História Surprise - She Said

• Triim triim triim
- Maldito despertador – Tento abrir meus olhos de uma só vez, mas os raios de sol os queimam, volto a fecha-los e o despertador para por si só – Droga, o quanto eu bebi ontem? E como vim parar em casa? – Tive a sensação que alguém alfinetava minha cabeça de dentro para fora. Fazia tanto tempo que não bebia que já não lembrava mais como eram minhas ressacas, e concluí que não era algo que sentia saudades.
Tento abrir meus olhos novamente, só que dessa vez lentamente para que se acostumem com a luz do sol, que a julgar pela claridade, já devia ser perto do meio dia. Olho ao redor e me deparo com um enorme espelho em frente a cama, eu estava horrível. Passei a mão pelos cabelos a fim de abaixar o volume, mas de nada adiantou. Virei lentamente para a direita e uma grande janela com as cortinas abertas, privilegiavam minha visão com um jardim esplêndido e uma enorme piscina. Por um momento senti vontade de me jogar naquela água brilhante, talvez ajudasse na ressaca. Passado o deslumbre algo veio a minha mente, algo que me fez sentar bruscamente na cama fazendo meu corpo inteiro tremer de dor. QUE PORRA DE LUGAR É ESSE?
- Finalmente acordou? – Uma voz conhecida que vinha da porta me fez pular em pé. O que diabos estava fazendo aqui? – Ei ei ei não se esforce. A julgar pelo seu estado ontem sua ressaca deve estar terrível – Ele disse se aproximando e forçando meus ombros para que eu sentasse novamente.
- Andy? O que aconteceu? Que lugar é esse?
- Essa é a minha casa
- O que? – meu olhar que antes estavam nele foram rapidamente para a cama e aos arredores, em busca de algum vestígio da noite anterior – Eu e você...ontem... por acaso... – a minha cara de espanto deve ter sido incrível, pois ele começou a gargalhar no mesmo instante.
- Calminha, não sou de me aproveitar de garotas bêbadas. E mesmo se fosse, acho que não seria algo fácil. – Ele fala apontando para um pequeno curativo em seu rosto sem esconder o sorriso.
- O que é isso? .... Eu que fiz? – Corri para perto dele a fim de ver melhor.
- Ontem você ficou me chamando de “Ahjussi salafrário” e mais um monte de coisa sem sentido e acabou esquecendo a unha no meu rosto. – Ele deixou escapar um riso divertido.
- D-desculpe – Me afastei um pouco, senti uma necessidade imensa de encontrar um buraco e enfiar minha cabeça nele. Maldito Jun Jin.
- Vá tomar um banho e vamos comer, precisamos ir à empresa, hoje é dia de ensaio lembra? – ele falou rindo, imagino que do meu rosto ainda vermelho. – Apenas balancei a cabeça concordando.
Graças ao Andy o nosso “café-almoço” não foi desconfortável como imaginei que seria. Ele falava animadamente sobre as apresentações que fariam na indonésia e Malásia e como estava ansioso.
Já no carro o clima não era o mesmo, eu ainda tinha dúvidas sobre a noite anterior mas a vergonha estava lutando contra a curiosidade.
- Ei, não se preocupe com isso – Ele apontou novamente para o curativo sem tirar os olhos da estrada – a Cristine havia me avisado que você é uma bêbada perigosa – Tentei mas não consegui segurar o riso. Rimos juntos por algum tempo.
- Falando naquela vaga... na Cristine, eu estava com ela na noite anterior, então como eu fui parar na sua casa?
- Eu tinha saído para beber com o Eric e por coincidência, ou não, fomos para o mesmo lugar que vocês duas – sua expressão estava pensativa.
- Não duvido que ela tenha falado para o Eric onde estávamos. Aquela traíra não consegue mais desgrudar dele – cruzo os braços em indignação.
- Talvez tenha sido isso mesmo, achei estranha a coincidência – ele dá de ombros – Enfim, quando chegamos você já estava completamente alta e querendo subir na mesa para dançar – mais risos.
