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História Surya: A última ilha - Tensão à bordo


Escrita por: arturhm13

Notas do Autor


Quando tudo parecia estar bem, Cannon e Ramon encontram-se em uma situação delicada.

Capítulo 10 - Tensão à bordo


Há poucos quilômetros do porto de Pascal, o oceano se encontrava calmo, mas a cabeça de Cannon parecia ter passado pela maior de todas as ressacas.

Ele abriu os olhos com dificuldade e tudo parecia estar girando. Mal conseguia lembrar o que havia acontecido ou há quanto tempo estava dormindo.

— Ai... Minha cabeça... Onde eu estou? Foi tudo apenas um sonho?

Com cuidado, ele tentou se movimentar, mas não conseguiu. Seus pulsos pareciam presos a alguma coisa. Só então ele percebeu sua real situação: ele se encontrava sentado em uma cadeira de madeira e suas mãos tinham sido amarradas para trás.

— Finalmente está acordando. Tive medo que o sonífero tivesse sido forte demais para o seu corpo, você dormiu por mais de um dia. — disse Ramon.

Naquele instante, tudo veio a sua mente: o mar, o barco, o pescador, o banquete.

— Você batizou a minha comida, seu velho maldito. — resmungou Cannon, com dificuldade.

Ramon estava de costas para o rapaz, guiando a embarcação.

— Essa tatuagem... — comentou Ramon, sobre o desenho de uma serpente mordendo uma espada, que Cannon tinha em suas costas. — Quer me falar um pouco sobre ela?

Aquela pergunta fez com que o prisioneiro se assustasse. Seu instintos diziam para que ele deveria tomar cuidado com a resposta.

— Pensei que não passasse de um pescador qualquer, mas se sabe algo sobre esta tatuagem, provavelmente já sabe demais. — respondeu de forma ríspida, enquanto observava melhor o lugar onde estava.

Era a cabine de controle, mas no lugar do leme, Ramon estava usando a própria espada para guiar a embarcação. Parando para pensar melhor, ele notou que tudo ali era meio improvisado: a porta, igual a usadas nos saloons, os copos do dia anterior, alternando entre taças e canecas, as janelas sem nenhum padrão. Nada combinava, era quase como se aquela embarcação tivesse sido montada pedaço por pedaço, com restos de outros lugares.

— Aquele dia… — insistiu Ramon. — Eu disse que quando acordasse você me contaria sua história. Você também me falou que se eu não mexesse em suas coisas não teríamos problemas.

Nesse momento Cannon olhou para sua cintura e observou que ainda portava sua espada. Aquilo o tranquilizou por um segundo, mas em seguida o deixou inquieto. O que o fazia tão confiante a ponto de deixar um prisioneiro armado? Quem era aquele homem? E, mais importante, como ele sabia sobre a tatuagem? — pensou.

— Eu ainda não confio em você seu velho, mas se você me quisesse morto eu provavelmente já estaria. Bem, se você quer saber, eu sou... — dizia Cannon quando foi interrompido.

— Espere! Antes de você continuar, eu quero que saiba de uma coisa. — Ramon puxou um pouco o fôlego e em seguida continuou. — Eu sou Ramon Valdez, líder do terceiro esquadrão da Guarnição, o que você me contar aqui poderá levá-lo à forca, apenas com um comando meu, e o que eu não souber poderá salvar sua vida! — exclamou de forma rápida e atropelada, quase ficando sem ar.

Cannon estava de olhos arregalados e boca aberta. — Esse cara? Líder de um esquadrão? Só pode ser uma piada. — pensou. — No entanto, isso explicaria o fato de ele saber sobre a minha tatuagem... Mas se ele sabe quem eu sou, porque não me levou direto para a Guarnição, ou melhor, porque não me executou aqui mesmo enquanto eu estava inconsciente? E se ele é da Guarnição, por que se revelaria assim, que truque seria esse?

Uma gota de suor escorreu por sua testa. Aqueles pensamentos inconclusos, todos de uma vez, torraram o juízo de Cannon por alguns instantes.

— Os jovens são sempre divertidos. — comentou Ramon, enquanto gargalhava.

Aquela risada escandalosa trouxe de volta a mente de Cannon para o mundo real. Definitivamente não dava pra saber qual era a verdade: se o velho era realmente parte da Guarnição então ele teria que medir suas palavras de agora em diante, e se não fosse, poderia ser ainda mais perigoso, já que seria uma incógnita completa. Cannon sintetizou seu raciocínio para essas duas possibilidades.

— Obrigado por não tirar minha espada, ela tem um valor inestimável para mim. — disse, o mirando diretamente nos olhos. — Aonde nós estamos indo?

