História Surprise, Park Jimin - Capítulo II

Saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura, encharcando meu quarto com a água que escorria do meu corpo mal enxuto, enquanto vasculhava meu guarda roupa à procura de algo para vestir no meio de toda aquela bagunça. Havia cuecas nas gavetas das camisetas e meias emboladas umas nas outras. Mais um pouco e eu teria uma super bola de futebol feitas de meias. Super ecológico.

Finalmente encontrei algo que prestasse e me joguei na cama, já vestido. Suspirei um pouco frustrado. Nunca acordava tão cedo, mas as circunstâncias me fizeram despertar logo pela manhã e perder o sono totalmente. O que é, de certa forma, algo surpreendente se considerarmos o fato de que durante quase todo o dia, ou eu estava dormindo, ou estava com muito sono. Desbloqueei meu celular e os números marcando nove horas brilhavam de forma irritantemente comum. Desviei meu olhar para admirar a imagem ao fundo que fez meu coração acelerar um pouco. O que havia de errado comigo hoje? Nunca aquela foto ao lado do Jimin tinha me afetado tanto. Quer dizer, eu sei que nas últimas semanas ta sendo meio complicados nossos encontros, mas não é como se isso fosse me fazer ficar com saudades... Ou era?

Eu precisava matar aquela saudade...

Hoje vai fazer um ano desde que Park Jimin se ajoelhou na minha frente e me pediu em namoro me entregando uma flor recém-arrancada e um bombom de chocolate. Sorri. Desde aquele dia eu sabia que não iria ser perfeito, mas era o suficiente para me fazer feliz. Primeiro porque eu teria Park Jimin ao meu lado e só, não precisava de mais nenhum motivo para pular nos braços dele e gritar aos quatro cantos do mundo que sim, eu aceitaria namorar consigo. E foi assim que chegamos a esse tão esperado aniversário de um ano de namoro. E, é claro, eu não poderia deixar de preparar algo bastante especial e... Erótico. Eu precisava bem mais do que só os beijos de Jimin, e que se eu os tivesse essa noite eles não seriam destinados apenas para a minha boca. Eu precisava dominar cada pedacinho do corpo do ruivo. Era uma necessidade. 

E foi com esse pensamento que me levantei da cama em um pulo. Estava decidido, eu iria tornar nosso aniversário de namoro uma noite inesquecível. Seria esse meu presente e a única coisa que queria em troca era ouvir os gemidos de Jimin no meu ouvido enquanto entravamos na nossa sintonia. Hoje nós seriamos indecifráveis para o resto do mundo e submissos a nossos desejos. Seriamos frágeis, dependentes e, finalmente, seriamos um só. Balancei a cabeça, me desvencilhando dos meus pensamentos. Peguei meu celular e abri a conversa com Jimin. Precisava deixar tudo preparado.

[Açúcar]

[09:23]: Jiminie, está livre hoje à noite?

[09:23]: Pode vir hoje aqui?

[09:23]: Preciso falar com você T^T

[Jiminie]

[09:28]: O que aconteceu?

[09:28]: Você está bem?

[09:29]: Por que acordou tão cedo?

[09:29]: Sério, você está me deixando
preocupado. É melhor me dizer logo

[Açúcar]

[09:31]: Calma, está tudo bem!

[09:31]: Eu só quero... Conversar

[09:32]: Pode ser? 

[Jiminie]

[09:32]: Não sei se consigo acreditar

[09:32]: Você ta acordado muito cedo

[09:32]: Tem algo de errado

[09:32]: E você nunca quer “conversar”

[09:33]: Você quer terminar comigo?

[09:33]: *emoticon triste*

[Açúcar]

[09:33]: Claro que não!

[09:33]: *emoticon revirando os olhos*

[09:33]: Eu só...

[Jiminie]

[09:33]: Só o que?

[09:34]: Que suspense

[Açúcar]

[09:35]: Acho que estou...

[09:36]: Não interessa, você pode vir?

[Jiminie]

[09:36]: Só se você me contar

[09:38]: Açúcar? Volta aqui

[Açúcar]

[09:40]: Acho que estou com saudades

[09:40]: Preciso ir

[09:40]: Esteja aqui às 21h

[Jiminie]

[09:40]: Não acredito que vc falou isso!

[09:40]: Você está doente???

[09:40]: Ai meu Deus, você disse isso mesmo

[09:40]: Meu açúcar sendo doce

[09:40]: *emoticon fofo*

[09:40]: Não foge!

