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História Surya: A última ilha - Um novo olhar


Escrita por: arturhm13

Notas do Autor


A amizade não tem explicação. É uma flor delicada que brota, por birra, até mesmo no mais árido dos corações.

Capítulo 12 - Um novo olhar


Sem perceber, Arryn havia se sentado na pata dianteira de uma enorme criatura. A sua grossa e cinza couraça, se camuflava quase que perfeitamente com as rochas da cachoeira. Ela havia acompanhado, em silêncio, cada movimento do garoto até o momento.

Arryn pôs a mão em sua adaga e se levantou lentamente, dando alguns passos para trás. Seus olhos estavam bem abertos e seu coração batia forte. Não restava muita coisa a se fazer, se aquela criatura desejasse poderia atacá-lo em um instante.

A posição em que o jovem guerreiro se encontrava não era nada favorável: Ele estava em uma pequena área entre um lago, formado pela cachoeira, e aquela besta de tamanho colossal.  

A sua imensa magnitude, nem de longe, se comparava com as criaturas de antes. — Então é assim que é um monstro de verdade?! Maldição... Acho que dessa vez eu tô ferrado.  — pensou.

Com uma mistura de medo e determinação, Arryn levantou a adaga para o monstro e ameaçou:

— Ei, você aí! Cuidado com o que planeja fazer! eu passei a minha vida inteira treinando para derrotar monstros como você! — disse em voz alta e trêmula.

A criatura continuou imóvel e em silêncio, observando o garoto esbravejar. A face de Arryn ficou vermelha e seus olhos marejados de lágrimas.

— Estou cansado de perder, eu não vou fugir! Levante e lute, eu te desafio!

O medo não impedia suas palavras de coragem. Pela primeira vez, a criatura esboçou um movimento, erguendo o pescoço vagarosamente. A luz do sol sumiu por trás de sua cabeça que, sozinha, era maior que o corpo de Arryn. Ela lançou um olhar aterrorizante para o garoto. Apesar da pressão que aquele olhar causou, ele manteve-se firme e de pé.  

A criatura se desenrolou e tentou ficar se levantar, revelando-se um formidável dragão, ainda mais magnífico do que Arryn imaginava. Suas asas brancas eram imensas e o seu pescoço tão comprido quanto a calda. Alguns pequenos chifres brotavam de seu rosto, próximo às narinas. Havia mais dois chifres maiores pontudos no topo da cabeça.

Apesar de sua grandiosidade, mal o dragão pode se erguer e suas pernas fraquejaram. Ele soltou um pequeno grito de dor e despencou próximo a Arryn, ofegante e de olhos abertos.

O garoto aproveitou o momento para observar o monstro, em toda a sua extensão. Parecia ser uma criatura muito antiga, com várias cicatrizes de batalha pelo corpo. Alguns dos seus espinhos que ficavam no dorso estavam partidos e a pele toda empoeirada.

Tudo dava indícios de que, há muito tempo, ela se envolveu em um combate, escapando por pouco. Provavelmente ela parou ali para se recuperar e nunca mais partiu. — Imaginou.

Com um pouco mais de coragem, Arryn se aproximou da cabeça do dragão, o suficiente para poder sentir a respiração quente e úmida dele no ar. Ela mexeu um pouco o rosto em sua direção e com a ponta da cauda abaixou a adaga que Arryn segurava.

Sem saber direito o que sentir ou esperar, ele deixou que sua arma caísse no chão. Não existia certeza ou razão no que estava fazendo. Sua mente estava muito confusa. Uma mistura de raiva, medo e curiosidade se confrontava dentro dele. Com suas mãos frias, ele tocou as narinas, deixando seus receios para trás.

— Quem é você? — Sussurrou.

Os olhos do dragão perderam o brilho e uma rachadura se formou, percorrendo o rosto, a partir do local onde havia sido tocado. Arryn deu dois passos para trás, assustado. Ele não tinha ideia do que havia feito de errado nem o que estava acontecendo. Era a primeira vez que presenciava a morte de um monstro.

A pequena fissura foi se ramificando e percorrendo toda a extensão do corpo do dragão, enquanto pedaços se partiam e caiam sobre o solo, como se ele fosse feito de barro.

Quando a rachadura atingiu a sua totalidade, a fera se espatifou liberando uma densa nuvem de fumaça. A nuvem negra pairou logo acima do corpo fragmentado, permanecendo no ar por alguns segundos, até descer violentamente, atingindo e espalhando pó em várias direções.

Tudo que eu tento termina assim. — Pensou, caindo de joelhos, cheio de culpa. — O que há de errado comigo?

A vida sempre foi complicada para Arryn, apesar disso ele nunca pensou em desistir. Ele se isolou por conta própria desde muito cedo, tomando para si a responsabilidade de, um dia, salvar o mundo e restaurar a paz. Esse era o seu verdadeiro sonho. Mas aquele mundo, fora de mizuri, parecia o está rejeitando.

Ele ainda estava de cabeça baixa, imerso em pensamentos, quando dois olhos amarelos surgiram em meio às cinzas. Um pequeno dragão saltou para fora da montanha de pó e começou a se sacudir, tentando se limpar. Parecia ser uma versão menor do outro.

Arryn olhou intrigado, não imaginou que algo assim pudesse acontecer. A aparência dele era bem menos aterrorizante: um metro e meio de altura, asas atrofiadas e apenas dois pequenos chifres nos lados da cabeça. O filhote caminhou desengonçado em direção ao garoto. A criaturinha mordeu uma perna de sua calça e começou a puxar.

— Parece que você perdeu um pouco de peso. — Brincou, Arryn. — Quem é você?

Arryn afagou a cabeça dele, ainda com receio, e se afastou. Juntou um pouco de água da cachoeira, com as mão, e usou para limpar o resto de pó do corpo do filhote. O pequeno dragão pareceu apreciar o gesto.

No fundo, Arryn também estava muito feliz e aliviado por ele ainda estar vivo. Era um sentimento novo. Nunca antes lhe passou pela cabeça, demonstrar afeto por um monstro.

Depois de terminar de se limpar, o garoto se abaixou e segurou o dragão pela face.

— Vou te chamar de cinzento. Me parece um nome apropriado para você. — Disse ele, decidido a cuidar da criatura. — Agora vamos, ainda tenho que arrumar a casa de Fuma!


Notas Finais


Parece que o jogo virou, não é mesmo? Talvez agora Arryn se toque. Tomem nota: Sempre tenha certeza daquilo que sente. Deixem ai o comentário de vocês. Um forte abraço e até a próxima.


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