1. Spirit Fanfics >
  2. Surrender 2 >
  3. As duas irmãs - parte 1

História Surrender 2 - As duas irmãs - parte 1


Escrita por: mjhbates e ArabellaStark

Notas do Autor


🔥🔥🔥🔥🔥🔥🔥🔥

Capítulo 9 - As duas irmãs - parte 1


2014

Sarah bebia o drink, envolvida pelos braços de Aidan. Os dois estavam na banheira. A TV estava no canal de notícias, mas ela mal se importava com o que acontecia no mundo.

– Sabe, eu sinto falta da ação às vezes – disse Aidan enquanto enchia a sua taça. – No começo era tudo tão agitado. Agora você não aparece mais com tarefa nenhuma...

– Safado – Sarah terminou de beber. – Você sente falta de receber ordens de mim. Eu sei que isso te dá tesão.

Era verdade. A mulher sentia o membro do primo subindo entre suas coxas. Sarah estava prestes a se virar quando algo na TV chamou sua atenção.

Aquele homem. Ainda que mais velho, Sarah lembrou. Aquele homem foi quem levou a irmã bebê.

E agora ele estava preso?

– Olha lá. Aquele que você arranjou pra levar a bostinha ficou famoso – foi tudo o que Sarah conseguiu dizer.

Mas foi o que veio depois que mais a deixou atordoada. O rosto da menina. Os olhos.

E assim Sarah se deu conta de que a irmã não só estava viva como tinha se envolvido com um grande problema.

 

2016

– Anna? – Ally soa tão confusa quanto Emily e eu.

– Sim, Anna – Sarah continua. – Foi esse nome que nossa mãe escolheu pra você.

– Nossa... mãe?

– Eu tenho muito pra falar com você. Vocês todos, na realidade. Aqui está desconfortável. Talvez queiram se sentar? Acompanhem-me.

Nós três forçamos nossas pernas a se levantarem e seguirem a mulher. Ally enxuga as lágrimas, e a boca de Emily ainda não tinha se fechado completamente.

O lugar pra Sarah estava nos levando era fora das áreas de galpão. Entramos no prédio desativado, onde concluo que os chefes da madeireira costumavam ficar. Ao contrário do resto, o ambiente parecia todo renovado. Aquele encontro foi planejado com antecedência.

Acabamos em uma sala que parecia um auditório pequeno, com algumas cadeiras em frente a um palco. As luzes estavam baixas. Sentamos.

– Agora sim. Perguntas? – a irmã mais velha sobe no palco.

– Várias – Ally ainda não tinha se acalmado. – Primeiro de tudo, por que você estava na escola?

– Acalmem-se. Primeiro, mais segurança – a mulher diz, e só então nos demos conta que umas cinco pessoas estavam chegando com cordas pra nos amarrar. – Parem com a gritaria já! Esses são alguns dos meus garotos. Anna, esse ao seu lado é Aidan, meu primo, e seu primo também. Porém não se empolgue. Ele é só meu.

– Tanto faz. Só quero respostas.

Ally sequer está acostumada com o nome e mal esboça reação. Estamos cansados demais pra qualquer tentativa de fuga, então torço pra que meu pai chegue logo com a polícia. Tinha conseguido quando foi no PHS. Ou será que eu não teria mais a mesma sorte?

Percebi que não devia falar nada, só ouvir. Era a vez de Ally. Ou Anna.

– E as terá – Sarah visivelmente sentia prazer em estar no palco. – Eu estava no colégio, disfarçada, porque queria te observar, irmã, e ver se meus fantochinhos mais novos estavam jogando direito.

– Liam e os outros?

– Exatamente. Mas eles foram tão amadores... Tanto que nenhum está vivo. A primeira morte jamais deveria ter sido a da menina colorida, mas ela desistiu rapidamente e quis entregar tudo. Era só uma rebeldezinha que achava ser capaz de matar alguém. Quando os outros ligaram avisando que ela teve que ser apagada, resolvi transformar aquilo num espetáculo, pra que vocês soubessem que algo estava por vir.

– James sabe dar um espetáculo melhor que você.

– Aquele ninguém? – Sarah ri. – Por favor, maninha. Ele pode ter causado problema pra ele – o dedo aponta em minha direção – e feito estragos naquela cidade caipira, mas ele foi só uma peça no meu plano. E advinha? Ele está morto e eu estou viva. Meu plano deu certo.