- Como eu sou clichê – desfiz minha carranca e o acompanhei na risada – Espera deixa-me adivinhar o resto da história: Cristine e Eric arranjaram uma desculpa para ficarem sozinhos e me largaram com você?
- E como ela não deixou seu endereço, te levei para minha casa. – percebi que tínhamos chegado na empresa quando ele estacionou o carro em sua vaga.
- Entendi... espero que não tenha dado muito trabalho – na verdade eu esperava não ter falado nada demais.
- Um arranhão aqui, outro ali, umas palavras sem sentido... Eu me diverti bastante. – Andy falou abrindo a porta do carro, e eu fiz mesmo.
Já quase na entrada o sinto segurar meu braço, me fazendo parar de andar.
– Ah já estava me esquecendo – Ele me surpreende com um abraço – Feliz aniversário Natália – a surpresa passou e então pude retribuir o abraço. Será que Cristine havia contado? Mas logo meus pensamentos se esvaem ao ouvir um pigarreio seguido de uma voz que me fez estremecer.
- Que bela cena logo na entrada da empresa – Jun Jin estava ali parado com as mãos nas costas nos observando. Me observando.
- Boa tarde Hyung – Andy fala com seu sorriso radiante.
- Vocês chegaram juntos? – Junjin fala sem tirar os olhos de mim, ignorando os cumprimentos do maknae.
- Sim Hyung ont....
- Andy-sshi obrigado por ontem – falei me aproximando, e só para que ele ouvisse continuei - eu agradeceria muito que ficasse entre a gente. - Ele pareceu não entender muito bem mas confirmou com a cabeça. – Se me dão licença estou atrasada. – fiz uma pequena reverencia para aos dois e fui em direção a entrada. Precisava urgentemente fugir dos olhos do JunJin, olhos que de alguma maneira sentia que não desgrudavam de mim.
Só me senti completamente tranquila quando já estava dentro do vestiário. Logo as outras dançarinas começaram a entrar e levaram o silencio embora, eu realmente agradeci por isso.
- Ei baixinha – Cristine falou tentando imitar uma voz grossa – Como foi a sua noite?
- Eu que deveria fazer essa pergunta – falei cruzando os braços – Espero que tenha sido incrível, já que abandonou sua amiga bêbada.
- Olha menina não vou mentir, foi demais – ela deu um sorriso se vangloriando e eu não pude evitar de dar um tapa em seu braço – Aish, desculpinha? De qualquer forma eu não ia conseguir te levar pra casa sozinha – esfregou seu braço que já estava vermelho pelo tapa, talvez tenha exagerado na força.
- Poderia pelo menos dar o nosso endereço para ele.
- Você fala como se o Andy fosse te comer viva... – ela fica pensativa – okay, isso realmente é possível dependendo da maneira que você interpretar o “comer” – outro tapa, no mesmo lugar que o anterior – AAAI okay, sei que você só tem olhos pro JunJin.
Desvio o olhar, eu realmente não queria falar sobre ele agora. Fui em direção a um banco mais afastado e ela me seguiu. Apenas o nome dele tinha mudado completamente o clima de antes.
- Não me diga que é por causa dele que você bebeu tanto antes? – ela pergunta e vendo que não teria uma resposta tão fácil, continuou – bem que eu achei estranho você bebendo daquele jeito. A última vez que te vi assim foi no Brasil quando você tinha terminado com aquele babaca do... como era mesmo o nome dele?
- Guilherme
- Isso aquele idiota que só sabia... espera aí – como se algo tivesse vindo a sua mente, ela para seu momento de revolta e volta a atenção a mim, - Não me diga que você e o JunJin terminaram?
- Terminar o que Cristine? Pra terminar é preciso ter começado algo, coisa que não fizemos – me levanto e vou até o meu armário. – de qualquer forma, não quero falar sobre isso agora e o ensaio já está prestes a começar. – Ela vem em minha direção e me dá um abraço caloroso. Retribuo no mesmo instante.
- Feliz aniversário Natália – Ela sorri enquanto se afasta mas continua segurando meus braços -  Acho melhor vocês dois conversarem e se resolverem antes da reunião.
