Aquela conversa descontraída se transformou em algo menos picante quando terminamos de comer. A conversa fluía na mesma medida do vinho. Ruby tinha uma atitude liberal quanto ao sexo, mas, quanto a relações em si, ela podia ser curiosamente conversadora. Admitiu, entre o jantar e a sobremesa, que, apesar de todo aquele flerte, não gostava da ideia de sexo sem algum tipo de conversa antes.
Estudei a Ruby - boca macia, olhos arregalados, mãos gesticulando docemente enquanto enfatizava suas ideias - e fiquei maravilhado com o quanto tudo isso parecia natural nela. Ruby era paciente com minha inexperiência e hesitação. De fato, nem parecia surpresa com isso.
Depois do jantar e das bebidas, ela apanhou sua bolsa e se levantou. Observei suas mãos envolvendo o couro, e o pescoço se esticando quando ela soltou o colar que estava preso na gola do vestido. Jogou os cabelos para trás da orelha e depois se virou para me olhar.
Ruby me flagrou de olhos vidrados nela; eu estava hipnotizado por cada movimento seu.
- O jantar estava ótimo - ela disse, sorrindo.
Meu Deus do céu.
- Cada mordida - concordei,ajudando-a com seu casaco.
- E você morde? - ela perguntou, enquanto saía do restaurante e ganhava a rua.
O ar estava carregado com o vapor dos exaustores e os barulhos que surgiam da rua.
- Imagino que sim - eu disse, depois viramos na Greenwich. -
Dependendo das circunstâncias.
Minha pele vibrava, meus dedos se moviam inquietos, até que finalmente criei coragem para tocar em suas costas. Debaixo do toque, ela se endireitou e estremeceu, antes de esticar o braço e tomar a minha mão.
Seus longos e magros dedos se entrelaçaram com os meus e ela me puxou para o seu lado.
- Você está preocupado por causa do trabalho? - ela perguntou discretamente.
- O trabalho...? - perguntei confuso.
- Sobre nós. E o trabalho.
Senti minha sobrancelha se erguer quando entendi.
- Ah. Bom, por enquanto não. - Levantei a mão e chamei um táxi, segurando a porta para ela. - Acho que precisamos deixar claro o que estamos fazendo, e depois nos esforçar para que isso não interfira em nosso trabalho, mas... - Eu a segui para dentro do carro, notando seu sorriso divertido enquanto eu tagarelava. - Não acho que seja proibido pelas regras da empresa.
- Não é - ela disse, apoiando-se ao meu lado e olhando para mim. - Eu já chequei isso faz tempo.
- Faz tempo?
Ela mordeu o lábio enquanto sorria.
- Uns quatro meses?
Ficamos em silêncio enquanto o táxi andava alguns quarteirões.
- Quatro meses atrás eu nem sabia...
- Que eu existia - ela completou. - Eu sei. Acho que eu queria me convencer a esquecer de você - ela disse, rindo. - Se eu descobrisse que era proibido, então, bom, então já era.
- Ou talvez isso fizesse você querer ainda mais - eu disse, acariciando seu queixo com meu polegar.
- Talvez - ela respondeu, virando o rosto para minha palma. - Quando você me notou?
- O dia que o Tony disse que você me acompanharia nesta viagem foi o primeiro dia que eu realmente notei você...
Ela tocou meu queixo e atraiu meus olhos de volta para seu rosto.
- Você está ficando nervoso desnecessariamente. Sei que eu era invisível pra você antes. Isso não me incomoda.
Engoli em seco, olhando para sua doce boquinha rosa e os calmos olhos verdes.
- Você não era invisível para mim, mas... - Olhá-la nos olhos não era fácil. - Acontece que, e isso tem que ficar apenas entre nós... o Tony sugeriu que eu usasse a viagem para "dar uma escapadinha".
- "Dar uma escapadinha" - ela repetiu, sem entender direito. Fiquei olhando para ela, sorrindo constrangido, até que a ficha caiu e ela começou a rir.
- Aquele cara é um nojento.
Sua reação me acalmou imediatamente, até que um pensamento me ocorreu.
- Ele nunca tocou em você, não é?
Inclinando a cabeça, ela disse:
- Não, é só um pervertido. Às vezes ele olha para mim e para a Pippa de um jeito... - Ela sacudiu a cabeça, estremecendo.
