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História Surrender 2 - Epílogo


Escrita por: mjhbates e ArabellaStark

Capítulo 11 - Epílogo


Fanfic / Fanfiction Surrender 2 - Epílogo

1998

Linda acordou com o choro do bebê. O marido respirava descansadamente ao seu lado. Levantou-se lentamente e se dirigiu ao quarto violeta da filha. A menina, que havia chegado ao mundo havia poucos dias, notou que a mãe estava perto. Linda pegou a criança no colo e sorriu.

– Você chora bastante, Anna. Eu também choro de vez em quando. Em alguns momentos, a vida fica bem difícil... – Linda falava mais consigo mesma do que com a filha. – Mas ela vale a pena. Tenha certeza disso. Eu achava que tudo estava perdido, e quando você nasceu a esperança reacendeu em mim – o bebê parou de chorar. – Acho importante te contar isso. A vida é repleta de desafios, mas você vai vencer. Eu prometo. E eu vou estar lá pra ver.

 

2016

Faz uma semana desde que o confronto de Ally – ou Anna – com Sarah aconteceu. Depois de termos chorado tudo o que podíamos, ali, no chão do prédio destruído, a dor não se via mais de forma tão clara. Restava apenas o buraco no coração, que nunca parava de doer.

Voltamos para Pettenscurt.

Ally segura a minha mão enquanto observo o túmulo de meu pai. Daniel Marsen, o garoto que amou Elizabeth Morgan, que a salvou de James, e que sobreviveu ao primeiro confronto. Virou Rupert pra poder proteger a sua identidade e consequentemente o seu filho, tendo que viver dezesseis anos com a verdade selada no seu interior. Ele sempre esteve lá quando eu chamei, e foi assim que ele faleceu.  Me protegendo, como sempre fez. Apesar de tudo, Daniel era apenas uma vítima, assim como Elizabeth foi. Pessoas normais envolvidas sem querer numa história de horror. Elizabeth Morgan teve, com esforço, sua existência apagada. Mas não se pode passar um pano nos fatos como se fossem uma mancha e fingir que eles nunca aconteceram. Ally e eu somos a mancha do passado. Nossa existência era um lembrete do horror de tudo aquilo. E, ainda sim, vivemos. Vivemos por que lutamos por isso. Vivemos porque é nosso direito, como peças num jogo de pessoas inescrupulosas, de não jogar jogos que não escolhemos jogar.

É nesse modo que eu e Ally encontramos apoio um no outro. Os pesadelos já eram parte da minha rotina, mas para Anna Beaumond eles eram novidade. Dormimos sempre juntos na casa que um dia foi da minha mãe, e cuidamos um do outro. E nós dois cuidamos de Karen, que perdeu a irmã Elizabeh e agora o marido. Ainda que o casamento dela com Daniel fosse um acordo sob ameaça, eles aprenderam a se amar.

Minha namorada acende um cigarro. Emily volta da lápide de Robert e se junta a nós.

– Emily, eu estava pensando agora...

– O que? – ela tremia um pouco. Mas era forte. Sempre foi.

– Isso acabou de voltar pra minha cabeça. Quando Robert foi morto, no baile, ele tinha alguma coisa pra me dizer. Alguma coisa que não tinha a ver com o assassino. Ele perguntou se você tinha me contado. O que era?

Ela sorri curtamente ao lembrar da memória e a expressão de choro toma o lugar.

– Ele... ele sempre gostou de você. Muito. Mais do que como amigo. Ele amou você, e amou Ellie também, mas nunca parou de te amar. Rob estava vivendo com medo nos últimos dias, e sabia que o assassino não era você. Tinha certeza que alguma coisa ruim ia acontecer no baile, então quis contar pra alguém...

E a voz dela morre. Nos abraçamos com força e continuamos a rota em silêncio. Penso em Robert. E eu nem fiquei com ele até o fim. De repente, a tristeza me inundou. Ele era tão novo. Tinha muito pra falar, tanto pra mim quanto pro mundo.

Ao menos, o prefeito de Pettenscurt confirmou que faria um memorial anual como o de Elizabeth para todos os alunos mortos.