- Reunião?
- Sim. Esqueceu que essa noite teremos uma reunião naquele Hotel chique do centro, que eu nem sei falar o nome? – droga tinha esquecido completamente. Que ser em completa sanidade concorda em participar de uma reunião no dia do seu aniversário? Ah talvez tenha sido porque ELE havia me prometido que comemoraríamos depois. Como sou idiota. – E vista uma roupa bapho, que depois iremos comemorar seu aniversário, okay?
- Eu realmente preciso ir nessa reunião?
- PRECISA. Todo mundo que irá participar da Turnê do Shinhwa precisa estar lá.
- Olha só, honrando seu papel como mulher do CEO – dessa vez fui eu que recebi um tapa em meu braço. – Okay, okay estarei lá.
- Esqueceu que moramos juntas? Eric levará a gente. Espero que a senhorita se resolva com seu ahjussi antes da reunião. Não quero climão no seu aniversário okay?
- Não tem nada o que resolver eu...
- Lalalalala não quero ouvir – ela com os dedos nos ouvidos me fazendo gargalhar – Vamos o ensaio vai começar
- sério quantos anos você tem? – Ela me puxa para a sala de ensaios enquanto nós duas rimos sem parar.
A grande parte dos ensaios haviam sido tranquilos, pois ensaiamos separadamente dos meninos praticamente a tarde toda. Mas o ultimo e inevitável ensaio geral parecia não ter fim. Sentia os olhos de JunJin a cada movimento que eu fazia, e consequentemente me pegava olhando em sua direção também. Depois de longo tempo finalmente o coreografo decidiu que estávamos prontos e por fim liberou os demais dançarinos para irem embora, menos eu.
Ele me segurou por mais quinze minutos me obrigando a refazer alguns passos, que antes, por estar distraída acabei errando, e para não atrapalhar os demais ele resolveu me corrigir separadamente. E eu realmente me senti grata por isso.
Quando por fim terminamos, ele se despede e sai rapidamente da sala. Enquanto me viro para pegar meus pertences escuto a porta novamente abrir e se fechar.
- Sunbenim você esqueceu algu.... – Não tive muito tempo para pensar, apenas senti meu corpo ser empurrado para trás até se dar de encontro com a gélida parede. – Ei o que você está fazendo?! – Falo quase em um grito, que é imediatamente abafado por seus lábios. Tento o afastar mas meu corpo está totalmente imobilizado pela sua força, que comparada a minha, chega a ser monstruosa. Seus lábios pareciam famintos e eu tentava inutilmente não ceder a ele novamente, mas era impossível. Seu beijo era tão quente e envolvente que sem perceber, minha mão já estava em sua nuca o puxando como se fosse possível o trazer mais perto de mim. Logo o ar se fez necessário, e eu sabia que quando o beijo acabasse eu voltaria a realidade. Senti uma pequena pontada de decepção .
- Feliz aniversário Natália – JunJin falou ainda a poucos centímetros da minha boca.
- Obrigado – eu o empurrei levemente para trás, conseguindo me afastar – E por favor, não faça mais isso – Enquanto ele me observa calado, vou em busca da minha mochila para sair o quanto antes daquela sala.
- Porque não posso? – Ele continua tranquilo e sem desviar o olhar um segundo sequer, enquanto eu temendo que minhas pernas fossem falhar a qualquer segundo.
- Porque isso que estamos fazendo não vai nos levar a lugar algum – Vou em direção a porta mas ele me impede de sair.
- Porque isso de repente?
- Porque? – Devo dizer que cansei de esconder nossa relação de todo mundo?  Pera aí, que tipo de relação? Sexual? É, talvez isso não seja uma coisa legal de andar espalhando. Porque exatamente estou chateada com isso? Levando tão a sério? O pior é que provavelmente apenas eu me sinto assim, e definitivamente é melhor acabar com isso antes que acabe me envolvendo mais ainda, se é que isso seja possível – Porque eu não quero mais, só isso – ele solta meu braço e sem perder tempo saio da sala. Minha mão no peito tentando acalmar meu coração, que doía de um jeito estranho, diferente de tudo que já havia sentido. Eu só queria chegar o mais rápido possível no vestiário, e por sorte ninguém me interrompeu.

