História Surprises of love - Responsabilidades

Pov Isabella

Ouvi passos se aproximando do quarto e resolvi fechar os olhos e fingir que dormia, não estava afim de discutir com Rafael.

Eu sabia que não tinha o direito de ficar com ciúmes, mas eu não conseguia controlar isso, era mais forte que eu.

- Ta acordada? - Ele perguntou baixinho e eu permaneci de olhos fechados. Eu podia sentir seus olhos me observando por um longo tempo, depois eu ouvi suas roupas irem para o chão e o colchão ao meu lado afundar. Rafael adentrou as cobertas e me abraçou com cuidado para não me "acordar". Seu corpo quente colado ao meu fez minha pele se arrepiar e eu tive que controlar minha respiração para ele não perceber que eu apenas fingia dormir. 

- Eu fui um idiota, me desculpa. Não aconteceu nada, eu só falei aquilo porque estava irritado… desculpa - pediu sussurando próximo ao meu ouvido e beijou minha nuca. Mordi o lábio para conter um pequeno gemido. Merda, pelo visto nem o banho gelado tinha acalmado meu tesão. - boa noite loirinha, mesmo que você não esteja ouvindo isso.. eu sinto muito. - Finalmente descansou e pôs a mão que me abraçava na minha barriga e pouco tempo depois adormecemos.

Ao acordar um café da manhã estava sobre a cômoda junto com um bilhetinho que dizia "Café da manhã de desculpas". Sorri e comecei a comer o tanto de coisa que tinha ali. Já passava das dez quando decidi levantar e procurar o Rafael, desci as escadas devagar e ouvi vozes. Parecia uma discussão e fiquei na duvida se continuava a me aproximar ou voltava para o quarto.

- Vamos Rafael, fala o que você e Isabella estão escondendo! - Ouvi a voz de Valéria gritar e meu coração acelerou

- Valéria se acalma, deixa ele explicar - João disse e eu suspirei. Será que Rafael queria que eu estivesse junto ou queria contar sozinho? Parecia um momento privado, tive medo de piorar as coisas então só fiquei ali colada na parede da escada.

- Ta, é melhor vocês saberem de uma vez…. - Rafael disse parecendo cansado - Isabella ta grávida. - Silêncio absoluto por longos segundos e eu podia ouvir o som do meu coração batendo rapidamente

- Eu disse, não disse João? Eu sabia Rafael! E já até sei o que você tá pensando em fazer, mas pode esquecer porque nós não vamos permitir isso! - Como assim? O que Rafael tava pensando em fazer?

- Do que você tá falando? - Rafa perguntou confuso

- Sua mãe acha que você quer assumir o filho da sua amiga… eu disse pra ela que você não faria isso, mas ela não me escuta

- Mas não vai assumir mesmo! Onde já se viu assumir filho que não é teu? Só porque aquela garota é uma irresponsável e você é amigo dela acha que tem que assumir responsabilidades que não são suas meu filho!

- O que? Meu Deus vocês estão loucos!

- Rafael, filho é coisa séria! Não é algo que você possa assumir só porque é leal a alguém. Gasta dinheiro, tempo, você perderia sua liberdade porque sua melhor amiga resolveu transar com qualquer um sem proteção! Ela foi irresponsável, não você! - Valéria gritou irritada e eu estava a ponto de entrar naquela cozinha e esfregar na cara dela que o pai do meu filho era o Rafael.

- Da pra você parar de ofender a Isabella? Você nem ta me deixando falar porra! - Rafael parecia extremamente irritado - o filho que Isabella ta esperando é meu. Meu filho, entendeu?

- Filho, ouça, nós sabemos o quanto ela é importante pra você, mas você é muito novo pra assumir uma responsabilidade que não é sua! Por favor pense no que estamos te dizendo! - João tinha a voz calma, mas eu sabia que ele estava nervoso com a situação.

- Você acha que eu não sei que está mentindo, Rafael? Você não engravidou ela, só não quer que..

- CHEGA! - Ele gritou - Chega, entendeu? Vocês estão loucos! Eu transei sim com a Isabella, fomos irresponsáveis e eu sei disso, mas agora já foi. Nós vamos ter um filho e não me importa se vocês acreditam ou não nisso, mas é a verdade. O filho é meu e mesmo que não fosse, se Isabella precisasse de mim, eu assumiria essa criança. - Um sorriso bobo já estava nos meus lábios. Ele faria isso por mim!

- Eu não posso acreditar no que acabei de ouvir! Então é isso? Eu devia imaginar mesmo que você era apaixonado por ela! Quem, em sã consciência, se recusa a voltar pra casa com os pais, onde tem tudo do bom e do melhor, pra morar sozinho?! Só você e tudo por causa dela! - O QUE?

- O que? Claro que não! - Rafael negou, nervoso e meu coração apertou. Claro que não, ele não é apaixonado por mim, nunca foi e nunca vai ser. Ele é meu amigo e é isso.

- Filho… - João disse como se pedisse desculpas - eu precisei contar a sua mãe o que você me disse quando decidiu ficar no Rio..

