História Surprises of love - 3 meses

Pov Isabella

- Me deseja boa sorte! - Rafael pediu nervoso e eu dei meu melhor sorriso

- Vai dar tudo certo! Fica calmo - Pedi e o envolvi em um abraço rápido - Agora vai, antes que se atrase. E dirija com cuidado - O empurrei para fora da nossa casa.

Sim, nossa casa. Pois é assim que ele costumava chamar a pouco mais de duas semanas e eu gostava, não podia negar. A nossa convivência estava melhorando a cada dia, claro que as implicâncias sempre fariam parte da nossa vida, mas as coisas pareciam estar se encaixando.

Rafael era o típico cara que mora sozinho e não sabe manter as coisas organizadas, isso gerou um pouco de estresse no início, mas conseguimos fazer um acordo. Por outro lado, ele sabia cozinhar tão bem que me causava inveja e satisfação ao mesmo tempo.

Quanto as coisas com meu pai, nada havia mudado. Ele não tinha mandado nenhum recado através de Guilherme, tão pouco tinha vindo se desculpar. Meu irmão diz que mesmo que ele pareça não se importar, sabe que eu estou sendo bem cuidada e por isso não veio tentar me fazer voltar pra casa dele. Era estranho pensar assim, "casa dele", mas era isso. Não era mais a minha casa e eu não queria que voltasse a ser. Ainda estava magoada demais com sua atitude, mas decidi seguir em frente, ficar me lamentando não resolveria nada. O plano de arranjar um emprego foi por água abaixo quando Guilherme disse, na frente de Rafael, que eu tinha uma fortuna acumulada no banco, já que praticamente nunca usei a mesada que meu pai depositava ao longo dos anos. Eu não queria aquele dinheiro, parecia errado, mas os dois me convenceram que aquele dinheiro era meu por direito e que nos ajudaria muito, assenti mesmo a contra gosto, pois sabia que era para um bem maior. Afinal eu não podia ficar dependendo do Rafael pra tudo, já me sentia culpada o suficiente por ele ter que me abrigar na sua casa e ainda por cima começar a trabalhar. Hoje era seu primeiro dia e a essa altura eu esperava que ele estivesse mais relaxado e que tudo estivesse correndo bem.

Entediada, decidi ajeitar a casa, sem fazer esforço extremo para não levar sermão do meu melhor amigo. As horas demoraram a se passar e eu nem lembro o momento que me deitei no sofá só sei que acordei assustada com um Rafael muito animado entrando pela porta.

- Ah eu te acordei, desculpa! - Pediu sincero e eu sorri negando

- Me conta como foi! - Sentei rapidamente e ele se aconchegou ao meu lado

- Foi ótimo, as pessoas de lá são muito legais. Não fiz muita coisa hoje, apenas algumas tabelas - Disse sorridente e então me abraçou - Deveríamos comemorar! Vamos jantar fora.

- Ótimo, desde que não seja sushi - Fiz cara de nojo e ele riu

- É, eu sei que nosso graozinho não gosta de peixe - olhou para minha barriga sorrindo. Aquilo não me intimidava mais, acho que eu estava me acostumando aos poucos - Sabia que o papai agora tem um emprego, graozinho? E nós vamos encher a mamãe de comida pra comemorar os seus 3 meses!

- Hã? - Perguntei confusa

- Hoje faz três meses que ele foi gerado, é dia 15 Isabella!

- Ah - Corei um pouco constrangida por não ter me lembrado - tem razão, feliz 3 meses pro nosso graozinho! - Sorri e Rafael me encarou nos olhos com um misto de surpresa e admiração.

Chegamos ao restaurante pouco antes das 21 horas e ficamos encarando o cardápio por um longo tempo. Tinham muitas opções ali, mas escolhemos risoto. O meu com beterraba e canela. Rafael fez a cara de nojo, como sempre fazia quando eu tinha um desses desejos loucos, dei de ombros e o garçom não pareceu se importar com meu pedido inusitado.

- Amanhã você tem médico, já falei com o Gui, ele vai com você! - Rafael disse e eu revirei os olhos

- Não precisava disso tudo, eu posso muito bem ir sozinha

- Eu sei que pode, mas sei lá, acho que é importante ele participar, ele é o tio, Bella

- Só não quero atrapalhar a vida dele mais que já atrapalhei

- Loirinha, você não atrapalha a vida dele, ele é seu irmão

- Ta, que seja - Decidi não discutir, não daria em nada mesmo.

Nossos pratos foram servidos e atacamos a comida parecendo dois mortos de fome. E eu estava, de fato, mas Rafael nem imaginava que eu tinha colocado todo meu almoço na privada durante a tarde.

- Comeu alguma coisa de tarde? - Perguntou como se lesse meus pensamentos. As vezes ele me assustava.

- Ahã - Menti

- O que?

- Maçã e iogurte

- Mesmo? - Arqueou a sobrancelha desconfiado.

- Estou bem Tomatinho, não se preocupe - Sorri tentando parecer convincente. Eu realmente me sentia bem, mas achava melhor evitar contar sobre os enjoos, os vômitos e quase desmaios que eu tinha de vez em quando, pois sabia que aquilo tudo era normal. Rafael já tinha muita coisa pra se preocupar e eu me sentia culpada por isso.

- Você ta quieta hoje… - Ele disse enquanto voltavamos para casa - aconteceu alguma coisa?