- Você deve estar zoando com a minha cara – o espelho em minha frente refletia minha cara de pavor, e também meu vestido, motivo do meu espanto. – Você não acha que isso é demais para uma reunião?? – Era um vestido longo tomara que caia, com um corte que quando eu andava deixava a minha perna esquerda praticamente toda a mostra. A cor era um prateado discreto e com algumas pedrarias distribuídas perfeitamente pelo seu comprimento. Para ser sincera, ele era lindo e é mostrava cada curva do meu corpo. Mas ainda assim, era exagerado.
- Que nada, lembra que depois vamos comemorar seu aniversário? – Cristine também estava com um vestido preto incrível.
- Mesmo assim, continua exagerado. Eu não vou sair para uma reunião desse jeito. – Começo a tentar abri-lo, mas ela vem em minha direção e me guia até a penteadeira me fazendo sentar
- Para de birra Natália, você está incrível. Além o mais é seu aniversário, você pode até se vestir de palhaço que ninguém vai falar nada.
- Pois eu acho que uma fantasia de palhaço seria menos chamativa.
- Você cala a boca que eu vou te maquiar, e não quero mais uma reclamação. – Dou risada da cara que ela faz, talvez a primeira desde essa tarde. Me sinto aliviada por tê-la ao meu lado.

Depois de prontas e do Eric ligar que já estava a nossa espera, descemos  para a portaria para encontrar com ele.
-Uau vocês estão lindas – Eric fala enquanto puxa Cristine pela cintura a beija ali mesmo, sem se incomodar com a minha presença. Inveja branca realmente existe?
- ram.. ram – pigarreio chamando a atenção dos dois – Não quero ser chata, mas por favor, arrumem um quarto – Os dois sorriem enquanto se afastam.
- Desculpa, acabei me empolgando – Eric fala enquanto vem em minha direção e me dá um rápido abraço – Parabéns Natália – ele sorri e volta a segurar a cintura da Cristine – Então, vamos?

O caminho para o Hotel foi tranquilo, Eric e Cristine conversavam alguma coisa que eu não fazia questão de prestar atenção. Meus pensamentos estavam longe dali, tão longe que não percebi quando tínhamos chegado.
- ALÔ NATÁLIA – Cristine me chama segurando a porta traseira aberta – Tá pensando que sou sua chofer para abrir a porta pra você e tudo mais?
- D-Desculpa, não vi que tínhamos chegado – Falo saindo rapidamente do caro.
- Relaxa, deixarei passar porque é seu aniversário – Ela me dá um sorriso e segura minha mão – Vamos?
- Gente que lugar é esse? – Fico impressionada com o tamanho e luxo do hotel á minha frente, e isso era só a fachada, não conseguia nem imaginar com era por dentro.
- InterContinental Seoul COEX – Eric responde
- Esse não é aquele Hotel 5 estrelas? – Continuo abismada e Eric apenas balança a cabeça confirmando – Que tipo de reunião é feita em hotel desse?
- As de sempre. Vamos entrar logo estou congelando – Cristine fala me puxando em direção a entrada e cortando o assunto. Como eu imaginava, ele era ainda mais luxuoso por dentro. E eu estava tão encantada olhando cada mínimo detalhe que nem percebi quando paramos em uma enorme e porta. Cristine se virou em minha direção e tocou em meu ombro – Está pronta?
- Pronta para que? – Foi tudo tão rápido que não tive tempo de exigir uma resposta. Dois funcionários abriram a grande porta a nossa frente, e eu só pude ouvir um grande coro falando “SURPRESA”. Quando as luzes se ascenderam pude ver um aglomerado de gente a minha frente, conforme o susto foi passando pude reconhecer cada um. Meu amigos mais próximos, colegas de trabalho e os meninos do Shinhwa. Estavam todos ali. Alguém me entregou uma taça de champanhe, essa que virei de uma vez só, arrancando a risada de todos.