Eu apenas sorri. Não queria confirmar que concordava com ela e também percebia a maneira inadequada com que ele olhava as mulheres do escritório.
Em mais de uma ocasião quase avisei o RH para ficar de olho nele.
- Mas eu adoro essa frase - ela disse, desviando os olhos. - "Dar uma escapadinha". É uma frase sexy, de um jeito meio grosseiro. Gosto da ideia de
você me levar para uma escapadinha aqui e ali.
Fechei os olhos, respirando fundo para me acalmar.
- Olha, eu nem cheguei a considerar a sugestão dele. Mas, afinal de contas, sou um homem. E mesmo se ele não tivesse falado aquilo, só de saber que
viajaríamos juntos já fiquei completamente desconcertado. - Ela riu, e percebi novamente o quanto ela me conhecia bem, o quanto havia aprendido apenas observando. - E então esbarrei em você no elevador. - E eu parecia uma louca.
- Sim, parecia. Uma psicopata, na verdade - provoquei. - Mas eu queria sair dali apenas porque senti algo desorientador perto de você.
- Meu poder de constrangimento foi demais para você?
- Sem dúvida - murmurei, passando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. - Você está brincando, mas eu não estou. Havia algo em você...
Ela fechou os olhos e eu desci meus dedos lentamente por seu pescoço até a garganta. Sob meu toque, sua pele estava muito macia e fresca por causa do ar noturno. Eu mal podia imaginar como seria intenso beijá-la, muito menos fazer amor com ela. Eu provavelmente rasgaria suas roupas, como ela havia sugerido ontem mesmo. E com certeza eu morderia.
- Mas eu notei você antes, sim. Nas reuniões, nós já havíamos trocado uns olhares...
Ruby abriu os olhos novamente e sua expressão dizia que ela duvidava disso, como se eu estivesse brincando com ela.
- Não tem problema se você não me notou antes. Também não tem problema se você quiser apenas experimentar como seria sair com outra pessoa que não seja a Portia. Prometo que vou me comportar como uma perfeita adulta.
- Não é isso... - comecei a falar, mas parei quando o táxi estacionou.
Conduzi a Ruby para dentro do hotel até o elevador, que estava cheio.
Descemos em nosso andar em silêncio e andamos pelo corredor até nossos
quartos, ouvindo os passos ecoando no vazio.
Quando chegamos em minha porta, eu disse a ela:
- Nunca nem considerei ficar com alguém só por ficar. Com exceção daquela interação bêbada, sexo apenas pelo sexo nunca me interessou.
Ruby lambeu os lábios e exibiu um sorrisinho hesitante.
- Então você precisa de sexo de verdade.
Ela continuou me olhando com paciência, aqueles olhos sapecas, e o momento se arrastou pesadamente.
- Eu acho que sem dúvida eu preciso de sexo de verdade - admiti num sussurro.
Suas sobrancelhas ergueram-se sugestivamente e ela inclinou a cabeça na direção de seu quarto.
- Eu me diverti muito no jantar...
Ruby me deu mais dez segundos para fazer ou dizer alguma coisa antes de chegar mais perto e beijar meu rosto, quase sobre o canto da boca.
- Boa noite, minha paixonite secreta, sexy e hesitante.
Fiquei olhando quando Ruby se virou e andou os dez passos até seu quarto. Ela entrou e a porta se fechou levemente atrás dela, antes de eu murmurar:
- Boa noite, minha garota linda e exuberante.
- Que tipo de imbecil é você? - perguntei ao meu reflexo no espelho do banheiro. - Você poderia ter beijado. Poderia ter se divertido com ela. E, no
mínimo, poderia tê-la convidado pra entrar. - Fechei os olhos, inspirando profundamente pelo nariz. Eu sentia como se minha pele pegasse fogo e, com exceção de entrar debaixo do chuveiro ou derrubar sua porta e finalmente transar com ela, não sabia como acabar com essa sensação.
Juro que conseguia me lembrar de cada sorriso dela hoje, ou cada risada onde jogava a cabeça para trás e fechava os olhos. Ruby parecia se divertir em cada pequeno instante de sua vida. Havia algo sobre ela que me fazia querer ficar ao seu lado, colocá-la num pedestal e me banhar com sua energia e doçura desinibida.
Diga algo safado, ela disse. Diga a coisa mais louca e safada que você consegue pensar. Me deixe sem palavras.
