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História Surrender (Camren) - Turbulências


Escrita por: MirneyCruz

Notas do Autor


** Hey babies! Olha só quem está de volta!!! Por favor leiam a nota final depois do capítulo e não deixem de comentar. Boa leitura! ** 😽📖

Capítulo 36 - Turbulências


Fanfic / Fanfiction Surrender (Camren) - Turbulências

Por Lauren

Miami, 22 de Junho de 2016

- Alexa, tem muitas coisas para resolver aqui! Será um péssimo momento, realmente é necessário?!

- Sim Lauren, eu não falaria se realmente não fosse. É necessário sua presença, tem certas coisas que eu não posso responder por você.

- Ok, vou ver como faço e te aviso.

- Certo, não demore porque eu também estou sendo pressionada e você sabe o que acontece se não atendermos logo.

- Sim, eu sei. Até mais!

A ligação foi encerrada e eu quase destruí o aparelho celular o apertando com todas as forças que resumiam a minha raiva naquele momento. A manhã havia sido tranquila até dez minutos atrás antes de eu atender aquela ligação, era o mesmo assunto impertinente que teimava em querer tirar meu sossego. Mesmo tendo uma advogada que além de minha melhor amiga e extremamente competente, eu começava a me preocupar com aquilo e já detestava ver seu nome chamando em meu telefone, nossas últimas conversas não foram nada agradáveis.

Os últimos meses foram calmos, meu relacionamento com Camila só progredia a cada dia que passava, eu sentia que ela confiava cada mais em mim, e poder a ter em minha vida estava servindo neste momento como um bálsamo. Sua voz me acalmava, seu cheiro me enebriava e sua companhia me fazia sentir a pessoa mais sortuda e feliz já existente. O que eu sentia por ela era como uma espécie de efeito de droga que me deixava com abstinência se caso passássemos muito tempo longe uma da outra, era um sentimento terno mas também assustadoramente avassalador. O que Camila remetia no meu interior passava a léguas de distancia de qualquer outro sentimento que eu já houvera sentido por alguém. Será que é isso que chamam de amor?

- Com licença Sra Jauregui. - Fui tomada de surpresa por Penélope que entrava na sala quebrando meus devaneios - Estou com uma moça lá na recepção querendo falar com a senhora, ela não marcou nenhuma reunião mas insiste em dizer que é sua amiga e não precisa de autorização para entrar, seu nome é Allyson Brooke.

- Ah sim, pode autorizar sua entrada. Ela vai querer me matar por ter esquecido de colocar seu nome na lista de autorização - A mulher a minha frente apenas me olhou curiosa e um pouco ruborizada censurando um sorriso - Eu tenho mais algum compromisso pela manhã Srta Michell?

- Não senhora, somente a tarde agora.

- Ok, muito obrigada.

Ela assentiu e retornou para sua mesa, para logo em seguida ligar para a portaria autorizando a subida de Allyson. Minha amiga havia chegado de Nova Iorque hoje mais cedo para uma reunião de negócios sobre um novo contrato de sua agência, a modelo era daqui de Miami e ela viria para conhecer sua família e conversar com eles. Tinha me mandado uma mensagem informando que passaria no jornal para me ver, e eu simplesmente havia me esquecido, se eu fosse outra pessoa e nos conhecesse, estaria sentindo pena de mim neste momento.

Poucos minutos se passaram e antes que eu pensasse em fazer qualquer outra coisa, a porta a minha frente foi aberta dando passagem a minha secretária que possuía uma expressão de pânico no rosto e uma baixinha furiosa atrás dela quase sumindo. Eu senti tanta vontade de rir naquele momento, mas logo tive que me conter ao ser intimidada por Allyson passando por Penélope e caminhar em minha direção com uma feição nada amigável no rosto.

- Bom dia rainha dos Estados Unidos! - Ela depositou sua bolsa sobre a poltrona a frente de minha mesa e me encarou cruzando os braços.

- Os Estados Unidos nem rainha tem Al. Como você está, meu amor? - Levantei sorrindo e fui até ela para lhe roubar um abraço, parecia que a muralha da China estava erguida entre nós com a carranca que se instalou em sua face. - Ah vamos lá, você não vai ficar assim só porque esqueci de colocar seu nome lá na portaria.

- Então você admite que esqueceu de mim?! Não acredito Lauren Michelle! - Ela pronunciou meu nome bem devagar com um tom arrastado e os olhos semi cerrados evidenciando sua possível chateação.

- Não Al, eu só esqueci de colocar seu nome lá. Está sendo uma correria desmedida por aqui, me perdoe. - Falei fazendo um bico, e abri os braços esperando que ela me abraçasse. Uma pequena birra foi feita, mas logo ganhei meu abraço apertado, cheio de saudade. - Eu estava com saudade! Nós precisamos conversar...

- Sim, eu sei. É por isso também que estou aqui.


Por Camila

O jornal estava uma loucura, havia muita correria devido ao concurso interno que teria sua fase final na sexta-feira desta semana. Minha manhã foi consumida por completo revisando inúmeros artigos, redações, matérias, fotografias, artes gráficas e toda a papelada que necessitava ser organizada para o resultado que anunciaria os novos funcionários principais. Eu me sentia exausta com toda aquela euforia, porque todos os dias recebia alguém em minha sala perguntando como estava indo o processo de avaliação. Algo que deveria ser tranquilo e prático, se tornou tão cansativo que eu precisei até proibir esse tipo de visita aos funcionários, já não aguentava mais repetir sempre a mesma frase, "Continue fazendo o seu trabalho da melhor forma, que o resultado virá satisfatório. Se você não ganhar o concurso, terá adquirido mais conhecimento e experiência, isso também é uma vitória". Alguns se conformavam com a minha omissão de informações concretas, outros não. Eu entendia a ansiedade deles, porque o resultado já deveria ter saído a dois meses atrás, porém nenhum dos sócios decretou a data, até eu  intervir na última reunião. Relatei que a idéia que eles estavam de adiar aquilo, já estava se tornando algo sobre humano, os funcionários já começavam a se desmotivar com a omissão daquilo, e a pretensão inicial de alavancar a produção, já entrava em declive.