[09:40]: Vou está aí!

[09:40]: *emoticon feliz*

Sorri sentindo o celular vibrar desesperadamente. Eu sabia que Jimin iria surtar quando recebesse a mensagem e, claro, já esperava um escândalo do ruivo. Ele era tão previsível. Coloquei o celular no bolso e peguei meu casaco jogado em cima de um dos móveis do meu quarto. Eu precisava me apressar se quisesse que tudo ficasse pronto a tempo.

Sai de casa e fui em busca do supermercado mais próximo. Não precisei andar muito e logo achei um onde pude comprar todos os preparativos para hoje à noite. Velas, chocolates, flores artificiais e materiais de decoração, aos poucos, enchiam o carrinho do supermercado, enquanto eu ainda caminhava tranquilamente pelo corredor, olhando todas as prateleiras para que tivesse a certeza que não estava faltando nada. Depois de alguns minutos e novas coisas adicionadas ao carrinho, saí do supermercado depois de passar pelo caixa, pagando por todos os produtos.

Fiz uma careta ao sair. Odiava carregar sacolas, ou qualquer coisa que fosse, sou preguiçoso. Continuei caminhando a passos lentos quando algo chamou minha atenção. O letreiro não era muito grande, tampouco chamativo, mas me fez parar no meio da rua e encarar por alguns minutos a palavra “sexshop” escrita na placa. Hesitei. Será que aquilo seria uma boa ideia? E será que Jimin iria gostar? Fiquei mais alguns minutos pensando nas mil e uma coisas que faria eu não entrar naquela loja antes de adentra-la, ainda meio receoso. Afinal, eu queria surpreende-lo e mesmo que levantar meu traseiro da cama pela manhã e decorar uma casa inteira para dar um clima romântico fosse algo que o surpreenderia muito, principalmente vindo de mim, não deixaria de ser só mais uma coisa clichê que os namorados fazem quando querem comemorar uma data especial, justamente o que eu queria. Então por que não renovar um pouco e aproveitar para desfrutar de experiências novas?

Assim que pisei dentro da loja, uma vendedora me olhou das cabeças aos pés e lançou-me um sorrisinho um tanto quanto sugestivo, pelo menos na minha mente. Ignorei, afinal eu estava dentro de um sexshop, rodeado de tudo que você possa imaginar e até um pouco mais. Ela saiu de trás do pequeno balcão e caminhou até mim, agora com uma expressão mais como “seja bem vindo e fique a vontade”.

 – Olá, posso ajuda-lo? – A vendedora se pronunciou, me examinando com o olhar novamente. Ela deixou a cabeça pender para o lado, esperando uma resposta. O único problema é que eu não sabia o que responder. Eu não sabia o que queria ali e nem muito menos se eu devia continuar ou sair correndo e só parar quando chegasse em casa, finalmente à salvo.

– É... – Indaguei nervoso – Eu... ahn... – Olhei para os lados, tentando pensar em algo para falar. Nada. – É que... – Ela sorriu.

– Não sabe o que comprar? – Assenti. – Tudo bem, acontece isso com muitas pessoas – A morena começou a andar pela loja e eu fui seguindo seus passos – Já comprou alguma coisa desse tipo antes?

– Não – Respondi um pouco baixo.

– Tem alguma ideia do que quer? – Balancei a cabeça negativamente. Ela suspirou.

– Eu queria preparar uma surpresa pro meu namorado – Falei de uma vez, vendo a mais alta arquear uma sobrancelha – Aniversário de um ano – Expliquei mesmo achando que não deveria.

– Tudo bem, acho que entendi. Nós temos várias coisas aqui – Ela começou a andar pela loja e me mostrar cada um dos produtos, explicando suas utilidades e dando até algumas ideias do que fazer. Na verdade, eu já tinha algo em mente, porém não queria deixar tão exposto meus desejos sexuais. Era estranho está ali com uma mulher me ensinando coisas sobre algo tão particular.

Depois de algum tempo escolhendo os produtos com a ajuda da mais velha, paguei pelos mesmos e saí da loja olhando para os lados para ter certeza de que ninguém me veria saindo dali. Era um tanto vergonhoso pra mim, confesso. Mas, pelo menos dessa vez eu queria tentar certas coisas sem me preocupar muito com a reação das outras pessoas. Se Jimin gostasse estava ótimo.