– Foi você que fez ele se matar?

– Perdão por aquilo ter sido tão óbvio, mas ele podia ajudar vocês a chegarem a mim, e eu não queria isso. Tive que inventar que você estava morta e seu corpo foi violado, entre outras merdas que eu falei pra ele querer se matar. Foi fácil até. Acho que ele já estava cansado de viver.

– Isso não explica nada – agora, Ally parece sem fôlego, e fala como se tivesse implorando. – Eu não me importo. Só quero saber da minha família.

Sarah abriu um sorriso, fazendo o batom vermelho explodir no rosto.

– Ah, família... confesso que sinto falta deles de vez em quando.

– O que você fez com eles?

– Vamos pelo princípio? – Sarah se senta. –  Uma inocente jovem e pobretona chamada Linda, nossa mãe, se casou com Paul, filho de nada mais nada menos do que Sarah Beaumond, dona de vários empreendimentos aqui em Nevada. Essa madeireira, inclusive.

Reconheço o nome vagamente, e Ally parece fazer o mesmo. Ela conhece muito mais do mundo do que eu, então aquilo provavelmente a afeta ainda mais. A avó dela era uma pessoa reconhecida. Perto, e ao mesmo tempo longe.

– Eles sempre quiseram uma menina. E tiveram. Foi quando eu nasci, e me deram o mesmo nome que a minha avó. Eu estava destinada a ser poderosa, mas também a ser diferente. Chamaram de transtorno antissocial. Começou com um simples desvio de conduta, até que decidiram que eu era uma sociopata.

A palavra desceu em seco na minha garganta. Estávamos na mão de uma sociopata, tanto quanto James fora.

– Linda percebeu logo. Mães. E, de algum jeito, ela conseguiu não me amar como filha. E eu confesso que realmente nunca amei ela. Ela ou ninguém. Mas sempre amei a vida que tinha e, como fui convencida desde pequena que eu era a sucessora da minha avó, foi nisso que eu acreditei. Até que Linda apareceu com outra menina no útero, e dessa vez era a menina perfeita. Eu me tornei um experimento que deu errado. E você tem que entender que isso tudo é culpa deles, de certa forma. Se eles não tivessem me descartado como lixo, eu não teria te descartado.

– Me solta! – a cadeira de Ally batia com força no chão, e ela berrava entre lágrimas. – Foi você... Você tem ideia do que fez? A minha vida... Você destruiu tudo...

– Eu destruí a sua vida pra que você não destruísse a minha. Pedi pra Aidan procurar pessoas procurando crianças por métodos ilegais e encontramos aquele James. Muitas pessoas se interessam por adoção ilegal, você não faz ideia, e escolhemos o que parecia mais provável que te faria sumir do mundo, seja lá como – Sarah sorriu.

– Como você pode? Por que...

– Não quer saber o fim? Linda foi internada numa clínica psiquiátrica, e nunca se esforçou pra tentar sair, então está lá até hoje. Paul e Sarah estão mortos.

– Mortos? Só... mortos?

– Não sem uma ajudinha – a irmã mais velha ri, e o pé da cadeira bate de novo contra o piso. Eu queria ajudar Ally a se libertar e se livrar daquela mulher que tinha sido tanto o começo quanto o recomeço do nosso pesadelo, mas o pessimismo me invadiu de uma forma que eu de certa forma estava apenas esperando minha morte.

– Infelizmente, meu plano não foi efetivo. O nosso grande reencontro deveria ter acontecido de forma mais intimista, com só nos duas, mas aquele Liam estragou tudo desde o começo. Agora terei que acabar com três de uma vez só.

Ally dá um berro, e eu tento arranjar um jeito de fugir, mas há muitos homens armados a nossa volta. Quando notam que Emily está com o revólver é tarde demais. Ela atira na corda que prende Ally e por pouco não atinge a mão. Ally se liberta e chuta o que está atrás. De olhos fechados, Emily atinge dois que estão no alcance, sem muita precisão. Os outros sacam as armas.

O que vem depois é pura confusão. Os vidros se estilhaçam por todo o andar, e acabamos todos no chão. Vejo que Emily foi atingida, e alguns vidros machucaram Ally. Sinto dor em mim também, mas não consigo me mover ou saber de onde vem. Sons de tiro. Faço esforço pra estender uma mão pra Ally, e ela faz o mesmo.

Nossos dedos de tocam. É a última coisa que vejo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...