- Camila? Com licença... - Dinah bateu a porta e foi entrando devagar. - Essa entrega chegou para você. - Ela falou depositando um envelope na cor branco sobre a mesa onde havia como remetente a C.P Vision, eu o avaliei externamente o recoloquei no mesmo lugar. - Você não vai abrir? 

- Depois eu abro, deve ser algum contrato de novo funcionário lá do jornal em Nova Iorque. 

- Ok... Como estão as coisas com a Lauren? - Ela perguntou com um sorriso suspeito. - Eu quase não a vejo mais direito.

- Estamos bem. Aliás, eu vou precisar de sua ajuda para algo. - Fui encarada com uma feição curiosa e ela mencionou sentar-se na poltrona a minha frente, porém travou. - O que houve, por que não senta?

- O Mendes está aí, eu já ia esquecendo. Eu deixo ele esperando para você me dizer, ou depois conversamos?

- Ah sim, melhor conversarmos com calma depois então. Ele informou qual seria o assunto? - Ela apenas negou com a cabeça - Pode o pedir para entrar, por favor.

Dinah assentiu e saiu a passos lentos até a porta de saída, eu conferi novamente o envelope sobre a mesa, o chacoalhei e realmente não tive nenhum interesse em o abrir. Sabia que precisaria verificar o conteúdo da embalagem uma hora ou outra, mas eu iria tardar aquilo. Os pensamentos que me vinham a mente quando olhava para aquele nome, me levavam sempre à algum tipo de encontro com ele, o causador de meus sentimentos infortúnios, então o interesse era quase nulo.

Enquanto aguardava Shawn entrar, eu resolvi verificar alguns e-mails, sua entrada estava demorando mais que o esperado, e um novo SMS vibrou meu aparelho de celular também sobre a mesa desviando minha atenção para ele.

- Bom dia Camila... - Shawn entrou após dá leves batidas sobre a porta. - Posso conversar com você?

- Claro Shawn, pode entrar. Sente-se por favor. - Eu o indiquei a poltrona, mas antes que começasse nosso diálogo eu o pedi um momento para ler a mensagem que houvera sido anunciada.


💬 Lauren

Baby, a Allyson está aqui e eu vou almoçar com ela ok? Nos veremos a noite. XxOo


Eu apenas o li, mas sua resposta não foi enviada. Ela não estava me pedindo permissão, foi apenas um aviso que estava declarado ali, então eu concluí a leitura e bloquiei o celular voltando minha atenção ao rapaz que sentado agora a minha frente, aguardava alternando o olhar para mim e suas mãos cruzadas sobre a mesa, ele parecia um pouco ansioso.

- Oi Shawn, está tudo bem? - Comecei quebrando uma leve tensão percebida ali.

- Não exatamente... - Ele franziu o cenho e meneou com a cabeça desviando seu olhar do meu - Sabe Camila, eu estive me esforçando tanto esses dias para redigir matérias boas, me atentei aos mínimos detalhes de cada redação e mesmo assim eu sinto que será tudo em vão! Por que eu estou sentindo isso?

- Shawn, você está nervoso. Mas não precisa ficar assim, você é um excelente redator, suas matérias são ótimas e você sabe que se fosse por minha vontade, este cargo já seria seu, mas não tenho esse poder. - Ele me encarou sério desta vez e fechou uma expressão raivosa no rosto.

- Você tinha, até três meses atrás. Por que as coisas mudaram?! Desde o dia que o seu noivo pisou neste jornal, as coisas não andam ao meu favor! - Seu tom de voz elevou um pouco e ele soltou uma lufada de ar desviando novamente seu olhar do meu. - Por que você deixou ele fazer isso?! Você é a diretora desta empresa, por que não interviu?! Por que está deixando ele me prejudicar desta forma?!

- Calma que as coisas não são exatamente assim! Do que especificamente você está falando? Ele fez algo diretamente contra você?

Ele se levantou da poltrona negando minha indagação com a cabeça e ficou de costas para mim com a respiração pesada. Eu entendia que a tensão para o resultado final do concurso estava afetando a todos, mas a sua reação estava um tanto intensa demais.

- Shawn, acredite mais no seu potencial, eu acho que não há razão cabível para você está tão preocupado assim. - Fui em direção até onde ele permanecia e toquei em seu ombro para que ele se virasse para mim outra vez. - Olha, eu não posso divulgar o resultado para ninguém mas posso lhe adiantar que suas chances são as melhores. - Conclui lhe oferecendo um singelo sorriso na intenção de lhe acalmar.

- Você acha mesmo que ele vai deixar eu ganhar esse concurso? Ele não gosta de mim Camila, e por que será?! - Ele se virou novamente e caminhou até a porta. - Eu fui um tolo em pensar que você poderia me ajudar, é como a Miley disse realmente...