- E aí gostou da surpresa? – Dongwan perguntou quando o riso tinha cessado.
- Eu vou te matar Cristine – olhei na direção dela e só pude ver ela mostrando a língua,  arrancando mais risadas inclusive a minha. Eu estava feliz, nunca ninguém havia preparado uma festa surpresa para mim, ainda mais desse tamanho. Eu estava dispersa o dia inteiro e não pude desconfiar de nada. Eu estava sorrindo sem parar, não acredito que ela preparou algo assim para mim.
Logo os convidados começaram a se aglomerar para me desejar feliz aniversário. Quando olhei através daquela pequena multidão, avistei JunJin atrás de todo mundo, com as mãos em seus bolsos. Inevitavelmente nossos olhares se encontram, e ele faz um pequeno gesto em cumprimento e abrindo um enorme sorriso. Nesse momento meu coração parou, e já não havia mais ninguém a minha volta. Droga. Porque um simples sorriso me deixava daquele jeito? Ou melhor, porque o sorriso dele me deixava desse jeito? Mas em questão de segundos aquele sorriso profundo e intenso se desfez, e eu só pude ver suas costas se movendo entre as pessoas até desaparecer de vez do meu campo de visão. Por algum motivo senti meu coração apertar,  algo deveria estar errado. Mas as pessoas continuavam chegando alegres, entregando seus presentes, resolvi deixar para lá e aproveitar. Ou pelo menos tentar.

Uau eu ainda não podia acreditar que Cris havia feito tudo isso. Também não pude acreditar em mim mesma por não desconfiar nem um segundo se quer, mesmo depois do vestido extravagante e do hotel mais ainda. Enquanto dançava com Andy e Dongwan na pista improvisada, eu não podia deixar de sorrir, era realmente um aniversário perfeito. Ou quase.
Depois de um tempo dançando, resolvi parar um pouco para descansar. Procurei entre as pessoas e avistei Cris conversando com Eric e Hyesung no balcão do bar, fui rápido em sua direção.
- Oi aniversariante, já dançou que chega? – Hyesung falou me alcançando uma garrafa de água.
- Eu não entendo com a Natália consegue dançar tanto assim. Quer dizer, passamos a tarde toda ensaiando. Tudo que eu quero é ficar aqui sentada tomando meu drink – Cristine falou enquanto tentava tomar sua bebida de forma elegante.
- Que tal deitada? – Eric falou já indo em sua direção. Mas os interrompi antes que os dois começassem com os constrangimentos na nossa frente.
- Cristine amiga, eu realmente não sei como agradecer por ter feito isso tudo por mim -falei apontando ao redor da gente.
- Porque você deveria me agradecer? – se afastou do Eric e me encarou – JunJin ainda não contou?
- O que? – isso estava ficando estranho
- A ideia dessa festa não foi minha, mas sim dele – enquanto ela falava, nem Eric nem Hyesung demonstravam surpresa
- O-Oque?
- Sim, ele estava bem insuportável essa semana com a gente, falando que tinha que sair perfeito e tudo mais – Hyesung falou abrindo um sorriso de lado – Ele deve estar orgulhoso.
Eu realmente estava sem ação. Já não podia ouvir a música nem a conversa ao meu redor.  Eu realmente sou uma idiota.
- NATÁLIA– a voz de Cris me trouxe de volta para o hotel – Ele ainda não falou com você?  Era uma das primeiras coisas que ele ia fazer.
Não pude e nem queria ouvir mais nada, eu só podia pensar em encontra-lo o mais rápido possível. Me pus a correr em meio aquelas pessoas. E se ele já tivesse ido embora? Não ele não poderia ter ido embora, eu precisava encontra-lo.