Fui direto para casa sem parar em nenhum outro lugar dessa vez. Entrei no cômodo e joguei todas as compras no sofá, seguido do meu corpo exausto. Suspirei. Ainda havia muito trabalho pela frente. O que Park Jimin estava fazendo comigo? Ele me transformou de um jeito que até eu mesmo às vezes chego a duvidar se sou eu ou se existe outra pessoa dentro de mim me fazendo viver essas novas “aventuras românticas”.

Depois de passar um bom tempo jogado no sofá enquanto refletia sobre como quase tudo em mim mudou depois de conhecer certo ruivo tagarela, e inventar inúmeras desculpas para não continuar com o meu plano enquanto encara um canto qualquer do teto, deixando a preguiça me dominar, levantei e dei continuidade ao plano. Suspirei, era a pior parte. A casa precisava está limpa ou pelo menos apresentável depois de duas semanas sem sinais de uma vassoura ali. Pra falar a verdade, não estava tão suja assim, mas a bagunça era eminente em cada móvel da casa. Acho que até lembro o motivo de está comendo fora todos os dias. A louça estava suja e a preguiça era maior que qualquer tentação de tomar café na minha xícara do Kumamon.

Duas horas se passaram e eu já estava morto de cansado. A casa estava brilhando, literalmente. Talvez eu tenha passado muitos produtos de limpeza, mas isso não importava agora, assim como os vizinhos que deveriam está com vontade de me matar pela música alta que saía da caixa de som acompanhada da minha voz, que mais se assemelhava com miados de gatos no cio, invadindo suas casas.

Depois de organizar toda a decoração extra para a noite especial, me joguei no sofá por apenas alguns segundos antes de perceber que já estava passando da hora de me arrumar. Tudo tinha que está perfeito e isso significava não deixar Jimin esperando na porta por alguns minutos. Ou seja, eu precisava ser rápido na minha arrumação e ao mesmo tempo ficar perfeito, o que era quase impossível, já que rapidez e perfeição nunca foi uma boa combinação. Pelo menos não no meu caso. E isso me levou a sair correndo pela sala até o banheiro e ir tirando minha roupa enquanto entrava no box, meio afobado.

Não demorou muito e eu já estava pronto. Jimin não tinha chegado ainda, o que era um alívio e ao mesmo tempo um incômodo. E se o ruivo ligasse dizendo que não poderia vir hoje e então remarcasse para outro dia? Ou simplesmente não viesse e no outro dia só enchesse suas mensagens de desculpas? Suspirei. Estava nervoso, era isso. Tinha que ser isso. Jimin não faria algo assim comigo, eu espero.

A campainha tocou e eu arregalei os olhos pelo susto de ser retomado dos pensamentos e também pelo nervosismo. Olhei-me pela última vez no espelho dentre todo o tempo que fiquei encarando-me, tentando achar algum defeito. Mais um toque soou pela casa. Respirei fundo e deixei um sorrisinho escapar. Ele havia chegado. Andei a passos apressados até a sala, olhando pelo olho mágico da porta e confirmando meu pensamento. Ele estava aqui. Afastei-me um pouco e passei a mão pela minha roupa uma última vez. Talvez estivesse nervoso demais para mais uma foda com Park Jimin, mas algo era especial demais ali para me permitir ficar calmo. E talvez eu estivesse parecendo uma garotinha virgem, mas não por muito tempo.

Segurei a maçaneta da porta e então finalmente a abri, revelando o ruivo muito bem vestido e perfumado que esta escondia alguns minutos atrás. Não resisti em soltar um risinho um pouco sugestivo, talvez, mas também que demonstrava minha satisfação em vê-lo ali parado à minha frente, segurando uma caixa de bombons de chocolate em formato de coração. Ele estava impecável. Sua roupa estava sem nenhum amassado e parecia combinar até com a sua personalidade. Seria uma pena se ele tivesse demorado horas escolhendo aquela roupa, pois não iríamos precisar dela para o que vamos fazer a noite inteira.

– Pelo menos dessa vez não é só um único bombom – Falei, me referindo ao dia em que ele me pediu em namoro. Sorri e ele me olhou incrédulo, um pouco pasmo para falar a verdade. Arqueei uma sobrancelha, enquanto encarava de volta seu olhar. Ele me examinou da cabeça aos pés e suspirou.

– Suga... – Falou junto com o suspiro – O que você...

– Shhh... – Coloquei o dedo na boca, como um sinal para que ele parasse de falar – O melhor ainda está por vir – Sorri malicioso e abri mais a porta, dando passagem a ele.

– Ai meu Deus...