História Survive (sobreviva) - Guarde suas lágrimas

 Eu observava as ruas, eu cresci correndo por aí, brincando, cantando, fazendo amizades, eu construí minha família nesse lugar, e agora parece literalmente um show de horrores, eu tentava ao máximo segurar as lágrimas, mas foi em vão quando percebi que meu rosto estava completamente alagado, Nate me olhou pelo retrovisor e soltou um pequeno riso irônico, negando com a cabeça

-Deixe pra chorar quando tiver um motivo descente princesa -eu o olhei para o retrovisor, encontrando a frieza do seu olhar
-Olha em volta, você realmente acha que isso não é um motivo "descente" o bastante? -eu praticamente estava gritando.
-Uma hora você vai entender que não -ele disse indiferente, eu resolvi não retrucar e fechei meus olhos, tentando buscar por algo bom, nem que fosse em minhas memórias 

-Ela é a cara do titio -ele balançava a pequena Carly em seus braços- Eu sou muito gatinha mamãe -ele forçou uma voz de criança e eu ri
(....)
-Mamãee, papai, olha só o desenho que eu fiz - ela nos entregou a folha, e no desenho estavam, eu, Matt, ela, Carly e Burnie eu ri por ela se lembrar do cão, ele havia ficado com os pais do Matthew, achamos melhor já elas tinham alergia
-Ficou tão lindo
-Quem é essa garotinha aqui? -apontei para a personagem desconhecida-
-Minha nova irmãzinha -eu ri alto-
-Eu quero uma, podemos ter papai? -Matt continuou rindo e me olhou-
-Podemos sim -ele sorriu me dando um selinho

  Lembrar disto só me fez chorar mais, eu nem sei se eles estão vivos, isso faz meu coração se apertar, depois do que houve no hospital, depois de ver Lacey daquela maneira, desviei o olhar para a pequena Grier que dormia no colo de Johnson. 
Serrei meus punhos, eles estão bem, tem que estar, disse para mim mesma, eu precisava me agarrar aquelas palavras.
  Senti o carro freia bruscamente, escutei os gritos desesperados pedindo por socorro, quando vi aquele rosto familiar eu não pensei duas vezes e sai do carro, porque Nate estava prestes a dar partida novamente, aquilo me fez sentir nojo dele.

-Mahogany! 

Ela estava sangrando, eu corri até a mesma e a abracei o mais forte que pude, me sujando com todo aquele sangue, Sammy e o moreno vulgo, Gilinsky apontaram as armas para ela, eu olhei assustada para aquela ação.

-Que merda vocês estão fazendo? 
Eu gritei, alguns zumbis se aproximavam, eram poucos, nada que seria um problema e Nate dava um jeito neles com a mesma besta que Sammy carregava horas atrás
-Alysson se afasta
-O que? Não -eu encarei Sammy indignada- Olha, vocês podem abaixar isso, eu conheço ela
-Aly -ela sussurrou apertando forte meus braços-
-Ela foi mordida. -Gilinsky afirmou, eu voltei meu olhar para ela-
-Jacob, ele -ela chorava e afastou seus cabelos e me mostrando sua carne exposta no pescoço- ele se tornou um deles, Alysson, eu não consegui -

Ela voltou a chorar  e eu a abracei deixando as grossas lágrimas rolarem pelo meu rosto, o choro da pequena Grier ecoou dentro do carro, ela olhou naquela direção e sorriu

-É a Izzie? -eu assenti e ela sorriu aliviada- Nash, Matt e Taylor conseguiram, eu não sei onde estão, mas eles saíram da festa a tempo
-Estamos ficando cercados - Nate gritou, eu olhei em volta, o choro dela atraía cada vez mais deles puxei Maho em direção ao carro, mas ela recusou-
-Vamos! -apressei, já nervosa-
-Você tem que me deixar aqui Alysson
-Mahogany, não, não
-Eu fui mordida, Aly, eu já estou morta
-Não! não diz isso, a gente pode dar um jeito
-Alysson! -Sammy gritou quando o bando de meia duzia de zumbis se aproximavam mais do carro-
-Eu sinto muito
-Independente do que aconteça, você precisa lutar -ela disse segurando meu queixo- Não desista Alysson 

   Depositei um beijo demorado em sua testa e corri de volta para o carro, me ajoelhei no banco vendo a figura de Lox se distanciando cada vez mais, então, eles a alcançaram, meus olhos não saíram daquela cena horrível, podíamos ouvir seus gritos de horror e dor, senti os braços de Sammy me puxarem para perto me abraçando, eu me deixei desmoronar ali mesmo

-A esquerda.

Sussurrei e Sammy repetiu mais alto para que Nate escutasse, ele virou o carro e me olhou pelo retrovisor, eu fiz um sinal para que estacionasse e assim ele fez, um desespero  percorreu meu corpo ao perceber que as janelas estavam quebradas, e a porta não tão resistente assim, engoli seco.