Antes mesmo de eu tentar organizar as ideias na minha cabeça para formular uma resposta, a porta foi batida e ele se foi me deixando cheia de indagações. Eu estava atônita com toda aquela reação do Shawn, nunca havia presenciado uma perda de controle dele, mas parecia que algo lhe afetava pessoalmente.

Já era perceptível sua mudança de comportamento ultimamente perante a mim, ele se mantinha apenas no cunho profissional comigo, não me chamava mais de "Mila" como de costume e nunca mais havíamos conversado ou saído para almoçar. Eu sabia que esta mudança se devia ao fato da "descoberta" de meu relacionamento com Charlie, mas hoje pareceu que algo diferente havia acontecido para acarretar esta explosão em minha sala. O que será que a Miley havia o falado?

Eu sentia vontade de lhe contar a verdade sobre este assunto, mas ao mesmo tempo que esta vontade vinha, a incerteza que isso poderia alimentar novamente sua esperança a levava embora. Eu não poderia lhe dizer algo assim sem terminar todo o enredo da historia, então eu teria que ser obrigada a falar sobre Lauren também ou no minimo dizer que estava com alguém, o que não iria fazer sentido algum para ele ou lhe deixaria triste. Seus sentimentos não eram desconhecidos por mim e mesmo que não fosse recíproco, eu não o desejava nenhum mal, pelo contrário.

O horário de almoço se foi e de volta as tarefas do jornal, eu fui surpreendida por uma chamada de vídeo via skype piscando na tela inferior do notebook, a qual eu terminava de revisar a edição sobre os supostos candidatos a presidência dos EUA. Eu não conhecia aquele contato, não lembrava de ter o adicionado e muito menos aguardava nenhuma conferência para hoje, Dinah não mencionou nada. Então relutei por alguns segundos olhando aquele "user968744" chamando, mas por fim resolvi atender.


... [Chamada de Vídeo conectada]


Era ele, e eu não podia acreditar a que nível de petulância a pessoa havia chegado, era inacreditável como ele sempre conseguia, de uma forma ruim, me surpreender. Ao mesmo instante que senti uma raiva dominar minha essência, me veio uma súbita vontade de rir por aquela situação, nem mesmo eu conseguia entender o embaraço de sentimentos que invadiram meu ser por estar olhando aquele rosto outra vez.

- Até que enfim, você me atendeu... - Ele resolveu falar quando eu já pretendia desligar a chamada.

- Se eu soubesse que era você, tenha certeza que eu não teria atendido. - As palavras foram cuspidas da forma mais ríspida que eu fui capaz de proferir.

Após nossa última discussão dentro desta mesma sala, onde ele saiu ameaçando "destruir minha vida" nós quase não nos vimos mais, ele retornou para Nova Iorque e manteve contato apenas com a Lauren, até as reuniões onde ele fazia questão de estar presente, foram realizadas sem sua presença. As atas eram enviadas por e-mail ou correio e de lá mesmo ele assinava ou contestava algo.

Estava tudo muito calmo, até há quinze dias atrás quando ele resolveu recomeçar a vir atrás de mim outra vez e eu o ignorei complemente.

- Que coisa mais infantil Camila, você precisa ser mais profissional. - Ele soltou seu habitual sarcasmo.

- Tem certeza que quer falar sobre profissionalismo? - Um sorriso de canto riscou seus lábios e ele desviou o olhar, porém não deixou a feição séria. - O que você quer? Seja breve por favor, eu estou bastante ocupada.

- Eu imagino que sim... Como estão os preparativos para o anuncio de sexta-feira? Você já está com os resultados?

- Sim, eu relatei isso na ata da última reunião. Você não verificou o seu e-mail?

- Verifiquei, mas não concordei com algumas coisas e fiz alterações, eu te enviei de volta. - Ele pausou breves segundos como se esperasse uma resposta minha, mas ela não veio - Por favor confira as coisas que mando para você, nem sempre são de cunho pessoal. - Menei negativamente com a cabeça e suspirei profundamente já impaciente. - Você precisa ter mais maturidade para separar as coisas. Eu...

- Ok, eu não vou te dá o mérito de entrar neste assunto porque realmente tenho mais o que fazer, ao invés de ficar discutindo com você por Skype sobre profissionalismo e maturidade. - O cortei porque a ânsia de continuar ouvindo sua voz já atingira meu estomago - O assunto era somente este?

- Camila, Camila... - Agora foi sua vez de menear com a cabeça, e mais uma vez o sorriso sarcástico se fez. - Você recebeu o envelope que eu te enviei? 

Naquele instante minha atenção virou para o envelope branco que Dinah me entregou mais cedo e ele ainda permanecia no mesmo lugar sobre a mesa, busquei em minhas mãos e antes que eu pudesse o abrir, fui interrompida.

- Você ainda não o abriu?! - Sua voz ecoou outra vez e um sorriso largo de deboche proferiu de sua boca. - Eu não acredito! É por isso que você está tão dispersa e calma. - Novamente ele sorriu e além de lançar uma enorme dúvida na minha cabeça, contribuiu para aumentar ainda mais minha impaciência por o ver assim tão cheio de deboche. - Então veja toda a papelada que está aí, leia com calma e depois conversamos. E lembre-se Camila, eu não quero ser seu inimigo, eu serei apenas aquilo que você me fizer... Tenha um bom dia!

Eu já não estava mais o dando atenção, enquanto ele terminava de falar e encerrava a chamada de vídeo, eu rasgava o papel na intenção de verificar logo o conteúdo da embalagem, lá continha alguns contratos como eu já presumia, alguns templates para aprovação e logo abaixo dos outros, lá no fundo do envelope, continha um outro menor timbrado com o logo da escola de Sofia. Ignorei os outros papéis e voltei toda minha atenção apenas para este, abri o pequeno envelope e retirei de lá uma carta, mais parecia uma notificação.

