História Surprise - Again

Respire fundo, ar para dentro e para fora, repita. Fogaça apertou a sua mão a lançando um olhar tranquilizador, uma última respirada funda e ele abriu a porta entrando na sala arejada junto com ela.

Patricio os recebeu com um sorriso, encarou brevemente as mãos dadas balançando a cabeça negativamente, Paola sentia o frio na sua barriga crescer a cada segundo mais.

- Eu sabia que receberia a visita de vocês, mais cedo ou mais tarde, por favor sentem - Ele tinha um certo humor em sua voz, Paola não pode deixar de pensar em vilões sátiros de filmes que assistia, comparação absurda ela sabia, mas sua mente não estava em completa sanidade para pensar de forma racional.

Eles se sentaram, no entanto Henrique fazia questão de manter a mão de Paola atrelada a sua ele sabia como ela estava nervosa, e faria o que estivesse ao seu alcance para a deixar mais tranquila, infelizmente o que poderia fazer se resumia a pegar em sua mão, se pudesse impedir todos de falar da vida deles o faria, contudo não tinha essa capacidade.

- Nós estamos juntos - Fogaça disse de uma vez, Patricio assentiu não exibindo nenhuma surpresa.

- No, é só isso, ele é o pai do meu bebê - Paola percebendo que ele não havia ligado os pontos, disse o encarando profundamente, sua feição antes sem emoções agora demonstrava olhos esbugalhados e a boca levemente aberta como se não tivesse certeza do que falar.

- Ou!... - Exclamou um pouco assustado - Por essa eu não esperava - Fogaça sentiu sua mão ser apertada ainda mais, Patricio encarou longamente a mesa a sua frente.

- Eu digo, todos esperavam vocês ficarem juntos algum dia, se eu não me engano tinha até uma aposta pelos corredores - Paola olhou confuso para Fogaça que sorriu mais tranquilo, ele diferente dela já havia ouvido aquela história de aposta, ele achava bobagem também afinal um homem e uma mulher não podem ser amigos sem levantar suspeitas?

Ele sabia que amizade deles era diferente da que ele tinha com Ana, ou ela tinha com Jacquin, mas não deixava de ser algo puramente platônico e amigável.

- Mas isso é diferente, pelo tempo você estava com outra pessoa na época não estava Paola? - Agora sério continuou interrogando Paola que engoliu em seco.

- Sí, Estava - Respondeu, Fogaça por sua vez não havia gostado nada de como aquela pergunta fora feita, por mais que ele fosse seus chefe ele não tinha absolutamente direito nenhum de falar com ela daquela maneira.

- E isso que pode causar todo o problema... - Ele suspirou olhando para cima.

- Paola não tem culpa de nada, eu que a procurei se você está pensando em responsabilizar somente ela é melhor você parar - Nervoso o interrompeu.

- Fogaça! - Paola exclamou o repreendendo, temia que a falta de paciência dele colocasse tudo a perder.

- Eu não planejava fazer isso Fogaça, em fato eu não planejava nada, eu terei que levar isso lá para cima não tenho muito o que fazer agora – O respondeu, Paola respirou fundo já imaginando o pior.

Fogaça se levantou primeiro se despedindo brevemente de Patricio, Paola não demorou a acompanha-lo mesmo que parte de si estivesse presa como um nó, se forçou a sair da sala sentindo os olhos se apagarem brevemente após sair da sala.

- Paola? - Ele já andava a passos largos na frente dela, quando olhou para trás e a percebeu se escorando na parede, preocupado e já se sentindo culpado por sair nervoso na frente correu até ela a segurando firmemente.

- Estoy bien, só foi uma tontura - O avisou segurando em seu braço, ele estava preste a entrar na sala de Patricio o fazer se arrepender por ela estar passando por aquilo, quando o olhar cauteloso dela o impediu, ela não precisou dizer nada, sabia que ele entenderia.

- Eu tenho que ir para o Arturito, nos vemos depois – Assim que chegou ao seu camarim disse, procurando por sua bolsa.

- Você não pode sair assim Paola e se der alguma tontura enquanto você dirige já pensou nisso – Já prontamente irritado a replicou, Paola suspirou parte estava certo, mas não pararia sua vida não agora que tinha certeza que não trabalharia mais naquela emissora.

- Iremos ficar bien... – Se aproximou o beijando rapidamente – Nos vemos depois – Finalizou saindo o mais rápido que pode, Fogaça balançou a cabeça irritado com a sua teimosia, a conhecia bem de mais para saber que não seria o melhor impedi-la.

...

Fogaça passou pelas portas correndo, infelizmente já conhecia aquele caminho, podia sentir calafrios conforme se lembrava da última vez que esteve ali, céus como odiava hospitais.

A chamada há poucos minutos o avisando que ela estava ali quase fez seu coração sair pela boca, mesmo a pessoa que ele nem lembrava mais o nome afirmando que ela estava bem, o fez se acalmar sabia que não deveria ter deixado ela sair e isso o estava matando, e se algo grave acontecesse? Não conseguia nem pensar, sabia que seria sua culpa.

- Paola Carosella, por favor? Ela foi internada aqui - Afobado perguntou a atendente, enquanto tentava recuperar o ar, a mulher a sua frente o parecendo reconhecer sorriu.

