A garota de no máximo 17 anos acorda com alguns raios de sol que passavam por pequenos buracos nas madeiras, que foram pregadas dias atrás nas janelas da casa... ao se mexer sente um pequeno desconforto na região das costas... "Realmente, dormir no chão não foi uma idéia muito boa.".
Enquanto isso, no andar de cima da casa, a outra garota com olhos azuis, semelhantes ao da irmã mais nova, estava na varanda de um dos quartos com uma arma em mãos, olhando atentamente para todos os lados, qualquer mínimo barulho já era sinal de alerta.
As íris que se destacavam por terem um azul turquesa, agora estavam mais escuros, seus olhos estavam vermelhos e lutavam para se fechar, já que a garota não dormia a uns 3 dias, até poderia tirar um descanso de umas 2 horas na noite anterior, mas a irmã mais nova teve uma febre, e por isso teve que ficar mais uma noite de guarda.
Tira seus olhos do velho jardim, que já foi bonito um dia, ao ouvir barulhos no andar de baixo, na situação que o mundo estava não poderia ignorar nada, nem ao menos um barulho, por mais insignificante que fosse.
Ao descer as escadas de madeiras, que por acaso eram muito velhas e rangiam a cada passo que dava, se deparou com a irmã mais nova com o cabelo negro todo bagunçado, e com uma cara de quem acordou de mau humor. A mais velha soltou um sorriso de lado, algumas lembranças de sua irmã quando era criança vinheram em sua mente, quase toda manhã quando tinha que acordar a menina pra irem para a escola ela acordava exatamente assim, com o cabelo embagunçado e com o seu mau humor matinal de sempre.
- Finalmente acordou, achei que ia hibernar pelo resto do inverno. - disse a mais velha enquanto terminava de descer as escadas.
- Kate, você está horrível... não dorme a quantos dias?
- Obrigada irmãzinha! Estou me sentindo tão melhor agora, você não faz idéia do quanto ajudou a minha auto-estima! - respondeu com certo sarcasmo
- Eu estou falando sério, a quantos dias você não dorme?
- Sei lá... Uns três ou quatro, mas relaxa, eu to bem. - disse dando de ombros
- Não Katherine, você não está bem! Nós somos irmãs, você não precisa esconder oque está aí dentro... não pra mim. - disse a pequena levantando o tom de voz
- Emmy, não tem oque esconder, EU ESTOU BEM!
- Já se passaram meses, Kate, você vai simplesmente fingir que não viu o Jack e nossos pais morrem bem na sua frente? - nesse momento os olhos da pequena já estavam vermelhos, logo viria o choro.
- Não Emmy, eu não vou simplesmente fingir que eu não vi eles morrendo, e muito menos fingir que não me importei com isso... Não foi fácil ver meu namorado e meus pais morrem, mas já se passaram meses, eu não vou ficar chorando pra sempre. - A garota aparentava estar sentindo nada, tristeza, ódio e muito menos arrependimento.
Estava sendo assim nos últimos meses, não vivia pra ela, apenas pensava no bem estar dos outros... não dormia mais direito, as vezes derramava algumas lágrimas pelos pais e pelo namorado.
Sentia culpa pela morte do Jack, seu namorado, namoravam dês de quando ambos tinham 16 anos, e ele morreu para salva-la.
Algumas semanas depois do vírus se espalhar, transformando boa parte do mundo em mortos-vivos, ela, sua irmã, seus pais e seu namorado estavam em uma casa que encontraram vazia, as janelas e portas estavam bem reforçadas com madeiras, mas isso não foi o bastante para impedir a entrada dos zumbis... Todos conseguiram fugir a tempo pela parte de cima da casa, mas Jack e Katherine não tiveram a mesma sorte, ambos iriam morrer se Jack não tivesse tomado aquela decisão, ele pediu para que ela saísse enquanto ele chamava a atenção dos zumbis, e pediu para ela esperar ele em um posto ali perto, e ela esperou, mas ele não apareceu.
A partir daquele dia não conseguia dormir um dia se quer sem que a culpa à consumisse... E isso só piorou depois da morte de seus pais.
- A gente poderia ter ajudado os nossos pais... E-eles estão mortos por nossa causa! - a pequena gaguejava por causa dos soluços que vinheram acompanhados do choro.
- A gente não pode salvar todo mundo. - disse a mais velha enquanto abraçava forte a gatota que era um pouco mais baixa que ela.
Ficaram alguns minutos assim, ou pelo menos até a menina conseguir conter o choro, elas sabiam que ambas precisavam daquilo a muito tempo, perderam muitas pessoas que amavam, uma hora ou outra a mascara de "sou forte" iria ter que cair, e esse foi o momento.
- Eu já perdi a mamãe, o papai e o Jack, que era quase um irmão pra mim... eu já perdi muita gente, e eu não sei se aguentaria perder você também. Você é a unica familia que eu tenho... Então por favor, só não me deixa. - a mais nova disse de cabeça baixa.