Miami, 16 de Junho de 2016

Prezados Sr. e Sra Cabello,

Vimos pela presente informar que se encontra em aberto, junto à nossa empresa, um débito não quitado representado pelos boletos de N° 2345667 e 2345668 referente à duas mensalidades vencidas.

Tendo em vista que até o presente momento não acusamos o recebimento das referidas prestações, solicitamos a quitação destas ou o comparecimento de V.Sa. em nosso estabelecimento a fim de regularizar tal pendência no prazo máximo de 15 dias.

Informamos ainda que a não regularização da referida pendência no prazo acima estabelecido, causará a suspensão ao ensino de Sofia Cabello Estrabao, visto que até o momento não recebemos nenhuma comunicação sobre os motivos do atraso, e nenhuma resposta em nossas tentativas de contato. Então reafirmamos a urgência na regularização.

Solicitamos que entre em contato o quanto antes para negociação e caso o referido débito já tenha sido quitado, favor desconsiderar esta carta.

Respeitosamente,

a direção.


Eu li e reli aquilo umas cinco vezes e não conseguia engolir a veracidade daquela carta, realmente o plano daquele maldito de acabar com tudo na minha vida havia começado. Me praguejei por ter deixado aquela situação chegar a este ponto e me culpei de todas as formas por ter desleixado aos cuidados de minha irmã. Estes dias foram tão corridos que eu mal tive tempo de falar com ela, todas as ligações que tivemos foram super rápidas, e só agora eu percebo o quanto a inadimplência de atenção a ela me custou, Sofia estava precisando de mim e eu não consegui perceber isso.

Senti uma enorme vontade de ligar para Charlie de volta e soltar tudo que estava engasgado, mas de que adiantaria? Nem sequer fazia sentido eu o cobrar por ter feito isso, a falha foi minha por não ter pensado que esta seria sua primeira atitude, e logo não tomei a providência para desvincular qualquer elo que ele ainda tivesse, talvez meu subconsciente ainda não acreditaria que sua covardia poderia chegar a esse ponto, mas ele se enganou.

Eu precisava tomar uma atitude, mas qual atitude? Eram tantas coisas para resolver, tantas pendências para dá baixa, eu estava me sentindo sufocada, e com certeza ele sabia disso, e foi direto no meu maior ponto fraco.

As idéias que eram arquitetadas em minha mente logo eram censuradas pelo meu consciente antes mesmo de eu tentar as por em prática, nada que eu planejava fazer era concretizado como algo válido, a batalha interna havia sido formada dentro de mim, então eu precisava de uma segunda opinião.

- Dinah, vem aqui por favor! - Eu disquei o número do ramal dela e a chamei, não para fazer o papel de minha secretária desta vez, eu a precisaria agora como minha amiga.

- Oi Camila... - Ao avistar seu rosto com a expressão de preocupada, eu não aguentei, derramarei todas as lágrimas que estavam contidas. - Oh céus, o que houve Camila?!

Ela correu até onde eu estava e me afagou em seu braços, enquanto eu descia o rosto apoiado sobre meus braços em cima da mesa.

- Dinah, eu quero matar aquele desgraçado! - Gritei perdendo totalmente o controle, quando esmurrei a mesa fazendo uma taça que lá estava, cair estilhaçando-se ao chão.

- O que houve desta vez? O que ele fez? Estava tudo tão calmo...

- Não estava nada calmo, ele estava apenas camuflando mais uma merda que ele fez, olha isso! - Eu a entreguei a carta de notificação de cobrança e ela recebeu com o cenho franzido sem entender ainda o contexto da minha ira.

Dinah leu apenas passando os olhos e eu observei atentamente a cada vez que sua expressão crescia quando chegava perto do final, ela meneou negativamente com a cabeça e jogou o papel de volta sobre a mesa, parecia atônita ainda como se procurasse o que me dizer.

- Mila, eu...

- Como eu não pensei nisso Dinah?! Como eu fui tão irresponsável e ingênua por não pensar que ele faria isso logo de cara?!

- Calma, você não ia adivinhar. Como você ia saber que ele faria logo isso?

- Porque ele avisou que faria, ele falou que ia acabar com tudo que me fazia feliz. - Neste momento, Dinah se levantou e foi até a copa buscar um outro copo de água - Nós falamos para ele não depositar mais o dinheiro, lembra? E depois daquele deboche, era óbvio que ele iria fazer! Qual melhor maneira de me atingir, se não for logo pelo bem estar de minha irmã? Como eu pude ser tão irresponsável e ter esquecido de Sofia?!

- Nós vamos dá um jeito Camila, fica calma. Você não pode ficar se culpando, não era algo que estava em seus planos. Tem as coisas do jornal que está consumindo todo mundo, tem esse pessoal te enchendo todo dia por causa desse maldito concurso, e você está sempre super atarefada, então não se puna assim. - Ela me entregou o copo cheio de água com açúcar na intenção de me acalmar.

- Mesmo assim, ela tem que ser minha prioridade suprema, eu não consigo admitir que falhei dessa forma com ela... - Uma enorme dor invadiu meu peito novamente e outra vez as lágrimas vieram - Ela confia cegamente em mim Dinah, e eu só tenho menos de 15 dias para resolver isso, como vou arranjar esse dinheiro? - Um desespero bateu e quase eu perdi o controle outra vez. - Mas que filho da pu...