Talvez por impulso fui diretamente para o banheiro. Primeiro o feminino , depois o masculino. Nada. O que eu tinha na cabeça em pensar que ele estaria em um lugar desses por tanto tempo? As lembranças da nossa primeira vez começaram a tomar conta do meu pensamento. Droga, não posso perder tempo. Sai correndo novamente, mas dessa vez em direção a saída. Eu estava desesperada, eu deveria parecer uma louca correndo para lá e para cá. Eu estava ciente disso tudo, mas mesmo assim não conseguia parar. Quando alcancei a porta senti um estalo, e se não estivesse segurando nos puxadores da porta, provavelmente teria caído. Ótimo, meu salto quebrar era tudo o que faltava. Pensei estar no meio de uma gravação de filme de romance, parecia surreal demais. Depois de me livrar dos sapatos, corri para o estacionamento. Ele tinha que estar lá.
Quando cheguei no estacionamento dei graças a Deus pois já não conseguia correr mais. Pus as mãos nos joelhos a fim de recuperar um pouco o ar e aproveitei olhar em redor. Uau, quantos carros. Muitos carros. E ele poderia nem estar mais aqui. Por que exatamente eu estava fazendo isso? Porque esse desespero todo? Porque as coisas em minha mente não poderiam ser mais claras?
- Hey baixinha – Minha cabeça que antes estava um caos, silenciou ao ouvir aquela voz – Então você veio? – não conseguia pensar em mais nada, todas as dúvidas de antes me rodeavam, se tornaram uma certeza. – Ei, porque está descalça? Vamos entrar no carro ou você irá congelar
- Porque você não foi embora? Estava esse tempo todo aqui?
- Vamos entrar no carro primeiro Natália – Ele tentou me puxar mas eu não conseguia me mexer.
- Como você sabia que eu viria?
- Natália..
- Por favor me responda -  Minhas pernas finalmente falharam e pude sentir meus joelhos pressionados contra o chão, mas eu não sentia dor alguma – Por favor apenas me responda – ele também estava ajoelhado, ficando assim, com o rosto próximo ao meu. Suas mãos segurando meus braços me mantendo no mesmo lugar.
- Eu não sabia que você viria – Ele levantou e me colocou de pé também – Eu apenas confiei que viria – eu realmente tinha certeza agora.
Envolvi meus braços em sua cintura. Eu estava tão fria. Ele era tão quente. Seu perfume era tão embriagante. Eu não quero mais solta-lo. Senti que ele hesitou no começo, imagino que tenha ficado surpreso, eu também ficaria, mas logo retribuiu transferindo mais calor para mim. Me afastei alguns centímetros e olhei bem para ele. Seus lábios, eu os queria. Fiquei nas pontas dos pés, mas mesmo assim não era suficiente comparado a sua altura. Puxei sua gravata, e o senti sorrindo sobre os meus lábios. Hoje eu realmente parecia a mocinha de um filme de romance.
Ele me afastou interrompendo o beijo. Antes que pudesse questionar ou reagir, me pegou em seus braços e fomos em direção ao carro. Já do lado de dentro estava quente, e silencioso.
- Eu não acredito que você veio atrás de mim descalça – Ele fala sorrindo e quebrando o silêncio. Depois de toda a adrenalina comecei a sentir vergonha. Eu tinha largado aquela festa, meus amigos e meus sapatos. Tudo isso sem nem pensar duas vezes. – Obrigado por isso – ele vem em minha direção e me dá um longo selar de lábios.
- Eu que devo agradecer. Como pode preparar uma festa assim grande para mim?
- Eu tinha medo que tudo tivesse ido por água abaixo depois que você... – ele parou de falar e eu sabia que era sobre o que eu havia dito na sala de ensaios. Me senti a pessoa mais infantil do mundo – Você realmente não queria mais..
- Não – o interrompi – Desculpe por isso... eu apenas estava insegura e não sabia como demonstrar o que estava sentindo.
- Fico feliz – ele me dá outro beijo, dessa vez mais demorado
- Vamos sair daqui?
- Tem certeza? E seus amigos?
- O aniversário é meu, e já que passei a maior parte dele fugindo de você, nada mais justo do que lhe ceder as últimas horas dele – Disse colocando o cinto de segurança – Vamos?
- Estava com saudades dessa baixinha – disse também colocando seu cinto e sem disfarçar a alegria, com aquele sorriso de orelha a orelha. Não pude deixar de sorrir.