-Eu, Nate e Gilinsky vamos liberar o local - Sammy disse e se voltou para mim- Johnson vai ficar aqui com você e a ratinha

    Eu assenti, e logo eles adentraram a casa, eu estava apreensiva e com medo, medo, parece que essa palavra tem definido bem como me sinto, senti Johnson tocar minha mão, olhei pra ele que sorriu, apertando minhas mãos e foi impossível não me lembrar de Taylor, ele fazia isso sempre, como uma forma de me passar confiança, suspirei, eu não sei se ele estava ali, eu desejei muito que ele tivesse faltado ao aniversário da sobrinha mais uma vez.
   Nate apareceu na porta fazendo um sinal com os dedos, Jack e eu descemos do carro e caminhamos até a casa, havia sangue por todo lado, aquele não é a minha casa, não mais, as fotografias nas paredes haviam sumido, dei um leve sorriso, isso significa que Matt a levou, escultei um barulho vindo da porta abaixo da escada, olhei para os meninos

-É um deles, ta preso -Nate disse arrogante-
-Não tem mais ninguém na casa? -Johnson perguntou olhando para mim-
-Não. -Gilinsky anunciou-
-Sim, eu sei onde eles estão -subi as escadas sendo seguida pelos quatros, parei ali no meio e olhei para cima, a pequena portinha para o sótão- Matthew -gritei-
-Idiota, tem mais deles lá fora
-Matthew -gritei, ignorando Nate-
-Escuta aqui, se quer morrer, morre sozinha -ele se virou para descer-
-Alysson? Alysson é você? 

A escada para o sótão desceu e eu automaticamente subi correndo, e os meninos logo atrás. Quase tropecei nos últimos degraus, mas continuei logo tendo visão de Matt e Nash, o corpo de Matt já estava envolvido ao meu em um abraço apertado, eu não consegui segurar as lágrimas, foi fácil perceber que ele também não.

-Você disse que iria voltar, amanheceu e eu achei que você não tinha conseguido -ele colou nossas testas e só então eu percebi o quanto seus olhos estavam vermelhos-
-Eu, eu estou aqui meu amor -toquei seu rosto-  Onde estão Carly e Cassey? -perguntei já assutada, olhei em volta Nash chorava abraçando a pequena Grier, só estavam os dois ali-
-Elas estão com seus pais e Hayes
-E a Lacey? Ela veio com vocês?
-Nash -eu neguei com a cabeça- eu sinto muito-...Ele me abraçou apertado, mas logo a pequena Grier começou a chorar, entreguei a mochila para ele com o leite e fraudas, os meninos se acomodaram sentando no chão e pegando um pouco de água do galão ao lado de Nash-
-Não podemo ficar aqui -Gilinsky disse olhando a pequena janela-
-Vamos pro acampamento logo
-Não -protestei-
-Como é que é? -Nate gritou, ele é sempre tão estressado-
-Não sem minhas filhas
-Escuta aqui, a gente fez um trato, você já achou seu príncipe encantado, então você vai com a gente -ele disse pegando a arma, e eu me assustei-
-Eu tenho que buscar minhas filhas 
-Cara, olha, ta tudo bem, calma -Matthew falou assustado com o fato dele esta mirando em mim-
-Abaixa essa porra Nate, que merda, para de agir feito uma criança -sammy gritou, empurrando Nate para longe de mim, fazendo com que a pequena Izzie berrasse no colo do pai- 
-Nós precisamos de um médico ou você esqueceu do Aaron -Sammy bufou- 
-Em que direção vocês precisam ir -Jack J me perguntou, como ele consegue ser sempre tão calmo?-
-Leste. um pouco fora da estrada, tem uma pequena aria rural e meus pais moram lá
-Leste? -Nate perguntou e eu assenti-
-É perto do acampamento. -conclui Sammy.- 
-Gente, é sério não podemos ficar aqui, com esse barraco de maricas que vocês fizeram, chamou muita atenção -ele estava impaciente-
-Vamos para o acampamento, vocês vão com a gente, passam a noite lá, tem mais pessoas é mais seguro e pela manhã, vocês podem buscar os parentes de vocês 

Eu olhei para Matthew e ele assentiu concordando com a proposta de Jack, eu o abracei, precisava sentir o calor de seu abraço, para ter certeza de que era real, ele depositou um beijo no topo da minha cabeça.

-Como iremos sair? -Nash questionou
-Primeiro é importante pegarmos tudo que for útil 
Todos nós assentimos e logo estávamos espalhados pela casa, tentando fazer o minimo de barulho possível, descemos as escadas e Sammy encarou a porta onde um deles estava preso.
-O que é aqui? 
-A dispensa -

Respondi sabendo que precisaríamos abrir aquela porta, suspirei, ver cenas assim é horrível, rapidamente me lembrei de Mahogany, meus olhos marejaram, desviei o olhar para o chão e logo reconheci o pedaço de pano, jogado em baixo da porta, olhei para Matthew.

-Q-quem está aqui dentro? -vacilei em minhas palavras-

Percebi os olhos de Matthew arregalarem e Nash engoliu seco, eu desejei muito que estivesse errada, me abaixei pegando a bandana azul clara, ela estava cheia de sangue, eu reconheci muito bem aquilo, comprei para Taylor no seu aniversário de 17, ele estava cheio chilique pelo corte novo de cabelo.

-Taylor 
Matt disse fitando o chão, eu não podia acreditar naquilo, meu irmão, agora é mais um dessas coisas.