- Camila! - Ela me repreendeu antes que eu terminasse. - A parte dos palavrões, você deixa comigo. Procure se acalmar... - Senti suas mãos serem passadas em minhas costas enquanto eu ainda chorava procurando uma solução. - Olha, eu não tenho muito, e como sei que a escola de Sofia é caríssima, o que eu tenho não faria muita diferença, mas eu posso te dá tudo, se quiser e... Tem a Lauren também não é? Já pensou em falar com ela?

- De jeito nenhum Dinah, eu jamais vou pedir dinheiro a ela e nem a você. - Me levantei da cadeira e caminhei até o pequeno lavabo na intenção de lavar o rosto - Vocês já me ajudam demais, eu vou dá um jeito...

- Eu acho que essa não é hora para orgulho sabe? Eu tenho certeza que ela iria te ajudar sem o menor problema, e outra, se ela descobrir que você vai passar por esse perrengue sozinha sem a comunicar, eu acho, só acho tá? Que ela não vai gostar nem um pouco... - Ela falou levantando o dedo indicador em minha direção.

- Ela não vai saber... Entendeu né Dinah? Ela não vai saber, ok? Por favor... Este é um problema meu, que EU vou resolver... - Falei em um tom sério para que ela entendesse que eu não queria de nenhuma forma que Lauren ficasse sabendo disso.

Eu sabia que se ela soubesse, com certeza iria querer arcar com a dívida inteira e não aceitaria jamais que eu negasse sua ajuda, nem emprestado eu sei que seria, ela com certeza iria querer pagar e eu não podia a jogar essa responsabilidade, Sofia é minha irmã e eu havia a prometido que nunca deixaria de cuidar dela, então eu resolveria tudo, mesmo que ainda não tivesse um plano traçado.

- Ok "senhorita não quero ajuda de ninguém"... - Ela falou rolando os olhos com uma expressão impaciente - Mas ei Camila, e os seus pais?! Sofia é da responsabilidade deles também, eles quem deveriam se virar para pagar essa dívida.

- Dinah se eu for esperar por isso, Sofia ficará sem estudar até o final do ano e precisará repetir ano que vem para recuperar, em uma escola pública talvez. Eu não vou fazer isso com minha irmã, ela adora aquela escola, mesmo não tendo noção do valor que ela custa... Eu vou dá um jeito.

Dinah meneou com a cabeça como se não concordasse com o meu decreto, porém apenas assentiu e permaneceu na sala até que eu me acalmasse mais, eu não sabia o que exatamente iria fazer, mas precisaria arranjar um jeito de conseguir aquele dinheiro e manter o restante das mensalidades, pelo menos até o final do ano.

Passei o resto do dia revendo minhas economias e entrei em contato com a instituição da escola, eles não informaram o valor estimado do débito pois somente os responsáveis legais de Sofia poderiam ter acesso a isso, ou seja, minha mãe ou meu pai. Eu tentei explicar a situação, porém mesmo assim negaram passar a informação, apenas um dos dois teria que comparecer até o estabelecimento e negociar junto a direção. Mesmo que eu quisesse arcar com o pagamento da pendência, isso só seria possível comparecendo pessoalmente acompanhada a um deles.

Receber aquela notícia foi talvez até pior do que saber que minha irmã estava prestes a ser expulsa da escola por falta de pagamento. Eu sentia minhas entranhas se comprimirem ao pensar nisso, ela era muito nova para passar por esse tipo de humilhação, ainda mais por saber que lá só estudava filhos da alta sociedade de Miami. Mesmo eu achando desde o começo desnecessário ter a colocado nesta escola, meus pais concordaram com essa ajuda de Charlie pois eles queriam o melhor para ela, tudo que não puderam fazer por mim, e a princípio suas intenções eram lindas, pena que elas não passaram de puro interesse de ambas as partes.

Peguei o celular e procurei na lista telefônica o número a qual eu evitava ao máximo ligar, mas aquela situação me obrigava a isso, não havia outra escolha a fazer. E após discar, no quarto toque, já quase entrando na caixa postal, a ligação foi atendida.

- Residência dos Cabello, boa tarde! - Era a voz doce e meiga de Sofia que ecoava do lado da linha.

- Oi meu amor, é a Camila. Como você está? - Eram 3h45 da tarde e aquele horário ela deveria está na aula de teatro, e não em casa.

- Oi Kaki, eu estou bem. Estou com saudade, quando você vem aqui de novo?

- Em breve Sofi, mas por que não está na aula de teatro? Não eram nas segundas e quartas?

- Sim, eu até fui mas a professora informou que eu não poderia mais participar este mês, mas não quis dizer o motivo, ela falou que esse assunto seria ser tratado com meus pais e a direção. - Seu tom de voz entristeceu e aquilo atingiu meu peito com toda a força, eles já haviam a cortado das atividades extra escolares e logo o teatro que ela mais adorava. - Eu não fiz nada de errado, eu juro.

- Eu sei que não meu amor, cade sua mãe? Deixa eu falar com ela. - Segurei com veemência a enorme vontade de chorar que alastrou dentro de mim.

- Não está aqui agora, ela foi ao mercado...

- E você está sozinha em casa Sofia?! Como assim? Por que não foi com ela?

- Eu tenho muita lição para fazer e ela não deixou eu a acompanhar, mas está tudo seguro Kaki, pode ficar tranquila. Eu já sou grande, posso me virar sozinha. - Um sorriso relaxou em sua voz e ela começou a rir agora.