Durante o percurso, passamos em frente a muitos lugares familiares. A cidade tinha um cheiro cinza. Vemos o Pettenscurt High School, agora com novas gerações de alunos, o bar onde Brad foi morto e onde eu e Ally decidimos que nos amávamos. Emily agora só ocupava um lugar de amizade. A magia tinha ido embora. Não só em relação a ela, mas em relação a tudo.

Acordo do transe ao notar o policial parado na porta da casa enquanto me aproximo. Phillip. É amigo do meu pai.

– Pois não?

– Estamos concluindo a investigação a respeito da família Beaumond – e se vira pra Ally. – Senhorita, encontramos a sua mãe.

***

Os olhos de Ally vasculham a clínica inteira, procurando coragem. Consigo sentir o pesar na respiração. Seguro a mão dela com força.

– Calma, Ally. Acabou. Agora vamos ver sua mãe, Ally. Sua mãe. Nós conseguimos. Você conseguiu.

Ela retribui com silêncio, concordando com a cabeça. Afasto o cabelo molhado do rosto dela. As mãos ficam mais firmes, e entramos na sala onde informaram que a senhora Linda Beaumond estaria.

A mulher estava de costas. Fomos informados de que estava nos quarenta anos, mas o cabelo era branco. A enfermeira a entregava uma xícara, mas ela parecia desinteressada. A mesma enfermeira que falou:

– Senhora Linda, temos visita.

De alguma forma, Ally arranja forças pra andar, e eu só acompanho. Linda se vira lentamente.

A expressão dela é indescritível. A princípio, a mulher parece não acreditar. Estamos em dois, mas o olhar vai todo para Ally.

– Mãe? – a voz de Ally sai embargada de choro. Finalmente, a mulher deixa a xícara se estilhaçar no chão e as lágrimas explodem.

– Anna. Minha filha. Minha. Filha. Ah, meu Deus.

Ally corre pra abraçar a mãe, e decido apenas observar aquela cena linda. Pelo menos alguém teve um final feliz. Linda se levanta, e fica claro que ela abraça a filha com toda a força do mundo, com medo que ela desaparecesse outra vez.

– Eu sabia. Eu sabia. Eu disse a todos eles, dia pós dia. Eu sabia que você ia voltar – a voz da mãe tremia. – Ah, Anna. Me desculpa. Eu fui tão tão burra...

– Não importa, mãe – Ally soava frágil como eu nunca tinha visto antes. – Nada disso importa. Nós estamos aqui, agora.

E assim elas ficaram, durante minutos e minutos. Todos em volta, inclusive eu, se emocionaram. Depois de tanto tempo vivendo sob uma nuvem negra, o sol finalmente voltava.

Quando as duas se soltaram, Linda se voltou pra mim.

– E esse moço bonito, quem é?

– O nome dele é Jeremy. Meu... namorado.

– Você já namora, Anna? Ah, é claro que sim. Você tem dezoito anos. Eu perdi tanto...

– Temos muito tempo pra recuperar o que foi perdido – diz Ally, enquanto estende a mão pra mim, e eu me aproximo. A mãe segura a minha outra mão e, de alguma forma, sinto conforto no toque. – Eu tenho tanto pra contar – e ela faz um breve resumo do que aconteceu pra nos juntar. – Passamos por cada coisa, mãe. Estamos ajudando um ao outro agora.

O rosto da mulher era a mais pura felicidade.

– Estou tão orgulhosa da sua vitória.

– Vitória?

– Sim, Anna. Vitória. Toda história tem suas tragédias, e aqui está você. Você venceu, filha. Você venceu.

 

FIM


Notas Finais


Depois de dois anos do nascimento de Jeremy, Ally e afins, essa jornada chega ao fim. Muito obrigado a todos que viram o crescimento desse projeto, obrigado à ArabellaStark por ter ajudado (escrevendo na 1a temporada e ajudando a desenvolver o "mistério" nessa) e aos meus personagens favoritos. Vou sentir saudade :)
Um ótimo 2017 pra vocês, de mim, do Jeremy e da Ally


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