Andando até o armário, tirei meu casaco, a gravata e a camisa. Pendurei as roupas, sentindo-me quente, sensível e excitado até o ponto onde achei que fosse
explodir. E me sentia estúpido. Ruby não teria dito "não" se eu avançasse, tomasse seu rosto nas mãos e a beijasse. Ela nem teria negado se eu simplesmente pedisse "Posso entrar? Você poderia me mostrar como fazer isso de verdade? Tenho medo de estragar tudo."
Porque, sinceramente, eu nunca avancei na vida desse jeito.
Profissionalmente, sim: me lancei por aí e busquei aquilo que queria. Mas na vida pessoal tudo meio que aconteceu por acaso. Quando tínhamos dezesseis anos, Portia me encontrou numa floresta perto da minha casa e sugeriu que eu a beijasse. Quanto tínhamos dezoito, ela me informou que estava pronta para fazer
amor. Sendo a Portia, ela foi incapaz de aguentar e contou para sua mãe, e sendo a família Windson-Lockharts, seus pais imediatamente sugeriram que nos casássemos. A partir daí, tudo aconteceu de um jeito comportado: um grande casamento, um apartamento com dinheiro emprestado de seu pai (e que paguei em menos de quatro anos), um carro, um cachorro e uma vida a dois construída sob demanda.
Coisas que eu nunca quis novamente.
Então, precisava de um novo plano. Eu libertaria esse outro lado de mim - o lado secreto que esteve dormindo por muito tempo: o romântico, passional,
desesperado para me aventurar com alguém que fosse só um pouco mais selvagem do que eu - e não permitiria que isto se voltasse para a rotina, para a educação, para a conveniência.
Se a Ruby realmente quer que eu me abra, então farei qualquer coisa possível.
Eu pedirei o que quero a ela.
Eu aprenderei a jogar.
Mostrarei que posso dar aquilo que ela precisa.
Após essa decisão, uma sensação de alívio se apoderou do meu corpo e sentei de cueca à mesa, com a intenção de ouvir a pilha de mensagens de voz do escritório de Londres. Com meu gravador de voz, eu registrava observações após cada mensagem: aquelas que precisavam de retorno imediato, aquelas que eu poderia passar para minha assistente, aquelas com informações importantes.
Mas, depois de apenas quinze mensagens, minha mente voltou ao jantar.
O hábito da Ruby de sorrir com sua língua entre dentes, combinado com a doçura do sorvete de abacaxi que ela pediu, me deixou quase grogue de
curiosidade: será que a língua ficou fria? Fria e doce? Será que ela gostava de sentir sua língua sendo chupada e lambida?
Como seria se ela tomasse o sorvete e depois me lambesse, com a língua fria deslizando pelo...
Eu me permiti imaginar a Ruby diante da minha porta, vestindo seu calção de seda e camisola, os seios duros nas pontas, a curva dos quadris estreita e lisa. Ela entra em meu quarto, segurando uma taça de água gelada em uma mão e usando a outra para pressionar meu peito e me empurrar até a cama.
- Não se sente - ela me alerta.
Sem palavras, eu obedeço. Estou usando apenas minha cueca, e ela não diz mais nada, nem mesmo me beija; mas ela morde aquela língua rosa entre dentes, sorrindo para mim, e depois desce até os joelhos, puxando minha cueca no caminho.
Deslizei minha cueca pela cintura, deixando a fantasia crescer.
Estou duro, impulsionando-me em sua direção e observando vidrado quando ela toma um cubo de gelo na boca, chupando e depois deslizando o gelo por meu abdômen e sobre o quadril.
- Ah - eu começo a ofegar quando ela passa a mão livre na parte de dentro da minha coxa, apanhando tudo no caminho, testículos e pau de uma vez só, segurando com força. Eu finalmente crio coragem para segurar a cabeça dela e depois deslizo os dedos para dentro de seus cabelos. É macio, assim como imaginei, e ela geme baixinho quando eu agarro e puxo. Ela não esperava isso, ela deixa o cubo de gelo cair de sua boca.
Eu seguro meu pau, puxando para baixo e gemendo.
- Lambe - eu digo, com minha voz soando estranhamente alta no quarto.
Os olhos da Ruby passam de acesos e sapecas para cerrados e docemente obedientes. Posso senti-la fazendo força contra minha mão que agarra seus cabelos, tentando me alcançar.