- Sei... Tome cuidado, não abra a porta para ninguém antes de sua mãe chegar. Certo? - Ela assentiu com um som nasal - Então por favor peça para que ela ou o seu pai me liguem a noite. Preciso falar com eles urgente.

- Houve algum problema? Ou vocês vão fazer as pazes? Diz que é a segunda opção, por favor, por favor.

- Não meu amor, sinto muito. Peça apenas que me liguem, eu preciso desligar agora. Te amo muito! - Sofia fez uma lamentação e tentou continuar a conversa, porém encerrou a ligação quando a informei, com muito pesar, que realmente precisava desligar.

Tentei amenizar o estresse daquela situação seguindo com as tarefas do jornal, que embora não caísse na escala de motivos que me deixavam cansada, eu amava aquele trabalho, amava tudo que eu conseguia fazer ali, ainda mais por que ele havia me trazido Lauren de alguma forma, a quem estava sendo meu porto seguro atualmente.

Eu não a havia visto nenhum momento durante o dia, apenas ontem a noite quando passamos um tempo juntas em meu apartamento e ela foi embora logo de manhã cedo. Por sua vontade, nós dormiríamos juntas todas as noites e por mais de uma vez eu fui convidada a morar com ela em seu apartamento, porém esta ideia, apesar de parecer ótima aparentemente, soava precipitada demais pra mim e ainda me assustava um pouco, então preferi deixar como estava, nós duas estávamos juntas mas cada uma em seu devido espaço.

- Camila, pois não... - O telefone tocou e eu atendi de imediato acreditando ser da escola de Sofia pois havia deixado meu contato caso eles mudassem de ideia.

- Chancho, a Miley está na ligação e quer falar com você. Posso transferir? Ela não quis dizer o assunto.

- Pode sim... - O som da ligação transferida se fez - Oi Miley...

- Oi Cabello. Eu posso ir aí falar com você rapidinho, por favor? - Seu tom de voz estava sereno e calmo, o que chamou minha atenção.

Ela estava agindo assim ultimamente, nunca mais proferiu uma ofensa sequer a mim e nem a Dinah, estava extremamente educada e cortes. Até o nível de suas matérias havia evoluído tanto que nem parecia ser algo original de sua autoria. Eu comentei sobre sua mudança para minha melhor amiga, e que eu estava feliz por ela ter mudado, mas Dinah apenas riu me chamando de lerda e ingenua, pois era tudo interesse para que a promovesse no concurso.

- Sim Miley, eu preciso falar mesmo com você. Pode vir!

Encerrei a ligação e após alguns breves minutos ela surgiu batendo na porta e pedindo permissão para entrar.

- Pode entrar, sente aqui por favor. - A concedi a permissão para entrar e indiquei a poltrona a minha frente. - O que gostaria de falar comigo?

- Bem, o resultado do concurso será agora na sexta-feira, então eu gostaria que me dissesse como eu estou indo? - Ela custou a me encarar e foi falando de forma lenta como se estivesse envergonhada.

- Miley, eu não posso divulgar os resultados. Todos irão saber juntos na sexta-feira quando for anunciado no auditório. - Ela manteve o olhar firme ao meu - Acho que você deve ser a trigésima pessoa que vem aqui me perguntar isso, e eu já havia proibido a Dinah de conceder mais alguma visita de alguém se fosse esse o assunto, eu sinto muito, mas não posso dizer nada. - Falei de forma firme, talvez saiu em um tom diferente de minha intenção.

- Eu sei, por isso não quis dizer o que era, mas você está avaliando as matérias de todo mundo de igual para igual não é? 

- Se você estiver se referindo a algum favoritismo, pode ficar tranquila, o resultado não será apenas baseado em minha opinião, todos os acionistas estão envolvidos. E mesmo que eu quem esteja avaliando as redações principais, estou sendo completamente imparcial, pois minhas criticas também estão sendo avaliadas. Então se você está realizando um bom trabalho e sabe disso, então não se preocupe, faça o seu melhor.

- É exatamente por isso que estou perguntando. Eu sei que as matérias que eu estou redigindo estão impecáveis, então não vou aceitar um resultado diferente do que eu estou esperando. - Seu semblante nesta hora mudou, ela voltou a exalar sua soberba habitual de antes e o que a Dinah falou fez todo o sentido agora.

- Por que está tão confiante assim? - A indaguei e ela desviou seu olhar quebrando a forma como me encarava.

- Porque eu sei que sou a melhor e estou feliz que finalmente vou poder mostrar meu potencial e assumir o lugar que sempre deveria ter sido meu desde o principio.

- Ok Miley, eu não sei o que exatamente você está esperando por que todos tem as mesmas chances, mas se está tão confiante assim, que bom. Continue dando o seu melhor, cuidado apenas aonde você se sustenta como ancora, porque as vezes nossas expectativas nos frustam muito mais quando não temos humildade. - Ignorei sua provocação e tentei ser a mais paciente possível. - Agora eu tenho que te perguntar algo também.

- Sim...

- O que exatamente você andou falando para o Shawn sobre o meu relacionamento? - Seus olhos cresceram em surpresa por eu a soltar aquela pergunta assim tão diretamente, talvez ela não imaginasse que o assunto fosse esse. Tentou um disfarce soltando um leve sorriso, mas não adiantou.