A noite estava linda e o caminho para, seja lá onde estivéssemos indo, estava tranquilo. Estávamos em silêncio,  mas não era uma coisa ruim, muito pelo contrário. O ambiente estava tranquilo e cheio de sentimentos nunca antes explorados. Ao fundo tocava “I won’t give up” do Jason Mraz. Comecei prestar atenção na letra.
“I won't give up on us
Even if the skies get rough
I'm giving you all my love
I'm still looking up”
Sorri comigo mesma do quão parecia estar em um filme. Tinha até trilha sonora! Olhei para JunJin e ele também sorria, talvez tivesse pensado o mesmo que eu.
Depois de poucos minutos, ele entrou no estacionamento de um enorme e conhecido prédio, e com um sorriso instantâneo, quebrei o silêncio
- Estava com saudades desse lugar
- E eu com saudades de você nesse lugar – ele estendeu sua mão para que eu a segurasse – vamos?
Segurei sua mão e o segui sem parar de sorrir. Entramos no elevador e após colocar um código, começamos a subir até o 24° andar. Dentro do elevador estava silencioso, JunJin me abraçava firmemente pela cintura enquanto descansava minha cabeça sobre seu peito. Senti seu coração bater forte, e isso me deixou incrivelmente feliz, algo aparentemente tão normal, mas que parecia incrivelmente com... felicidade. Meus devaneios apaixonados não me deixaram perceber que já estávamos a porta do apartamento de JunJin.
Assim que a porta se abriu só pude escutar os rápidos passar de Podo e Jackson correndo em nossa direção, e eu como sempre não resistia a esses dois cachorros. Me sentei no chão, mesmo com o vestido não tão propício para isso, e me matei a saudades daqueles dois.
- Oh acho que estou sobrando aqui – JunJin disse com ar brincalhão.
- Sente-se aqui não precisa ficar com ciúmes, acho que podo e Jackson não se importam em me dividir com você
- Na verdade estou com ciúmes deles, eles geralmente são tímidos com pessoas além de mim – ele falou enquanto se sentava e os dois caninos corriam para o colo dele também – agora sim.
- Yah! Não sei se me sinto ofendida pelo fato de você estar com ciúmes deles, ou honrada por eles não me considerarem mais estranha – falei tentando parecer ofendida mas falhando miseravelmente. Rimos juntos por mais algum tempo enquanto brincávamos com os cachorros.
- Você está com fome? – Ele perguntou quando os animaizinhos cansaram de nós dois e saíram correndo pela casa
- MUITA – respondi sem hesitar. Ele começou a rir  e eu também – Na festa só tinha alguns petiscos e você sabe né, não é qualquer petisquinho que acalente meu estômago.
- Fico feliz em saber que você nem se preocupa mais em se fazer de delicada na minha frente – ele fala enquanto se levanta do chão dando a mão para que eu fizesse o mesmo.
- Quanto o assunto é comida, não a fingimentos possíveis – dei de ombros
- E eu já disse que amo isso em você? – era uma pergunta retórica, e mesmo que não fosse, eu não teria tempo para responder pois ele me puxou para um beijo, um beijo longo e molhado que fez meu corpo esquentar e até mesmo o que parecia mais impossível,  esquecer a fome. Suas mãos se moviam calmamente por todo meu corpo, como se estivessem o mapeando, até finalmente alcançarem o zíper do vestido e começarem abrir tão lentamente quanto os beijos que distribuía entre minha boca, pescoço e ombros. Eu já estava só de lingerie e estávamos ainda no Hall de entrada. Desabotoei sua camisa e a tirei juntamente com o blazer, quando de repente em um piscar de olhos Junjin me pega em seus braços.
- Eu não aguento mais esperar, te quero tanto Natália – ele fala nos levando em direção ao conhecido e amado quarto, e eu o beijo mais um vez demonstrando que o queria da mesma forma. Nossas bocas se separam quando ele me coloca apressadamente sobre a cama e do mesmo jeito apressado tira as poucas peças restantes que me impediam de ver seu corpo nu mais uma vez. Sem muita demora ele vem em minha direção e se deita sobre mim até que sua boca alcance a minha. Entre nossos corpos seus dedos percorrem um caminho feito de calor e arrepios até alcançarem minha vagina, essa que, com apenas aqueles toques já estava mais do que pronta para recebe-lo. Forço seu corpo para que mudemos de posição e ele cai obedientemente com as costas contra a cama.