- Eu nunca vou te deixar. Eu prometi pra mamãe que iria cuidar de você, e eu não estou fazendo isso por ela, e sim porque você é minha irmã, e por mais chata e irritante que você seja eu ainda te amo. - disse dando um sorriso mínimo, quase imperceptível.
- Eu também te amo, Kate.
(...)
P.O.V Katherine (Kate)
- Kate, tem alguma coisa pra comer na sua bolsa? - ouvi a Moon gritar da parte de baixo da casa.
- Na mala azul. - disse descendo as escadas.
- A que está perto do sofá?
- Sim. - respondi sem muito interesse.
- Não tem nada lá... e eu estou morrendo de fome.
- Merda, vamos ter que procurar outro supermercado.
- O último quase não tinha nada, tomara que a gente tenha a sorte de pelo menos achar um feijão enlatado. - disse revirando os olhos.
- Eu odeio feijão. Eca. -disse colocando a lingua pra fora, simulando um vômito.
- Eu também não gostava muito, mas não temos muita escolha.
- Certo, pegue uma bolsa vazia, a sua pistola e munição reserva. -disse enquanto subia as escadas.
Cheguei em um dos quartos e peguei minha mochila (dentro tinha algumas coisa para primeiros socorros e também seria útil se eu precisasse para guardar os enlatados que iremos procurar) coloquei-a nos meus ombros e peguei uma besta, que achei no porão dessa casa, o dono deveria ser um caçador ou algo do tipo, e minha pistola coloquei na parte de trás da minha calça jeans.
Desci a escada correndo, logo ficaria escuro, temos que chegar lá o mais rapido possível.
- Moon? Vamos?
- Ja estou indo.
- Já vai escurecer, eu não me importo em ficar com fome ou não, mas se você quiser ficar aqui e esperar até amanhã por mim tudo bem. - disse com certo sarcasmo e revirei os olhos.
- Eu estava arrumando meu cabelo... calma.
- Acho que os zumbis que estão lá fora não ligam muito pra isso.
- Cala a boca e vamos logo.
Fechei a porta de entrada, e fui até o final da escada da varanda pra ver se não tinha nenhum zumbi, e não, estava tudo limpo.
(...)
Andamos bastante até achar um supermercado, não apareceram muitos zumbis, apenas dois, e isso foi bom, talvez tivéssemos achado a casa perfeita.
Estamos na porta do supermercado, já olhei em volta e parece estar tudo calmo... calmo até de mais.
- Eu vou na frente. - disse para a Moon ao ver ela tentar entrar.
Entrei em todas as seções, e não tinha nada. AMÉM!
Boa parte das prateleiras já estavam caidas ou faltando produtos, mas mesmo assim estava melhor que o último, lá só tinha feijão e sopa de ervilha.
Coloquei algumas coisas tipo milho, salsicha, ervilha, algumas frutas e achei o meu paraíso particular... UMA PRATELEIRA DE CHANTILI! Eu sempre fui apaixonada por chantili, então eu poderia passar o resto da minha vida aqui que eu não iria reclamar.
O chantili ocupou boa parte da minha mochila, mas mesmo assum peguei mais alguns refrigerantes e sucos enlatados e fui procurar a Moon.
Depois de procurar ela, já estávamos saindo quando sinto alguem me puxar e colocar algo no meu pescoço... a Moon logo se vira apontando a arma para quem fosse... e nesse momento eu percebi que o que estava contra o meu pescoço era um facão... MERDA, MERDA, MERDA!
- Quem são vocês e oque estão fazendo aqui? - o cara disse, e olha, que voz bonita... Pera, do que eu estou falando?
- Solta ela. - A Moon praticamente gritou.
- Estão contaminadas? - perguntou sem nem mover a faca do lugar.
- Eu não te ataquei e nem estou rosnando e gritando "CÉREBRO!"... Então, acho que não. - disse dando um sorriso cínico.
- Oque veio fazer aqui?
- Apenas pegar uns enlatados... não virei zumbi ainda, então ainda não me alimento de pessoas.
- Joga a arma no chão. - disse para a Moon...
- Pronto. Satisfeito? Agora solta ela.
- Ainda não, chuta pra mais longe.... isso. Agora sim. - disse tirando o facão do meu pescoço e me empurrando pra longe dele, mais precisamente pra perto da Moon.
Nesse momento eu pego a arma que estava atrás da minha calça e aponto pra ele.
- Certo... Quem é você, e oque está fazendo aqui? - repito sua pergunta.
- Matt Campbell.
- E oque faz aqui?
- Vim buscar comida para levar para o meu "grupo". -fez as aspas com o dedo ao falar "grupo"
- Grupo? - Arqueei uma das minhas sobrancelhas.
(CONTINUA NO PROXIMO CAPÍTULO)
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