- Você é tão linda - gemi, movendo minha mão cada vez mais rápido, imaginando como seria sentir a mão dela agarrando a cabeça do meu pau, e sua língua macia lambendo... Soltei um gemido.
- Vá mais devagar - eu disse. - Quero sua língua brincando comigo antes de você mostrar como fica quando implora.
Sua língua apareceu, lambendo o líquido que vazava ali, chupando e querendo mais. Garota insaciável e safada. Eu me afasto, passando meu pau sobre seus lábios, e pergunto:
- Você ficou pensando nisso? Quando lambeu a sobremesa da colher ou quando chupou a cobertura no seu dedo, você ficou imaginando meu pau na sua boca?
Ela confirma, abrindo a boca e olhando para mim com os lábios separados, esperando por mais.
- Você quer? Confirmando novamente, ela move os lábios apenas o suficiente para sussurrar "por favor".
Com um gemido agudo, eu deslizo fundo, adorando a sensação de sua língua, de sua boca me envolvendo e vibrando com seu gemido de surpresa. Seus olhos se arregalam apenas por um instante com a abrupta invasão antes de relaxar, lambendo e gemendo gostoso, olhos fixos nos meus. Eu deslizo para dentro e para fora, respirando com dificuldade, quando digo:
- Assim...
... e...
- Oh, minha garotinha doce... me chupa...
... e...
- Nunca vou tirar essa imagem da minha cabeça.
Suas mãos se aproximam para me segurar mais embaixo, puxando e acariciando... e isso é o paraíso. É bom demais, e é cedo demais. Quero olhar em seu rosto quando ela me sentir gozando.
Fechei meus olhos para a fantasia. Não recebo sexo oral há mais de sete anos, e estava obcecado com a boca e a língua da Ruby, e suas palavras obscenas e corajosas.
Eu toco em seu queixo com um dedo, sussurrando:
- Estou gozando. Ruby. Ruby. Por favor... por favor, deixe eu gozar dentro.
E com uma estocada em sua boca eu finalmente gozo. O prazer sobe por minhas pernas e costas até pulsar quente em minha pele, formigando e e e
- Ohhh...
Gozei em meus dedos, gemendo seu nome.
Precisei de quase um minuto até minha visão clarear e eu poder usar a cueca para limpar a mão e o chão. O quarto parecia quieto demais, como se eu estivesse em algum palco, atuando.
Sobre a mesa, meu relógio batia alto no meio do silêncio.
Olhei para a mesa e senti meu rosto queimar de vergonha.
O gravador de voz esteve ligado o tempo todo.
Meu dedo pairou sobre o botão delete. Nada no mundo poderia ser mais aterrorizante do que ouvir a si próprio masturbando. Eu poderia apagar tudo.
Mas algo me desafiou a hesitar, e deixei o gravador sobre a mesa, olhando silenciosamente para a parede que separava nossos quartos.
A oportunidade de progredir com a Ruby escapou de mim hoje, mas eu não deixaria que acontecesse novamente. Ela era meu porto seguro;estranhamente, após apenas alguns dias eu sentia que nos conhecíamos melhor do que eu conhecia Portia após quase onze anos de casamento. Eu podia dar à Ruby o que ela precisava.
Apertei o botão para gravar novamente. Apanhei meu celular, disquei seu número e esperei tocar uma vez...
Meu coração está batendo tão forte.
... duas vezes...
Continue, Niall. Continue.
... e então ela atendeu, limpando a garganta antes de dizer:
- Niall?
- Oi, Ruby.
Depois de uma pausa, ela suspirou.
- Está tudo bem?
Meu coração martelava no peito, e então me ocorreu que eu estava no meio do meu quarto, pelado, falando ao telefone com ela.
- Sim, tudo bem - murmurei. Fechando os olhos, imaginei-a ouvindo a gravação do que eu acabara de fazer, e depois ela saberia que liguei logo em seguida. Sorrindo, eu disse: - Queria apenas confirmar que você estará presente na reunião de amanhã, às oito e meia.
Outra pausa, e quando respondeu, ela pareceu levemente decepcionada.
- É claro. Encontro você no saguão às sete e quinze?
Olhei para o relógio. Já era quase meia-noite. Apenas uma questão de horas antes de vê-la novamente.
- Sete e quinze - eu disse. - Perfeito.
- Boa noite...
- Boa noite, querida.
Desliguei, depois apertei o botão e parei a gravação.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.