorrindo. - Eu achava que os americanos odiavam essa palavra.
- Eu não odeio.
Niall levou sua taça até os lábios e tomou um longo gole.
- Vou me lembrar disso.



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