— Estamos indo para Pascal, uma cidade no lado norte da ilha, visitar um velho amigo meu. Hoje a noite começa o Festival de Limpeza e eu prometi a ele que levaria os peixes esse ano. — respondeu Ramon com um ar nostálgico.

— Eu nem sempre sou bom em julgar as pessoas, mas você parece ser um sujeito decente. Eu apenas ainda não entendi se sou seu prisioneiro ou seu convidado. Você me amarrou, mas tenho certeza que você sabe que posso partir essas cordas na hora que eu quiser. — disse Cannon.

— Mesmo assim você não o fez, o que mostra seus  bons modos, estamos quase chegando, já pode se soltar se quiser. — completou.

Cannon fez cara feia, aquele cara parecia sempre ter uma resposta que o deixasse sem reação, mas decidiu colaborar, pelo menos até descobrir quais suas reais intenções.

Ele esticou seus braços com força fazendo com que suas amarras se partissem. Seus pulsos ficaram marcados pelas cordas, ele os  massageou por um instante e em seguida esticou todo o corpo.

— Ah... Definitivamente assim é bem melhor. Então quer dizer que vamos ter mais um banquete esta noite? — Cannon perguntou sorridente.

— O melhor de todos, meu amigo, o melhor!

O clima agora era ameno, tanto no céu quanto entre os dois. A viagem seguia em paz e já era possível ver, ao longe, o porto da cidade de Pascal.

Na praia, um grupo de pessoas acenava para o barco: alguns pescadores, uma garotinha de cabelos vermelhos, que aparentava ter quatorze anos de idade e que estava apoiada em um pesado martelo de ferreiro e, ao lado dela, estava Heldone, tão elegante como sempre, a idade parecia apenas o fazer bem.

Quando o barco aportou, todos se direcionaram para receber o ilustre convidado. A menina apanhou o martelo que antes usava de apoio com uma das mãos e correu pela prancha até a cabine. O martelo quicava no chão enquanto ela corria e, pelas marcas que deixava, não parecia ser leve, mesmo assim ela o trazia sem mais problemas.

Quando avistou Ramon, a garotinha soltou seu equipamento no chão fazendo-o ressoar. Sem aviso, ela pulou na direção dele agarrando-o com seus braços e pernas.

— Pai! — os seus olhos brilhavam, enquanto ela abraçava Ramon. — Que saudades! —

Sua a voz era abafada, devido seu rosto ficar colado com força no peito dele.

— Eu disse que vinha te ver, querida. Veja, quero te apresentar uma pessoa. Este aqui é Cannon Rackham, um amigo que encontrei por acaso. — comentou Ramon. — Cannon, essa aqui é Leeno, minha filha e aquele o meu melhor amigo Heldone. — apontou.

Leeno, apesar da aparência e jeito infantil, já tinha dezessete anos. Ela tinha os cabelos compridos, vermelhos, presos dos dois lados. Ela gostava de usar roupas curtas, que deixavam sua barriga à mostra, e um par de inseparáveis luvas marrons.

— Muito prazer. Pai, o senhor trouxe o que lhe pedi? — perguntou sorridente.

— Me deu muito trabalho pegar isso sem que ninguém desse falta, mas está aqui, tenha cuidado quando for usá-las. — recomendou, enquanto entregava uma sacola de pano com algo de brilho vermelho dentro.

— Eu sou uma Forjadora profissional, pai, não me trate como uma garotinha. — respondeu, apontando o dedo com ar de superioridade e um sorriso malicioso no rosto.

A garota saiu correndo pela porta da cabine, alegre com seu novo presente. Ramon sorriu e olhou para Heldone.

— A Leeno parece muito feliz, obrigado, sei que ela pode ser muito difícil às vezes.

— É um prazer tê-la aqui comigo, você fez a coisa certa trazendo-a para cá. — respondeu Heldone. — Chame o seu amigo e vamos para minha casa beber alguma coisa, lá eu posso arrumar vestes mais decentes para ele.

Heldone era o representante mais ativo que aquela cidade já teve. Ele havia tomado para si a responsabilidade de organizar todos os pormenores do Festival de limpeza, assim como qualquer outro assunto administrativo, mesmo podendo delegá-los.

Hoje terei muito trabalho com o festival, mas acho que posso tirar um tempo para colocar as conversas em dia.

Os três saíram do barco em direção à praia.


Notas Finais


Se vocês gostaram, deixem um favoritei que me ajuda muito a me sentir motivado a escrever. Comentem aqui o que vocês acharam do capítulo e o que vocês imaginam que acontecerá na cidade de pascal. Um abraço a todos os meus leitores e até o próximo capítulo.


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