- Bem, mandei ele apenas se por no lugar dele pois você já está comprometida e nada que ele tentasse fazer para te agradar iria adiantar, apenas isso. - Suas palavras saíram tropeçadas sem demonstrar segurança, mas ela continuou - Ele é bem apaixonadinho por você, todos sabem disso, mas é bem ridículo um estagiário, que nem casa própria tem, querer competir com o dono da C.P Vision, sócio disso daqui não é? Que alias Cabello, parabéns viu? Você acertou em cheio. Foi muito esperta...

- Como assim? O que quer dizer com isso?

- Ora, você tratou logo de ficar amiguinha da nova patroa e ainda lançou o sócio majoritário. Assim até eu viro diretora.

- Olha Miley, isso é, além de invasivo, anti ético também. Você tem noção da gravidade do que está me falando? Você sabe que falta de respeito ao gestor pode te render uma demissão de imediato não é? - Tentei ser firme sustentando seu olhar, mas a peçonha dela estava além.

- Demissão Cabello?! - Ela começou a rir sarcasticamente - Não estou preocupada com isso, eu não falei nada mais que a verdade e como agora sei que não só sua opinião vale no resultado deste concurso, eu estou bem mais tranquila. Obrigada pela informação, com licença. - Um último sorriso se fez e ela se levantou saindo pela porta levando toda a falta de educação que possuía.

Uma outra onda de raiva me veio outra vez, e a vontade de ligar imediatamente para o RH solicitando sua demissão quase dominou minha razão, mas eu respirei fundo e me acalmei agarrando-me a minha sensatez. Pensamentos vieram de forma aleatória e eu tentei achar uma explicação para suas palavras, porque não fazia sentido algum ela está tão confiante assim sabendo que, se eu quisesse, poderia a demitir a qualquer momento. Depois de um tempo, não a dei mais importância, eu tinha outros assuntos para resolver que estavam em uma escala maior.

Já quase no final do expediente, após uma breve reunião com o pessoal do marketing, enquanto eu caminhava de volta para minha sala, o encontro que não foi possível durante todo o dia aconteceu. As portas metálicas do elevador se abriram e ela saiu de lá triunfante em sua beleza, o rabo de cavalo nos cabelos, aquela blusa preta de alça caída, a calça jeans claro e as botas que faziam a composição daquele monumento de mulher, prenderam minha atenção. Eu tenho certeza que se alguém além da Dinah estivesse presenciado minha reação perante o fascínio que eu estava naquele momento, minha discrição teria ido por água abaixo.

Lauren parecia uma universitária "recém formada" com aquele estilo, estava adorável e ao mesmo tempo extremamente sexy, dava a impressão que ela ficava cada vez mais linda toda vez que eu a via. Chegamos até a brincar uma vez quando eu falei que ela mexia com bruxaria e havia lançado um feitiço contra mim, mas Dinah disse que eu estava mesmo era sendo uma trouxa, isso sim.

As vezes eu me martirizava porque deixava de a elogiar como eu sentia vontade, pois sempre que eu tomava impulso, algo dentro de mim barrava minha fala e nunca saía da forma como ela merecia, chegava a ser frustante não ter segurança para a devolver com a mesma intensidade os sentimentos que, diferente de mim, ela não fazia questão de esconder, dia após dia.

- Oi minha linda, eu vim te buscar. - Um sorriso galante se fez e sua voz saiu um pouco alta demais, fazendo eu ruborizar e verificar se mais alguém havia ouvido.

- Lauren... - Segurei em seu braço e a arrastei até dentro de minha sala sob o olhar suspeito de Dinah, que prendia um sorriso.

- O que houve baby? - Ela entrou e logo largou sua bolsa sobre o sofá.

Eu a acompanhei com o olhar enquanto fechava a porta atrás de mim, faltavam apenas dez minutos para o final do expediente.

- Você não pode me tratar dessa forma aqui Lauren, alguém pode ouvir ou perceber. Já conversamos sobre isso. 

- E daí? Eu sou a dona disso daqui, esqueceu? - Ela brincou e caminhou sorrindo em minha direção - Você é minha garota, e se eu pudesse todos já estariam sabendo, assim ninguém ousaria dá em cima de você. Porque né, quem teria coragem de enfrentar a chefe? - Ela sorriu largo desta vez.

- Vamos com calma aí mocinha. - Minha cintura foi envolvida e eu ganhei um rápido beijo. - Que rebeldia é essa agora?

- Você me causa isso... - Ela se afastou um pouco desgrudando nossos corpos e sem perder o contato analisou todo o meu corpo, dos pés a cabeça. - Como não querer te expor para o mundo? Olha para você, como pode ser tão linda e maravilhosa? 

Naquele momento, eu senti que a camiseta branca, a calça preta social e o scarpin na mesma cor os quais eu usava para me vestir não existiam mais, ela me despiu da forma intensa apenas com o olhar.

- Chega até a ser um absurdo você falar isso. - Ela sorriu perguntando o motivo de minha afirmação - Você está tão linda, fazia tempo que não te via com o cabelo amarrado, lhe cai muito bem. - Disse colocando uma pequena mecha que se desprendeu por trás de sua orelha.

- Ah você gostou? Muito obrigada senhorita. - O elogio foi recebido com um sorriso relaxado e ela se afastou me soltando desta vez. - Você gostaria de jantar fora, ou prefere que eu cozinhe algo para a gente?

- Na verdade hoje a noite eu precisarei estar em meu apartamento. - Falei um pouco ruborizada tentando disfarçar a tensão que queria estacionar em minha face.