- Eu também não aguento mais esperar Jinnie – subo em seus quadris e adoro o sorriso safado que vejo se formar em seu rosto. Pego seu membro e guio até minha entrada pulsante e prestes a derreter. Gememos simultaneamente, ele guia suas mãos até minha cintura me incentivando a me mover. Da mesma forma que meus movimentos gradualmente vão aumentando, nossos gemidos também ficam cada vez mais alto, mostrando que nosso ápice está chegando. Seus olhos fechados e suas mãos extremamente habilidosas concentradas em meus seios, deixava o homem por de baixo de mim mais lindo e irresistível. Deitei sobre seu peito o abraçando e tomando sua boca para mim, sem nunca parar os movimentos deliciosos dos nossos corpos. Logo senti meu corpo inteiro tremer e me derreti completamente em cima dele, logo em seguida foi a vez dele.
Ficamos alguns minutos apenas abraçados e esperando nossa respiração se tornarem regulares. Não sei se por ter acontecido tanta coisa durante o dia, e depois de várias surpresas vindas do junjin, mas eu realmente senti que essa noite havia sido diferente das outras. Mais profunda, mais intensa, mais verdadeira. Eu apenas conseguia sorrir e ficar pensando em tudo que tinha acontecido até agora, enquanto Junjin acariciava meus longos cabelos loiros no silêncio nenhum pouco desconfortável. Mas esse silêncio é quebrado por um som monstruoso que vem do meu estômago, me lembrando que eu o havia deixado de lado para assuntos mais, picantes eu diria. Olho para o lado e vejo JunJin vermelho e com a mão na boca tentando segurar a risada, até que não consegue mais e começa a gargalhar alto e eu o acompanho.
- Acho que acabamos de gastar o resto das suas energias e seu estômago está furioso – ele fala levantando e pegando sua cueca do chão – vá tomar um banho e vista uma roupa minha enquanto eu preparo algo para a gente comer.
- Okay, mas se apresse pois meu estômago não é muito paciente – nós dois rimos e nos despedimos com um rápido e apaixonado selar.
Depois de tomada banho e conseguido achar uma roupa que parasse em meu corpo, fui guiada a cozinha pelo cheiro maravilhoso que vinha da mesma. Ao chegar JunJin acabava de colocar a mesa.
- Nunca pensei que essa camisa fosse tão bonita assim – ele veio em minha direção e me agarrou pela cintura – ela passará a ser seu uniforme aqui em casa – ele mordiscava meus lábios e quando começou a aprofundar o beijo meu estômago protestou novamente – Okay Okay senhor sua vez de se satisfazer agora – JunJin fala rindo e puxando a cadeira para que eu sentasse.
- Obrigado pela compreensão senhor – falo enquanto me sento e já começo a comer meu arroz.
- Calma aí – parei antes de concluir a mordida – primeiro isso aqui – ele vem com uma tigela e eu não posso evitar o olhar dúvida.
- Fiz sopa de algas para você – Olhei surpresa para ele – Eu sei que não é tradição para você, mas – ele parou de falar e pude ver que estava envergonhado, e isso era claramente algo novo – eu fiz porque gosto muito de você, e sei que uma sopa não é o suficiente para demonstrar mas.. – Levantei e o abracei tão forte que também o surpreendi. – Natália...
-Hmm? – Falei sem solta-lo
- Eu.. te amo – ele me afastou colocando suas mão em meus ombros e olhando fixamente em meus olhos – Eu te amo – Senti meu rosto molhado e só então percebi que havia deixado uma lágrima escapar.
- Eu também te amo – Falei e o abracei novamente. Eu estava claramente envergonhada como nunca tivera ficado antes, mas também estava absurdamente feliz. Como nunca tivera ficado antes.