- Só estou preocupada com você…

- Comigo? Porque? - Quase parou o carro, mas voltou a olhar para a estrada

- É, essas mudanças na sua vida… você gostou mesmo do emprego? Não quero que faça algo que não goste por minha causa

- Eu to sendo sincero, Bella. Está tudo ótimo pra mim. Minha melhor amiga mora comigo, meu filho ta crescendo bem e saudável, eu tenho um emprego legal…

- Sim, mas você não se imaginava assim até alguns meses atrás

- Você tem razão, provavelmente eu estaria me programando pra um fim de semana muito produtivo - disse sarcástico e eu suspirei - Isabella, eu to feliz assim, você deveria se preocupar mais com você do que comigo

- Eu to bem - Disse depois de alguns segundos de reflexão - de verdade. Eu to muito bem vivendo com você, é como se eu fosse eu mesma, sabe?

- Fico feliz em ouvir isso - Ele disse realmente sorrindo e então estacionou o carro.

- Eu só quero que você esteja feliz também, não quero atrapalhar sua vida, você entende?

- Quantas vezes tenho que dizer que você não me atrapalha? - Perguntou parecendo cansado daquela discussão

- Não fica bravo - Pedi e ele aliviou a expressão de tensão que tinha no rosto - é só que veja bem.. nada mais é como era. Você não sai mais com seus amigos, só estuda e fica em casa, preocupado comigo e agora começou a trabalhar. Você nem mesmo… voltou com a Manu - Ele riu não acreditando no que eu tinha acabado de falar - tô falando sério! Você tinha uma peguete a cada semana e sempre acabava voltando com a Manu… não quero que se prive por minha causa

- Ei - segurou meu queixo e encarou meus olhos - eu realmente to bem assim, as coisas não estão iguais, eu não sou mais o mesmo. Só estou me organizando melhor, não abandonei quem eu sou, não se preocupe! - sorri um pouco aliviada - já marquei de sair com uns amigos no outro final de semana e hã… tenho um encontro na sexta - aquilo certamente me surpreendeu e eu rezei para que não tivesse demonstrado o aperto que senti no coração. Eu sentia isso as vezes, acho que nunca superaria minha quedinha por ele, não totalmente.

- Ah, que bom! - Forcei um sorriso, mas vacilei - mas porque marcou seus compromissos para a outra semana?

- Nesse fim de semana nós temos um compromisso! - Disse e abriu a porta do carro, finalmente saindo do veículo. Fiz o mesmo.

- Temos? - Arqueei a sobrancelha enquanto ele tentava, em vão, fazer com que o elevador funcionasse. Fomos pela escada.

- Sabe… temos que contar para os meus pais que eles serão avós - assenti disfarçando o tremor que passou pelo meu corpo - não se preocupe, eles não vão reagir como o seu pai

- Sei que não, mas também não vão soltar foguetes com a notícia - Ele assentiu, mas logo mudou de assunto - você está bem? Quer que eu te carregue?

- O que? Claro que não! - Eu ri, recuperando o fôlego. Odiava escadas!

- Suas costas estão doendo de novo? - Olhou para a mão que eu apoiava sobre a coluna e eu assenti - vou fazer uma massagem em você

- Não precisa, você ta cansado! Amanhã temos aula cedo e…

- Isabella, eu sei que você tem dormido pouco nas últimas noites por conta dessas dores, me deixa ajudar

- Tudo bem - dei de ombros e sorri ao avistar nosso andar. Finalmente! - Vou falar ao médico sobre isso, mas pelo que eu li na internet é um pouco normal, o bebê está se desenvolvendo… precisa de espaço

- Acho que seja isso mesmo e pergunta pra ele quando sua barriga vai começar a crescer - Pediu empolgado

- Na verdade… já começou - Mordi o lábio ansiosa. Seus olhos brilharam em expectativa - bem pouco, mas já da pra notar

- Quando isso aconteceu? Com essa roupas largas quase não consigo ver as mudanças no seu corpo - Reclamou e eu assenti. Ele tinha razão. - Me mostra?

- Percebi essa manhã na verdade - eu disse calmamente enquanto abria a porta do meu quarto - vou só colocar outra roupa, porque com essa aqui não vai dar - Eu usava um vestido largo, azul marinho que ia até a altura dos joelhos

- Claro, vou pegar as coisas pra sua massagem - Ele disse ainda com um brilho de ansiedade nos olhos.

Coloquei um pijama curto, pois fazia muito calor. Me deitei na cama e as dores nas costas aumentaram. Gemi e Rafael perguntou se podia entrar.

- Posso ver agora? - Pediu e só então eu me lembrei que ele queria ver o pequeno calombo que se formara na minha barriga. Levantei depressa e ele se aproximou me encarando com os olhos brilhando.

Levantei a blusa, deixado a barriga totalmente descoberta e ele sorriu imediatamente.

- Sei que quase não aparece e talvez você nem note, mas cresceu alguns centímetros - Me expliquei e ele negou

- Ta brincando? Olha isso! - E se agachou para ver melhor, fazendo um carinho gostoso com as mãos - você ta crescendo grãozinho! - E deu um beijo demorado no local.

- Rafael, você ta chorando? - Perguntei meio rindo, meio chorando junto.

- Não me zoa, nosso filhote ta crescendo! - E sorriu limpando as lágrimas. Sorri também.

- Tudo bem, eu não vou te zoar se você cumprir com a promessa da massagem - Chantageei e ele riu concordando.

Me deitei de bruços e ele se sentou na cama iniciando uma deliciosa massagem e relaxando meu corpo por completo.