Eu teria que esperar a ligação de meus pais para resolver a situação da escola de Sofia, ou ligar novamente caso eles não o fizesse, então não poderia estar com Lauren, ou o plano de não a envolver nisso seria fracassado. Eu teria que inventar algo bem convincente para a despistar, pelo menos por hoje a noite.

- Ah, podemos ficar em seu apartamento também, por mim não tem problemas. - Ela deu de ombros enquanto caminhava até o frigobar para buscar uma garrafa de água. - Você quer passar no mercado primeiro para comprar alguma coisa?

- Não Lauren, eu irei sozinha para o meu apartamento.

- Por que? Houve algum problema? Eu fiz algo de errado? - Ela franziu o cenho e largou a garrafa em cima do balcão para voltar até onde eu estava.

- Não, não é isso. É que... Eu prometi a Sofia que ligaria para ela esta noite, então gostaria de ficar mais a vontade para conversar com ela sabe? Faz tempo que não nos falamos direito. - Uma feição tristonha se fez em seu rosto e ela apenas assentiu. - Tudo bem pra você?

- Sim, claro. - Novamente minha cintura foi envolvida por um de seus braços e com a outra mão ela me puxou para um beijo calmo e mais intenso desta vez - Eu vou morrer de saudade, você sabe não é? - Ela falou enquanto ainda mantinha nossos lábios colados.

- Eu prometo te recompensar da próxima vez... Agora vamos logo, por favor. Estou tão cansada...

- Vamos, mas pode ter certeza que eu irei te cobrar. - Rimos juntas e eu assenti, com certeza ela me cobraria.

Ganhei mais um beijo e seguimos para o edifício a qual morávamos. Miami estava calma aquela noite, sem muito trânsito ou os barulhos costumeiros que sempre faziam a orquestra das ruas da cidade, tudo parecia quieto demais. Eu estava com a sensação de estar em um filme de suspense antecedendo uma cena de impacto, onde se faz aquele silêncio perturbador que acelera o nosso coração nos preparando para o susto, era estranho mas era assim que eu estava me sentindo, não era uma sensação boa.

Lauren tentou um diálogo durante o caminho perguntando como estava Sofia, porém eu estava tensa demais para lhe dá total atenção, eu estava nervosa, ansiosa e com raiva. Ao mesmo que eu queria que aquela conversa viesse logo para resolver aquilo, desejava com todas as forças que ela não existisse, eu ainda não conseguia aceitar que eles deixariam Sofia passar por isso sem me comunicar.

O carro de Lauren adentrou o estacionamento e ela parou na vaga referente ao seu apartamento da cobertura, desceu do carro e deu a volta para abrir a porta para mim. Isso havia se tornado um ritual todas as noites, mesmo eu dizendo que não era necessário, ela fazia questão, o que eu achava fofo, não podia negar.

Seguimos pelo elevador e lá dentro eu ganhei mais um beijo em meu ombro e algumas carícias, até que o quinto andar foi anunciado e as portas foram abertas, nós ainda estávamos sozinhas neste momento.

- Tem certeza que prefere ficar sozinha hoje? Eu posso me comportar se o problema for este. - Ela falou com um bico nos lábios enquanto segurava em minha cintura com uma das mãos e a outra impedia que as portas se fechassem outra vez.

- Sim Srta Jauregui, eu devo isso a minha irmã. - Era difícil ter que mentir assim, ainda mais quando minha real vontade era outra - Amanhã nos vemos, ok?

- Ok então. Boa noite minha linda, qualquer coisa só me ligar.

Eu assenti e me despedi dela com mais um beijo rápido em seus lábios. Adentrei em meu apartamento e logo me despi para um banho enquanto organizava as ideias para tentar fazer daquela conversa a mais civilizada possível, na esperança de chegarmos a algum tipo de acordo. Tomei um banho relaxante e cozinhei um lasanha pronta que estava no congelador, verifiquei alguns e-mails, revisei algumas matérias que estavam salvas no notebook para o concurso e, já quase badalando às 22h00, meu celular tocou. Eu conhecia aquele número muito bem.

- Alô... - Atendi após buscar coragem em meu interior.

- Oi Karla, você estava querendo falar comigo?

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Notas Finais


Olá, olá meus amores!!! 🙆
Quanta saudade de vocês! Fazia quanto tempo que eu não atualizava? Nem lembro... Desculpem por isso, mas eu preciso ser honesta com vocês. Sabe, eu pensei em desistir da fic, porque os últimos acontecimentos não foram fáceis de lidar, a falta de tempo está enorme e o bloqueio se instalou em mim. Mas eu recebi tantas mensagens pedindo para voltar, vi alguns comentários aqui também e percebi que isso não era justo com vocês. 😕
Eu sempre recebi apoio aqui e as mensagens mais lindas possíveis, então eu resolvi voltar por vocês. 
Muito obrigada para quem esteve comigo desde o começo e aos novos leitores que sempre deixam os votos, isso também me motiva bastante, vocês são ótimos, são maravilhosos e eu os adoro muito.
Obrigada as 30k visualizações e aos quase 3k votos, parece até surreal essa quantidade pra mim, pois eu sei que existem muitas outras fics boas por aí, e vocês me deram essa chance. Muito obrigada pelo reconhecimento. 😍💖
Então é isso meus amores, avisa ao amiguinhos que eu voltei e não deixem nunca de votar em todos os capítulos, isso ajuda bastante na divulgação. 🌟
Compartilhem a fic se acharem merecido e fiquem ligados aí que o próximo capítulo será um pouco intenso, eu prometo tentar não demorar tanto desta vez.
Até mais gente linda! 🙋😘💞

🐦 @MirneyCruz


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