- PAI! - Rafael parecia frustrado - Não importa, eu fiquei lá porque ela é minha melhor amiga e eu não quis me separar, e eu não me arrependo.

- Você já parou pra pensar se ela planejou isso tudo? - Valéria o questionou e eu não acreditei - Ela seduziu você, engravidou propositalmente e agora vai exigir casamento.

- Meu Deus mãe! Sério que você disse isso? Você não conhece Isabella mesmo! Eu estava lá pra ver o desespero dela quando descobriu a gravidez, eu estava lá quando nós quase perdemos o granzinho, quando ela foi expulsa da própria casa! Ela ta sofrendo mais do que você pode imaginar, então não fala o que você não sabe! - Ele soltou tudo tão depressa que seus pais precisaram de um tempo pra assimilar o que ele havia dito.

- Ela ta morando com você? - João perguntou

- É claro que ela está!

- Vocês estão juntos então? Vocês são um casal agora?

- Não, nós somos amigos, já disse. O que aconteceu foi lance de uma noite só, nós bebemos e…

- Como você não vê que isso é armação, Rafael? Ela te embebedou! - Senti lágrimas escorrerem pela minha bochecha ao ouvir palavras tão duras.

- Não, isso não aconteceu e eu to cansado dessa discussão estúpida! Dessas ofensas sem sentido a Isabella! Vocês não a conhecem, mas eu sim. Nós vamos pra casa agora, mas fiquem sabendo que eu to muito decepcionado com vocês, esperava mais apoio e menos surto. - Ouvi ele dar um passo a frente e tratei de subir as escadas novamente mas não sem antes ouvir Valéria gritar:

- ÓTIMO! Se você se acha tão maduro e adulto assuma suas responsabilidades sozinho! Acabou a mesada, acabou tudo Rafael!

- Sem problemas! - Respondeu com a voz dura e veio em direção as escadas.

Entrei no quarto ainda chorando. Eu estava nervosa e me sentindo culpada por estragar a relação dele com os pais, além disso, agora teríamos que dar um jeito no dinheiro. Merda, eu precisava parar de chorar pra não deixar Rafael me ver assim. Tão rápido quanto o pensamento, ele adentrou o quarto e me abraçou carinhosamente.

- Ei, não chora, ta tudo bem

- Não ta tudo bem… eu destrui a relação de vocês!

- Claro que não! Nós erramos, mas eu esperava compreensão da parte deles e eu não tive isso. Você não tem culpa pela escolha deles, Bella.

- Desculpa…

- Você ouviu tudo? - Perguntou preocupado e eu neguei não querendo o deixar ainda mais nervoso

- Não, eu só sei que vocês estavam discutindo, não ouvi nada claramente - Ele respirou aliviado e se afastou para beijar minha testa

- Eu sei que você tá cansada, mas acho melhor voltarmos pra nossa casa ta bom?

- Sim, por favor!

- Só por favor para de chorae, não vale a pena, vai tomar um banho, eu arrumo nossas coisas.

Assenti com a cabeça e segui para o banheiro, antes de entrar virei um pouco o corpo e falei:

- Como vai ser agora?

- Simples, eu e você contra o mundo, como sempre foi.

Ele sorriu e eu concordei adentrando no banheiro de vez, despindo-me e entrando embaixo do chuveiro, deixando a água morna levar tudo de ruim que estava passando na minha cabeça, sai uns minutos depois, as malas estavam prontas ao lado da cama, Rafael não se encontrava no local, então me arrumei, peguei as malas que estavam ali e desci cuidadosamente quando ouvi um grito

- ISABELLA PARA!

- Que foi? - Fiquei imóvel, meus músculos travaram -  O que aconteceu?

- Você tá pegando peso, loirinha, não pode, bebeu?

- RAFAEL VITTI, VAI MATAR SUA MÃE DE SUSTO!

Assim que acabei de falar ou melhor, berrar, Valéria apareceu na sala com seu ar de superior, enquanto Rafael deu as costas pra ela, sorriu pra mim e sussurrou:

- De susto eu não mato, mas de raiva... olha, tá parecendo que vai cuspir fogo pelo nariz! -

Segurei o riso enquanto Rafael pegava as malas da escada.

- Eu estou indo - disse quando se virou para sua mãe - Tchau, Valéria

- Você acha que é assim? Não vai embora assim tão fácil, você não tem dinheiro e nem como cuidar dessa sanguessuga

- Essa sanguessuga além de minha melhor amiga é mãe do meu filho, fale direito com ela e ahh eu tenho sim como bancar, não sou esse moleque que você pensa, tenho dinheiro guardado e um emprego. Eles fazem parte de quem eu sou agora, não há nada que você possa fazer pra me separar dessa criança, que nem veio ao mundo ainda e já é o melhor presente que ganhei.

Por fim Rafael me olhou e foi então que eu percebi que uma lágrima escorria pelo meu rosto, antes que eu pudesse impedi-lá de cair ele tratou de tira-la com seu dedo, segurou minha mão e foi em direção a porta.

- Você vai se arrepender dessa escolha, meu filho.

Foi a última coisa que ouvi antes que a porta do carro fosse fechada comigo dentro.