- Algum parentesco? - Perguntou enquanto teclava.

- Namorado - Respondeu batendo o pé freneticamente no chão, precisava vê-la, precisava ter a certeza que ela estava bem.

- Ela está no quarto 122 que fica no 3º andar, é só pegar o elevador a direita - O avisou, mais do que depressa correu até o elevador, atraindo olhares para si, não se importava, se estava soando um pouco desesperado era porque de fato estava.

Com um tempo extraordinariamente longo para um elevador, ele chegou ao 3° andar, passando pelas portas apressado até encontrar a 122, abriu dando de cara com ela sobre cama rindo com a enfermeira.

Ela o encarou antes um pouco assustada pela porta sendo aberta do nada, contudo sorriu assim que o encarou, a enfermeira o percebendo saiu depressa com a intenção de lhes dar privacidade.

- Estamos bien - Lhe dirigiu a voz mais calma que o normal, pode sentir um peso gigantesco sair de cima de suas costas, ela estava ali a sua frente e bem.

- Céus Paola - Há passos largos caminhou até a sua cama, encontrando a sua boca mais do que depressa, preocupação, alívio, Paola podia sentir não somente por sua boca, mas por seus braços que a segurava firme perto dele.

- Vocês me deixaram preocupado – Se fazendo o ar necessário disse depois de se separarem, abaixou a beijando em sua barriga, Paola sorriu passando a mão em sua cabeça, uma hora estar em sua cozinha e na seguinte acordar em um hospital definitivamente a tinha deixado assustada, contudo já respirava tranquila ao saber que tudo estava bem.

- Você sabe como a cozinha pode ser quente – Respondeu alterando sua voz querendo o animar um pouco, a face em resposta dele, contudo não foi das melhores – Muito cedo? – Perguntou, ele por sua vez não respondeu nada, se sentou na cama atrás dela e a puxou para que as suas costas ficassem sobre o peito dele.

Paola pegou uma das mãos dele e a entrelaçou com a sua própria enquanto se aconchegava sobre o peito dele.

- Isso é tudo culpa minha eu sabia que não deveria ter deixado você sair – Disse a voz rouca e nervosa, ele parecia bravo consigo mesmo.

- Hey, olhe para mim... – Levantou o rosto o encarando – Você não tem absolutamente culpa nenhuma, e não quero ouvir você falando mais isso, entendeste? – O alertou séria, a cena que se seguiu a deixou com o seu coração na mão.

Lágrimas solitárias escorreu por seu rosto, ela podia contar nos dedos ás vezes que o tinha visto chorar e mesmo assim sabia que cabia em uma mão só.

- Henrique... – Começou, entretanto foi interrompida por ele que balançou sua cabeça, ficou em silencio e o se apertou mais a ele, que por sua vez estava uma mistura imensamente bagunçada de sentimentos dentro de si, estava tão aliviado por elas estarem bem, mas só a ideia de que elas poderiam não estar o fazia sofrer.

Finalmente depois de alguns minutos ele disse algo, já agora calmo.

- Um ótimo momento para se escolher o nome você não acha? Quase não tivemos tempo juntos esses últimos dias – Disse acariciando sua barriga, Paola sorriu sabia que ele naquele momento estava evitando falar sobre a situação ali, mas não iria ir contra.

- Definitivamente você tem que tirar Francisca da sua cabeça – O alertou enquanto ria, se lembrando da ideia dele de colocar o nome da menina de Francisca.

- Você já pensou se elas resolvem fazer uma dupla sertaneja, como ficaria legal Francesca e Francisca? – Perguntou sorrindo.

- Até porque sertanejo é o seu gênero musical favorito – Disse, dessa vez ele riu.

- Tudo bem, vamos pro próximo... – Começou, no entanto foi interrompido pela entrada do médico no quarto.

Ele sentindo novamente a onda de preocupação o atingir desceu da cama, contundo manteve sua mão atada a dela, aquela altura do campeonato ele que precisava de apoio e não ela, que estava muito mais calma agora do que na sua última experiência no hospital.

- Senhorita Carosella... – Ele tinha um enorme sorriso ao pronunciar o nome dela, o que Fogaça não gostou nada, mas ignorou aquele sentimento de ciúmes desnecessário para aquele momento – Fico feliz em informar que você e sua bebê estão bem – Concluiu e os dois sorriram olhando uma para outro.

- Contudo, como não é a sua primeira vez no hospital, recomendo severamente que a senhora repouse, diminua sua carga horária, e evite ao máximo situações estressantes, temo que se acontecer mais uma vez as consequências podem ser graves – A alertou, e Paola instantaneamente apertou a mão o tatuado que suspirou preocupado.

- Eu os irei deixar a sós, voltarei daqui a pouco com os papéis para a sua alta – Por fim se despediu e saiu, Fogaça voltou a sentar na maca e a puxou para o seu peito, passando sua mão firmemente sobre seu braço descoberto.

- Não se preocupe, não haverá uma terceira vez – Disse beijando a cabeça dela, Paola puxou o ar com força o abraçando logo em seguida, era tudo o que não queria, passar o resto de sua gravidez com medo, ainda tinha tanta coisa para resolver e agora temia que não conseguiria.